Marcas que nos marcam | Marta Cunha | TEDxPorto
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0:12 - 0:13Vamos falar sobre compras?
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0:13 - 0:16Coisa fácil... Toda a gente faz compras.
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0:16 - 0:22Eu arriscaria dizer que nós, aqui,
nesta sala, fazemos compras todos os dias. -
0:23 - 0:26Fazemos compras
quando vamos ao supermercado, -
0:26 - 0:29Quando alguém faz anos
e precisamos ir comprar um presente, -
0:29 - 0:31quando vamos comprar o pão
para o pequeno-almoço. -
0:31 - 0:34Em todos esses momentos
nós estamos a fazer compras. -
0:34 - 0:36Claro que algumas compras são ponderadas
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0:36 - 0:39— pensamos, refletimos sobre elas —
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0:39 - 0:42e algumas, completamente automáticas.
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0:42 - 0:44Bom, na verdade
só nos parecem automáticas -
0:44 - 0:48porque na nossa cabeça existe
todo um sistema complexo -
0:48 - 0:51que nos ajuda a tomar
as melhores decisões. -
0:51 - 0:55Isto porque as nossas necessidades
são cada vez mais sofisticadas -
0:55 - 0:57porque nós, nós somos especiais.
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0:58 - 1:00Nós precisamos de produtos
à nossa medida, -
1:00 - 1:04à medida das nossas ambições,
das nossas necessidades. -
1:04 - 1:06E isso acontece com todos os produtos,
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1:06 - 1:10mesmo aqueles que nos possam
parecer mais comuns, -
1:10 - 1:12como um guardanapo de papel.
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1:12 - 1:15Se eu pedir ao meu filho para ir comprar
um guardanapo de papel -
1:15 - 1:18ele vai ter que responder
a imensas perguntas. -
1:18 - 1:20"É dos pacotes maiores
ou dos mais pequenos, mamã?" -
1:21 - 1:23"Os guardanapos são dos grandes
ou daqueles pequenininhos?" -
1:24 - 1:26Ou "De que cor vai ser o guardanapo?"
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1:26 - 1:29E ainda nem sequer
começámos a falar de marcas. -
1:29 - 1:33Porque nós também vamos decidir
qual é a marca do guardanapo -
1:33 - 1:35que queremos por na nossa mesa.
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1:36 - 1:40E portanto, como é que nós
conseguimos tomar estas decisões -
1:40 - 1:43assim tão rápido quando estamos
à frente de guardanapos? -
1:44 - 1:47Terry Hill, que é um professor
da London Business School, -
1:47 - 1:51vem-nos dizer que nós agrupamos
as características dos produtos -
1:51 - 1:52em duas grandes cestas.
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1:53 - 1:57Numa cesta colocamos aquelas
a que ele chama "Order Qualifiers". -
1:57 - 2:00São os qualificadores,
os mínimos olímpicos. -
2:00 - 2:04São as características que os produtos
têm de ter para serem considerados por nós -
2:04 - 2:06quando estamos a escolher.
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2:06 - 2:09Mas depois há o outro grupo.
A outra cesta. -
2:09 - 2:11São os "Order Winners".
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2:11 - 2:14São aquelas categorias,
as características dos artigos -
2:14 - 2:17que os fazem ser vencedores.
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2:17 - 2:20Face a todos os outros,
é aquele que nós vamos escolher. -
2:20 - 2:24Ora, as marcas também vão ser vistas
por nós dessa maneira. -
2:24 - 2:27Também vão ser uma das características
que nós vamos olhar -
2:27 - 2:29quando escolhemos um produto.
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2:29 - 2:34E claro, a importância da marca tem
a importância que nós lhe queremos dar -
2:34 - 2:38em função do produto — se já é
um produto importante para nós — -
2:38 - 2:41e da relevância que a própria marca
já tem na nossa vida. -
2:41 - 2:45Nós, na verdade, dizemos
que vamos comprar um telemóvel -
2:45 - 2:48ou dizemos que vamos comprar um iPhone?
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2:48 - 2:50O que é que pomos na nossa lista
de supermercado? -
2:50 - 2:53O nome do artigo ou o nome da marca?
