Como os estudantes de cor impactaram uma educadora ao compartilharem suas verdades - Jinni Forucci.
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0:06 - 0:09Conheci Kevin pela primeira vez
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0:09 - 0:11no meu primeiro dia como professora,
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0:11 - 0:14e era a primeira aula.
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0:14 - 0:15Ele estava cabisbaixo,
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0:15 - 0:18então me aproximei e dei
um tapinha amigável, -
0:18 - 0:21pedi-lhe que levantasse
a cabeça e ele levantou. -
0:21 - 0:24Ele também me deixou um recado bem claro.
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0:24 - 0:26Disse-me: "Nunca mais me toque".
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0:27 - 0:29Eu tinha 20 anos,
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0:29 - 0:34estava terminando o semestre
da graduação de ensino de língua inglesa, -
0:34 - 0:38e Kevin tinha 18, aluno
do primeiro ano do ensino médio. -
0:39 - 0:43Decorreram-se várias semanas
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0:43 - 0:46e quase nada tinha mudado entre nós.
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0:46 - 0:48Ele estava certamente desinteressado.
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0:48 - 0:51Notei sua falta de alegria,
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0:51 - 0:55mas contrastava bastante com o que eu via
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0:55 - 0:56no restante dos alunos.
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0:56 - 0:58Eles estavam progredindo, arrasando.
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0:58 - 1:02Eu estava adorando ser
uma jovem professora, -
1:02 - 1:04era uma aventura incrível.
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1:04 - 1:07Então, foi muito fácil para mim refletir
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1:07 - 1:09sobre a barreira entre Kevin e eu,
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1:09 - 1:12e culpá-lo por isso.
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1:12 - 1:15Afinal de contas,
era ele que tinha me envergonhado, -
1:15 - 1:18era ele que se isolava do restante.
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1:20 - 1:22Certo dia, a turma estava saindo
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1:22 - 1:25e eu estava parada no corredor,
quando o Kevin passou, -
1:25 - 1:27e eu disse por impulso: "Ei, escuta,
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1:27 - 1:29o que vai fazer depois de se formar?
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1:29 - 1:32O que você acha que vai fazer
quando sair do ensino médio?" -
1:32 - 1:35E de novo, com muita disposição,
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1:35 - 1:36ele me mandou um recado,
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1:36 - 1:39e era uma verdade que eu
nunca havia considerado antes. -
1:40 - 1:42Ele disse: "Vou à prisão
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1:42 - 1:45e é aonde vou aprender a cortar cabelo.
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1:45 - 1:48Assim quando eu sair,
irei trabalhar na barbearia do meu tio". -
1:50 - 1:53Eu fiquei parada ali,
enquanto o Kevin se afastava, -
1:53 - 1:56naquela luz fluorescente da escola,
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1:56 - 1:58no corredor,
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1:58 - 2:01e fiquei sem palavras.
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2:01 - 2:05Eu realmente não sabia se havia
alguma medida de acompanhamento adequada, -
2:05 - 2:10nenhum treinamento tinha
me preparado para essa relação. -
2:10 - 2:16Lembro-me de ter essa primeira
reação imediata e natural -
2:16 - 2:22de que ninguém e nenhum aluno meu
tinha o direito de imaginar -
2:22 - 2:25uma prisão como parte de seu futuro.
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2:26 - 2:28Após refletir sobre isso,
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2:29 - 2:35comecei a questionar
se a barreira entre Kevin e eu -
2:35 - 2:37tinha muito menos a ver com ele,
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2:37 - 2:41e muito mais a ver
com os sistemas, com as escolas, -
2:41 - 2:44com os educadores e comigo.
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2:45 - 2:47Durante os dois meses seguintes -
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2:47 - 2:49eu só tinha dois meses sobrando
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2:49 - 2:51para criar uma relação com esse jovem,
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2:51 - 2:55e, considerando sua idade, éramos
bem próximos, eu com 20 e ele com 18 - -
2:55 - 2:58decidi criar uma interação,
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2:58 - 3:00criar uma relação autêntica,
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3:00 - 3:04mas entendam que isso não era
uma estratégia de ensino, -
3:04 - 3:06não era um ato de altruísmo.
