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Histórias importantes onde o amor é ilegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia

  • 0:33 - 0:36
    Sou fotógrafo dos direitos humanos.
  • 0:36 - 0:38
    Há uns anos, assumi
    como missão da minha vida
  • 0:38 - 0:41
    contar as histórias de pessoas como Bujei,
  • 0:41 - 0:44
    histórias de pessoas
    a quem foram negados os seus direitos,
  • 0:44 - 0:47
    e foram silenciadas pelas suas sociedades.
  • 0:48 - 0:50
    Bujei é do norte da Nigéria.
  • 0:50 - 0:53
    Está a tapar a cara porque tem medo.
  • 0:55 - 0:57
    Na verdade, não se chama Bujei.
  • 0:57 - 0:59
    Pediu para escondermos a sua identidade
  • 0:59 - 1:03
    porque, se o identificarmos,
    pode ser condenado à morte.
  • 1:04 - 1:06
    Conheci Bujei e quatro outros jovens
  • 1:06 - 1:08
    pouco depois de serem
    libertados da prisão.
  • 1:08 - 1:11
    Estiveram ali detidos durante 40 dias.
  • 1:11 - 1:15
    Foram torturados na cadeia
    e chicoteados em pleno tribunal.
  • 1:17 - 1:19
    Felizmente, o processo deles foi arquivado
  • 1:20 - 1:23
    mas a comunidade em que eles vivem
    não ficou satisfeita com o veredito.
  • 1:23 - 1:26
    Esperaram no exterior do tribunal
    armados com pedras
  • 1:26 - 1:29
    na intenção de apedrejar Bujei
    e os outros jovens até à morte.
  • 1:30 - 1:32
    Bujei escondeu-se no tribunal,
  • 1:32 - 1:37
    no local de tortura, agora um santuário,
    até a multidão se dispersar.
  • 1:39 - 1:42
    Mas o sofrimento deles não acabou ali.
  • 1:42 - 1:46
    Depois de serem libertados,
    foram ostracizados pela família.
  • 1:47 - 1:50
    Quando Bujei adoeceu,
    um parente foi ter com ele e disse:
  • 1:50 - 1:53
    "Deus devia tirar-te a vida
    para nós todos termos paz,
  • 1:53 - 1:56
    "porque causaste grande vergonha
    à nossa família".
  • 1:57 - 2:00
    Qual foi o crime de Bujei?
  • 2:00 - 2:03
    O que é que ele terá feito
    para ser torturado pelo estado,
  • 2:03 - 2:05
    quase linchado pela sua comunidade
  • 2:05 - 2:07
    e rejeitado pela família?
  • 2:09 - 2:10
    É "gay".
  • 2:13 - 2:17
    Seria de pensar que, em 2015,
    tínhamos superado esta noção bárbara
  • 2:17 - 2:20
    de que devíamos ser mortos
    por causa de quem nos atrai.
  • 2:20 - 2:24
    De que ser LGBT, lésbica, "gay",
    bissexual ou transexual
  • 2:24 - 2:28
    é ser anormal, antinatural, imoral.
  • 2:29 - 2:32
    Embora haja 780 milhões de pessoas
    que vivem em países
  • 2:32 - 2:36
    onde as relações entre pessoas
    do mesmo sexo são legais,
  • 2:36 - 2:40
    há 2800 milhões de pessoas
    que vivem em países
  • 2:41 - 2:44
    onde atos consensuais entre pessoas
    do mesmo sexo são um crime.
  • 2:46 - 2:50
    Claro, eu sabia que havia
    a homofobia e a transfobia
  • 2:50 - 2:52
    mas só me apercebi bem dessa realidade
  • 2:52 - 2:54
    quando conheci
    sobreviventes deste fanatismo.
  • 2:55 - 2:56
    Claro que ouvir as histórias deles,
  • 2:56 - 2:59
    não tem comparação
    com viver o que eles viveram,
  • 2:59 - 3:03
    mas, pelo menos, quando ouvi
    aquilo por que eles passaram, senti-o.
