Return to Video

Marcas que nos marcam | Marta Cunha | TEDxPorto

  • 0:12 - 0:13
    Vamos falar sobre compras?
  • 0:13 - 0:16
    Coisa fácil... Toda a gente faz compras.
  • 0:16 - 0:22
    Eu arriscaria dizer que nós, aqui,
    nesta sala, fazemos compras todos os dias.
  • 0:23 - 0:26
    Fazemos compras
    quando vamos ao supermercado,
  • 0:26 - 0:29
    Quando alguém faz anos
    e precisamos ir comprar um presente,
  • 0:29 - 0:31
    quando vamos comprar o pão
    para o pequeno-almoço.
  • 0:31 - 0:34
    Em todos esses momentos
    nós estamos a fazer compras.
  • 0:34 - 0:36
    Claro que algumas compras são ponderadas
  • 0:36 - 0:39
    — pensamos, refletimos sobre elas —
  • 0:39 - 0:42
    e algumas, completamente automáticas.
  • 0:42 - 0:44
    Bom, na verdade
    só nos parecem automáticas
  • 0:44 - 0:48
    porque na nossa cabeça existe
    todo um sistema complexo
  • 0:48 - 0:51
    que nos ajuda a tomar
    as melhores decisões.
  • 0:51 - 0:55
    Isto porque as nossas necessidades
    são cada vez mais sofisticadas
  • 0:55 - 0:57
    porque nós, nós somos especiais.
  • 0:58 - 1:00
    Nós precisamos de produtos
    à nossa medida,
  • 1:00 - 1:04
    à medida das nossas ambições,
    das nossas necessidades.
  • 1:04 - 1:06
    E isso acontece com todos os produtos,
  • 1:06 - 1:10
    mesmo aqueles que nos possam
    parecer mais comuns,
  • 1:10 - 1:12
    como um guardanapo de papel.
  • 1:12 - 1:15
    Se eu pedir ao meu filho para ir comprar
    um guardanapo de papel
  • 1:15 - 1:18
    ele vai ter que responder
    a imensas perguntas.
  • 1:18 - 1:20
    "É dos pacotes maiores
    ou dos mais pequenos, mamã?"
  • 1:21 - 1:23
    "Os guardanapos são dos grandes
    ou daqueles pequenininhos?"
  • 1:24 - 1:26
    Ou "De que cor vai ser o guardanapo?"
  • 1:26 - 1:29
    E ainda nem sequer
    começámos a falar de marcas.
  • 1:29 - 1:33
    Porque nós também vamos decidir
    qual é a marca do guardanapo
  • 1:33 - 1:35
    que queremos por na nossa mesa.
  • 1:36 - 1:40
    E portanto, como é que nós
    conseguimos tomar estas decisões
  • 1:40 - 1:43
    assim tão rápido quando estamos
    à frente de guardanapos?
  • 1:44 - 1:47
    Terry Hill, que é um professor
    da London Business School,
  • 1:47 - 1:51
    vem-nos dizer que nós agrupamos
    as características dos produtos
  • 1:51 - 1:52
    em duas grandes cestas.
  • 1:53 - 1:57
    Numa cesta colocamos aquelas
    a que ele chama "Order Qualifiers".
  • 1:57 - 2:00
    São os qualificadores,
    os mínimos olímpicos.
  • 2:00 - 2:04
    São as características que os produtos
    têm de ter para serem considerados por nós
  • 2:04 - 2:06
    quando estamos a escolher.
  • 2:06 - 2:09
    Mas depois há o outro grupo.
    A outra cesta.
  • 2:09 - 2:11
    São os "Order Winners".
  • 2:11 - 2:14
    São aquelas categorias,
    as características dos artigos
  • 2:14 - 2:17
    que os fazem ser vencedores.
  • 2:17 - 2:20
    Face a todos os outros,
    é aquele que nós vamos escolher.
  • 2:20 - 2:24
    Ora, as marcas também vão ser vistas
    por nós dessa maneira.