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3:06 - 3:07Foi por curiosidade.
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3:07 - 3:11Eu precisa entender como duas pessoas
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3:11 - 3:12com quase a mesma idade,
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3:12 - 3:17poderiam existir em caminhos opostos,
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3:17 - 3:20caminhos que jamais teriam se cruzado
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3:20 - 3:22se eu não tivesse me tornado professora,
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3:22 - 3:26se eu não tivesse sido
designada àquela escola, -
3:26 - 3:30se eu não tivesse tido a sorte
de ter Kevin como aluno. -
3:31 - 3:34Quando olho para trás,
sinto-me muito grata, -
3:34 - 3:37porque as experiências e as histórias
que Kevin compartilhou comigo -
3:37 - 3:41me ensinaram que a raça
muitas vezes dita a experiência -
3:41 - 3:43que os jovens têm na escola.
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3:44 - 3:50Meu primeiro passo em direção
à minha jornada de conscientização -
3:50 - 3:55foi reconhecer que verdades
pessoais não se comparam. -
3:56 - 3:59A experiência de um aluno
não é a mesma que a minha. -
3:59 - 4:01Se eu não reconhecesse isso
-
4:01 - 4:05de forma tão tremenda
e fundamental quando jovem, -
4:05 - 4:09e se eu não reexaminar isso agora
como uma professora veterana, -
4:09 - 4:12não só vou ter dificuldades
na sala de aula, -
4:12 - 4:13mas meu alunos vão falhar.
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4:13 - 4:15Vamos ser bastante claros aqui
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4:15 - 4:19que não estou falando
sobre falhar em notas, -
4:19 - 4:20padrões ou avaliações.
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4:20 - 4:25Estou falando sobre a dificuldade
enquanto procuramos por um ambiente. -
4:26 - 4:31É da responsabilidade
do professor criar um espaço -
4:31 - 4:34onde os alunos sejam
encorajados a correr riscos, -
4:34 - 4:36a falar sobre o que acreditam,
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4:36 - 4:39e a sentirem-se seguros ao fazerem isso.
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4:39 - 4:41Mas, às vezes,
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4:41 - 4:47tenho muitos jovens que escolhem
ficar quietos a participarem, -
4:47 - 4:53porque as respostas que eles normalmente
recebem de seus professores são evasivas, -
4:54 - 4:58são corretivas e até mesmo combativas.
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4:58 - 5:01Isso acontece
por causa do racismo sistêmico -
5:01 - 5:05que atormenta nossas construções,
nossa cultura e nossa nação. -
5:05 - 5:08É o meu, é o nosso trabalho
como educadores, -
5:08 - 5:11fazer tudo o que pudermos, todos os dias,
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5:11 - 5:13para ajudar a remover isso.
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5:15 - 5:17Como fazemos isso?
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5:17 - 5:22Como garantimos que todo aluno
seja educado de forma igualitária? -
5:22 - 5:27Como garantimos que as mensagens
preconceituosas e o preconceito implícito -
5:27 - 5:28e as atitudes ofensivas,
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5:28 - 5:31como combatê-las como negá-las?
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5:31 - 5:32Especificamente, olhe para mim.
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5:32 - 5:35Como pessoas como eu,
mulheres brancas que ensinam - -
5:35 - 5:39porque é disso que a nossa nação
é feita, professoras brancas, -
5:39 - 5:41é quem somos agora -
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5:41 - 5:48como garantir que estejamos transmitindo
um conteúdo rigoroso em um lugar seguro, -
5:48 - 5:51onde nossos alunos correm riscos,
descobrem progresso -
5:51 - 5:55e recebem cuidado o tempo inteiro
em que estão em nossas salas? -
5:56 - 5:59Eu não tenho respostas
para essas perguntas. -
5:59 - 6:05Não existe nenhum roteiro pronto
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6:05 - 6:09e muitas pessoas estão procurando
por esse método prático. -
6:09 - 6:10Isso não existe.
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6:10 - 6:14O que tenho são histórias e experiências.