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2:53 - 2:54É isso mesmo.
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2:54 - 2:57Claro que as marcas
querem ser isso mesmo. -
2:57 - 3:01Querem ter a capacidade
de ser um dos critérios -
3:01 - 3:03que vai influenciar a nossa compra,
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3:03 - 3:04a nossa escolha.
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3:04 - 3:07Mas, para isso, têm que passar
pelo primeiro teste: -
3:07 - 3:09o teste da confiança.
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3:09 - 3:12Têm de ganhar a confiança
do seu público-alvo. -
3:13 - 3:15Bom, mas então o que é isso de confiar?
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3:15 - 3:18Confiar é uma coisa relativamente simples.
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3:18 - 3:21Se eu confio, eu dou
qualquer coisa a alguém -
3:21 - 3:23e espero não perder nada com isso.
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3:23 - 3:26Nada com essa troca. Espero um equilíbrio.
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3:26 - 3:28E quando fazemos compras é isso mesmo.
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3:28 - 3:31Eu dou dinheiro a alguém e em troca
quero um produto, quero um serviço. -
3:31 - 3:34E a verdade é que,
quando nós não confiamos, -
3:35 - 3:38quando achamos que este negócio
pode não ser assim tão equilibrado, -
3:38 - 3:41o que fazemos é pôr um prémio.
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3:41 - 3:43Queremos um seguro.
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3:43 - 3:45Catherine Zeta-Jones fez isso mesmo.
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3:45 - 3:49Quando ela casou com Michael Douglas
ela segurou-se. Pôs um prémio. -
3:49 - 3:52Pôs um prémio no acordo pré-nupcial:
cinco milhões de dólares, -
3:52 - 3:55caso fosse traída por Michael Douglas.
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3:55 - 3:59Este foi o valor que Catherine Zeta-Jones
deu à sua confiança. -
4:00 - 4:03Mas isto são os adultos.
São muito, muito, muito complicados. -
4:03 - 4:06Vamos passar às crianças,
que são bem mais simples. -
4:06 - 4:08As crianças confiam por natureza.
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4:08 - 4:12As crianças confiam nos animais,
que os animais não lhes vão fazer mal. -
4:12 - 4:17Confiam nos adultos de referência:
nos pais, nos avós, nos irmãos... -
4:18 - 4:21Confiam no Panda, nos Caricas,
no rato Mickey... -
4:22 - 4:25E portanto, quando um destes amigos
lhes apresenta um produto -
4:25 - 4:29— se o rato Mickey gosta desta bolacha,
e eu gosto do rato Mickey, -
4:29 - 4:31provavelmente eu também
gosto desta bolacha. -
4:31 - 4:33É este o efeito das mascotes.
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4:33 - 4:36E é óbvio que as marcas
conhecem estes efeitos -
4:36 - 4:40e criam as suas mascotes
ou apropriam-se de outras que já existem -
4:41 - 4:43para serem promotoras dos seus produtos.
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4:43 - 4:45É natural que assim seja.
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4:46 - 4:48E a questão é que as crianças acreditam.
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4:48 - 4:50E acreditam na publicidade.
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4:50 - 4:56Antes dos dez anos as crianças ainda
não têm o ceticismo todo para desconfiar. -
4:56 - 4:58E portanto, vão acreditar.
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4:58 - 5:03E esta questão de acreditar
na publicidade que veem -
5:03 - 5:05vai acompanhá-los durante toda a vida.
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5:05 - 5:08Vai influenciar o seu
comportamento de compra -
5:08 - 5:11não só quando são crianças
e têm que influenciar os seus pais -
5:11 - 5:13mas depois também mais tarde.
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5:13 - 5:17Há um estudo muito interessante
sobre isso, sobre cereais, -
5:17 - 5:23em que, basicamente, colocaram adultos
a escolher entre duas marcas de cereais -
5:23 - 5:25qual era a marca mais saudável.
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5:25 - 5:28Estes adultos conheciam as duas marcas.
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5:28 - 5:30Mas numa das marcas
tinham visto publicidade -
5:31 - 5:33quando eram crianças, antes dos dez anos.
