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Como esta doença muda a forma das células — Amber M. Yates

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    Qual é a forma das nossas células?
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    Cilindros achatados?
    Ziguezagues recortados?
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    Provavelmente, nunca pensaram muito
    nos corpos destes blocos de construção
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    mas, a nível microscópico,
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    pequenas alterações podem ter
    enormes consequências.
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    Enquanto algumas adaptações mudam
    essas formas para melhor,
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    outras podem provocar uma cascata
    de complicações debilitantes.
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    Esta é a história da doença
    das células falciformes.
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    A anemia falciforme afeta
    os glóbulos vermelhos
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    que transportam o oxigénio dos pulmões
    para todos os tecidos do corpo.
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    Para desempenhar esta tarefa vital,
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    os glóbulos vermelhos estão cheios
    de proteínas de hemoglobina
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    para transportarem moléculas de oxigénio.
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    Estas proteínas flutuam independentes
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    no interior da forma flexível
    e arredondada do glóbulo vermelho,
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    mantendo as células
    suficientemente flexíveis
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    para se adaptarem aos vasos sanguíneos
    mais minúsculos.
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    Mas, na anemia falciforme,
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    uma simples mutação altera
    a estrutura da hemoglobina.
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    Depois de entregar o oxigénio aos tecidos,
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    essas proteínas alteradas
    juntam-se em filas rígidas.
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    As barras de hemoglobina deformam
    a célula numa foice longa e pontiaguda.
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    Estes glóbulos vermelhos
    são mais rígidos e mais viscosos
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    e já não fluem facilmente
    pelos vasos sanguíneos.
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    As células falciformes acumulam-se,
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    por vezes bloqueando o vaso totalmente.
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    Isso impede que o oxigénio
    chegue a uma série de células,
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    provocando uma ampla série de sintomas
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    sentidos pelas pessoas
    com anemia falciforme.
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    Começando quando têm
    menos de um ano,
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    os doentes sofrem de repetidos
    episódios de dores lancinantes
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    nos tecidos privados de oxigénio.
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    A localização do vaso obstruído
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    determina os sintomas
    específicos sofridos.
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    Um bloqueio no baço
    — uma parte do sistema imunitário —
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    coloca os doentes em risco
    de perigosas infeções.
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    A acumulação nos pulmões pode produzir
    febres e dificuldade na respiração.
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    Uma obstrução no olho pode provocar
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    problemas de visão
    e descolamento da retina.
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    E, se os vasos obstruídos
    alimentam o cérebro,
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    o doente até pode sofrer um AVC.
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    Pior ainda, as células falciformes
    também não sobrevivem muito tempo
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    — só 10 ou 20 dias, em comparação
    com os 4 meses de um glóbulo saudável.
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    Este curto tempo de vida
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    significa que os doentes vivem com
    uma falta permanente de glóbulos vermelhos
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    uma situação que se chama
    anemia falciforme.
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    Talvez o mais surpreendente
    sobre esta mutação maligna
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    é que evoluiu inicialmente
    como adaptação benéfica.
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    Os investigadores conseguiram descobrir
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    as origens da mutação da célula falciforme
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    em regiões historicamente infestadas
    por uma doença tropical chamada malária.
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    Disseminada por um parasita
    encontrado em mosquitos locais,
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    a malária usa os glóbulos vermelhos
    como incubadoras
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    para se espalhar rápida e mortalmente
    pela corrente sanguínea.
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    Contudo, as mesmas alterações estruturais
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    que transformam em barricadas
    os glóbulos vermelhos
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    também os torna mais
    resistentes à malária.
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    E se uma criança herdar uma cópia
    da mutação apenas de um dos pais,
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    haverá suficiente hemoglobina anormal
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    para tornar a vida difícil
    ao parasita da malária,
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    enquanto a maior parte
    dos glóbulos vermelhos
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    mantêm a sua forma e função normais.
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    Nas regiões infestadas por este parasita,
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    a mutação das células falciformes
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    apresentava uma grande
    vantagem evolutiva.
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    Mas, à medida que essa
    adaptação prosperava,
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    tornou-se claro que herdar
    a mutação de ambos os pais
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    resultava na anemia falciforme.
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    Hoje, a maior parte das pessoas
    com anemia falciforme
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    pode ligar os seus antepassados
    a um país onde a malária seja endémica.
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    Esta mutação ainda desempenha
    um papel principal em África
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    onde ocorrem mais de 90%
    de casos de malária, a nível mundial.
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    Felizmente, enquanto esta
    "adaptação" prospera,
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    o tratamento da anemia falciforme
    continua a melhorar.
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    Durante anos, a hidroxiureia
    era o único medicamento disponível
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    para reduzir a quantidade de sintomas
    abruptos das células falciformes,
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    e aumentar a esperança de vida.
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    As transplantações de medula óssea
    apresentam uma medida curativa,
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    mas esse processo é complicado
    e muitas vezes inacessível.
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    Mas novos medicamentos promissores
    estão a intervir de novas formas,
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    como mantendo o oxigénio
    ligado à hemoglobina,
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    para impedir a mutação em foice
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    ou para reduzir a rigidez
    das células falciformes.
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    A capacidade de alterar o ADN
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    tem dado a possibilidade
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    de as células estaminais
    produzirem hemoglobina normal.
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    À medida que estas ferramentas
    ficam disponíveis
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    nas áreas mais afetadas pela malária
    e pela anemia falciforme,
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    podemos melhorar a qualidade de vida
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    de mais doentes
    com esta adaptação adversa.
Title:
Como esta doença muda a forma das células — Amber M. Yates
Speaker:
Amber M. Yates
Description:

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/how-this-disease-changes-the-shape-of-your-cells-amber-m-yates

Qual é a forma das nossas células? Cilindros achatados? Ziguezagues recortados? Provavelmente, nunca pensaram muito nos corpos destes blocos de construção mas, a nível microscópico, pequenas alterações podem ter enormes consequências. Enquanto algumas adaptações mudam essas formas para melhor, outras podem provocar uma cascata de complicações debilitantes. Amber M. Yates mergulha na ciência da maligna mutação das células falciformes.

Lição de Amber M. Yates, realização de Axon Animation LLC.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:34

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