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William McDonough sobre o conceito do berço ao berço

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    Em 1962, na "Primavera Silenciosa" de Rachel Carson,
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    eu acho que para pessoas como eu no mundo de construir coisas,
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    o canário na mina não estava cantando.
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    Então a questão de não se ter pássaros
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    tornou-se de certa forma fundamental para aqueles de nós que vagam por aí
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    buscando as cotovias que parecem ter desaparecido.
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    E a questão era: "Estavam os pássaros cantando?"
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    Bem, eu não sou cientista, isto ficará realmente claro.
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    Mas, vocês sabem, acabamos de voltar à discussão sobre o que um pássaro poderia ser.
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    O que é um pássaro?
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    Bem, no meu mundo, isto é um pato de borracha.
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    Vem da Califória com um aviso --
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    "Este produto contém substâncias químicas conhecidas no Estado da Califórnia
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    por causar câncer e má formação de fetos ou outros danos reprodutivos."
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    Isto é um pássaro.
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    Que tipo de cultura fabricaria um produto deste tipo
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    para então etiquetá-lo e vendê-lo a crianças?
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    Eu acho que temos um problema de design.
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    Alguém ouviu a palestra de seis horas que eu dei
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    chamada "Os Diálogos de Monticello" no NPR, e me enviou este agradecimento:
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    "Nós percebemos que o design é um sinal de intenção,
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    mas que também deve levar em conta nosso mundo,
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    e nós temos que compreender qual mundo, para
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    inundar nossos projetos com inteligência inerente,
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    e então quando olharmos para trás, para o estado básico das coisas
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    nas quais projetamos, nós, de algum modo, precisamos ir à condição primordial
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    para compreender o sistema em operação e as condições de contorno de um planeta,
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    e eu acho que a parte excitante disso são as boas notícias que lá estão,
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    pois a novidade é a notícia de abundância,
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    e não a notícia de escassez,
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    e penso que da mesma forma que nossa cultura atualmente se tortura
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    com tiranias e preocupações sobre limites e medo,
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    nós podemos adicionar essa outra dimensão de abundância que é coerente,
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    movida pelo sol, e começar a imaginar
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    como seria compartilhar."
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    Isso foi algo bom de se receber.
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    Isso foi só numa frase.
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    Henry James ficaria orgulhoso.
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    Isto é -- eu coloco embaixo,
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    mas isso foi extemporâneo, obviamente.
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    O ponto fundamental disso, para mim, é que
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    o design representa o primeiro sinal de intenções humanas.
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    Então quais são as nossas intenções e quais seriam as nossas intenções --
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    se acordássemos de manhã, temos projetos no mundo --
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    bem, quais seriam nossas intenções como espécie
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    agora que somos a espécie dominante?
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    E não é apenas um debate de administração e soberania,
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    porque realmente, soberania está implícita em administração --
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    porque como você poderia dominar algo se você o matou?
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    E administração está implícita em soberania,
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    pois você não pode ser administrador de algo que não pode dominar.
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    Então a pergunta é: "Qual é a primeira pergunta para os designers?"
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    Então como guardiães -- digamos o Estado, por exemplo,
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    que se reserva o direito de matar, de ser dúbio e assim por diante --
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    a pergunta que estamos fazendo ao guardião neste ponto é
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    se nós devemos, e como nós devemos
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    proteger as sociedades locais, criar a paz mundial
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    e salvar o meio ambiente?
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    Mas eu não sei se esse é o debate vigente.
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    Comércio, por outro lado, é relativamente rápido,
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    essencialmente criativo, altamente eficaz e eficiente,
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    e fundamentalmente honesto, porque não podemos trocar
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    valor por muito tempo se não confiarmos uns nos outros.
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    Então usamos as ferramentas do comércio principalmente para nosso trabalho,
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    mas a pergunta que fazemos é:
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    "Como amamos todas as crianças de todos os tipos por todo o tempo?"
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    E assim começamos nossos projetos com essa pergunta.
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    Pois o que percebemos hoje é que a cultura moderna
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    parece ter adotado a estratégia da tragédia.
