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Como eu escalei 900 metros de uma escarpa na vertical...sem cordas

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    Olá, quero mostrar-vos 30 segundos
    do dia mais feliz da minha vida.
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    (Aplausos)
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    Isto foi o El Capitan no Parque Nacional
    Yosemite na Califórnia,
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    e caso não tenham reparado,
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    eu estava a escalar sozinho e sem corda,
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    um estilo de escalada
    conhecido por escalada livre.
  • 0:55 - 0:57
    Foi o culminar de um sonho
    de quase uma década
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    e no vídeo, estou a mais
    de 760 metros do chão.
  • 1:00 - 1:03
    Parece assustador, não é?
    Sim, é mesmo.
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    Por isso é que passei anos
    a sonhar em escalar o El Cap
  • 1:05 - 1:07
    sem me atrever a fazê-lo.
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    Mas no dia em que
    aquele vídeo foi filmado,
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    não senti medo nenhum.
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    Foi tão confortável e natural
    como passear por um parque,
  • 1:14 - 1:16
    algo que as pessoas estavam
    a fazer no Yosemite naquele dia.
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    Hoje gostava de falar sobre
    como me senti tão confortável
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    e como ultrapassei o medo.
  • 1:21 - 1:23
    Começarei por contar
    como me tornei alpinista
  • 1:23 - 1:26
    e a história das duas escaladas
    mais importantes para mim.
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    Ambas foram um sucesso,
    por isso é que aqui estou.
  • 1:29 - 1:30
    (Risos)
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    A primeira foi uma enorme insatisfação,
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    enquanto o El Cap foi o dia
    mais gratificante da minha vida.
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    Através destas duas escaladas,
    verão como lido com o medo.
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    Comecei a escalar num ginásio
    quando tinha uns 10 anos.
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    Assim, a minha vida tem-se centrado
    no alpinismo há mais de 20 anos.
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    Após uma década a escalar nos ginásios,
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    fiz a transição para o exterior
    e comecei a fazer escalada livre.
  • 1:55 - 1:59
    Fiquei mais confortável e aos poucos
    escalei escarpas maiores e mais difíceis.
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    Houve muitos alpinistas livres
    antes de mim,
  • 2:01 - 2:03
    que me serviram de inspiração.
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    Em 2008, repeti a maior parte
    dessas escaladas em Yosemite
  • 2:06 - 2:09
    e comecei a pensar
    em entrar noutro terreno.
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    O Half Dome foi
    a primeira escolha óbvia,
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    uma escarpa icónica de 600 metros
    que domina o lado este do vale.
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    O problema, mas também o fascínio,
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    é que era demasiado grande.
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    Eu não sabia como me preparar
    para uma escalada livre.
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    Então, decidi ignorar os preparativos
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    chegar lá e ter uma aventura.
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    Pensava que estava à altura,
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    mas como era de esperar
    não foi a melhor estratégia.
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    Pelo menos, dois dias antes,
    subi com um amigo, atado a uma corda.
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    para ter a certeza
    que sabia por onde ir
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    e que fisicamente poderia fazê-lo.
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    Mas quando lá voltei,
    sozinho, dois dias depois,
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    decidi que não queria ir por aquele troço.
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    Sabia que havia um desvio de 90 metros
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    que evitava passar por uma parte
    difícil da escalada.
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    Pus de lado a parte
    mais difícil e segui pelo desvio,
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    embora nunca antes a tivesse escalado,
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    mas comecei logo a duvidar de mim.
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    Imaginem estarem sozinhos
    no centro de uma escarpa com 600 metros,
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    a pensar se estarão perdidos.
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    (Risos)
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    Felizmente, era a direcção certa
  • 3:04 - 3:06
    e voltei de novo para o percurso certo.
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    Eu estava um pouco agitado,
    estava bastante agitado,
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    mas tentei que não me afectasse
    que não me incomodasse muito
  • 3:12 - 3:14
    porque sabia que a escalada
    mais difícil estava no cume.
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    Eu precisava de me acalmar.
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    Era uma bonita manhã de Setembro,
    e ao subir,
  • 3:19 - 3:22
    ouvia os turistas, no cume,
    a conversarem e a rirem-se.