  • 2:24 - 2:27
    Também vão ser uma das características
    que nós vamos olhar
  • 2:27 - 2:29
    quando escolhemos um produto.
  • 2:29 - 2:34
    E claro, a importância da marca tem
    a importância que nós lhe queremos dar
  • 2:34 - 2:38
    em função do produto — se já é
    um produto importante para nós —
  • 2:38 - 2:41
    e da relevância que a própria marca
    já tem na nossa vida.
  • 2:41 - 2:45
    Nós, na verdade, dizemos
    que vamos comprar um telemóvel
  • 2:45 - 2:48
    ou dizemos que vamos comprar um iPhone?
  • 2:48 - 2:50
    O que é que pomos na nossa lista
    de supermercado?
  • 2:50 - 2:53
    O nome do artigo ou o nome da marca?
  • 2:53 - 2:54
    É isso mesmo.
  • 2:54 - 2:57
    Claro que as marcas
    querem ser isso mesmo.
  • 2:57 - 3:01
    Querem ter a capacidade
    de ser um dos critérios
  • 3:01 - 3:03
    que vai influenciar a nossa compra,
  • 3:03 - 3:04
    a nossa escolha.
  • 3:04 - 3:07
    Mas, para isso, têm que passar
    pelo primeiro teste:
  • 3:07 - 3:09
    o teste da confiança.
  • 3:09 - 3:12
    Têm de ganhar a confiança
    do seu público-alvo.
  • 3:13 - 3:15
    Bom, mas então o que é isso de confiar?
  • 3:15 - 3:18
    Confiar é uma coisa relativamente simples.
  • 3:18 - 3:21
    Se eu confio, eu dou
    qualquer coisa a alguém
  • 3:21 - 3:23
    e espero não perder nada com isso.
  • 3:23 - 3:26
    Nada com essa troca. Espero um equilíbrio.
  • 3:26 - 3:28
    E quando fazemos compras é isso mesmo.
  • 3:28 - 3:31
    Eu dou dinheiro a alguém e em troca
    quero um produto, quero um serviço.
  • 3:31 - 3:34
    E a verdade é que,
    quando nós não confiamos,
  • 3:35 - 3:38
    quando achamos que este negócio
    pode não ser assim tão equilibrado,
  • 3:38 - 3:41
    o que fazemos é pôr um prémio.
  • 3:41 - 3:43
    Queremos um seguro.
  • 3:43 - 3:45
    Catherine Zeta-Jones fez isso mesmo.
  • 3:45 - 3:49
    Quando ela casou com Michael Douglas
    ela segurou-se. Pôs um prémio.
  • 3:49 - 3:52
    Pôs um prémio no acordo pré-nupcial:
    cinco milhões de dólares,
  • 3:52 - 3:55
    caso fosse traída por Michael Douglas.
  • 3:55 - 3:59
    Este foi o valor que Catherine Zeta-Jones
    deu à sua confiança.
  • 4:00 - 4:03
    Mas isto são os adultos.
    São muito, muito, muito complicados.
  • 4:03 - 4:06
    Vamos passar às crianças,
    que são bem mais simples.
  • 4:06 - 4:08
    As crianças confiam por natureza.
  • 4:08 - 4:12
    As crianças confiam nos animais,
    que os animais não lhes vão fazer mal.
  • 4:12 - 4:17
    Confiam nos adultos de referência:
    nos pais, nos avós, nos irmãos...
  • 4:18 - 4:21
    Confiam no Panda, nos Caricas,
    no rato Mickey...
  • 4:22 - 4:25
    E portanto, quando um destes amigos
    lhes apresenta um produto
  • 4:25 - 4:29
    — se o rato Mickey gosta desta bolacha,
    e eu gosto do rato Mickey,
  • 4:29 - 4:31
    provavelmente eu também
    gosto desta bolacha.
  • 4:31 - 4:33
    É este o efeito das mascotes.
