Histórias importantes onde o amor é ilegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia
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0:33 - 0:36Sou fotógrafo dos direitos humanos.
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0:36 - 0:38Há uns anos, assumi
como missão da minha vida -
0:38 - 0:41contar as histórias de pessoas como Bujei,
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0:41 - 0:44histórias de pessoas
a quem foram negados os seus direitos, -
0:44 - 0:47e foram silenciadas pelas suas sociedades.
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0:48 - 0:50Bujei é do norte da Nigéria.
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0:50 - 0:53Está a tapar a cara porque tem medo.
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0:55 - 0:57Na verdade, não se chama Bujei.
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0:57 - 0:59Pediu para escondermos a sua identidade
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0:59 - 1:03porque, se o identificarmos,
pode ser condenado à morte. -
1:04 - 1:06Conheci Bujei e quatro outros jovens
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1:06 - 1:08pouco depois de serem
libertados da prisão. -
1:08 - 1:11Estiveram ali detidos durante 40 dias.
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1:11 - 1:15Foram torturados na cadeia
e chicoteados em pleno tribunal. -
1:17 - 1:19Felizmente, o processo deles foi arquivado
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1:20 - 1:23mas a comunidade em que eles vivem
não ficou satisfeita com o veredito. -
1:23 - 1:26Esperaram no exterior do tribunal
armados com pedras -
1:26 - 1:29na intenção de apedrejar Bujei
e os outros jovens até à morte. -
1:30 - 1:32Bujei escondeu-se no tribunal,
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1:32 - 1:37no local de tortura, agora um santuário,
até a multidão se dispersar. -
1:39 - 1:42Mas o sofrimento deles não acabou ali.
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1:42 - 1:46Depois de serem libertados,
foram ostracizados pela família. -
1:47 - 1:50Quando Bujei adoeceu,
um parente foi ter com ele e disse: -
1:50 - 1:53"Deus devia tirar-te a vida
para nós todos termos paz, -
1:53 - 1:56"porque causaste grande vergonha
à nossa família". -
1:57 - 2:00Qual foi o crime de Bujei?
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2:00 - 2:03O que é que ele terá feito
para ser torturado pelo estado, -
2:03 - 2:05quase linchado pela sua comunidade
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2:05 - 2:07e rejeitado pela família?
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2:09 - 2:10É "gay".
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2:13 - 2:17Seria de pensar que, em 2015,
tínhamos superado esta noção bárbara -
2:17 - 2:20de que devíamos ser mortos
por causa de quem nos atrai. -
2:20 - 2:24De que ser LGBT, lésbica, "gay",
bissexual ou transexual -
2:24 - 2:28é ser anormal, antinatural, imoral.
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2:29 - 2:32Embora haja 780 milhões de pessoas
que vivem em países -
2:32 - 2:36onde as relações entre pessoas
do mesmo sexo são legais, -
2:36 - 2:40há 2800 milhões de pessoas
que vivem em países -
2:41 - 2:44onde atos consensuais entre pessoas
do mesmo sexo são um crime. -
2:46 - 2:50Claro, eu sabia que havia
a homofobia e a transfobia -
2:50 - 2:52mas só me apercebi bem dessa realidade
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2:52 - 2:54quando conheci
sobreviventes deste fanatismo. -
2:55 - 2:56Claro que ouvir as histórias deles,
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2:56 - 2:59não tem comparação
com viver o que eles viveram, -
2:59 - 3:03mas, pelo menos, quando ouvi
aquilo por que eles passaram, senti-o. -
3:05 - 3:08Fiquei emocionado com as histórias
dos jovens que conheci. -
3:08 - 3:09Quis dá-las a conhecer.
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3:09 - 3:12É o que eu tento fazer
com o meu trabalho de fotógrafo: -
3:12 - 3:15amplificar as vozes daqueles
a quem negam o direito de ter uma voz. -
3:15 - 3:17A esperança é que as pessoas as oiçam
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3:17 - 3:20e os que puderem, ajudem.
