Sobre o capitalismo paciente
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0:02 - 0:04Sinto muita honra em estar aqui,
e como o Chris disse, -
0:04 - 0:07há mais de 20 anos
que comecei a trabalhar em África. -
0:07 - 0:10A minha primeira introdução
foi no aeroporto de Abidjan -
0:10 - 0:13numa suada manhã da Costa do Marfim.
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0:13 - 0:16Acabara de sair de Wall Street,
cortara o cabelo como a Margaret Mead, -
0:16 - 0:18dera quase tudo o que possuía,
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0:18 - 0:20e chegara com o essencial
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0:20 - 0:23— alguma poesia, umas roupas,
e claro uma guitarra — -
0:23 - 0:25porque eu ia salvar o mundo,
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0:25 - 0:27e pensei que poderia começar
pelo continente africano. -
0:30 - 0:34Mas uns dias após a minha chegada
foi-me dito, claramente, -
0:34 - 0:40por uma série de mulheres da África Oriental,
que os africanos não queriam ser salvos, -
0:40 - 0:42muito obrigada, muito menos por mim.
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0:42 - 0:45Eu era muito nova,
não era casada, não tinha filhos, -
0:45 - 0:48não conhecia a África, e além disso,
o meu francês era deplorável. -
0:48 - 0:52Foi um período incrivelmente
doloroso na minha vida. -
0:52 - 0:56Contudo começou a dar-me a humildade
necessária para começar a escutar. -
0:57 - 1:00Penso que o fracasso também pode ser
uma força incrivelmente motivadora. -
1:00 - 1:03Então mudei para o Quénia
e trabalhei no Uganda, -
1:03 - 1:06e conheci um grupo de mulheres ruandesas,
que me pediram, em 1986, -
1:06 - 1:09que fosse para Kingali
para ajudá-las a iniciar ali -
1:09 - 1:11a primeira instituição microfinanceira.
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1:11 - 1:14Assim fiz, e acabámos por dar-lhe
o nome de Duterimbere, -
1:14 - 1:17que significa "seguir em frente
com entusiasmo". -
1:17 - 1:19Entretanto, verifiquei
que não havia muitos negócios -
1:19 - 1:22que fossem viáveis
e começados por mulheres, -
1:22 - 1:24e talvez eu devesse também
tentar montar um negócio. -
1:24 - 1:27Comecei a olhar à volta,
e ouvi falar sobre uma padaria -
1:27 - 1:29que era gerida por 20 prostitutas.
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1:29 - 1:33Fiquei um pouco intrigada,
fui conhecer este grupo, -
1:33 - 1:37e encontrei 20 mães solteiras
que estavam a tentar sobreviver. -
1:38 - 1:42Foi o princípio do meu entendimento
do poder da linguagem, -
1:42 - 1:45e como aquilo que chamamos às pessoas
-
1:45 - 1:47muitas vezes nos distancia delas,
e as diminui. -
1:48 - 1:51Também descobri que a padaria
não era nada um negócio, -
1:51 - 1:55era, de facto, uma obra de caridade clássica
gerida por uma pessoa bem-intencionada, -
1:55 - 1:59que, essencialmente,
gastava 600 dólares por mês -
1:59 - 2:04para manter estas 20 mulheres ocupadas
a fazer bolinhos e pães, -
2:04 - 2:07e a viver com 50 cêntimos por dia,
ainda na pobreza. -
2:07 - 2:09Então, fiz um acordo com as mulheres:
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2:09 - 2:11"Olhem, pomos a caridade de lado,
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2:11 - 2:13e gerimos isto como um negócio
e eu ajudo-as." -
2:13 - 2:16Elas nervosamente concordaram.
Eu nervosamente comecei. -
2:16 - 2:20Claro que as coisas são sempre mais duras
do que pensamos que irão ser. -
2:20 - 2:22Primeiro, pensei, bem,
precisamos de uma equipa de vendas, -
2:22 - 2:24e nós não somos a 'A-Team',
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2:24 - 2:27portanto eu fiz toda esta formação.
-
2:27 - 2:31E o epítome foi quando eu marchei
pelas ruas de Nyamirambo -
2:31 - 2:34que é o popular quarteirão de Kigali,
com um balde, -
2:34 - 2:37e vendi todos os pequenos donuts
às pessoas, voltei e disse: -
2:37 - 2:38"Estão a ver?"
-
2:38 - 2:40E as mulheres disseram:
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2:40 - 2:43"Jacqueline, em Nyamirambo,
quem é que não vai comprar donuts -
2:43 - 2:46de um balde cor-de-laranja
a uma mulher alta norte-americana?" -
2:46 - 2:47(Risos)
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2:47 - 2:49É um bom ponto.