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    Se chegamos aqui e dizemos: "Bem, ao vir para cá
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    não era minha intenção causar aquecimento global,"
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    e dissermos: "Isso não faz parte do meu plano",
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    então percebemos que faz, sim, parte do nosso plano real.
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    Porque é o que está acontecendo, porque não temos nenhum outro plano.
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    E eu estava na Casa Branca com o Presidente Bush,
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    em reunião com todos os departamentos e agências federais,
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    e eu ressaltei que eles aparentemente não tem nenhum plano.
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    Se o objetivo final é o aquecimento global, eles estão se saindo muito bem.
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    Se o objetivo final é intoxicar nossas crianças com mercúrio
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    basta vazar as termelétricas a carvão protegidas pelo "Clean Air Act",
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    por isso vejo que nossos programas de educação são explicitamente definidos como:
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    "Morte cerebral a todas as crianças, nenhuma criança deixada para trás".
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    (Aplausos)
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    Então, a pergunta é: "Como é que tantos oficiais federais
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    estão prontos para se mudar para Ohio e Pennsylvania com suas famílias?"
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    Assim, se não tivermos um "fim de jogo" agradável,
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    estaremos apenas movendo peças num tabuleiro de xadrez,
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    sem saber que estamos em busca do rei.
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    Então talvez possamos desenvolver uma estratégia de mudança,
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    que requer humildade. E no meu negócio como um arquiteto,
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    é lamentável que as palavras humildade e arquiteto
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    não tenham aparecido no mesmo parágrafo desde "Vontade Indômita".
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    Então se alguém aqui tiver problemas com o conceito de humildade no projeto,
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    pense nisso: nós levamos 5 mil anos
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    para por rodas em nossas bagagens.
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    Então, como foi apontado por Kevin Kelly, não há "fim de jogo".
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    Há um jogo infinito e nós estamos jogando esse jogo infinito.
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    E nós o chamamos do berço ao berço,
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    e nosso objetivo é muito simples.
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    Foi isso que eu apresentei à Casa Branca.
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    Nossa meta é um mundo encantadoramente diverso, seguro, saudável e justo,
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    com ar limpo, água limpa, solo e energia --
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    economica, equitativa, ecologica e elegantemente desfrutado -- ponto!
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    (Aplausos)
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    O que não os agrada nisso?
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    De qual parte disso vocês não gostam?
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    Então percebemos que queremos diversidade total,
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    mesmo que seja difícil lembrar-se do que De Gaulle disse
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    quando lhe perguntaram como era ser o Presidente da França.
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    Ele disse: "Você acha que é fácil dirigir um país com 400 tipos de queijos?"
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    Mas ao mesmo tempo, percebemos que nossos produtos não são seguros nem saudáveis.
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    Então projetamos produtos
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    e analisamos componentes químicos até as "partes por milhão".
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    Isto é um cobertor para bebês feito pela Pendleton, que dará ao seu filho nutrição
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    em vez de Alzheimer no fim da vida.
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    Nós podemos nos perguntar, o que é justiça,
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    se a justiça é cega ou se a justiça é não ver nada?
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    E em que momento o uniforme mudou de branco para preto?
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    A água foi declarada pela ONU como um direito humano.
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    A qualidade do ar é algo óbvio para qualquer um que respira.
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    Há alguém aqui que não respira?
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    Solo limpo é um problema crítico -- a nitrificação, as zonas mortas
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    no Golfo do México.
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    Um tema fundamental que não está sendo abordado.
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    Nós vimos a primeira forma de energia solar
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    que abateu a hegemonia dos combustíveis fósseis sob a forma de vento
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    aqui nos Great Plains, e assim essa hegemonia está indo embora.
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    E se nos lembrarmos do Sheikh Yamani quando ele formou a OPEC,
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    perguntaram a ele: "Quando veremos o fim da era do petróleo?"
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    Eu não sei se vocês se lembram da resposta dele, mas foi:
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    "A idade da pedra não terminou por causa da escassez de pedras."
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    Vemos que as empresas que agem com ética nesse planeta
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    estão com melhor desempenho daquelas que não o fazem.
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    Vemos o fluxo de materiais de uma perspectiva bastante assustadora.
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    Isto é um monitor de um hospital de Los Angeles, enviado à China.