  • 4:33 - 4:36
    E é óbvio que as marcas
    conhecem estes efeitos
  • 4:36 - 4:40
    e criam as suas mascotes
    ou apropriam-se de outras que já existem
  • 4:41 - 4:43
    para serem promotoras dos seus produtos.
  • 4:43 - 4:45
    É natural que assim seja.
  • 4:46 - 4:48
    E a questão é que as crianças acreditam.
  • 4:48 - 4:50
    E acreditam na publicidade.
  • 4:50 - 4:56
    Antes dos dez anos as crianças ainda
    não têm o ceticismo todo para desconfiar.
  • 4:56 - 4:58
    E portanto, vão acreditar.
  • 4:58 - 5:03
    E esta questão de acreditar
    na publicidade que veem
  • 5:03 - 5:05
    vai acompanhá-los durante toda a vida.
  • 5:05 - 5:08
    Vai influenciar o seu
    comportamento de compra
  • 5:08 - 5:11
    não só quando são crianças
    e têm que influenciar os seus pais
  • 5:11 - 5:13
    mas depois também mais tarde.
  • 5:13 - 5:17
    Há um estudo muito interessante
    sobre isso, sobre cereais,
  • 5:17 - 5:23
    em que, basicamente, colocaram adultos
    a escolher entre duas marcas de cereais
  • 5:23 - 5:25
    qual era a marca mais saudável.
  • 5:25 - 5:28
    Estes adultos conheciam as duas marcas.
  • 5:28 - 5:30
    Mas numa das marcas
    tinham visto publicidade
  • 5:31 - 5:33
    quando eram crianças, antes dos dez anos.
  • 5:33 - 5:36
    No outro caso, só tinham
    visto essa publicidade
  • 5:36 - 5:38
    mais tarde, já em adultos.
  • 5:38 - 5:42
    E o que acontece é que
    estes adultos iam ficar todos enviesados
  • 5:42 - 5:45
    por aquilo que viram em criança.
  • 5:45 - 5:49
    Escolheram sempre a marca
    da qual viram publicidade
  • 5:49 - 5:51
    quando eram mais novos.
  • 5:51 - 5:53
    Claro que depois nós vamos crescendo
  • 5:53 - 5:55
    e o nosso ceticismo aumenta.
  • 5:56 - 6:00
    Quando somos adolescentes — julgo
    que não haverá muitos adolescentes na sala
  • 6:00 - 6:01
    mas às tantas haverá pais
  • 6:01 - 6:04
    e saberão que os adolescentes
    passam por aquela questão
  • 6:04 - 6:08
    em que há dias em que confiam
    em si próprios e só eles sabem tudo
  • 6:08 - 6:13
    e noutras alturas não confiam em si
    e não confiam quase em ninguém.
  • 6:13 - 6:15
    Mas confiam nos seus pares.
  • 6:15 - 6:19
    E confiam no seu ídolo, na sua referência.
  • 6:19 - 6:22
    O que eles vão fazer
    é imitar comportamentos.
  • 6:22 - 6:26
    Vão querer imitar todos os comportamentos
    de compra que possam.
  • 6:27 - 6:30
    Só isto é que justifica a relação
    que os adolescentes têm
  • 6:30 - 6:32
    com bebidas alcoólicas e tabaco.
  • 6:32 - 6:35
    A primeira impressão é que aquilo
    cheira mal, sabe mal,
  • 6:35 - 6:37
    e ainda assim o adolescente
    vai insistir até gostar.
  • 6:37 - 6:39
    É isso que vai acontecer com eles.
  • 6:39 - 6:46
    Nós vamos crescendo e já em adultos,
    ainda assim há alguma pressão dos pares
  • 6:46 - 6:49
    relativamente às nossas escolhas.
  • 6:49 - 6:54
    Nós nesta altura queremos ser
    aquele que fez a escolha melhor.
  • 6:54 - 6:56
    Porque somos os mais inteligentes.
  • 6:56 - 7:01
    Vamos reunir provas, vamos reunir
    tudo o que estiver ao nosso alcance
  • 7:01 - 7:05
    para mostrar que
    a nossa decisão é a melhor.