  • 3:22 - 3:24
    Todos eles tinham escalado
    o troço habitual,
  • 3:24 - 3:26
    que eu planeava usar para descer.
  • 3:26 - 3:29
    Mas entre eu e o cume
    estendia-se uma parede lisa de granito.
  • 3:29 - 3:32
    Não havia rachas
    ou arestas para me segurar
  • 3:32 - 3:35
    apenas pequenas saliências
    numa parede quase vertical.
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    Tinha de confiar na fricção
    entre os sapatos e o granito liso.
  • 3:39 - 3:41
    Escalei, com cuidado e equilíbrio,
    distribuindo o meu peso
  • 3:41 - 3:44
    de um lado para o outro
    entre pequenas manchas.
  • 3:44 - 3:47
    mas depois cheguei a um apoio
    em que eu não confiava.
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    Dois dias antes tinha subido por ali,
    mas tinha sido com uma corda.
  • 3:50 - 3:52
    Agora era pequena e muito escorregadia.
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    Duvidava que aguentasse o meu peso.
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    Pensei pôr o pé mais ao lado,
    mas parecia ser pior.
  • 3:58 - 4:01
    Troquei de pé e tentei mais longe,
    mas isso ainda parecia pior.
  • 4:02 - 4:03
    Comecei a entrar em pânico.
  • 4:03 - 4:05
    Ouvia as pessoas a rirem-se lá em cima.
  • 4:05 - 4:08
    Queria estar em qualquer lado
    exceto naquela laje.
  • 4:08 - 4:10
    A minha cabeça estava acelerada.
  • 4:10 - 4:13
    Sabia o que devia fazer
    mas estava com muito medo.
  • 4:13 - 4:15
    Tinha de me apoiar no pé direito.
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    Passada uma eternidade,
    aceitei o que tinha de fazer
  • 4:18 - 4:20
    e apoiei-me no pé direito.
  • 4:20 - 4:22
    Não escorreguei, não morri,
  • 4:22 - 4:24
    aquele movimento marcou
    o final da parte mais difícil.
  • 4:24 - 4:27
    Eu continuei dali para o cume.
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    Normalmente, quando
    se completa o Half Dome,
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    levamos uma corda
    e equipamento connosco.
  • 4:31 - 4:34
    Os turistas admiram-nos
    e juntam-se para nos tirar fotos.
  • 4:34 - 4:37
    Agora eu aparecia na borda
    sem camisa, ofegante e cansado.
  • 4:37 - 4:39
    Estava agitado, mas ninguém
    me ligou nenhuma.
  • 4:39 - 4:42
    (Risos)
  • 4:45 - 4:48
    Parecia um caminhante perdido
    demasiado perto do precipício.
  • 4:48 - 4:49
    (Risos)
  • 4:49 - 4:53
    Estava rodeado por pessoas
    a falar ao telemóvel e a fazer piquenique.
  • 4:53 - 4:55
    Parecia estar num centro comercial.
  • 4:55 - 4:56
    (Risos)
  • 4:56 - 4:59
    Tirei os sapatos de escalada
    e comecei a descer.
  • 4:59 - 5:01
    Aí as pessoas perguntaram-me:
  • 5:01 - 5:04
    "Estás a caminhar descalço?
    Isso é para especialistas."
  • 5:04 - 5:06
    (Risos)
  • 5:10 - 5:12
    Não me preocupei em explicar,
  • 5:12 - 5:17
    mas nessa noite no meu diário de escaladas
    anotei a minha escalada livre
  • 5:17 - 5:20
    e incluí uma cara carrancuda
    e comentei: "Posso fazer melhor?"
  • 5:21 - 5:23
    Fui bem sucedido na escalada livre
  • 5:23 - 5:25
    que foi festejada como uma façanha.
  • 5:25 - 5:27
    Uns amigos fizeram um filme sobre isso.
  • 5:27 - 5:28
    Mas eu estava insatisfeito.
  • 5:28 - 5:30
    Estava desapontado
    com o meu desempenho
  • 5:30 - 5:32
    porque sabia que algo me tinha escapado.
  • 5:32 - 5:35
    Não queria ser um alpinista com sorte,
    mas um grande alpinista.
  • 5:35 - 5:38
    Não quis escalar no ano a seguir,
  • 5:38 - 5:41
    porque não queria habituar-me
    a confiar na sorte.