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6:15 - 6:17Eu as revisito e adquiro novas,
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6:17 - 6:21especialmente aqueles primeiros
momentos que esclarecem -
6:21 - 6:26o porquê de eu acreditar nas coisas
que faço e reagir do jeito que reajo. -
6:26 - 6:31No fim daquela experiência de ensino,
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6:31 - 6:36meus belos alunos fizeram uma festa
no refeitório, que foi muito legal, -
6:36 - 6:40foi demais, eu senti amor, sinceridade,
tinha molho para taco. -
6:41 - 6:43Havia alguém faltando.
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6:44 - 6:47Kevin não tinha aparecido,
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6:47 - 6:48e eu fiquei chateada.
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6:48 - 6:50Mas ele deixou um bilhete.
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6:50 - 6:52"Valeu por aturar
toda essa minha merda." -
6:52 - 6:54Era isso que estava escrito.
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6:54 - 6:59Quando recebi esse bilhete,
percebi duas coisas: -
6:59 - 7:03um, eu pertenço ao ensino,
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7:03 - 7:04é o que preciso fazer.
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7:04 - 7:06Fez de mim uma amiga melhor,
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7:06 - 7:08fez de mim uma parceira melhor,
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7:08 - 7:10fez de mim uma pessoa melhor.
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7:10 - 7:12Fez de mim uma mãe melhor.
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7:13 - 7:18Dois, se usado corretamente,
"merda" pode ser bem poético. -
7:18 - 7:20(Risos)
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7:20 - 7:23(Aplausos)
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7:23 - 7:28Kevin me ensinou o valor
das verdades relativas, -
7:28 - 7:33e Ashley me ensinou a reconhecer
o porquê por trás dessas verdades. -
7:33 - 7:36Estou empolgadíssima
para falar sobre a Ashley. -
7:36 - 7:39Ashley entrou na minha sala
no ensino médio, -
7:39 - 7:43ela tinha 15 anos, toda cheia de fama,
-
7:43 - 7:45boa em tudo, entusiasmada, energética,
-
7:45 - 7:48disposta a aprender, estava progredindo,
ela é superlegal, não é? -
7:48 - 7:49Conhecemos alunos assim.
-
7:49 - 7:54Aprendi mais com a Ashley
do que ela comigo. -
7:54 - 7:58Dois anos depois,
Ashley entra na minha sala. -
7:58 - 8:00Próxima de se graduar,
-
8:00 - 8:06mais consciente, mais madura,
mais preparada para mudar o mundo. -
8:06 - 8:10Então no dia que Ashley parou
no estacionamento da escola -
8:10 - 8:12havia uma bandeira da Confederação
-
8:12 - 8:15na parte de trás da caminhonete
de um de seus colegas, -
8:15 - 8:19e um laço pendurado no para-choque.
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8:19 - 8:24Não foi uma surpresa que aquela jovem,
Ashley, tenha decidido agir. -
8:24 - 8:28Ela e outras colegas
organizaram um protesto. -
8:28 - 8:30Eles usaram vermelho em solidariedade,
-
8:30 - 8:33eles queriam enviar
uma mensagem à administração -
8:33 - 8:36que era preciso agir
sem demora e apropriadamente -
8:36 - 8:41contra essa mensagem de ódio
que estava sendo distribuída livremente. -
8:42 - 8:44No dia do protesto,
-
8:44 - 8:49muitos dos jovens que decidiram participar
foram até a minha sala. -
8:49 - 8:54Outra aula, outra experiência.
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8:54 - 8:58Conforme entravam,
eu podia ouvir a raiva deles, -
8:58 - 9:02eu podia ouvir a dor deles, eu podia ver.
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9:02 - 9:06Foi um daqueles momentos
em que decidi fazer o meu melhor. -
9:06 - 9:09Eu descartei o plano
criativo da minha aula, -
9:09 - 9:11e apenas conversamos.
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9:11 - 9:15Para ser franca, eu só ouvia,
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9:15 - 9:20e deixava aqueles jovens navegarem
através da dor, da raiva e da frustração. -
9:21 - 9:23Mas, no final, eu intervim
-
9:23 - 9:26e prometi que iria fazer o meu melhor:
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9:26 - 9:29eu iria à administração, iria enfrentá-los
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9:29 - 9:32garantiria que eles fariam o que é certo.