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    Esta mulher vai se expor a fósforo tóxico,
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    liberar dois quilos de chumbo tóxico no ambiente de suas crianças,
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    vindo do cobre.
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    Por outro lado, vemos grandes sinais de esperança.
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    Aqui está o Dr. Venkataswarmy na Índia, que descobriu
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    como fazer saúde produzida em massa.
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    Ele deu visão a dois milhões de pessoas de graça.
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    Sabemos que no fluxo de materiais o aço automobilístico não volta a ser aço automobilístico
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    por causa dos contaminantes dos revestimentos --
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    bismuto, antimônio, cobre e assim por diante
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    Ele se torna aço estrutural.
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    Por outro lado, estamos trabalhando com Berkshire Hathaway,
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    Warren Buffet e Shaw Carpet,
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    a maior empresa de tapetes do mundo.
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    Desenvolvemos um tapete que é continuamente reciclável,
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    até as "partes por milhão".
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    A parte de cima é de Nylon 6 que pode ser revertido a caprolactama,
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    a parte inferior, uma poliolefina -- termoplástico infinitamente reciclável.
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    Agora se eu fosse um pássaro, o edifício à minha esquerda seria uma sujeição.
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    O prédio à minha direita, que é o nosso campus corporativo para The Gap
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    com um antigo campo, é um ativo -- os fundamentos para seu ninho.
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    É daqui que eu venho. Eu cresci em Hong Kong,
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    com seis milhões de pessoas em 100 quilômetros quadrados.
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    Durante a estação seca tínhamos quatro horas de água a cada quatro dias.
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    E a relação com a paisagem era a de fazendeiros que estiveram
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    cultivando a mesma área por 40 séculos.
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    Não se pode cultivar a mesma área por 40 séculos
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    sem compreender o fluxo de nutrientes.
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    Os verões da minha infância eu passei no Puget Sound de Washington,
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    entre árvores pequenas e maduras.
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    Meu avô foi lenhador nas montanhas Olympics,
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    então eu tenho bastante karma com árvores para desconstruir.
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    Eu fiz minha pós-graduação em Yale,
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    estudei em um edifício deste estilo projetado por Le Corbusier,
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    carinhosamente conhecido em nosso meio como Brutalismo.
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    Se olharmos para o mundo da arquitetura,
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    vemos com a torre de Berlim de Mies, de 1928,
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    que a pergunta deveria ser: "Bem, onde está o sol?"
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    E isso pode ter funcionado em Berlim, mas nós a construímos em Houston,
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    e as janelas estão todas fechadas. E com a maioria dos produtos
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    aparentando não terem sido projetados para uso interno,
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    isso é na verdade uma câmara de gás vertical.
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    Quando eu fui para Yale, nós tivemos nossa primeira crise energética,
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    e eu estava projetando a primeira casa com aquecimento solar na Irlanda
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    como um estudante, que depois eu construí --
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    o que dá a vocês uma noção da minha ambição.
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    E Richard Meiers, que foi um dos meus professores,
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    vinha repetidas vezes à minha mesa para me criticar,
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    e ele dizia: "Bill você precisa entender --
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    energia solar não tem nada a ver com arquitetura."
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    Eu acho que ele não leu Vitrúvio.
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    Em 1984 nós fizemos o primeiro assim chamado "escritório verde" nos EUA
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    para a Defesa Ambiental.
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    Começamos a perguntar aos fabricantes o que tinham em seus materiais.
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    Eles disseram: "São nossos, são legais, vão embora."
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    O único trabalho de interior feito com qualidade no país, naquela época
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    foi patrocinado pela Companhia de Tabaco R.J. Reynolds,
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    e foi para provar que não havia perigo
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    no fumo passivo no ambiente de trabalho.
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    Então, de repente, cá estou eu, me formando na escola em 1969,
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    e isso acontece, e nós percebemos que o "fora" foi embora.
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    Lembram que costumávamos jogar coisas fora e apontávamos nosso dedo para o "fora"?
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    E agora a NOAA nos mostrou, por exemplo --
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    vocês podem ver essa pequena coisa azul sobre o Havaí?
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    Esse é o Giro Pacífico Norte.
