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Como as culturas coletivistas reagem diante da pandemia | Anna Kazumi Stahl | TEDxRíodelaPlata

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    Gostaria de compartilhar uma reflexão
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    sobre o que pode significar
    uma cultura coletivista
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    em um momento em que o mundo
    está vivendo uma pandemia.
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    Eu não sou médica.
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    Minha mãe é japonesa.
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    E, além disso, no meu trabalho
    de muitos anos tenho contato
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    com questões literárias,
    sociológicas e antropológicas
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    da cultura japonesa.
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    E acredito que certos comportamentos
    e respostas, sociais e individuais,
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    da sociedade japonesa
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    podem ser úteis na hora
    de enfrentar uma crise como esta.
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    Vale a pena fazer uma primeira pergunta.
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    Por que o Japão pôde evitar
    um impacto maior do contágio,
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    se já em janeiro se deu o primeiro caso?
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    Estando tão perto da China,
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    tendo quase 130 milhões de habitantes
    em um espaço tão reduzido,
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    tendo uma das maiores populações
    de terceira idade do mundo,
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    sendo o segundo país com maior número
    de fumantes por quantidade de habitantes.
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    Por que no Japão a infecção deste vírus
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    não teve um crescimento exponencial,
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    e sim, um avanço lento e linear até agora?
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    Sabemos que este novo coronavírus
    é muito contagioso.
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    Com tais dados demográficos,
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    o Japão representaria um coquetel
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    que permitiria uma grande
    propagação da doença.
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    Basicamente, há muita gente em pouco lugar
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    e um quarto dessas pessoas
    têm mais de 65 anos.
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    Então, o que acontece?
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    A sociedade japonesa é
    educada de tal maneira,
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    que responde de forma orgânica e unida
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    diante de qualquer evento
    que possa comprometê-la.
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    O Japão passou
    por guerras, tufões e tsunamis.
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    O Japão tem mais de 1,5 mil
    terremotos por ano
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    e mil tremores de terra por dia.
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    De uma geração a outra
    teve que suportar catástrofes,
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    sejam elas naturais ou geradas pelo homem.
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    Podemos comparar isso com algo
    que os argentinos gostam muito:
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    os times de futebol, por exemplo.
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    Qual time de futebol
    vai ter o melhor desempenho
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    diante de um momento crítico?
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    O time que treina todos os dias,
    tem infraestrutura,
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    em que cada um sabe o que tem que fazer?
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    Ou o time que nunca treinou,
    que não tem infraestrutura
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    e que tem que improvisar?
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    As diretrizes de distanciamento social,
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    higiene e comportamento individual,
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    seja em sociedade ou em sua própria casa,
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    fazem parte da realidade japonesa
    há mais de 100 anos.
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    Não é necessário dizer-lhes:
    "Não se abracem", "Não se beijem",
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    porque não fazem isso.
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    Se cumprimentam com uma reverência.
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    Dar distância é um gesto de respeito.
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    E a maioria das pessoas que trabalham
    em lugares públicos usa luvas.
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    É desnecessário recomendar
    que tirem os sapatos ao entrar em casa
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    porque isso já é um costume.
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    Não é preciso dizer para não
    espirrar ou tossir sobre os outros
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    porque esse é um protocolo
    habitual entre os japoneses.
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    De fato, anos de estudos
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    mostram que mais de 50% dos japoneses
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    usarão máscaras se ficarem resfriados,
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    não para proteger a si mesmos,
    mas para proteger o próximo.
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    E aqui fica a mensagem fundamental
    de uma cultura coletivista.
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    O bem de todos é mais importante
    do que o bem de alguns.
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    Para ilustrar isso, gostaria
    de encerrar com uma experiência
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    que dois professores ocidentais
    fizeram em uma escola no Japão.
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    Com certeza vocês conhecem
    a dança das cadeiras.
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    Coloca-se uma música,
    as cadeiras ficam em círculo,
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    uma a menos do que
    o número de participantes
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    e a cada rodada uma é retirada.
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    Essa experiência foi feita no Japão.
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    E as crianças, em vez de empurrarem
    umas as outras para pegar uma cadeira,
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    quiseram, todas, ceder o lugar
    para um companheiro.
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    Porque sentem vergonha de ganhar algo
    quando o outro fica sem.
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    A palavra japonesa "amae"
    define essa maneira de ser.
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    Significa ter a certeza
    de que o outro vai cuidar de mim.
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    Da mesma forma que nos sentimos
    realizados ao cuidarmos do outro.
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    Esse exemplo é com crianças,
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    mas é possível ver como funciona
    uma sociedade coletivista.
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    Ela ajuda a si mesma,
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    porque cada indivíduo
    contribui para o bem de todos.
Title:
Como as culturas coletivistas reagem diante da pandemia | Anna Kazumi Stahl | TEDxRíodelaPlata
Description:

Por que acreditamos que no Japão, com uma ampla população de alto risco por conta da longevidade de seus cidadãos e com elevados níveis de tabagismo, uma epidemia como a de coronavírus teve um impacto menor de contágio do que o que outros países experimentaram? Anna, nascida nos Estados Unidos, filha de mãe japonesa e vivendo há mais de 20 anos na Argentina nos conta o que ela observa sobre as pautas culturais japonesas que mostram algumas possíveis respostas. Escritora de ficção e doutora em literatura comparada, mora em Buenos Aires desde 1995 e escreve em castelhano. Tem dois livros de narrativa publicados, numerosos contos em antologias e o recente volume "Miradas: Literatura japonesa del siglo XX" na coleção "Cuadernos de Malba Literatura". Atualmente dirige o programa da New York University em Buenos Aires.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
06:17

Portuguese, Brazilian subtitles

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