-
2:49 - 2:51Então fui pelo caminho americano,
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2:51 - 2:53com competições, equipa e indivíduo,
um fracasso total. -
2:53 - 2:57Com o passar do tempo, as mulheres
aprenderam a vender à sua própria maneira. -
2:57 - 2:59Começaram a escutar o mercado,
-
2:59 - 3:03e voltavam com ideias para mandiocas fritas,
bananas fritas e pão de sorgo, -
3:03 - 3:06e antes de me dar conta, tínhamos
o controlo do mercado de Kigali, -
3:06 - 3:09e as mulheres estavam a ganhar
3 a 4 vezes a média nacional. -
3:09 - 3:11Com essa onda de confiança, pensei,
-
3:11 - 3:15"Bem, é tempo de criar uma verdadeira
padaria, portanto vamos pintá-la." -
3:15 - 3:17E as mulheres disseram:
"É uma grande ideia." -
3:17 - 3:19E eu: "De que cor querem pintá-la?"
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3:19 - 3:21E elas: "Escolhe tu."
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3:21 - 3:23E eu: "Não, estou a aprender a escutar.
Escolham vocês. -
3:23 - 3:26É a vossa padaria, a vossa rua,
o vosso país — não o meu." -
3:26 - 3:28Mas elas não me deram uma resposta.
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3:28 - 3:30Passou-se uma semana,
duas semanas, três semanas -
3:30 - 3:32e por fim eu disse, "Que tal azul?"
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3:32 - 3:35E elas: "Nós adoramos azul.
Vamos pintá-la de azul." -
3:35 - 3:39Então, fui à loja, levei a Gaudence,
a mais hesitante de todas, -
3:39 - 3:42e trouxemos a tinta
e tecido para fazer cortinas. -
3:42 - 3:45No dia da pintura,
juntámo-nos todas em Nyamirambo. -
3:45 - 3:48A ideia era pintá-la de branco
com azul nas bordas, -
3:48 - 3:50como uma pequena padaria francesa.
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3:50 - 3:52Mas isso não era tão satisfatório
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3:52 - 3:55como pintar uma parede de azul
como o céu da manhã. -
3:55 - 3:57Então, azul, azul, tudo tornou-se azul.
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3:57 - 3:59Paredes azuis, janelas azuis,
-
3:59 - 4:01o passeio lá fora em frente
foi pintado de azul. -
4:01 - 4:06Aretha Franklin
estava a gritar "R-E-S-P-E-C-T." -
4:06 - 4:07as ancas das mulheres balançavam
-
4:07 - 4:10e os miúdos tentavam apanhar
os pincéis, mas era o dia delas. -
4:10 - 4:13No fim, ficámos do outro lado da rua,
-
4:13 - 4:16a olhar para o que tínhamos feito,
e eu disse: "É tão bonito!" -
4:16 - 4:19E as mulheres disseram: "Realmente é."
-
4:19 - 4:21E eu disse: "Penso que a cor é perfeita,"
-
4:21 - 4:24e todas acenaram com a cabeça,
excepto a Gaudence, -
4:24 - 4:25e eu disse, "O que é?"
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4:25 - 4:27E ela: "Nada." E eu: "O que é!?"
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4:27 - 4:32E ela: "Bem, é bonito mas, sabes,
a nossa cor, realmente, é o verde." -
4:32 - 4:35(Risos)
-
4:36 - 4:41Então aprendi que escutar
não é só sobre paciência, -
4:41 - 4:46mas que quando vivemos da caridade
e dependentes a vida inteira, -
4:46 - 4:49é realmente difícil dizermos
o que pensamos. -
4:49 - 4:52Muitas vezes porque as pessoas
nunca perguntam, -
4:52 - 4:55e quando o fazem, pensamos
que elas não querem saber a verdade. -
4:55 - 4:58Aprendi que escutar
não é só sobre esperar, -
4:58 - 5:01mas é também aprender
como fazer melhores perguntas. -
5:02 - 5:06Vivi em Kigali cerca de dois anos e meio,
a fazer estas duas coisas, -
5:06 - 5:09e foi um tempo extraordinário
na minha vida. -
5:09 - 5:10Ensinou-me três lições
-
5:10 - 5:14que penso serem hoje
bastante importantes para nós, -
5:14 - 5:15e certamente no trabalho que faço.
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5:15 - 5:19Primeira: a dignidade é mais importante
para o espírito humano do que a riqueza. -
5:19 - 5:23Como a Eleni disse, quando as pessoas
ganham dinheiro, ganham escolha, -
5:23 - 5:25e isso é fundamental para a dignidade.
-
5:25 - 5:28Mas como seres humanos,
também nos queremos ver uns aos outros, -
5:28 - 5:32e queremos ser ouvidos uns pelos outros,
e nunca nos devemos esquecer disso. -
5:32 - 5:35Segunda: as tradicionais
obras de caridades e auxílios -
5:35 - 5:37nunca irão resolver
os problemas da pobreza. -
5:37 - 5:40O Andrew cobriu muito bem isso,
portanto passo para a terceira: -
5:40 - 5:45os mercados por si só também
não resolvem os problemas da pobreza. -
5:45 - 5:47Sim, nós gerimos isto como um negócio,
-
5:47 - 5:52mas, alguém precisa de pagar
o suporte filantrópico -
5:52 - 5:56que vem da formação, e do suporte à gestão,
o aconselhamento estratégico -
5:56 - 5:58e, talvez mais importante de tudo,
-
5:58 - 6:02o acesso a novos contactos,
redes e novos mercados. -
6:02 - 6:06A um nível micro, existe um papel real
para esta combinação -
6:06 - 6:09de investimento e filantropia.