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9:32 - 9:35E Ashley levantou sua mão
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9:35 - 9:37e outra verdade foi transmitida,
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9:37 - 9:39que eu não estava preparada para ouvir.
-
9:39 - 9:43Ela disse: "Senhora Forcucci,
agradeço o que está fazendo, -
9:43 - 9:47mas não confio em você
como eu confiaria em um negro." -
9:48 - 9:52Eu compreendi, talvez não inicialmente,
-
9:52 - 9:57mas sei que Ashley não confiava em mim
para resolver o problema -
9:57 - 10:01porque a dor que ela sentia
por causa daquela mensagem de ódio, -
10:01 - 10:06eu não podia entendê-la porque o fato
de eu ser branca me protege disso. -
10:07 - 10:10Então, superei minhas emoções.
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10:10 - 10:15Primeiro, não sei se superei
mesmo, elas ainda ecoam, -
10:15 - 10:20mas naquele momento,
senti dor, constrangimento. -
10:20 - 10:24Ela disse aquilo na frente
dos meus 25 alunos. -
10:24 - 10:28Mas Ashley não disse
aquilo para me machucar, -
10:28 - 10:29ela não foi mal-intencionada.
-
10:29 - 10:33Era como ela se sentia e ela tem o direito
de compartilhar seus sentimentos -
10:33 - 10:36na minha sala, nas nossas salas,
nas nossas escolas, -
10:36 - 10:38no nosso ambiente, na nossa nação.
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10:38 - 10:40Ela tem o direito de compartilhar.
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10:41 - 10:47Então comecei a ver a situação
pela perspectiva de Ashley. -
10:47 - 10:52Imaginei como é se sentar nas salas
durante todos aqueles anos -
10:52 - 10:54com uma pessoa branca a sua frente,
-
10:54 - 10:57imaginando se poderia confiar nela,
-
10:57 - 11:02imaginando se aquela pessoa lhe quer bem.
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11:04 - 11:06Nessa mesma época,
-
11:06 - 11:08eu estava fazendo pós-graduação.
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11:08 - 11:11Estava fazendo mestrado
em composição e retórica. -
11:11 - 11:14Eu tinha um professor veterano,
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11:14 - 11:16que muitas vezes nos contava histórias
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11:16 - 11:19da sua infância no sul.
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11:19 - 11:22Eu também estudava Baldwin e Ellison,
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11:22 - 11:26e acredito que humanas e literatura
-
11:26 - 11:31podem ensinar nossos alunos
sobre o racismo, o racismo generalizado, -
11:31 - 11:36o privilégio branco,
o preconceito implícito. -
11:36 - 11:41Eu precisava entender, e ainda preciso...
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11:41 - 11:45Eu precisava entender o porquê
por trás do que Ashley me disse, -
11:45 - 11:50eu precisa entender o porquê
por trás da minha reação a ela. -
11:51 - 11:52Hoje estou aqui
-
11:52 - 11:58e tive experiências bem interessantes
com meus colegas de trabalho, -
11:58 - 12:01alguns apreciam o que eu fiz,
-
12:01 - 12:04outros não apreciam
e criticam o meu trabalho, -
12:04 - 12:10mas o que me motiva são aqueles
momentos como educadora -
12:10 - 12:14em que a informação transmitida
se transforma em conscientização, -
12:14 - 12:17que se torna aceitação,
-
12:17 - 12:19que se torna comunidade e família,
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12:19 - 12:23e quando vejo mudanças de perspectiva,
-
12:23 - 12:28e minha sala se torna um espaço
onde as alunos podem progredir. -
12:28 - 12:33Continuarei engajada nesse trabalho.
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12:35 - 12:40Essas verdades que transmitimos
muitas vezes são desconfortáveis, -
12:40 - 12:41mas é assim que precisa ser,
-
12:41 - 12:45é o único jeito de negar
e combater o preconceito, -
12:45 - 12:47explícito e implícito.