  • 3:05 - 3:08
    Fiquei emocionado com as histórias
    dos jovens que conheci.
  • 3:08 - 3:09
    Quis dá-las a conhecer.
  • 3:09 - 3:12
    É o que eu tento fazer
    com o meu trabalho de fotógrafo:
  • 3:12 - 3:15
    amplificar as vozes daqueles
    a quem negam o direito de ter uma voz.
  • 3:15 - 3:17
    A esperança é que as pessoas as oiçam
  • 3:17 - 3:20
    e os que puderem, ajudem.
  • 3:20 - 3:22
    Saí do norte da Nigéria,
  • 3:22 - 3:25
    comovido com as histórias
    daqueles cinco jovens
  • 3:25 - 3:28
    e motivado para tentar fazer a diferença
    na vida de pessoas inocentes como eles.
  • 3:28 - 3:32
    Comecei uma campanha chamada
    "Onde o amor é ilegal".
  • 3:35 - 3:39
    Documentei as histórias de perseguição
    em todo o mundo,
  • 3:39 - 3:42
    histórias de prisão, de ataques violentos,
    de assassínios, de violação.
  • 3:43 - 3:47
    As pessoas ostracizadas pela família,
    que fugiram dos seus países,
  • 3:47 - 3:50
    que fizeram tudo o que puderam
    para esconder a sua real identidade,
  • 3:50 - 3:54
    porque não se conformam
    com o que é considerado normal.
  • 3:55 - 3:58
    Muitas das pessoas que conheci
    tinham medo de contar as suas histórias.
  • 4:00 - 4:02
    Esta é Sally.
  • 4:02 - 4:04
    Tem medo de mostrar a cara
  • 4:04 - 4:07
    porque, na Síria,
    o alegado "Estado islâmico"
  • 4:07 - 4:11
    que persegue sistematicamente
    os "gays" e os transexuais
  • 4:11 - 4:14
    quer vê-la morta
    porque ela identifica-se como mulher.
  • 4:15 - 4:19
    O Estado Islâmico
    não quer ouvir a história dela.
  • 4:21 - 4:23
    Estas são D e Q do Uganda.
  • 4:23 - 4:25
    Escondem a cara porque
    são um casal lésbico,
  • 4:25 - 4:27
    e têm medo da sua comunidade.
  • 4:27 - 4:29
    Não são as únicas.
  • 4:29 - 4:32
    As pessoas LGBT no Uganda
    são perseguidas, com frequência,
  • 4:32 - 4:35
    pelos políticos e pelos "media".
  • 4:36 - 4:39
    A comunidade não quer ouvir
    a história delas.
  • 4:40 - 4:43
    Este é Eve, dos Camarões.
  • 4:43 - 4:48
    Está a tapar a cara porque, ali,
    há mais "gays" detidos
  • 4:48 - 4:50
    do que em qualquer
    outro país do continente
  • 4:50 - 4:52
    só por serem "gays".
  • 4:52 - 4:56
    Os que torturam e prendem
    os "gays", nos Camarões,
  • 4:56 - 4:58
    não querem ouvir as histórias deles.
  • 4:59 - 5:02
    Mas a razão por que estas pessoas
    aparecem no ecrã
  • 5:02 - 5:05
    é que querem que as histórias delas
    sejam ouvidas.
  • 5:05 - 5:07
    Esperam que, se as contarem,
  • 5:08 - 5:12
    a situação delas e de outros
    como elas, possa mudar.
  • 5:12 - 5:15
    Mas um fotógrafo representa
    um enorme risco.
  • 5:16 - 5:19
    Alguns, se forem identificados,
    podem ser perseguidos.
  • 5:20 - 5:22
    Outros podem ser mortos.
  • 5:23 - 5:26
    Querem que saibamos as histórias deles,
    sentem-se desesperados para as contar.