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    Ele foi recentemente estudado por cientistas em busca de plâncton,
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    e eles encontraram seis vezes mais plástico do que plâncton.
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    Questionados, responderam: "É como uma grande privada sem descarga."
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    Talvez isso seja o "fora".
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    Então estamos em busca dos critérios de projeto disto --
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    essa é a maior biodiversidade de árvores no mundo, Irian Jaya,
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    259 espécies de árvores e nós a descrevemos
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    no livro "Berço ao Berço".
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    O livro por si só é um polímero. Ele não é uma árvore.
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    Esse é o nome do primeiro capítulo -- "Este livro não é uma árvore".
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    Porque na poesia, como apontado por Margaret Atwood,
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    "escrevemos nossa história sobre pele de peixe
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    com o sangue de ursos."
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    E com tanto polímero, o que realmente precisamos
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    é nutrição técnica, e usar algo
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    tão elegante quanto uma árvore -- imagine esse desafio de design:
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    Projete algo que produza oxigênio, sequestre carbono,
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    fixe nitrogênio, destile água, aproveite energia solar como combustível,
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    produza açúcares complexos e comida, crie microclimas,
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    mude de cor com as estações e se auto-replique.
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    E se cortarmos as árvores e escrever sobre elas?
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    (Risos)
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    Então, estamos olhando para o mesmo critério
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    como a maioria das pessoas -- vocês sabem, poderei pagar?
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    Vai funcionar? Eu vou gostar?
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    Estamos adicionando a agenda Jeffersoniana, e eu venho de Charlottesville,
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    onde eu tive o privilégio de morar em uma casa projetada por Thomas Jefferson.
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    Estamos adicionando vida, liberdade e a busca por felicidade.
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    Agora, se olharmos para a palavra competição,
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    eu tenho certeza de que a maioria de vocês já a usou.
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    Vocês sabem, a maioria das pessoas não percebe que a palavra vem
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    do latim competare, que significa empenhar-se em conjunto.
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    É a forma como os atletas olímpicos treinam entre si.
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    Eles ficam em forma juntos e depois competem.
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    As irmãs Williams competem -- uma vence Wimbledon.
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    Estamos olhando para a ideia de competição
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    como uma maneira de cooperar de modo a ficarmos em forma juntos.
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    E o governo chinês --
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    eu trabalho com o governo chinês agora --
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    assumiu isso.
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    Estamos também buscando pela sobrevivência do mais apto,
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    não apenas em formas de competição em nosso contexto moderno
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    de destruir o outro ou de espancá-lo até a morte,
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    mas realmente de adaptar-nos juntos e construir nichos
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    e promover crescimento que seja adequado.
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    A maioria dos ambientalistas não diz que o crescimento é bom,
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    pois em nosso léxico, "asphalt" são duas palavras que indicam culpa (trocadilho).
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    Mas se olharmos para o asfalto como nosso crescimento,
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    perceberemos que tudo o que estamos fazendo é destruir
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    o sistema de operação do planeta.
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    Então quando vemos E=mc², da perspectiva de um poeta,
  • 12:27 - 12:29
    vemos energia como física, química como massa,
  • 12:29 - 12:31
    e de repente, surge a biologia.
  • 12:31 - 12:34
    E nós temos energia de sobra, então resolveremos esse problema,
  • 12:34 - 12:37
    mas o problema biológico é maroto, porque ao despejar
  • 12:37 - 12:40
    todos esses materiais tóxicos que expelimos,
  • 12:40 - 12:42
    jamais conseguiremos recuperá-los.
  • 12:42 - 12:44
    E como Francis Crick apontou, nove anos
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    depois de descobrir o DNA com o Sr. Watson,
  • 12:47 - 12:51
    essa vida por si só precisa ter crescimento como condição --
  • 12:51 - 12:53
    precisa ter energia gratuita, luz solar
  • 12:53 - 12:56
    precisa ser um sistema aberto de substâncias químicas.
  • 12:56 - 12:59
    Estamos pedindo para um artifício humano se tornar uma coisa viva,
  • 12:59 - 13:01
    e queremos crescimento, queremos energia gratuita do sol
  • 13:01 - 13:04
    e um metabolismo aberto para substâncias químicas.