  • 7:05 - 7:08
    Vamos querer mostrar isso para os outros.
  • 7:08 - 7:10
    Graças a Deus, vamos ficando mais maduros
  • 7:10 - 7:13
    e mais livres daquilo
    que os outros pensam sobre nós
  • 7:13 - 7:16
    e quando chegamos
    a essa altura da nossa vida
  • 7:16 - 7:19
    o que queremos mesmo saber
    é a nossa vivência.
  • 7:19 - 7:21
    Quais foram as nossas experiências.
  • 7:21 - 7:24
    Que marcas nos acompanharam
    durante toda a vida
  • 7:24 - 7:27
    e nunca nos deixaram ficar mal.
  • 7:27 - 7:29
    Valerá a pena arriscar?
  • 7:29 - 7:30
    Se calhar não.
  • 7:30 - 7:34
    E tudo isto é importante porque,
    quando estamos a gerir uma marca,
  • 7:34 - 7:37
    estamos a gerir uma marca
    que se dirige a um determinado público.
  • 7:37 - 7:41
    Temos que perceber como é
    que esse público em particular
  • 7:41 - 7:45
    se relaciona e cria relações de confiança
    com a nossa marca.
  • 7:46 - 7:48
    À partida é simples.
  • 7:48 - 7:51
    Confiar significa, também, consistência.
  • 7:51 - 7:54
    E se nós não falharmos enquanto marca,
  • 7:54 - 7:57
    não vamos ter problemas,
    vamos conseguir a confiança.
  • 7:59 - 8:00
    Só que não é assim tão simples.
  • 8:00 - 8:03
    O mundo é muito
    mais complicado do que isso.
  • 8:03 - 8:08
    Desde logo, porque existem pessoas,
    pessoas à frente e atrás da marca.
  • 8:08 - 8:10
    Portanto, a marca vai falhar.
  • 8:10 - 8:14
    Vai falhar porque atrás da marca
    existem pessoas e errar é humano.
  • 8:15 - 8:18
    E quem a está a gerir
    vai enganar-se às vezes.
  • 8:18 - 8:19
    Vai falhar.
  • 8:19 - 8:23
    A marca vai falhar porque
    à sua frente estão pessoas
  • 8:23 - 8:25
    e as pessoas, como eu disse no início,
  • 8:26 - 8:27
    são cada vez mais diferentes.
  • 8:27 - 8:29
    Têm necessidades diferentes.
  • 8:29 - 8:31
    E eu, para conseguir, enquanto marca,
  • 8:31 - 8:35
    contribuir para a pessoa A,
    vou falhar com a pessoa B muitas vezes.
  • 8:35 - 8:37
    É isso que vai acontecer.
  • 8:37 - 8:42
    Então, na verdade, o que as marcas
    precisam, é de algo diferente.
  • 8:42 - 8:47
    O que as marcas precisam é de criar algo
    maior do que uma relação de confiança.
  • 8:47 - 8:53
    Precisam de ter uma relação incondicional,
    precisam de ter a certeza
  • 8:53 - 8:57
    de que as pessoas as vão perdoar
    quando as coisas correrem mal.
  • 8:57 - 8:58
    Não vão querer fãs.
  • 8:58 - 9:02
    Vão querer amantes, apaixonados,
    que lutem por ela.
  • 9:02 - 9:04
    Que gritem por ela em cada momento.
  • 9:05 - 9:08
    E há marcas que fazem isto mesmo,
    que nos fazem gritar por elas.
  • 9:08 - 9:11
    Vou fazer aqui um pequeno
    exercício convosco
  • 9:11 - 9:14
    para perceber quem é que grita
    pelas suas marcas.
  • 9:15 - 9:18
    Se eu começar por uma marca de... champô!
  • 9:18 - 9:21
    Toda a gente lava a cabeça,
    vamos partir desse princípio.
  • 9:21 - 9:24
    Eu acredito que vocês saibam
    qual é a marca do vosso champô.