  • 5:27 - 5:30
    A única forma de isso acontecer,
    era que fosse feito nas suas condições.
  • 5:31 - 5:34
    Por isso, fotografei, usando
    uma película Polaroide de grande formato
  • 5:34 - 5:38
    e dei a todos que fotografei
    a oportunidade de destruir a foto
  • 5:38 - 5:40
    se achassem que alguma coisa
    os punha em perigo.
  • 5:40 - 5:42
    Mas não tive de destruir muitas
  • 5:42 - 5:47
    porque, logo de início, adotei
    uma nova forma de fotografia.
  • 5:48 - 5:49
    A criação das fotos
  • 5:49 - 5:52
    era uma colaboração estreita
  • 5:52 - 5:54
    entre fotógrafo e fotografado.
  • 5:54 - 5:57
    Muitos escolheram a pose,
    os trajes, e a expressão,
  • 5:57 - 6:01
    e eles é que decidiam
    quanto da cara podíamos ver.
  • 6:03 - 6:05
    Também queria que fossem eles
    a contar as suas histórias.
  • 6:05 - 6:09
    Assim, pedi-lhes que escrevessem
    a declaração que acompanha cada foto.
  • 6:10 - 6:13
    Aí, talvez pela primeira vez,
  • 6:13 - 6:15
    puderam controlar
  • 6:15 - 6:18
    como eram vistos e como eram ouvidos.
  • 6:18 - 6:21
    Os resultados, por vezes,
    foram inesperados.
  • 6:22 - 6:24
    Jessie é uma mulher transexual
  • 6:24 - 6:27
    que cresceu num campo de refugiados
    palestinos, no Líbano.
  • 6:28 - 6:30
    A sua vida de jovem foi de extrema dureza.
  • 6:31 - 6:34
    Foi vítima de "bullying"
    e expulsa da escola.
  • 6:34 - 6:36
    Foi violada.
  • 6:36 - 6:38
    Chocantemente, o irmão e o pai,
  • 6:38 - 6:40
    para protegerem a honra da família,
  • 6:41 - 6:43
    tentaram matá-la, por diversas vezes.
  • 6:44 - 6:47
    A história dela era uma lista
    de violências terríveis
  • 6:47 - 6:51
    e, instintivamente, eu quis fazer
    uma foto que refletisse aquela história.
  • 6:52 - 6:53
    Mas ela não quis.
  • 6:55 - 6:58
    Encontrámos um bom local
    com muito boa luz
  • 6:58 - 7:00
    eu instalei o tripé
    com a câmara na frente,
  • 7:00 - 7:02
    fixei as lentes, preparei a película
  • 7:02 - 7:04
    e pedi-lhe para se colocar
    no enquadramento.
  • 7:04 - 7:07
    Ela tapou a cara, por baixo
    dos grandes olhos escuros,
  • 7:07 - 7:09
    com uma echarpe, para proteger
    a sua identidade
  • 7:09 - 7:11
    e começou a fazer a pose.
  • 7:11 - 7:13
    Ergueu o queixo, espetou as nádegas
  • 7:13 - 7:17
    e começou a seduzir a câmara com os olhos.
  • 7:18 - 7:19
    Espreitei pelo visor.
  • 7:21 - 7:24
    Não era a fotografia
    que eu tencionava fazer,
  • 7:25 - 7:27
    mas ela era belíssima
    em frente da câmara,
  • 7:27 - 7:30
    orgulhosa, forte, poderosa.
  • 7:30 - 7:34
    Tive de me lembrar que tinha
    de deixá-la escolher
  • 7:34 - 7:37
    como é que queria ser retratada.
  • 7:37 - 7:40
    Apesar de este retrato
    não condizer com a história dela,
  • 7:40 - 7:41
    tirei a foto na mesma.
  • 7:41 - 7:44
    Depois, continuámos a falar
    do perigo que ela corre
  • 7:44 - 7:46
    junto da própria família.