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3:20 - 3:22Saí do norte da Nigéria,
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3:22 - 3:25comovido com as histórias
daqueles cinco jovens -
3:25 - 3:28e motivado para tentar fazer a diferença
na vida de pessoas inocentes como eles. -
3:28 - 3:32Comecei uma campanha chamada
"Onde o amor é ilegal". -
3:35 - 3:39Documentei as histórias de perseguição
em todo o mundo, -
3:39 - 3:42histórias de prisão, de ataques violentos,
de assassínios, de violação. -
3:43 - 3:47As pessoas ostracizadas pela família,
que fugiram dos seus países, -
3:47 - 3:50que fizeram tudo o que puderam
para esconder a sua real identidade, -
3:50 - 3:54porque não se conformam
com o que é considerado normal. -
3:55 - 3:58Muitas das pessoas que conheci
tinham medo de contar as suas histórias. -
4:00 - 4:02Esta é Sally.
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4:02 - 4:04Tem medo de mostrar a cara
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4:04 - 4:07porque, na Síria,
o alegado "Estado islâmico" -
4:07 - 4:11que persegue sistematicamente
os "gays" e os transexuais -
4:11 - 4:14quer vê-la morta
porque ela identifica-se como mulher. -
4:15 - 4:19O Estado Islâmico
não quer ouvir a história dela. -
4:21 - 4:23Estas são D e Q do Uganda.
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4:23 - 4:25Escondem a cara porque
são um casal lésbico, -
4:25 - 4:27e têm medo da sua comunidade.
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4:27 - 4:29Não são as únicas.
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4:29 - 4:32As pessoas LGBT no Uganda
são perseguidas, com frequência, -
4:32 - 4:35pelos políticos e pelos "media".
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4:36 - 4:39A comunidade não quer ouvir
a história delas. -
4:40 - 4:43Este é Eve, dos Camarões.
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4:43 - 4:48Está a tapar a cara porque, ali,
há mais "gays" detidos -
4:48 - 4:50do que em qualquer
outro país do continente -
4:50 - 4:52só por serem "gays".
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4:52 - 4:56Os que torturam e prendem
os "gays", nos Camarões, -
4:56 - 4:58não querem ouvir as histórias deles.
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4:59 - 5:02Mas a razão por que estas pessoas
aparecem no ecrã -
5:02 - 5:05é que querem que as histórias delas
sejam ouvidas. -
5:05 - 5:07Esperam que, se as contarem,
-
5:08 - 5:12a situação delas e de outros
como elas, possa mudar. -
5:12 - 5:15Mas um fotógrafo representa
um enorme risco. -
5:16 - 5:19Alguns, se forem identificados,
podem ser perseguidos. -
5:20 - 5:22Outros podem ser mortos.
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5:23 - 5:26Querem que saibamos as histórias deles,
sentem-se desesperados para as contar. -
5:27 - 5:30A única forma de isso acontecer,
era que fosse feito nas suas condições. -
5:31 - 5:34Por isso, fotografei, usando
uma película Polaroide de grande formato -
5:34 - 5:38e dei a todos que fotografei
a oportunidade de destruir a foto -
5:38 - 5:40se achassem que alguma coisa
os punha em perigo. -
5:40 - 5:42Mas não tive de destruir muitas
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5:42 - 5:47porque, logo de início, adotei
uma nova forma de fotografia. -
5:48 - 5:49A criação das fotos
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5:49 - 5:52era uma colaboração estreita
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5:52 - 5:54entre fotógrafo e fotografado.
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5:54 - 5:57Muitos escolheram a pose,
os trajes, e a expressão, -
5:57 - 6:01e eles é que decidiam
quanto da cara podíamos ver. -
6:03 - 6:05Também queria que fossem eles
a contar as suas histórias. -
6:05 - 6:09Assim, pedi-lhes que escrevessem
a declaração que acompanha cada foto. -
6:10 - 6:13Aí, talvez pela primeira vez,
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6:13 - 6:15puderam controlar
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6:15 - 6:18como eram vistos e como eram ouvidos.