  • 5:41 - 5:44
    Apesar de não estar a escalar muito,
    já tinha começado a pensar no El Cap.
  • 5:45 - 5:49
    Estava sempre na minha mente
    como a jóia da coroa das escaladas livres.
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    É a escarpa mais impressionante do mundo.
  • 5:52 - 5:54
    Todos os anos, durante sete anos, pensei:
  • 5:54 - 5:57
    "Este é o ano em que
    vou escalar o El Cap."
  • 5:57 - 6:00
    Depois ia a Yosemite,
    olhava para cima, e pensava:
  • 6:00 - 6:01
    "Nem pensar."
  • 6:01 - 6:03
    (Risos)
  • 6:03 - 6:06
    É muito grande e assustador.
  • 6:06 - 6:10
    Mas, por fim, acabei por aceitar
    que eu me queria testar contra o El Cap.
  • 6:10 - 6:12
    Representava a máxima perícia,
  • 6:12 - 6:14
    mas queria que fosse diferente.
  • 6:14 - 6:17
    Não me queria safar de qualquer maneira
    ou por uma unha negra.
  • 6:17 - 6:19
    Desta vez queria fazer tudo correctamente.
  • 6:19 - 6:23
    O que torna El Cap tão intimidante
    é o tamanho da escarpa.
  • 6:23 - 6:25
    A maioria dos alpinistas
    levam três a cinco dias
  • 6:25 - 6:28
    para subir os 900 metros
    de granito na vertical.
  • 6:28 - 6:30
    A ideia de vencer uma rocha
    daquele tamanho
  • 6:30 - 6:33
    só com sapatos e um saco
    com giz parecia impossível.
  • 6:33 - 6:35
    900 metros de escalada representam
  • 6:35 - 6:38
    milhares de diferentes movimentos
    de mãos e pés, difíceis de lembrar.
  • 6:38 - 6:41
    Eu conhecia muitos dos movimentos
    por pura repetição.
  • 6:41 - 6:44
    Eu escalara o El Cap talvez 50 vezes
    na última década, com uma corda.
  • 6:44 - 6:48
    Esta foto mostra o meu método preferido
    para ensaiar os movimentos.
  • 6:48 - 6:50
    Estou no cume,
    pronto para descer a escarpa
  • 6:50 - 6:51
    com mais de 300 metros de corda
  • 6:51 - 6:53
    para passar o dia a praticar.
  • 6:53 - 6:56
    Encontradas as sequências
    que achava seguras e consistentes
  • 6:56 - 6:57
    tinha de as memorizar.
  • 6:57 - 7:01
    Tinham de ficar tão enraizadas
    que não houvesse possibilidade de erro.
  • 7:01 - 7:05
    Não queria duvidar do caminho a tomar
    ou de quais os apoios a que me agarrar.
  • 7:05 - 7:07
    Eu precisava que tudo fosse automático.
  • 7:08 - 7:10
    A escalada com uma corda
    é um grande esforço físico.
  • 7:10 - 7:13
    Temos de ter força para nos agarramos
    e fazer os movimentos de subida.
  • 7:14 - 7:16
    Mas a escalada livre
    tem mais impacto na mente.
  • 7:16 - 7:18
    O esforço físico é basicamente o mesmo.
  • 7:18 - 7:20
    O corpo está a escalar a mesma rocha.
  • 7:20 - 7:22
    Mas ficar calmo e dar o melhor
  • 7:22 - 7:25
    quando sabemos que qualquer erro
    pode ser a nossa morte
  • 7:25 - 7:27
    requer um certo tipo de mentalidade.
  • 7:27 - 7:29
    (Risos)
  • 7:29 - 7:32
    Não era para ser cómico,
    mas se é, ok.
  • 7:32 - 7:33
    (Risos)
  • 7:34 - 7:37
    Trabalhei para cultivar essa mentalidade
    através da visualização,
  • 7:37 - 7:41
    o que significa imaginar
    toda a experiência de escalar a escarpa.
  • 7:41 - 7:43
    Em parte, isso ajudava-me
    a lembrar todos os apoios,
  • 7:43 - 7:46
    mas a visualização
    era para sentir a textura
  • 7:46 - 7:47
    de cada ponto de apoio da minha mão
  • 7:47 - 7:51
    e imaginar a sensação de esticar
    a perna e posicionar o pé.