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5:33 - 5:36No outro caso, só tinham
visto essa publicidade -
5:36 - 5:38mais tarde, já em adultos.
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5:38 - 5:42E o que acontece é que
estes adultos iam ficar todos enviesados -
5:42 - 5:45por aquilo que viram em criança.
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5:45 - 5:49Escolheram sempre a marca
da qual viram publicidade -
5:49 - 5:51quando eram mais novos.
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5:51 - 5:53Claro que depois nós vamos crescendo
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5:53 - 5:55e o nosso ceticismo aumenta.
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5:56 - 6:00Quando somos adolescentes — julgo
que não haverá muitos adolescentes na sala -
6:00 - 6:01mas às tantas haverá pais
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6:01 - 6:04e saberão que os adolescentes
passam por aquela questão -
6:04 - 6:08em que há dias em que confiam
em si próprios e só eles sabem tudo -
6:08 - 6:13e noutras alturas não confiam em si
e não confiam quase em ninguém. -
6:13 - 6:15Mas confiam nos seus pares.
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6:15 - 6:19E confiam no seu ídolo, na sua referência.
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6:19 - 6:22O que eles vão fazer
é imitar comportamentos. -
6:22 - 6:26Vão querer imitar todos os comportamentos
de compra que possam. -
6:27 - 6:30Só isto é que justifica a relação
que os adolescentes têm -
6:30 - 6:32com bebidas alcoólicas e tabaco.
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6:32 - 6:35A primeira impressão é que aquilo
cheira mal, sabe mal, -
6:35 - 6:37e ainda assim o adolescente
vai insistir até gostar. -
6:37 - 6:39É isso que vai acontecer com eles.
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6:39 - 6:46Nós vamos crescendo e já em adultos,
ainda assim há alguma pressão dos pares -
6:46 - 6:49relativamente às nossas escolhas.
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6:49 - 6:54Nós nesta altura queremos ser
aquele que fez a escolha melhor. -
6:54 - 6:56Porque somos os mais inteligentes.
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6:56 - 7:01Vamos reunir provas, vamos reunir
tudo o que estiver ao nosso alcance -
7:01 - 7:05para mostrar que
a nossa decisão é a melhor. -
7:05 - 7:08Vamos querer mostrar isso para os outros.
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7:08 - 7:10Graças a Deus, vamos ficando mais maduros
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7:10 - 7:13e mais livres daquilo
que os outros pensam sobre nós -
7:13 - 7:16e quando chegamos
a essa altura da nossa vida -
7:16 - 7:19o que queremos mesmo saber
é a nossa vivência. -
7:19 - 7:21Quais foram as nossas experiências.
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7:21 - 7:24Que marcas nos acompanharam
durante toda a vida -
7:24 - 7:27e nunca nos deixaram ficar mal.
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7:27 - 7:29Valerá a pena arriscar?
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7:29 - 7:30Se calhar não.
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7:30 - 7:34E tudo isto é importante porque,
quando estamos a gerir uma marca, -
7:34 - 7:37estamos a gerir uma marca
que se dirige a um determinado público. -
7:37 - 7:41Temos que perceber como é
que esse público em particular -
7:41 - 7:45se relaciona e cria relações de confiança
com a nossa marca. -
7:46 - 7:48À partida é simples.
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7:48 - 7:51Confiar significa, também, consistência.
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7:51 - 7:54E se nós não falharmos enquanto marca,
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7:54 - 7:57não vamos ter problemas,
vamos conseguir a confiança. -
7:59 - 8:00Só que não é assim tão simples.
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8:00 - 8:03O mundo é muito
mais complicado do que isso. -
8:03 - 8:08Desde logo, porque existem pessoas,
pessoas à frente e atrás da marca. -
8:08 - 8:10Portanto, a marca vai falhar.
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8:10 - 8:14Vai falhar porque atrás da marca
existem pessoas e errar é humano. -
8:15 - 8:18E quem a está a gerir
vai enganar-se às vezes. -
8:18 - 8:19Vai falhar.