  • 7:46 - 7:48
    Era difícil de ouvir e eu disse-lhe:
  • 7:48 - 7:53
    "Ouve, eu percebo
    que te identifiques como mulher,
  • 7:53 - 7:56
    "mas, perante as ameaças que enfrentas
    — a tua família quer matar-te —
  • 7:57 - 8:00
    "não seria melhor fingires
    que és um rapaz?"
  • 8:00 - 8:03
    Ela olhou para mim, chocada,
    os olhos dela fixaram-se nos meus.
  • 8:03 - 8:06
    Disse: "Eu nasci assim, e assim morrerei".
  • 8:07 - 8:09
    Nesse momento, compreendi.
  • 8:11 - 8:14
    A identidade sexual dela
    é fundamental para quem ela é.
  • 8:15 - 8:19
    Eu nunca senti a minha identidade ameaçada
  • 8:20 - 8:25
    mas ela é atacada e perseguida
    por aqueles que a consideram uma ameaça.
  • 8:27 - 8:31
    Com esta afirmação, percebi
    a coragem e o poder de Jessie.
  • 8:32 - 8:34
    A fotografia era perfeita.
  • 8:35 - 8:39
    O que lhe acontecia não é quem ela é.
  • 8:39 - 8:42
    Ela considera-se uma rapariga sensual,
  • 8:42 - 8:44
    e é isso que ela quer que vejamos.
  • 8:45 - 8:47
    Isto é o seu autêntico ser.
  • 8:48 - 8:50
    É esta a história dela.
  • 8:51 - 8:53
    Estamos sempre a contar histórias.
  • 8:53 - 8:56
    O tipo de histórias que contamos
    é importante.
  • 8:56 - 8:58
    Há histórias que estabelecem ligações
  • 8:58 - 9:00
    e há histórias que dividem.
  • 9:00 - 9:04
    Procurar a diferença
    é uma característica humana natural.
  • 9:04 - 9:06
    Por vezes, para sentirmos que pertencemos
  • 9:06 - 9:09
    sentimos a necessidade de excluir.
  • 9:09 - 9:12
    O poder das histórias pessoais autênticas
  • 9:12 - 9:15
    é que têm o potencial de quebrar
    as barreiras que dividem,
  • 9:15 - 9:18
    as barreiras da etnia, da religião,
    da nacionalidade,
  • 9:18 - 9:21
    da distância, do sexo, da sexualidade.
  • 9:21 - 9:24
    Têm o poder de nos fazer ver a pessoa
  • 9:24 - 9:25
    e não apenas um rótulo.
  • 9:25 - 9:28
    Tenho a convicção
    de que, quando vemos a pessoa,
  • 9:28 - 9:30
    podemos ver o que é que nos liga.
  • 9:31 - 9:35
    Histórias pessoais, humanizadoras,
    também têm o potencial de inspirar
  • 9:35 - 9:38
    outra característica humana
    natural: a empatia.
  • 9:39 - 9:41
    Precisamos de mais histórias
    que nos liguem.
  • 9:41 - 9:44
    Já vi o poder destrutivo do outro tipo.
  • 9:44 - 9:47
    As histórias que dividem
    permitem a discriminação casual
  • 9:47 - 9:51
    das lésbicas, dos "gays",
    dos bissexuais, e dos transexuais
  • 9:51 - 9:54
    As histórias que dividem
    também permitem a violação,
  • 9:54 - 9:56
    a tortura e o assassínio.
  • 9:58 - 10:03
    O fanatismo prospera quando
    os discriminados são silenciados
  • 10:03 - 10:06
    e privados do direito
    de contarem as suas histórias.
  • 10:06 - 10:11
    "Onde o amor é ilegal" foi criado
    para interromper a narrativa
  • 10:11 - 10:16
    que diz que os LGBT
    são contra a sociedade,
  • 10:16 - 10:19
    são um ataque à natureza
    ou um insulto a Deus.