  • 7:51 - 7:55
    Eu imaginava tudo como uma dança
    ensaiada a centenas de metros de altura.
  • 7:55 - 7:58
    A parte mais difícil de todas
    chama-se o Boulder Problem.
  • 7:58 - 8:01
    Estava a cerca de 600 metros do chão
    e exigia os movimentos físicos
  • 8:01 - 8:02
    mais difíceis do percurso:
  • 8:02 - 8:06
    grande distância entre apoios de mãos
    e apoios de pés pequenos e escorregadios.
  • 8:06 - 8:08
    Isto é o que eu considero
    um apoio pequeno:
  • 8:08 - 8:12
    uma borda, virada para baixo,
    mais estreita que um lápis
  • 8:12 - 8:14
    e que eu tinha de pressionar
    com o polegar.
  • 8:14 - 8:16
    Mas isso não era a pior parte.
  • 8:16 - 8:18
    O pior acabava com um pontapé de karaté
  • 8:18 - 8:21
    com o pé esquerdo para chegar
    a um canto adjacente.
  • 8:21 - 8:24
    uma manobra que exigia
    um alto grau de precisão e flexibilidade,
  • 8:24 - 8:27
    e que me exigiu fazer alongamentos
    todas as noites, durante um ano,
  • 8:27 - 8:31
    para garantir que conseguia chegar lá,
    à vontade com a perna.
  • 8:31 - 8:34
    Enquanto praticava os movimentos
    a minha visualização tornou-se
  • 8:34 - 8:36
    na componente emocional
    de uma escalada livre.
  • 8:36 - 8:39
    E se eu chegasse lá acima
    e fosse muito assustador?
  • 8:39 - 8:42
    E se eu estivesse muito cansado?
    E se não conseguisse fazer o pontapé?
  • 8:42 - 8:46
    Considerei todas as possibilidades
    enquanto ainda estava no solo,
  • 8:46 - 8:48
    para que, quando fizesse
    os movimentos sem corda,
  • 8:48 - 8:50
    não houvesse espaço para dúvidas.
  • 8:50 - 8:52
    As dúvidas são o precursor do medo.
  • 8:52 - 8:55
    Sabia que não podia viver
    o momento perfeito se tivesse medo.
  • 8:55 - 8:59
    Tinha de visualizar e ensaiar
    o suficiente para não ter qualquer dúvida.
  • 8:59 - 9:03
    Além disso visualizei como me ia sentir
    se isso não parecesse possível.
  • 9:03 - 9:07
    E se, depois de tanto trabalho,
    eu estivesse com medo de tentar?
  • 9:07 - 9:10
    E se estivesse a desperdiçar o meu tempo
    e nunca me fosse sentir confortável
  • 9:10 - 9:12
    numa posição tão exposta?
  • 9:12 - 9:15
    Não havia respostas simples
    mas o El Cap significava o suficiente
  • 9:15 - 9:17
    para eu trabalhar e tentar descobrir.
  • 9:18 - 9:20
    Alguns dos preparativos
    foram mais triviais.
  • 9:20 - 9:23
    Esta é uma foto do meu amigo Conrad Anker
    a escalar ao topo do El Cap,
  • 9:23 - 9:25
    com uma mochila vazia.
  • 9:25 - 9:28
    Passámos o dia a escalar
    até uma fissura no meio da escarpa
  • 9:28 - 9:29
    que estava cheia de pedras soltas
  • 9:29 - 9:32
    que tornavam aquela secção difícil
    e possivelmente perigosa,
  • 9:32 - 9:35
    pois um passo em falso
    podia derrubar uma pedra
  • 9:35 - 9:37
    e matar um alpinista
    ou um caminhante.
  • 9:37 - 9:40
    Removemos cuidadosamente as pedras,
    metemo-las na mochila
  • 9:40 - 9:41
    e voltámos a descer.
  • 9:41 - 9:45
    Pensem por segundos e imaginem
    o ridículo que é escalarmos 450 metros
  • 9:45 - 9:47
    só para encher uma mochila com pedras.