  • 13:04 - 13:06
    Aí, a questão não é mais sobre crescer ou não crescer,
  • 13:06 - 13:09
    mas sobre o que se deseja crescer?
  • 13:09 - 13:11
    Então, ao invés de apenas cultivar a destruição,
  • 13:11 - 13:13
    queremos cultivar aquilo que poderemos aproveitar,
  • 13:13 - 13:16
    e algum dia o FDA nos permitirá fazer queijo francês.
  • 13:16 - 13:20
    E para isso, teremos esses dois metabolismos,
  • 13:20 - 13:22
    e eu trabalhei com um farmacêutico alemão, Michael Braungart,
  • 13:22 - 13:24
    e nós identificamos os dois metabolismos fundamentais.
  • 13:24 - 13:26
    O biológico, que eu não tenho certeza se entenderão,
  • 13:26 - 13:28
    mas também o técnico, onde pegamos materiais
  • 13:28 - 13:30
    e os colocamos em ciclos fechados.
  • 13:30 - 13:33
    Os chamamos de nutrição biológica e nutrição técnica.
  • 13:33 - 13:37
    A nutrição técnica terá a ordem de grandeza da nutrição biológica.
  • 13:37 - 13:40
    Nutrição biológica pode abastecer aproximadamente 500 milhões de humanos,
  • 13:40 - 13:42
    o que significa que se todos nós vestíssemos Birkenstocks e algodão,
  • 13:42 - 13:45
    a cortiça se esgotaria e o mundo iria secar.
  • 13:45 - 13:47
    Então precisamos de materiais em ciclos fechados,
  • 13:47 - 13:49
    mas precisamos analisá-los até suas partes por milhão
  • 13:49 - 13:52
    em busca de câncer, defeitos de nascença, efeitos mutagênicos,
  • 13:52 - 13:55
    disrupções de nosso sistema imunológico, biodegradação, persistência,
  • 13:55 - 13:58
    metais pesados, conhecimento de como os estamos fabricando
  • 13:58 - 14:00
    seu processo produtivo e assim por diante.
  • 14:00 - 14:04
    Nosso primeiro produto foi um tecido onde analizamos 8000 substâncias
  • 14:04 - 14:05
    da indústria têxtil.
  • 14:05 - 14:10
    Usando aqueles filtros intelectuais, eliminamos 9.762 deles.
  • 14:10 - 14:12
    Nos restaram 38 substâncias.
  • 14:12 - 14:15
    Desde então catalogamos as 4000 substâncias mais usadas
  • 14:15 - 14:20
    nos processos de fabricação, e estamos liberando essa base de dados para o público em seis semanas.
  • 14:20 - 14:22
    Assim os projetistas por todo o mundo poderão analisar seus produtos
  • 14:22 - 14:27
    até as partes por milhão em busca de saúde humana e ecológica.
  • 14:27 - 14:32
    (Aplausos)
  • 14:32 - 14:35
    Desenvolvemos um protocolo para que as empresas possam enviar
  • 14:35 - 14:38
    essas mesmas mensagens para todas as suas cadeias de abastecimento,
  • 14:38 - 14:41
    pois ao perguntar às empresas fornecedoras (quase um trilhão de dólares),
  • 14:41 - 14:43
    "De onde vêm suas coisas?", eles respondem: "Fornecedores."
  • 14:43 - 14:45
    "E para onde vai?"
  • 14:45 - 14:46
    "Consumidores."
  • 14:46 - 14:47
    Precisamos de alguma ajuda aí.
  • 14:47 - 14:49
    Então, os nutrientes biológicos, os primeiros tecidos --
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    a água que saía era limpa o suficiente para se beber.
  • 14:51 - 14:55
    Nutrientes técnicos -- essa é para a Shaw Carpet, tapete infinitamente reutilizável.
  • 14:55 - 14:58
    Isto é nylon voltando a ser caprolactama, voltando a ser tapete.
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    Nutrientes biotécnicos -- o Modelo U para a Ford Motor,
  • 15:01 - 15:03
    um carro do berço ao berço -- carro conceito.