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6:18 - 6:21Os resultados, por vezes,
foram inesperados. -
6:22 - 6:24Jessie é uma mulher transexual
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6:24 - 6:27que cresceu num campo de refugiados
palestinos, no Líbano. -
6:28 - 6:30A sua vida de jovem foi de extrema dureza.
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6:31 - 6:34Foi vítima de "bullying"
e expulsa da escola. -
6:34 - 6:36Foi violada.
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6:36 - 6:38Chocantemente, o irmão e o pai,
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6:38 - 6:40para protegerem a honra da família,
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6:41 - 6:43tentaram matá-la, por diversas vezes.
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6:44 - 6:47A história dela era uma lista
de violências terríveis -
6:47 - 6:51e, instintivamente, eu quis fazer
uma foto que refletisse aquela história. -
6:52 - 6:53Mas ela não quis.
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6:55 - 6:58Encontrámos um bom local
com muito boa luz -
6:58 - 7:00eu instalei o tripé
com a câmara na frente, -
7:00 - 7:02fixei as lentes, preparei a película
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7:02 - 7:04e pedi-lhe para se colocar
no enquadramento. -
7:04 - 7:07Ela tapou a cara, por baixo
dos grandes olhos escuros, -
7:07 - 7:09com uma echarpe, para proteger
a sua identidade -
7:09 - 7:11e começou a fazer a pose.
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7:11 - 7:13Ergueu o queixo, espetou as nádegas
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7:13 - 7:17e começou a seduzir a câmara com os olhos.
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7:18 - 7:19Espreitei pelo visor.
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7:21 - 7:24Não era a fotografia
que eu tencionava fazer, -
7:25 - 7:27mas ela era belíssima
em frente da câmara, -
7:27 - 7:30orgulhosa, forte, poderosa.
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7:30 - 7:34Tive de me lembrar que tinha
de deixá-la escolher -
7:34 - 7:37como é que queria ser retratada.
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7:37 - 7:40Apesar de este retrato
não condizer com a história dela, -
7:40 - 7:41tirei a foto na mesma.
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7:41 - 7:44Depois, continuámos a falar
do perigo que ela corre -
7:44 - 7:46junto da própria família.
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7:46 - 7:48Era difícil de ouvir e eu disse-lhe:
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7:48 - 7:53"Ouve, eu percebo
que te identifiques como mulher, -
7:53 - 7:56"mas, perante as ameaças que enfrentas
— a tua família quer matar-te — -
7:57 - 8:00"não seria melhor fingires
que és um rapaz?" -
8:00 - 8:03Ela olhou para mim, chocada,
os olhos dela fixaram-se nos meus. -
8:03 - 8:06Disse: "Eu nasci assim, e assim morrerei".
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8:07 - 8:09Nesse momento, compreendi.
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8:11 - 8:14A identidade sexual dela
é fundamental para quem ela é. -
8:15 - 8:19Eu nunca senti a minha identidade ameaçada
-
8:20 - 8:25mas ela é atacada e perseguida
por aqueles que a consideram uma ameaça. -
8:27 - 8:31Com esta afirmação, percebi
a coragem e o poder de Jessie. -
8:32 - 8:34A fotografia era perfeita.
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8:35 - 8:39O que lhe acontecia não é quem ela é.
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8:39 - 8:42Ela considera-se uma rapariga sensual,
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8:42 - 8:44e é isso que ela quer que vejamos.
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8:45 - 8:47Isto é o seu autêntico ser.
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8:48 - 8:50É esta a história dela.
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8:51 - 8:53Estamos sempre a contar histórias.
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8:53 - 8:56O tipo de histórias que contamos
é importante. -
8:56 - 8:58Há histórias que estabelecem ligações
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8:58 - 9:00e há histórias que dividem.
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9:00 - 9:04Procurar a diferença
é uma característica humana natural. -
9:04 - 9:06Por vezes, para sentirmos que pertencemos
-
9:06 - 9:09sentimos a necessidade de excluir.