  • 9:47 - 9:49
    (Risos)
  • 9:49 - 9:51
    Nunca é fácil carregar
    uma mochila cheia de pedras.
  • 9:51 - 9:53
    Mais ainda é mais difícil
    fazê-lo numa escarpa.
  • 9:53 - 9:56
    Talvez fosse ridículo,
    mas tinha de ser feito.
  • 9:56 - 9:59
    Se eu ia escalar sem corda,
    tudo tinha de ser perfeito.
  • 10:00 - 10:04
    Após duas épocas a trabalhar
    numa possível escalada livre do El Cap,
  • 10:04 - 10:06
    finalmente terminei os preparativos.
  • 10:06 - 10:10
    Sabia as posições dos apoios de mãos e pés
    em todo o percurso e o que tinha de fazer.
  • 10:10 - 10:11
    Eu estava pronto.
  • 10:11 - 10:13
    Era a altura para escalar o El Cap.
  • 10:14 - 10:16
    No dia 3 de Julho de 2017,
  • 10:16 - 10:19
    acordei cedo, comi muesli e fruta,
    como de costume
  • 10:19 - 10:22
    e cheguei à base da escarpa
    antes do nascer do sol.
  • 10:22 - 10:24
    Sentia-me confiante
    ao olhar para a escarpa,
  • 10:24 - 10:26
    Sentia-me ainda melhor
    quando comecei a escalar.
  • 10:27 - 10:29
    Por volta dos 150 metros,
    cheguei a uma parede
  • 10:29 - 10:32
    muito parecida com a que me dera
    tantos problemas no Half Dome,
  • 10:32 - 10:33
    mas desta vez foi diferente.
  • 10:33 - 10:37
    Explorara as opções, incluindo dezenas
    de metros da escarpa dos dois lados.
  • 10:37 - 10:39
    Sabia exactamente o que fazer
    e como o fazer.
  • 10:39 - 10:42
    Não tinha quaisquer dúvidas.
    Continuei a escalar.
  • 10:42 - 10:46
    Mesmo as secções difíceis e cansativas,
    foram superadas facilmente.
  • 10:46 - 10:48
    Eu estava a executar
    a minha rotina na perfeição.
  • 10:49 - 10:51
    Descansei por um momento
    abaixo do Boulder Problem
  • 10:51 - 10:54
    e escalei como tinha praticado
    tantas vezes com a corda.
  • 10:54 - 10:57
    O meu pé alcançou a escarpa
    à esquerda, sem hesitação,
  • 10:58 - 11:00
    e eu sabia que tinha conseguido.
  • 11:01 - 11:03
    Escalar o Half Dome
    fora um grande objectivo
  • 11:03 - 11:04
    e eu finalizei-o,
  • 11:04 - 11:06
    mas não conseguira o que realmente queria.
  • 11:06 - 11:08
    Não alcançara a perícia.
  • 11:08 - 11:11
    Estava hesitante e com receio,
    e não foi a experiência que eu queria.
  • 11:11 - 11:13
    Mas o El Cap foi diferente.
  • 11:13 - 11:16
    A 180 metros do fim, senti que a montanha
    estava a dar-me uma vitória.
  • 11:16 - 11:18
    Escalara com uma precisão perfeita
  • 11:18 - 11:21
    e desfrutara os sons das aves
    em volta do precipício.
  • 11:21 - 11:22
    Parecia que era tudo uma celebração.
  • 11:23 - 11:26
    Atingi o cume após três horas e 56 minutos
    de uma escalada gloriosa.
  • 11:26 - 11:29
    Foi a escalada que eu queria:
    atingira a máxima perícia.
  • 11:29 - 11:30
    Obrigado.
  • 11:30 - 11:34
    (Aplausos)
Title:
Como eu escalei 900 metros de uma escarpa na vertical...sem cordas
Speaker:
Alex Honnold
Description:

Imaginem estarem sozinhos no meio de uma escarpa na vertical, sem cordas para vos segurarem, se caírem. Para o profissional de escalada Alex Honnold, esta visão vertiginosa marcou o culminar de um sonho de uma década.
Numa palestra arrepiante, ele conta a história de como chegou ao topo do El Capitan em Yosemite, completando uma das escaladas livres mais perigosas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:49

Portuguese subtitles

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