  • 9:24 - 9:28
    Vou fazer uma contagem decrescente
    até três e vocês vão todos gritar
  • 9:28 - 9:30
    pela vossa marca de champô.
  • 9:30 - 9:33
    Em três, dois, um!
  • 9:34 - 9:35
    (Murmúrios)
  • 9:37 - 9:38
    Miséria!
  • 9:39 - 9:44
    Vocês não têm uma relação de amor
    com a vossa marca de champô!
  • 9:44 - 9:48
    Vocês são capazes de trair
    o vosso champô a qualquer momento!
  • 9:50 - 9:51
    Como é possível?
  • 9:52 - 9:54
    Até choro com isso!
  • 9:54 - 9:56
    Não pode ser!
  • 9:56 - 9:59
    Bom, vou procurar outro exemplo,
    um exemplo que seja mais profundo,
  • 9:59 - 10:02
    algo que eu tenha a certeza
    que vocês não mudam,
  • 10:02 - 10:05
    que podem trocar tudo na vossa vida
    mas que essa marca não mudam
  • 10:06 - 10:11
    Vou contar até três e vocês vão gritar
    pelo vosso clube de futebol!
  • 10:11 - 10:13
    Em três, dois, um!
  • 10:13 - 10:15
    (Gritos)
  • 10:16 - 10:19
    Isto, meus caros, é amor pela marca,
  • 10:19 - 10:21
    é arriscar pela marca!
  • 10:21 - 10:25
    E ficamos a saber que o sonho
    de um champô é ser um clube de futebol!
  • 10:25 - 10:26
    (Risos)
  • 10:28 - 10:30
    Esta é a Leonor.
  • 10:30 - 10:34
    A Leonor é a minha filha,
    e nós resolvemos levá-la à Disney
  • 10:34 - 10:38
    quando ela tinha quatro anos
    porque era a magia da Disney,
  • 10:38 - 10:40
    uma menina, gosta das princesas,
  • 10:40 - 10:43
    a princesa favorita dela era a Bela,
    da "Bela e o Monstro".
  • 10:44 - 10:46
    Então lá fomos nós
    com a Leonor para a Disney.
  • 10:47 - 10:48
    Três dias na Disney.
  • 10:48 - 10:50
    A Bela nunca apareceu.
  • 10:50 - 10:54
    Em nenhum desfile! Nenhum!
    Tragédia franciscana!
  • 10:54 - 10:58
    Claro, disse à Leonor:
    "Leonor, a Bela está doente.
  • 10:59 - 11:02
    "A Bela não pôde vir nestes três dias
  • 11:02 - 11:04
    "mas um dia os papás
    vão ganhar mais dinheiro
  • 11:05 - 11:07
    "e vão trazer-te novamente à Disney.
  • 11:07 - 11:08
    "E vais ver a Bela."
  • 11:08 - 11:09
    Ao que ela respondeu:
  • 11:09 - 11:11
    "Não, mamã, não foi nada disso.
  • 11:11 - 11:14
    "Não houve nenhuma menina
    que se quisesse vestir de Bela, hoje!
  • 11:14 - 11:15
    (Risos)
  • 11:15 - 11:17
    Eu pensei: "Bom, espetacular!
  • 11:17 - 11:20
    "A gente vem para aqui, gasta dinheiro,
    e mais não sei quê
  • 11:20 - 11:21
    "e a miúda responde desta maneira.
  • 11:21 - 11:25
    "Não há direito! Não há nenhuma mãe
    nem pai que mereça isto."
  • 11:25 - 11:28
    Na verdade, o que a Leonor estava a fazer
    era a desculpar a Bela!
  • 11:28 - 11:30
    A culpa não foi da Bela!
  • 11:30 - 11:34
    A culpa foi de um humano, foi um humano
    que falhou, não se quis vestir de Bela!
  • 11:34 - 11:37
    A relação que ela tinha com a Bela
    era uma relação de amor.
  • 11:37 - 11:39
    E portanto perdoa a Bela.