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8:19 - 8:23A marca vai falhar porque
à sua frente estão pessoas -
8:23 - 8:25e as pessoas, como eu disse no início,
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8:26 - 8:27são cada vez mais diferentes.
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8:27 - 8:29Têm necessidades diferentes.
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8:29 - 8:31E eu, para conseguir, enquanto marca,
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8:31 - 8:35contribuir para a pessoa A,
vou falhar com a pessoa B muitas vezes. -
8:35 - 8:37É isso que vai acontecer.
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8:37 - 8:42Então, na verdade, o que as marcas
precisam, é de algo diferente. -
8:42 - 8:47O que as marcas precisam é de criar algo
maior do que uma relação de confiança. -
8:47 - 8:53Precisam de ter uma relação incondicional,
precisam de ter a certeza -
8:53 - 8:57de que as pessoas as vão perdoar
quando as coisas correrem mal. -
8:57 - 8:58Não vão querer fãs.
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8:58 - 9:02Vão querer amantes, apaixonados,
que lutem por ela. -
9:02 - 9:04Que gritem por ela em cada momento.
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9:05 - 9:08E há marcas que fazem isto mesmo,
que nos fazem gritar por elas. -
9:08 - 9:11Vou fazer aqui um pequeno
exercício convosco -
9:11 - 9:14para perceber quem é que grita
pelas suas marcas. -
9:15 - 9:18Se eu começar por uma marca de... champô!
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9:18 - 9:21Toda a gente lava a cabeça,
vamos partir desse princípio. -
9:21 - 9:24Eu acredito que vocês saibam
qual é a marca do vosso champô. -
9:24 - 9:28Vou fazer uma contagem decrescente
até três e vocês vão todos gritar -
9:28 - 9:30pela vossa marca de champô.
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9:30 - 9:33Em três, dois, um!
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9:34 - 9:35(Murmúrios)
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9:37 - 9:38Miséria!
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9:39 - 9:44Vocês não têm uma relação de amor
com a vossa marca de champô! -
9:44 - 9:48Vocês são capazes de trair
o vosso champô a qualquer momento! -
9:50 - 9:51Como é possível?
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9:52 - 9:54Até choro com isso!
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9:54 - 9:56Não pode ser!
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9:56 - 9:59Bom, vou procurar outro exemplo,
um exemplo que seja mais profundo, -
9:59 - 10:02algo que eu tenha a certeza
que vocês não mudam, -
10:02 - 10:05que podem trocar tudo na vossa vida
mas que essa marca não mudam -
10:06 - 10:11Vou contar até três e vocês vão gritar
pelo vosso clube de futebol! -
10:11 - 10:13Em três, dois, um!
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10:13 - 10:15(Gritos)
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10:16 - 10:19Isto, meus caros, é amor pela marca,
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10:19 - 10:21é arriscar pela marca!
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10:21 - 10:25E ficamos a saber que o sonho
de um champô é ser um clube de futebol! -
10:25 - 10:26(Risos)
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10:28 - 10:30Esta é a Leonor.
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10:30 - 10:34A Leonor é a minha filha,
e nós resolvemos levá-la à Disney -
10:34 - 10:38quando ela tinha quatro anos
porque era a magia da Disney, -
10:38 - 10:40uma menina, gosta das princesas,
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10:40 - 10:43a princesa favorita dela era a Bela,
da "Bela e o Monstro". -
10:44 - 10:46Então lá fomos nós
com a Leonor para a Disney. -
10:47 - 10:48Três dias na Disney.
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10:48 - 10:50A Bela nunca apareceu.
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10:50 - 10:54Em nenhum desfile! Nenhum!
Tragédia franciscana! -
10:54 - 10:58Claro, disse à Leonor:
"Leonor, a Bela está doente. -
10:59 - 11:02"A Bela não pôde vir nestes três dias
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11:02 - 11:04"mas um dia os papás
vão ganhar mais dinheiro -
11:05 - 11:07"e vão trazer-te novamente à Disney.
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11:07 - 11:08"E vais ver a Bela."
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11:08 - 11:09Ao que ela respondeu:
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11:09 - 11:11"Não, mamã, não foi nada disso.
