Como as culturas coletivistas reagem diante da pandemia | Anna Kazumi Stahl | TEDxRíodelaPlata
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0:10 - 0:14Gostaria de compartilhar uma reflexão
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0:14 - 0:18sobre o que pode significar
uma cultura coletivista -
0:19 - 0:24em um momento em que o mundo
está vivendo uma pandemia. -
0:26 - 0:27Eu não sou médica.
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0:28 - 0:30Minha mãe é japonesa.
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0:30 - 0:34E, além disso, no meu trabalho
de muitos anos tenho contato -
0:34 - 0:40com questões literárias,
sociológicas e antropológicas -
0:40 - 0:42da cultura japonesa.
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0:43 - 0:49E acredito que certos comportamentos
e respostas, sociais e individuais, -
0:49 - 0:51da sociedade japonesa
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0:51 - 0:56podem ser úteis na hora
de enfrentar uma crise como esta. -
0:58 - 1:00Vale a pena fazer uma primeira pergunta.
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1:01 - 1:06Por que o Japão pôde evitar
um impacto maior do contágio, -
1:06 - 1:09se já em janeiro se deu o primeiro caso?
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1:10 - 1:12Estando tão perto da China,
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1:13 - 1:20tendo quase 130 milhões de habitantes
em um espaço tão reduzido, -
1:21 - 1:26tendo uma das maiores populações
de terceira idade do mundo, -
1:26 - 1:32sendo o segundo país com maior número
de fumantes por quantidade de habitantes. -
1:33 - 1:36Por que no Japão a infecção deste vírus
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1:37 - 1:40não teve um crescimento exponencial,
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1:41 - 1:47e sim, um avanço lento e linear até agora?
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1:48 - 1:52Sabemos que este novo coronavírus
é muito contagioso. -
1:53 - 1:56Com tais dados demográficos,
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1:56 - 1:59o Japão representaria um coquetel
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1:59 - 2:03que permitiria uma grande
propagação da doença. -
2:03 - 2:08Basicamente, há muita gente em pouco lugar
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2:08 - 2:12e um quarto dessas pessoas
têm mais de 65 anos. -
2:14 - 2:16Então, o que acontece?
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2:17 - 2:20A sociedade japonesa é
educada de tal maneira, -
2:21 - 2:24que responde de forma orgânica e unida
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2:25 - 2:27diante de qualquer evento
que possa comprometê-la. -
2:28 - 2:33O Japão passou
por guerras, tufões e tsunamis. -
2:34 - 2:39O Japão tem mais de 1,5 mil
terremotos por ano -
2:39 - 2:41e mil tremores de terra por dia.
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2:42 - 2:49De uma geração a outra
teve que suportar catástrofes, -
2:49 - 2:52sejam elas naturais ou geradas pelo homem.
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2:54 - 2:59Podemos comparar isso com algo
que os argentinos gostam muito: -
2:59 - 3:02os times de futebol, por exemplo.
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3:04 - 3:07Qual time de futebol
vai ter o melhor desempenho -
3:07 - 3:09diante de um momento crítico?
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3:10 - 3:14O time que treina todos os dias,
tem infraestrutura, -
3:15 - 3:18em que cada um sabe o que tem que fazer?
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3:19 - 3:24Ou o time que nunca treinou,
que não tem infraestrutura -
3:24 - 3:26e que tem que improvisar?
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3:29 - 3:33As diretrizes de distanciamento social,
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3:33 - 3:37higiene e comportamento individual,
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3:37 - 3:40seja em sociedade ou em sua própria casa,
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3:40 - 3:45fazem parte da realidade japonesa
há mais de 100 anos. -
3:46 - 3:51Não é necessário dizer-lhes:
"Não se abracem", "Não se beijem", -
3:51 - 3:53porque não fazem isso.
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3:54 - 3:56Se cumprimentam com uma reverência.
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3:57 - 4:01Dar distância é um gesto de respeito.
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4:01 - 4:06E a maioria das pessoas que trabalham
em lugares públicos usa luvas. -
4:07 - 4:11É desnecessário recomendar
que tirem os sapatos ao entrar em casa -
4:12 - 4:14porque isso já é um costume.
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4:15 - 4:20Não é preciso dizer para não
espirrar ou tossir sobre os outros -
4:20 - 4:25porque esse é um protocolo
habitual entre os japoneses. -
4:26 - 4:28De fato, anos de estudos
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4:28 - 4:32mostram que mais de 50% dos japoneses
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4:32 - 4:35usarão máscaras se ficarem resfriados,
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4:35 - 4:41não para proteger a si mesmos,
mas para proteger o próximo. -
4:42 - 4:46E aqui fica a mensagem fundamental
de uma cultura coletivista. -
4:47 - 4:52O bem de todos é mais importante
do que o bem de alguns. -
4:54 - 4:58Para ilustrar isso, gostaria
de encerrar com uma experiência -
4:59 - 5:04que dois professores ocidentais
fizeram em uma escola no Japão. -
5:05 - 5:08Com certeza vocês conhecem
a dança das cadeiras. -
5:08 - 5:11Coloca-se uma música,
as cadeiras ficam em círculo, -
5:11 - 5:14uma a menos do que
o número de participantes -
5:14 - 5:18e a cada rodada uma é retirada.
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5:19 - 5:22Essa experiência foi feita no Japão.
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5:22 - 5:26E as crianças, em vez de empurrarem
umas as outras para pegar uma cadeira, -
5:26 - 5:30quiseram, todas, ceder o lugar
para um companheiro. -
5:31 - 5:36Porque sentem vergonha de ganhar algo
quando o outro fica sem. -
5:37 - 5:42A palavra japonesa "amae"
define essa maneira de ser. -
5:43 - 5:47Significa ter a certeza
de que o outro vai cuidar de mim. -
5:47 - 5:53Da mesma forma que nos sentimos
realizados ao cuidarmos do outro. -
5:54 - 5:56Esse exemplo é com crianças,
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5:56 - 6:00mas é possível ver como funciona
uma sociedade coletivista. -
6:01 - 6:02Ela ajuda a si mesma,
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6:03 - 6:07porque cada indivíduo
contribui para o bem de todos.
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- Como as culturas coletivistas reagem diante da pandemia | Anna Kazumi Stahl | TEDxRíodelaPlata
- Description:
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Por que acreditamos que no Japão, com uma ampla população de alto risco por conta da longevidade de seus cidadãos e com elevados níveis de tabagismo, uma epidemia como a de coronavírus teve um impacto menor de contágio do que o que outros países experimentaram? Anna, nascida nos Estados Unidos, filha de mãe japonesa e vivendo há mais de 20 anos na Argentina nos conta o que ela observa sobre as pautas culturais japonesas que mostram algumas possíveis respostas. Escritora de ficção e doutora em literatura comparada, mora em Buenos Aires desde 1995 e escreve em castelhano. Tem dois livros de narrativa publicados, numerosos contos em antologias e o recente volume "Miradas: Literatura japonesa del siglo XX" na coleção "Cuadernos de Malba Literatura". Atualmente dirige o programa da New York University em Buenos Aires.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Spanish
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 06:17