  • 11:39 - 11:41
    As marcas vão falhar.
  • 11:41 - 11:43
    Vão falhar.
  • 11:43 - 11:46
    A questão é como é que
    vão reagir a esse erro.
  • 11:46 - 11:49
    E a reação à falha
    depende de muitas coisas.
  • 11:49 - 11:52
    Desde logo, da gravidade do erro,
    como é óbvio. Do impacto do erro.
  • 11:53 - 11:56
    Mas também, perante quem
    é que nós estamos a errar.
  • 11:56 - 11:58
    Qual é a nossa personalidade
    enquanto marca?
  • 11:58 - 12:01
    Quais são os nossos valores
    enquanto marca?
  • 12:01 - 12:04
    Mas qual é a personalidade e os valores
    de quem temos à nossa frente?
  • 12:04 - 12:06
    Uma das histórias de que
    eu mais gosto é esta.
  • 12:06 - 12:08
    Isto é um pepino.
  • 12:08 - 12:12
    E a linha preta é uma minhoca.
  • 12:12 - 12:16
    E esta foi a fotografia
    que um cliente da Tesco,
  • 12:16 - 12:18
    que é um supermercado em Inglaterra,
  • 12:18 - 12:21
    postou no Facebook da Tesco.
  • 12:23 - 12:26
    Uma falha. Enorme. Da Tesco.
  • 12:26 - 12:29
    Vinha acompanhada
    pela seguinte mensagem.
  • 12:29 - 12:33
    Eu resumi um pouco porque o texto é longo
    e vou fazer uma tradução simultânea.
  • 12:33 - 12:37
    Basicamente, o que ali diz é:
    "Querida Tesco: ontem fui à tua loja
  • 12:37 - 12:41
    "e comprei um maravilhoso pepino
    porque eu adoro sanduíche de pepino.
  • 12:41 - 12:45
    "Quando o desembrulhei,
    encontrei uma minhoca e pensei:
  • 12:45 - 12:48
    " 'Olha, vou ganhar
    um novo animal de estimação!'
  • 12:48 - 12:51
    "e então chamei as minhas crianças,
    que vieram a correr
  • 12:51 - 12:53
    "conhecer o seu novo
    animal de estimação
  • 12:53 - 12:54
    "e resolvemos dar-lhe um nome.
  • 12:54 - 12:58
    "William. William the Worm,
    William a Minhoca.
  • 12:58 - 13:02
    "Só que o William está muito parado,
    ele não se mexe e, passadas 24 horas,
  • 13:02 - 13:04
    "ele continua sem se mexer.
  • 13:04 - 13:07
    "Eu não sou um veterinário
    mas às tantas o William morreu.
  • 13:07 - 13:10
    "Talvez tenha sido o plástico,
    que estava demasiado apertado.
  • 13:10 - 13:13
    "E agora, Tesco?
    Como é que vais resolver isto?
  • 13:13 - 13:15
    "Eu tenho três crianças chateadas...
  • 13:15 - 13:17
    "Eu tenho de planear o funeral do William.
  • 13:17 - 13:21
    "E perdi todo o meu amor
    por sanduíche de pepino."
  • 13:22 - 13:24
    Como é que a Tesco responde a isto?
  • 13:24 - 13:26
    A Tesco podia fazer várias coisas.
  • 13:26 - 13:28
    Um pedido de desculpas.
  • 13:28 - 13:32
    Podia enviar um talão
    para a compra de pepinos,
  • 13:32 - 13:35
    Podia enviar um cachorro, um cachorrinho,
  • 13:35 - 13:39
    para substituir o William
    como animal de estimação.
  • 13:39 - 13:42
    O Rob, do serviço ao cliente,
    fez uma coisa diferente.
  • 13:42 - 13:44
    O Rob respondeu-lhe dizendo:
  • 13:45 - 13:48
    "Nos próximos dias
    vou a um festival lamacento
  • 13:48 - 13:50
    "onde o William teria sido tão feliz!
  • 13:50 - 13:54
    "Não vou poder ir ao enterro do William
    mas escrevi um poema.