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11:11 - 11:14"Não houve nenhuma menina
que se quisesse vestir de Bela, hoje! -
11:14 - 11:15(Risos)
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11:15 - 11:17Eu pensei: "Bom, espetacular!
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11:17 - 11:20"A gente vem para aqui, gasta dinheiro,
e mais não sei quê -
11:20 - 11:21"e a miúda responde desta maneira.
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11:21 - 11:25"Não há direito! Não há nenhuma mãe
nem pai que mereça isto." -
11:25 - 11:28Na verdade, o que a Leonor estava a fazer
era a desculpar a Bela! -
11:28 - 11:30A culpa não foi da Bela!
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11:30 - 11:34A culpa foi de um humano, foi um humano
que falhou, não se quis vestir de Bela! -
11:34 - 11:37A relação que ela tinha com a Bela
era uma relação de amor. -
11:37 - 11:39E portanto perdoa a Bela.
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11:39 - 11:41As marcas vão falhar.
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11:41 - 11:43Vão falhar.
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11:43 - 11:46A questão é como é que
vão reagir a esse erro. -
11:46 - 11:49E a reação à falha
depende de muitas coisas. -
11:49 - 11:52Desde logo, da gravidade do erro,
como é óbvio. Do impacto do erro. -
11:53 - 11:56Mas também, perante quem
é que nós estamos a errar. -
11:56 - 11:58Qual é a nossa personalidade
enquanto marca? -
11:58 - 12:01Quais são os nossos valores
enquanto marca? -
12:01 - 12:04Mas qual é a personalidade e os valores
de quem temos à nossa frente? -
12:04 - 12:06Uma das histórias de que
eu mais gosto é esta. -
12:06 - 12:08Isto é um pepino.
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12:08 - 12:12E a linha preta é uma minhoca.
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12:12 - 12:16E esta foi a fotografia
que um cliente da Tesco, -
12:16 - 12:18que é um supermercado em Inglaterra,
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12:18 - 12:21postou no Facebook da Tesco.
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12:23 - 12:26Uma falha. Enorme. Da Tesco.
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12:26 - 12:29Vinha acompanhada
pela seguinte mensagem. -
12:29 - 12:33Eu resumi um pouco porque o texto é longo
e vou fazer uma tradução simultânea. -
12:33 - 12:37Basicamente, o que ali diz é:
"Querida Tesco: ontem fui à tua loja -
12:37 - 12:41"e comprei um maravilhoso pepino
porque eu adoro sanduíche de pepino. -
12:41 - 12:45"Quando o desembrulhei,
encontrei uma minhoca e pensei: -
12:45 - 12:48" 'Olha, vou ganhar
um novo animal de estimação!' -
12:48 - 12:51"e então chamei as minhas crianças,
que vieram a correr -
12:51 - 12:53"conhecer o seu novo
animal de estimação -
12:53 - 12:54"e resolvemos dar-lhe um nome.
-
12:54 - 12:58"William. William the Worm,
William a Minhoca. -
12:58 - 13:02"Só que o William está muito parado,
ele não se mexe e, passadas 24 horas, -
13:02 - 13:04"ele continua sem se mexer.
-
13:04 - 13:07"Eu não sou um veterinário
mas às tantas o William morreu. -
13:07 - 13:10"Talvez tenha sido o plástico,
que estava demasiado apertado. -
13:10 - 13:13"E agora, Tesco?
Como é que vais resolver isto? -
13:13 - 13:15"Eu tenho três crianças chateadas...
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13:15 - 13:17"Eu tenho de planear o funeral do William.
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13:17 - 13:21"E perdi todo o meu amor
por sanduíche de pepino." -
13:22 - 13:24Como é que a Tesco responde a isto?
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13:24 - 13:26A Tesco podia fazer várias coisas.
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13:26 - 13:28Um pedido de desculpas.