-
12:47 - 12:52É o único de jeito de potencialmente
erradicar as barreiras sociais, -
12:52 - 12:57mas as barreiras raciais não serão
erradicadas instantaneamente. -
12:57 - 13:01Mas vou lhes dizer que as ferramentas
que Kevin me deu anos atrás, -
13:01 - 13:03faz 25 anos,
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13:03 - 13:10Kevin me ensinou que as ferramentas
que preciso são escutar -
13:10 - 13:12fazer autorreflexão
-
13:12 - 13:14e ter empatia.
-
13:14 - 13:18E se continuarmos a fazer isso,
nada será erradicado instantaneamente, -
13:18 - 13:20mas com certeza faremos uma rachadura.
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13:20 - 13:22E com um racho, ela pode desmoronar,
-
13:22 - 13:26e quando ela desmoronar,
as Ashleys e os Kevins do futuro -
13:26 - 13:30passarão pelos corredores
e entrarão em espaços e salas -
13:30 - 13:34com educadores culturalmente
literatos e competentes, -
13:34 - 13:37que transmitem lições
com alegria e compaixão -
13:37 - 13:39e rigor e desafio acadêmico,
-
13:39 - 13:42do jeito a que toda pessoa tem direito,
-
13:42 - 13:45para que todos possam prosperar.
-
13:45 - 13:49São todos, todos nós vamos prosperar
por meio dessas lições. -
13:52 - 13:55Sei que essas ferramentes funcionam,
e vou lhes dizer como. -
13:57 - 14:00Chamei Ashley há alguns meses e disse:
-
14:00 - 14:05"Ei, eu fico relembrando
aqueles momentos entre nós duas. -
14:05 - 14:07Você quer conversar sobre isso?"
-
14:07 - 14:08"Claro."
-
14:08 - 14:11E ela apareceu na minha sala.
-
14:11 - 14:13Ashley está com a mesma idade
-
14:13 - 14:17que eu tinha quando ela se sentou
com uma camiseta vermelha em minha sala. -
14:17 - 14:18Ela tem 32.
-
14:18 - 14:22Ela tem dois filhos maravilhosos
e está esperando mais um. -
14:22 - 14:26Sentamos à mesa na minha sala
-
14:26 - 14:32e conversamos sobre várias coisas,
demos risadas e choramos. -
14:33 - 14:38Quando perguntei a Ashley se ela
se lembrava daquele momento entre nós -
14:38 - 14:40no dia em que ela
usou uma camiseta vermelha, -
14:40 - 14:42se ela se lembrava do que eu fiz,
-
14:42 - 14:46ela disse: "Não lembro bem
o que você fez, senhora Forucci. -
14:46 - 14:50Só lembro que fui encorajada
a compartilhar minha verdade". -
14:53 - 14:56A barreira racial que talvez
existisse entre Ashley e eu -
14:56 - 15:01sumiu no dia em que ela se graduou.
-
15:02 - 15:07Ela é poeta, ela acredita, ela é curadora,
-
15:07 - 15:10ela é advogada, ela é mãe.
-
15:12 - 15:15Eu disse a ela que conversaria
com vocês hoje, -
15:16 - 15:19e perguntei-lhe se podia
compartilhar sua história. -
15:19 - 15:22Ela não disse apenas:
"Sim, vá em frente e compartilhe", -
15:22 - 15:26mas me encorajou a honrar a verdade dela.
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15:26 - 15:29E se querem saber,
isso é poético pra cacete. -
15:29 - 15:31(Risos)
-
15:31 - 15:32Obrigada.
-
15:32 - 15:33(Aplausos)
- Title:
- Como os estudantes de cor impactaram uma educadora ao compartilharem suas verdades - Jinni Forucci.
- Description:
-
Jini Forucci, professora do ano em Delaware, 2018, conhece muito bem principais descobertas da sala de aula. Nesta palestra calorosa, ela descreve dois momentos em que corajosos alunos negros compartilharam sua verdade e transformaram a perspectiva e o papel dela como educadora. Esses momentos a levaram a duas perguntas motivadoras: como eliminar as barreiras de aprendizagem que ela cria por ser uma educadora branca, assegurando e garantindo que a raça não dite a educação de um aluno? E como abrir espaço na sala de aula para aqueles que tiveram suas vozes sistematicamente silenciadas? Porque, como seus alunos lhe ensinaram, embora a verdade não seja confortável, ela é necessária.
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- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 15:44