  • 13:54 - 13:58
    "Que gostava que fosse lido
    no enterro do William the Worm."
  • 13:59 - 14:01
    E escreveu!
  • 14:01 - 14:03
    E a história não ficou por aqui,
  • 14:03 - 14:07
    porque, em breve, havia fotografias
    do enterro do William the Worm...
  • 14:07 - 14:08
    (Risos)
  • 14:08 - 14:10
    em toda a Internet.
  • 14:10 - 14:14
    A seguir, a Tesco disse que fazia questão
    de pagar as custas do enterro
  • 14:14 - 14:16
    do William the Worm.
  • 14:16 - 14:18
    Foi isto que aconteceu.
  • 14:18 - 14:24
    Três dias, trinta mil partilhas,
    dez mil comentários no Facebook.
  • 14:27 - 14:29
    As marcas vão falhar.
  • 14:30 - 14:33
    As marcas, tal como as pessoas,
  • 14:33 - 14:39
    nascem, crescem, vão ver o mundo,
    fazem birras e vão falhar.
  • 14:39 - 14:41
    Tal como as pessoas.
  • 14:41 - 14:44
    E as pessoas, tal como as marcas,
    têm nomes.
  • 14:44 - 14:46
    Têm personalidade.
  • 14:46 - 14:47
    Têm valores.
  • 14:47 - 14:52
    São vistas, analisadas,
    julgadas, por toda a gente.
  • 14:52 - 14:56
    E vão criando relações,
    em função dos comportamentos que têm,
  • 14:56 - 14:59
    em função daquilo que dizem,
    do que deixam por dizer,
  • 14:59 - 15:01
    do que fazem,
    do que deixam por fazer.
  • 15:01 - 15:05
    Em função de tudo isso,
    criam relações de amor.
  • 15:05 - 15:07
    Criam relações de confiança.
  • 15:08 - 15:11
    Isso vai ser fundamental
    para conseguirem ultrapassar
  • 15:11 - 15:14
    aqueles momentos em que falham.
  • 15:14 - 15:18
    A verdade é uma:
    deixamos marcas, uns nos outros.
  • 15:18 - 15:20
    Espero ter deixado a minha.
  • 15:21 - 15:23
    (Aplausos)
Title:
Marcas que nos marcam | Marta Cunha | TEDxPorto
Description:

A nossa vida está repleta de marcas. Marcas que nos marcam.
Mas tal como em qualquer outra relação, também a nossa relação com as marcas se vai alterando ao longo da vida. O que faz com que uma criança confie numa marca? E um adolescente? O que faz com que um adulto se desiluda com uma marca e a troque por outra?

E as marcas? As marcas também fazem birras, têm desgostos e passam por crises de meia idade. Em todas estas fases lutam para criar, manter e fazer crescer a relação de confiança com o seu público. Será que é possível mantermos uma relação de confiança nas marcas para toda a vida?

Marta Cordeiro e Cunha é licenciada em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto. O estudo foi aliado ao trabalho, uma vez que participou ativamente na Associação Internacional de Estudantes, AIESEC, com a missão de contribuir para a paz e o desenvolvimento do potencial humano.

Em 2000, Marta ingressou na Sonae, no setor do retalho. Ao longo da sua carreira passou por diferentes áreas, nomeadamente Gestão de Preço, Gestão Comercial, Logística e Gestão de Inovação. Em 2014, acumulou mais estudo ao seu trabalho, através da realização do MBA Executivo da Porto Business School. Dados os resultados académicos e características pessoais, recebeu o Prémio MBA Student of the World atribuído pela Associação de MBAs (AMBA).

Quando fez esta palestra, a Marta era Head of Customer Insight, com responsabilidade de integrar a visão do Cliente em todos os processos de decisão da empresa. É ainda professora em escolas de gestão em áreas como Inovação, Criatividade e Customer Centricity.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em /http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
Portuguese
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:38

Portuguese subtitles

Revisions