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9:09 - 9:12O poder das histórias pessoais autênticas
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9:12 - 9:15é que têm o potencial de quebrar
as barreiras que dividem, -
9:15 - 9:18as barreiras da etnia, da religião,
da nacionalidade, -
9:18 - 9:21da distância, do sexo, da sexualidade.
-
9:21 - 9:24Têm o poder de nos fazer ver a pessoa
-
9:24 - 9:25e não apenas um rótulo.
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9:25 - 9:28Tenho a convicção
de que, quando vemos a pessoa, -
9:28 - 9:30podemos ver o que é que nos liga.
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9:31 - 9:35Histórias pessoais, humanizadoras,
também têm o potencial de inspirar -
9:35 - 9:38outra característica humana
natural: a empatia. -
9:39 - 9:41Precisamos de mais histórias
que nos liguem. -
9:41 - 9:44Já vi o poder destrutivo do outro tipo.
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9:44 - 9:47As histórias que dividem
permitem a discriminação casual -
9:47 - 9:51das lésbicas, dos "gays",
dos bissexuais, e dos transexuais -
9:51 - 9:54As histórias que dividem
também permitem a violação, -
9:54 - 9:56a tortura e o assassínio.
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9:58 - 10:03O fanatismo prospera quando
os discriminados são silenciados -
10:03 - 10:06e privados do direito
de contarem as suas histórias. -
10:06 - 10:11"Onde o amor é ilegal" foi criado
para interromper a narrativa -
10:11 - 10:16que diz que os LGBT
são contra a sociedade, -
10:16 - 10:19são um ataque à natureza
ou um insulto a Deus. -
10:19 - 10:24Existe para ampliar as vozes
dos que sofrem a discriminação. -
10:24 - 10:27Existe para lhes permitir
que as suas histórias sejam ouvidas. -
10:27 - 10:30Histórias que estabelecem
ligações e empatia. -
10:31 - 10:35Passei um ano a documentar histórias
de sobrevivência, em todo o mundo. -
10:35 - 10:38O passo importante seguinte
era garantir que elas eram ouvidas. -
10:38 - 10:40Eu queria atingir a maior
audiência possível -
10:40 - 10:42e chegar aos quatro cantos do globo.
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10:42 - 10:46Queria que a audiência
lesse estas histórias -
10:46 - 10:48e sentisse que se deviam envolver.
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10:49 - 10:53Por isso, publiquei-as "online"
e convidei toda a gente do mundo -
10:53 - 10:55a contar as suas histórias
de sobrevivência. -
10:57 - 10:59As histórias começaram a chegar
com fotografias -
10:59 - 11:01de locais onde ainda há discriminação.
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11:01 - 11:03Recebemos histórias da Itália,
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11:04 - 11:05de Israel,
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11:06 - 11:07do Irão,
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11:07 - 11:08da Venezuela,
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11:08 - 11:10da Austrália,
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11:10 - 11:12dos EUA,
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11:12 - 11:14da Jordânia,
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11:14 - 11:16da África do Sul,
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11:16 - 11:17do Kuwait,
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11:17 - 11:19da Coreia do Sul,
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11:19 - 11:21e de muitos outros países.
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11:21 - 11:25Uma voz global,
um grupo de pessoas que diziam: -
11:25 - 11:26"Não nos calaremos".
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11:26 - 11:29Diziam: "Podem atacar-me e espancar-me,
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11:29 - 11:31"mas não me podem silenciar".
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11:32 - 11:36Estas vozes estão a começar
a chegar a milhões, pelo mundo inteiro. -
11:37 - 11:39Muitas das pessoas
que conheci neste percurso -
11:39 - 11:42disseram como se sentiam
desesperadamente sós. -
11:42 - 11:47Como tinham crescido em sociedades
que lhes disseram que eles eram um erro, -
11:47 - 11:52neste ambiente, onde só se ouve
a voz da intolerância, -
11:53 - 11:55muitos acreditam nela.