  • 15:03 - 15:07
    Sapatos para a Nike, com palmilhas de poliéster, infinitamente reciclável,
  • 15:07 - 15:10
    os solados são biodegradáveis.
  • 15:10 - 15:12
    Use seus antigos sapatos e tire os novos.
  • 15:12 - 15:14
    Não há fim de linha.
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    A ideia do carro aqui é que alguns materiais
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    retornem à indústria para sempre, alguns dos materiais voltam ao solo --
  • 15:19 - 15:21
    é totalmente movido a energia solar.
  • 15:21 - 15:23
    Este é um prédio que projetamos na Faculdade de Oberlin,
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    produz mais energia do que precisa para operar e purifica sua própria água.
  • 15:27 - 15:29
    Aqui está um prédio para The Gap, onde o antigo gramado
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    de San Bruno, Califórnia, está no telhado.
  • 15:33 - 15:35
    E este é nosso projeto para a Ford Motor Company,
  • 15:35 - 15:37
    é a revitalização do rio Rouge em Dearborn.
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    Esta é obviamente uma fotografia colorida.
  • 15:41 - 15:45
    Essas são nossas ferramentas. É assim que a vendemos à Ford.
  • 15:45 - 15:48
    Economizamos 35 milhões de dolares para a Ford, deste jeito, dia um,
  • 15:48 - 15:50
    que é equivalente ao Ford Taurus
  • 15:50 - 15:54
    com uma margem de 4 por cento sobre 900 milhões de dólares sobre os carros.
  • 15:54 - 15:57
    E aqui está. Este é o maior telhado verde do mundo, 42500 metros quadrados.
  • 15:57 - 16:00
    Este é o telhado, economizando dinheiro,
  • 16:00 - 16:04
    e essa é a primeira espécie a chegar por aqui. Estes são borrelhos.
  • 16:04 - 16:07
    Eles surgiram em cinco dias.
  • 16:07 - 16:09
    E agora temos metalúrgicos de 150 quilos
  • 16:09 - 16:13
    aprendendo cantos de pássaros pela internet.
  • 16:13 - 16:15
    Estamos desenvolvendo protocolos para cidades --
  • 16:15 - 16:17
    que são o lar dos nutrientes técnicos.
  • 16:17 - 16:20
    O país -- o lar dos biológicos. E colocando-os juntos.
  • 16:20 - 16:22
    E assim eu vou terminar mostrando a vocês uma nova cidade
  • 16:22 - 16:24
    que estamos projetando para o governo chinês.
  • 16:24 - 16:27
    Estamos fazendo 12 cidades para a China neste momento,
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    baseadas no padrão berço ao berço.
  • 16:29 - 16:32
    Nossa missão é desenvolver protocolos para as habitações
  • 16:32 - 16:34
    para 400 milhões de pessoas em 12 anos.
  • 16:34 - 16:36
    Fizemos um balanço de massa e energia -- se eles usarem tijolo,
  • 16:36 - 16:39
    perderão todo o seu solo e queimarão todo o seu carvão.
  • 16:39 - 16:41
    Terão cidades sem energia e sem comida.
  • 16:41 - 16:43
    Assinamos uma carta de intenções --
  • 16:43 - 16:45
    esta é a Madame Deng Lan, filha de Deng Xiaoping --
  • 16:45 - 16:47
    para a China adotar do berço ao berço.
  • 16:47 - 16:51
    Porque se eles se intoxicarem, ao ser um produtor de custo baixíssimo,
  • 16:51 - 16:53
    venderem ao distribuidor de custo baixíssimo -- Wal-Mart --
  • 16:53 - 16:56
    e daí nós enviarmos todo o nosso dinheiro, o que vamos descobrir é que
  • 16:56 - 16:59
    teremos o que, efetivamente, quando eu era estudante,
  • 16:59 - 17:02
    se chamava de destruição mutuamente compartilhada.
  • 17:02 - 17:05
    Agora fazemos isso por molécula. Essas são nossas cidades.
  • 17:05 - 17:08
    Estamos construindo uma nova cidade perto desta cidade; vejam a paisagem.
  • 17:08 - 17:10
    Este é o terreno.