  • 10:19 - 10:24
    Existe para ampliar as vozes
    dos que sofrem a discriminação.
  • 10:24 - 10:27
    Existe para lhes permitir
    que as suas histórias sejam ouvidas.
  • 10:27 - 10:30
    Histórias que estabelecem
    ligações e empatia.
  • 10:31 - 10:35
    Passei um ano a documentar histórias
    de sobrevivência, em todo o mundo.
  • 10:35 - 10:38
    O passo importante seguinte
    era garantir que elas eram ouvidas.
  • 10:38 - 10:40
    Eu queria atingir a maior
    audiência possível
  • 10:40 - 10:42
    e chegar aos quatro cantos do globo.
  • 10:42 - 10:46
    Queria que a audiência
    lesse estas histórias
  • 10:46 - 10:48
    e sentisse que se deviam envolver.
  • 10:49 - 10:53
    Por isso, publiquei-as "online"
    e convidei toda a gente do mundo
  • 10:53 - 10:55
    a contar as suas histórias
    de sobrevivência.
  • 10:57 - 10:59
    As histórias começaram a chegar
    com fotografias
  • 10:59 - 11:01
    de locais onde ainda há discriminação.
  • 11:01 - 11:03
    Recebemos histórias da Itália,
  • 11:04 - 11:05
    de Israel,
  • 11:06 - 11:07
    do Irão,
  • 11:07 - 11:08
    da Venezuela,
  • 11:08 - 11:10
    da Austrália,
  • 11:10 - 11:12
    dos EUA,
  • 11:12 - 11:14
    da Jordânia,
  • 11:14 - 11:16
    da África do Sul,
  • 11:16 - 11:17
    do Kuwait,
  • 11:17 - 11:19
    da Coreia do Sul,
  • 11:19 - 11:21
    e de muitos outros países.
  • 11:21 - 11:25
    Uma voz global,
    um grupo de pessoas que diziam:
  • 11:25 - 11:26
    "Não nos calaremos".
  • 11:26 - 11:29
    Diziam: "Podem atacar-me e espancar-me,
  • 11:29 - 11:31
    "mas não me podem silenciar".
  • 11:32 - 11:36
    Estas vozes estão a começar
    a chegar a milhões, pelo mundo inteiro.
  • 11:37 - 11:39
    Muitas das pessoas
    que conheci neste percurso
  • 11:39 - 11:42
    disseram como se sentiam
    desesperadamente sós.
  • 11:42 - 11:47
    Como tinham crescido em sociedades
    que lhes disseram que eles eram um erro,
  • 11:47 - 11:52
    neste ambiente, onde só se ouve
    a voz da intolerância,
  • 11:53 - 11:55
    muitos acreditam nela.
  • 11:55 - 11:59
    Mas, à medida que as bandas largas
    aumentam e a tecnologia se espalha,
  • 11:59 - 12:02
    o mesmo acontece com estas histórias
    outrora ocultas.
  • 12:02 - 12:05
    Agora, há mais do que a única voz
    do fanatismo.
  • 12:06 - 12:08
    O impacto não é só "online".
  • 12:08 - 12:10
    Em todos os países onde fui,
  • 12:10 - 12:13
    havia pessoas corajosas
    a lutar pela igualdade,
  • 12:13 - 12:16
    Com estas histórias, podemos
    começar a apoiá-las.
  • 12:16 - 12:20
    Estamos a ajudar refugiados LGBT
    na África do Sul.
  • 12:20 - 12:24
    Estamos a fazer frente a atitudes
    homofóbicas no Uganda
  • 12:24 - 12:27
    e a libertar da prisão
    jovens "gays", na Nigéria.
  • 12:28 - 12:32
    Mas isto é só o começo
    e há imenso a fazer.
  • 12:34 - 12:37
    Hoje ainda, morrem pessoas
  • 12:37 - 12:42
    porque quem são e quem amam
    é considerado inaceitável.