-
11:55 - 11:59Mas, à medida que as bandas largas
aumentam e a tecnologia se espalha, -
11:59 - 12:02o mesmo acontece com estas histórias
outrora ocultas. -
12:02 - 12:05Agora, há mais do que a única voz
do fanatismo. -
12:06 - 12:08O impacto não é só "online".
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12:08 - 12:10Em todos os países onde fui,
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12:10 - 12:13havia pessoas corajosas
a lutar pela igualdade, -
12:13 - 12:16Com estas histórias, podemos
começar a apoiá-las. -
12:16 - 12:20Estamos a ajudar refugiados LGBT
na África do Sul. -
12:20 - 12:24Estamos a fazer frente a atitudes
homofóbicas no Uganda -
12:24 - 12:27e a libertar da prisão
jovens "gays", na Nigéria. -
12:28 - 12:32Mas isto é só o começo
e há imenso a fazer. -
12:34 - 12:37Hoje ainda, morrem pessoas
-
12:37 - 12:42porque quem são e quem amam
é considerado inaceitável. -
12:45 - 12:49Infelizmente, a nossa intervenção
foi demasiado tardia para B, -
12:51 - 12:57B morreu no início deste ano,
mas não foi executado nem assassinado. -
12:57 - 13:01Tal como muitos outros, na mesma situação,
foi morto pela pobreza. -
13:03 - 13:05Ser LGBT, em muitos países,
-
13:06 - 13:08é ser terrivelmente pobre.
-
13:09 - 13:12Expulsos das escolas e dos empregos,
-
13:12 - 13:15abandonados pela família,
forçado a fugir da violência, -
13:15 - 13:18muitos acabam nas margens da sociedade.
-
13:21 - 13:25Falei com B, abracei-o,
numa barraca que era a casa dele, -
13:25 - 13:28enquanto ele chorava por um homem
com quem tencionava casar -
13:28 - 13:30mas que estava morto.
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13:31 - 13:34Contou-me como tinha sido
amor à primeira vista -
13:35 - 13:38e o receio que ele tinha
de se encontrar com a família, -
13:39 - 13:43de fugirem da populaça que tentava
matá-los na festa de noivado. -
13:44 - 13:47Contou-me como o noivo
tinha sido apunhalado no peito. -
13:48 - 13:51Chorava porque estava desesperado,
-
13:53 - 13:58era pobre demais para pagar a renda,
e ia acabar por ser despejado. -
13:58 - 14:01Chorava porque não via
nenhum futuro à sua frente. -
14:03 - 14:06Por fim, aquele homem apaixonado morreu
-
14:06 - 14:09porque o fanatismo o tornou pobre demais
-
14:09 - 14:11para comprar os medicamentos
de que precisava. -
14:13 - 14:16Um dos seus amigos
informou-me da morte dele. -
14:17 - 14:20Disse-me que não havia nada
que recordasse B, -
14:20 - 14:22a não ser a sua história.
-
14:22 - 14:24Implorou-me que a contasse,
-
14:24 - 14:29para podermos recordar B,
apesar de ser uma recordação triste. -
14:29 - 14:34Por isso, aqui estou a contar
a trágica história da vida de B, -
14:35 - 14:38na esperança de que possa servir
para salvar a vida de outros. -
14:40 - 14:42Há milhares como B
-
14:43 - 14:45mas não é preciso que seja assim.
-
14:47 - 14:51Não podemos preocupar-nos menos
com as pessoas porque elas estão longe, -
14:51 - 14:55têm uma cor, uma nacionalidade,
um sexo ou uma sexualidade diferentes. -
14:55 - 14:58Não podemos preocupar-nos menos
com as pessoas -
14:58 - 15:00cuja vida tenho estado a contar.
-
15:01 - 15:04Hoje, trago-vos uma mensagem deles.
-
15:05 - 15:08Eles sabem que aqueles
que vivem em países -
15:08 - 15:10onde podem amar quem quiserem,
-
15:10 - 15:13detestam o fanatismo
e querem que ele acabe. -
15:15 - 15:16Querem que saibamos
-
15:16 - 15:19que, apesar do progresso feito
em muitas partes do mundo, -
15:19 - 15:22ainda há um longo caminho
a percorrer em muitos outros locais. -
15:23 - 15:24Querem que saibamos
-
15:24 - 15:27que há pessoas corajosas no terreno,
a lutar pela igualdade. -
15:27 - 15:29Mas precisam de apoio.