  • 17:10 - 17:14
    Normalmente nós não fazemos do zero, mas essa está prestes a ser construída,
  • 17:14 - 17:16
    então eles nos pediram para interceder.
  • 17:16 - 17:18
    Este é o plano deles.
  • 17:18 - 17:21
    Esta é uma malha convencional jogada sobre uma paisagem.
  • 17:21 - 17:24
    E eles nos levaram para dentro e disseram: "O que vocês fariam?"
  • 17:24 - 17:28
    Isso é o que eles terminariam por ter, que é outra fotografia colorida.
  • 17:28 - 17:31
    Este é o terreno existente, assim é como ele é agora,
  • 17:31 - 17:33
    e aqui está a nossa proposta.
  • 17:33 - 17:37
    (Aplausos)
  • 17:37 - 17:39
    A nossa abordagem
  • 17:39 - 17:41
    foi estudar a hidrologia com muito cuidado.
  • 17:41 - 17:43
    Estudamos o biota, o antigo biota,
  • 17:43 - 17:45
    a atual forma de cultivo e os protocolos.
  • 17:45 - 17:47
    Estudamos os ventos e a insolação para nos certificar de que todos na cidade
  • 17:47 - 17:53
    terão ar fresco, água fresca e luz solar direta
  • 17:53 - 17:56
    em todos os apartamentos em algum momento do dia.
  • 17:56 - 18:00
    Nós então inserimos os parques como infraestrutura ecológica.
  • 18:00 - 18:03
    Esboçamos as áreas construídas.
  • 18:03 - 18:04
    Começamos a integrar uso comercial e misto
  • 18:04 - 18:07
    de modo que todas as pessoas tenham centros e lugares para estar.
  • 18:07 - 18:09
    O transporte é todo muito simples,
  • 18:09 - 18:12
    todos estão a um raio de cinco minutos de mobilidade caminhando.
  • 18:12 - 18:17
    Temos uma rua 24 horas, para que sempre haja algum lugar com vida.
  • 18:17 - 18:19
    Todos os sistemas de descarte se conectam.
  • 18:19 - 18:24
    Se você der a descarga, suas fezes vão para as plantas de tratamento de esgoto,
  • 18:24 - 18:26
    e são vendidas como ativos e não como passivos.
  • 18:26 - 18:30
    Porque quem quer que a fábrica de fertilizantes produza gás natural?
  • 18:30 - 18:35
    As águas são todas re-aproveitadas em áreas alagadas para restauração do habitat.
  • 18:35 - 18:39
    E aí ela faz gás natural, que volta à cidade
  • 18:39 - 18:43
    para abastecer de combustível as cozinhas da cidade.
  • 18:43 - 18:45
    E assim é -- essas são plantas de fertilizantes e gás.
  • 18:45 - 18:48
    E o adubo é então levado de volta
  • 18:48 - 18:50
    para os telhados da cidade, onde teremos cultivo,
  • 18:50 - 18:54
    porque o que fizemos foi elevar a cidade,
  • 18:54 - 19:01
    a paisagem, no ar -- restaurar a paisagem nativa
  • 19:01 - 19:03
    nos telhados dos prédios.
  • 19:03 - 19:06
    A energia solar de todos os centros de fabricação
  • 19:06 - 19:09
    e todas as zonas industrializadas com seus telhados leves abastecem a cidade.
  • 19:09 - 19:11
    E esse é o conceito para o topo da cidade.
  • 19:11 - 19:15
    Elevamos a terra aos telhados.
  • 19:15 - 19:19
    Os fazendeiros tem pequenas pontes para andar de telhado em telhado.
  • 19:19 - 19:23
    A cidade é habitada para trabalho/moradia em todos os níveis do solo.
  • 19:23 - 19:28
    E essa é a cidade existente e essa é a nova cidade.
  • 19:28 - 19:42
    (Aplausos)
Title:
William McDonough sobre o conceito do berço ao berço
Speaker:
William McDonough
Description:

O arquiteto e designer com princípios ecológicos William McDonough pergunta como seriam nossos prédios e produtos se os projetistas levassem em consideração "todas as crianças, todos os tipos, por todo o tempo."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:42
William Schindhelm Georg added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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