  • 12:45 - 12:49
    Infelizmente, a nossa intervenção
    foi demasiado tardia para B,
  • 12:51 - 12:57
    B morreu no início deste ano,
    mas não foi executado nem assassinado.
  • 12:57 - 13:01
    Tal como muitos outros, na mesma situação,
    foi morto pela pobreza.
  • 13:03 - 13:05
    Ser LGBT, em muitos países,
  • 13:06 - 13:08
    é ser terrivelmente pobre.
  • 13:09 - 13:12
    Expulsos das escolas e dos empregos,
  • 13:12 - 13:15
    abandonados pela família,
    forçado a fugir da violência,
  • 13:15 - 13:18
    muitos acabam nas margens da sociedade.
  • 13:21 - 13:25
    Falei com B, abracei-o,
    numa barraca que era a casa dele,
  • 13:25 - 13:28
    enquanto ele chorava por um homem
    com quem tencionava casar
  • 13:28 - 13:30
    mas que estava morto.
  • 13:31 - 13:34
    Contou-me como tinha sido
    amor à primeira vista
  • 13:35 - 13:38
    e o receio que ele tinha
    de se encontrar com a família,
  • 13:39 - 13:43
    de fugirem da populaça que tentava
    matá-los na festa de noivado.
  • 13:44 - 13:47
    Contou-me como o noivo
    tinha sido apunhalado no peito.
  • 13:48 - 13:51
    Chorava porque estava desesperado,
  • 13:53 - 13:58
    era pobre demais para pagar a renda,
    e ia acabar por ser despejado.
  • 13:58 - 14:01
    Chorava porque não via
    nenhum futuro à sua frente.
  • 14:03 - 14:06
    Por fim, aquele homem apaixonado morreu
  • 14:06 - 14:09
    porque o fanatismo o tornou pobre demais
  • 14:09 - 14:11
    para comprar os medicamentos
    de que precisava.
  • 14:13 - 14:16
    Um dos seus amigos
    informou-me da morte dele.
  • 14:17 - 14:20
    Disse-me que não havia nada
    que recordasse B,
  • 14:20 - 14:22
    a não ser a sua história.
  • 14:22 - 14:24
    Implorou-me que a contasse,
  • 14:24 - 14:29
    para podermos recordar B,
    apesar de ser uma recordação triste.
  • 14:29 - 14:34
    Por isso, aqui estou a contar
    a trágica história da vida de B,
  • 14:35 - 14:38
    na esperança de que possa servir
    para salvar a vida de outros.
  • 14:40 - 14:42
    Há milhares como B
  • 14:43 - 14:45
    mas não é preciso que seja assim.
  • 14:47 - 14:51
    Não podemos preocupar-nos menos
    com as pessoas porque elas estão longe,
  • 14:51 - 14:55
    têm uma cor, uma nacionalidade,
    um sexo ou uma sexualidade diferentes.
  • 14:55 - 14:58
    Não podemos preocupar-nos menos
    com as pessoas
  • 14:58 - 15:00
    cuja vida tenho estado a contar.
  • 15:01 - 15:04
    Hoje, trago-vos uma mensagem deles.
  • 15:05 - 15:08
    Eles sabem que aqueles
    que vivem em países
  • 15:08 - 15:10
    onde podem amar quem quiserem,
  • 15:10 - 15:13
    detestam o fanatismo
    e querem que ele acabe.
  • 15:15 - 15:16
    Querem que saibamos
  • 15:16 - 15:19
    que, apesar do progresso feito
    em muitas partes do mundo,
  • 15:19 - 15:22
    ainda há um longo caminho
    a percorrer em muitos outros locais.
  • 15:23 - 15:24
    Querem que saibamos
  • 15:24 - 15:27
    que há pessoas corajosas no terreno,
    a lutar pela igualdade.
  • 15:27 - 15:29
    Mas precisam de apoio.
  • 15:32 - 15:34
    É por isso que D e O
    nos contaram a sua história.