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13:28 - 13:32Podia enviar um talão
para a compra de pepinos, -
13:32 - 13:35Podia enviar um cachorro, um cachorrinho,
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13:35 - 13:39para substituir o William
como animal de estimação. -
13:39 - 13:42O Rob, do serviço ao cliente,
fez uma coisa diferente. -
13:42 - 13:44O Rob respondeu-lhe dizendo:
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13:45 - 13:48"Nos próximos dias
vou a um festival lamacento -
13:48 - 13:50"onde o William teria sido tão feliz!
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13:50 - 13:54"Não vou poder ir ao enterro do William
mas escrevi um poema. -
13:54 - 13:58"Que gostava que fosse lido
no enterro do William the Worm." -
13:59 - 14:01E escreveu!
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14:01 - 14:03E a história não ficou por aqui,
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14:03 - 14:07porque, em breve, havia fotografias
do enterro do William the Worm... -
14:07 - 14:08(Risos)
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14:08 - 14:10em toda a Internet.
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14:10 - 14:14A seguir, a Tesco disse que fazia questão
de pagar as custas do enterro -
14:14 - 14:16do William the Worm.
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14:16 - 14:18Foi isto que aconteceu.
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14:18 - 14:24Três dias, trinta mil partilhas,
dez mil comentários no Facebook. -
14:27 - 14:29As marcas vão falhar.
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14:30 - 14:33As marcas, tal como as pessoas,
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14:33 - 14:39nascem, crescem, vão ver o mundo,
fazem birras e vão falhar. -
14:39 - 14:41Tal como as pessoas.
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14:41 - 14:44E as pessoas, tal como as marcas,
têm nomes. -
14:44 - 14:46Têm personalidade.
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14:46 - 14:47Têm valores.
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14:47 - 14:52São vistas, analisadas,
julgadas, por toda a gente. -
14:52 - 14:56E vão criando relações,
em função dos comportamentos que têm, -
14:56 - 14:59em função daquilo que dizem,
do que deixam por dizer, -
14:59 - 15:01do que fazem,
do que deixam por fazer. -
15:01 - 15:05Em função de tudo isso,
criam relações de amor. -
15:05 - 15:07Criam relações de confiança.
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15:08 - 15:11Isso vai ser fundamental
para conseguirem ultrapassar -
15:11 - 15:14aqueles momentos em que falham.
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15:14 - 15:18A verdade é uma:
deixamos marcas, uns nos outros. -
15:18 - 15:20Espero ter deixado a minha.
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15:21 - 15:23(Aplausos)
- Title:
- Marcas que nos marcam | Marta Cunha | TEDxPorto
- Description:
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A nossa vida está repleta de marcas. Marcas que nos marcam.
Mas tal como em qualquer outra relação, também a nossa relação com as marcas se vai alterando ao longo da vida. O que faz com que uma criança confie numa marca? E um adolescente? O que faz com que um adulto se desiluda com uma marca e a troque por outra?E as marcas? As marcas também fazem birras, têm desgostos e passam por crises de meia idade. Em todas estas fases lutam para criar, manter e fazer crescer a relação de confiança com o seu público. Será que é possível mantermos uma relação de confiança nas marcas para toda a vida?
Marta Cordeiro e Cunha é licenciada em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto. O estudo foi aliado ao trabalho, uma vez que participou ativamente na Associação Internacional de Estudantes, AIESEC, com a missão de contribuir para a paz e o desenvolvimento do potencial humano.
Em 2000, Marta ingressou na Sonae, no setor do retalho. Ao longo da sua carreira passou por diferentes áreas, nomeadamente Gestão de Preço, Gestão Comercial, Logística e Gestão de Inovação. Em 2014, acumulou mais estudo ao seu trabalho, através da realização do MBA Executivo da Porto Business School. Dados os resultados académicos e características pessoais, recebeu o Prémio MBA Student of the World atribuído pela Associação de MBAs (AMBA).
Quando fez esta palestra, a Marta era Head of Customer Insight, com responsabilidade de integrar a visão do Cliente em todos os processos de decisão da empresa. É ainda professora em escolas de gestão em áreas como Inovação, Criatividade e Customer Centricity.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em /http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:38
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Norberto Amaral edited Portuguese subtitles for Marcas que nos marcam | Marta Cunha | TEDxPorto | ||
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