-
15:32 - 15:34É por isso que D e O
nos contaram a sua história. -
15:36 - 15:39Este jovem casal de russas foi espancado
-
15:39 - 15:42por terem ousado andar na rua
de mãos dadas. -
15:45 - 15:48Escreveram o seu testemunho
como um diálogo, -
15:48 - 15:51um parágrafo cada uma,
descrevendo o ataque que ocorreu. -
15:51 - 15:54Então, aconteceu uma coisa,
inesperadamente. -
15:54 - 15:57Esse documento de violência
transformou-se numa carta de amor. -
15:58 - 16:00Acabou com O a escrever:
-
16:02 - 16:04"Depois do ataque,
-
16:04 - 16:06"ainda senti mais profundamente
o meu amor por D -
16:07 - 16:10"e como me assustava
a ideia de que podia perdê-la. -
16:11 - 16:13"A pior coisa que senti
foi a total incapacidade -
16:13 - 16:16"de proteger quem amava
ou a mim mesma. -
16:18 - 16:20"Sim, agora, observo a rua
-
16:20 - 16:23"e olho para cada homem que passa
como uma possível fonte de perigo. -
16:24 - 16:27"Mas, agora, sempre que ando na rua
-
16:27 - 16:30"quando lhe dou a mão,
faço-o conscientemente. -
16:30 - 16:32"É a minha opção.
-
16:33 - 16:35"D, dá-me a mão.
-
16:36 - 16:38"Esta é a minha recompensa
pela tua coragem". -
16:46 - 16:51Gostamos e seguimos as redes sociais
sem refletirmos muito nisso, -
16:52 - 16:56mas em locais como este,
para sobrevivermos como estes, -
16:56 - 17:00esta ação consciente de oferecer uma mão,
-
17:01 - 17:03de oferecer apoio,
-
17:04 - 17:06é um sinal de que vocês não estão sós.
-
17:07 - 17:09Um sinal que diz que reconhecemos
a vossa coragem. -
17:09 - 17:14Diz que vocês são naturais,
normais e morais. -
17:14 - 17:18Vocês merecem ser vistos,
precisam de ser ouvidos. -
17:20 - 17:22É nestas histórias
-
17:22 - 17:25que ouvimos falar o silêncio
e vemos o que está oculto -
17:25 - 17:27que podemos estabelecer uma ligação.
-
17:28 - 17:32Liguem-se "online", liguem-se
às organizações que lutam pela igualdade -
17:32 - 17:34e liguem-se através daqui.
-
17:35 - 17:40Nesta ligação há a possibilidade
de que talvez, só talvez, -
17:41 - 17:46possamos criar um mundo futuro,
em que ninguém precisa de tapar a cara, -
17:46 - 17:49nem de mudar de nome,
nem de se esconder. -
17:50 - 17:53Um mundo futuro
em que todas as histórias são importantes, -
17:54 - 17:57um mundo futuro onde o amor
nunca é ilegal. -
17:57 - 17:58Obrigado.
-
17:58 - 18:01(Aplausos)
- Title:
- Histórias importantes onde o amor é ilegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia
- Description:
-
Apesar das conquistas em muitas partes do mundo, as lésbicas, os "gays", os bissexuais, os transexuais e os intersexuais (LGBTI), em certas regiões, são cada vez mais perseguidos e privados dos seus direitos humanos. O fanatismo prospera onde as pessoas são silenciadas pelo medo. Nesta palestra, Robin Hammond conta histórias de discriminação e sobrevivência, histórias que são importantes, de locais onde o amor é ilegal. Histórias que precisam de ser ouvidas.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:18
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia | ||
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia | ||
Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Stories that matter from where love is illegal | Robin Hammond | TEDxUniversityofNicosia |