  • 15:36 - 15:39
    Este jovem casal de russas foi espancado
  • 15:39 - 15:42
    por terem ousado andar na rua
    de mãos dadas.
  • 15:45 - 15:48
    Escreveram o seu testemunho
    como um diálogo,
  • 15:48 - 15:51
    um parágrafo cada uma,
    descrevendo o ataque que ocorreu.
  • 15:51 - 15:54
    Então, aconteceu uma coisa,
    inesperadamente.
  • 15:54 - 15:57
    Esse documento de violência
    transformou-se numa carta de amor.
  • 15:58 - 16:00
    Acabou com O a escrever:
  • 16:02 - 16:04
    "Depois do ataque,
  • 16:04 - 16:06
    "ainda senti mais profundamente
    o meu amor por D
  • 16:07 - 16:10
    "e como me assustava
    a ideia de que podia perdê-la.
  • 16:11 - 16:13
    "A pior coisa que senti
    foi a total incapacidade
  • 16:13 - 16:16
    "de proteger quem amava
    ou a mim mesma.
  • 16:18 - 16:20
    "Sim, agora, observo a rua
  • 16:20 - 16:23
    "e olho para cada homem que passa
    como uma possível fonte de perigo.
  • 16:24 - 16:27
    "Mas, agora, sempre que ando na rua
  • 16:27 - 16:30
    "quando lhe dou a mão,
    faço-o conscientemente.
  • 16:30 - 16:32
    "É a minha opção.
  • 16:33 - 16:35
    "D, dá-me a mão.
  • 16:36 - 16:38
    "Esta é a minha recompensa
    pela tua coragem".
  • 16:46 - 16:51
    Gostamos e seguimos as redes sociais
    sem refletirmos muito nisso,
  • 16:52 - 16:56
    mas em locais como este,
    para sobrevivermos como estes,
  • 16:56 - 17:00
    esta ação consciente de oferecer uma mão,
  • 17:01 - 17:03
    de oferecer apoio,
  • 17:04 - 17:06
    é um sinal de que vocês não estão sós.
  • 17:07 - 17:09
    Um sinal que diz que reconhecemos
    a vossa coragem.
  • 17:09 - 17:14
    Diz que vocês são naturais,
    normais e morais.
  • 17:14 - 17:18
    Vocês merecem ser vistos,
    precisam de ser ouvidos.
  • 17:20 - 17:22
    É nestas histórias
  • 17:22 - 17:25
    que ouvimos falar o silêncio
    e vemos o que está oculto
  • 17:25 - 17:27
    que podemos estabelecer uma ligação.
  • 17:28 - 17:32
    Liguem-se "online", liguem-se
    às organizações que lutam pela igualdade
  • 17:32 - 17:34
    e liguem-se através daqui.
  • 17:35 - 17:40
    Nesta ligação há a possibilidade
    de que talvez, só talvez,
  • 17:41 - 17:46
    possamos criar um mundo futuro,
    em que ninguém precisa de tapar a cara,
  • 17:46 - 17:49
    nem de mudar de nome,
    nem de se esconder.
  • 17:50 - 17:53
    Um mundo futuro
    em que todas as histórias são importantes,
  • 17:54 - 17:57
    um mundo futuro onde o amor
    nunca é ilegal.
  • 17:57 - 17:58
    Obrigado.
  • 17:58 - 18:01
    (Aplausos)
Title:
Histórias importantes onde o amor é ilegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia
Description:

Apesar das conquistas em muitas partes do mundo, as lésbicas, os "gays", os bissexuais, os transexuais e os intersexuais (LGBTI), em certas regiões, são cada vez mais perseguidos e privados dos seus direitos humanos. O fanatismo prospera onde as pessoas são silenciadas pelo medo. Nesta palestra, Robin Hammond conta histórias de discriminação e sobrevivência, histórias que são importantes, de locais onde o amor é ilegal. Histórias que precisam de ser ouvidas.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:18

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