-
6:09 - 6:13E a um nível macro,
alguns dos oradores inferiram -
6:13 - 6:15que até a saúde deveria ser privatizada.
-
6:15 - 6:18Mas, como tive um pai
com uma doença do coração, -
6:18 - 6:21e me apercebi de que
o que a nossa família podia suportar -
6:21 - 6:24não foi o que ele deveria ter tido,
-
6:24 - 6:27e como tenho um bom amigo
que apareceu para ajudar, -
6:27 - 6:31eu acredito realmente que todas as pessoas
merecem acesso à saúde -
6:31 - 6:33a preços que possam suportar.
-
6:33 - 6:35Acho que o mercado
pode ajudar-nos a perceber isso, -
6:35 - 6:37mas tem que haver
uma componente de caridade, -
6:37 - 6:40senão não criaremos o tipo de sociedade
em que queremos viver. -
6:40 - 6:43Foram aquelas lições
que me fizeram decidir -
6:43 - 6:46a criar a Acumen Fund
há cerca de seis anos. -
6:46 - 6:49É um fundo de capital de risco
sem fins lucrativos, para os pobres, -
6:49 - 6:51uns poucos oximoros numa frase.
-
6:51 - 6:56Essencialmente recolhe fundos de caridade
de indivíduos, fundações e corporações, -
6:56 - 6:59e depois investimos
em títulos e empréstimos -
6:59 - 7:01a entidades lucrativas e não lucrativas
-
7:01 - 7:05que forneçam saúde, casas, energia,
água potável a preços razoáveis -
7:05 - 7:07a pessoas de baixos rendimentos
da Ásia do Sul e África, -
7:07 - 7:10a fim de elas poderem fazer
as suas próprias escolhas. -
7:10 - 7:13Investimos cerca de 20 milhões de dólares
em 20 empresas diferentes. -
7:13 - 7:18Ao fazer isto,
criámos cerca de 20 000 empregos, -
7:18 - 7:20e entregámos dezenas de milhões
de serviços a pessoas -
7:20 - 7:23que de outro modo não lhes teriam acesso.
-
7:24 - 7:27Quero contar duas histórias.
Ambas são em África. -
7:27 - 7:30Ambas são sobre investir em empresários
-
7:30 - 7:33que estão empenhados em servir
e que realmente conhecem os mercados. -
7:33 - 7:37Ambos vivem na confluência
da saúde pública e empresa, -
7:37 - 7:39e ambos, como são fabricantes,
-
7:39 - 7:43criam directamente empregos,
e criam indirectamente ganhos, -
7:43 - 7:45porque estão no sector da malaria.
-
7:45 - 7:49África perde cerca de 13 mil milhões
de dólares por ano devido à malária. -
7:49 - 7:53Portanto à medida que as pessoas
têm mais saúde, também ficam mais ricas. -
7:53 - 7:56A primeira chama-se
Advanced Bio-Extracts Limited. -
7:56 - 7:59É uma companhia criada no Quénia
há cerca de sete anos -
7:59 - 8:02por um incrível empresário de nome
Patrick Henfrey e três colegas, -
8:02 - 8:04agricultores à moda antiga
-
8:04 - 8:07que viveram todos os altos e baixos
da agricultura do Quénia -
8:07 - 8:08nos últimos 30 anos.
-
8:08 - 8:11Esta é uma planta Artemisia,
-
8:11 - 8:13é o componente básico para a artemisinina,
-
8:13 - 8:15melhor tratamento
conhecido para a malária. -
8:15 - 8:18É originária da China e do Extremo Oriente
-
8:19 - 8:22mas dado que a prevalência da malária
é aqui em África, -
8:22 - 8:23Patrick e os colegas disseram:
-
8:23 - 8:27"Vamos trazê-la para aqui,
porque é um produto de valor acrescentado." -
8:27 - 8:33Os agricultores recebem três a quatro vezes
as receitas que teriam com o milho. -
8:33 - 8:37Assim, usando capital paciente — dinheiro
que puderam encontrar logo no início, -
8:37 - 8:40cujo rendimento é inferior ao do mercado
-
8:40 - 8:43e se manteria a longo prazo
e podia ser combinado -
8:43 - 8:46com a ajuda da gestão,
do apoio estratégico — -
8:46 - 8:50criaram uma companhia
que compra a 7500 agricultores. -
8:50 - 8:52Portanto, são cerca
de 50 000 pessoas afectadas. -
8:52 - 8:55Talvez alguns de vós já a tenham visitado.
-
8:55 - 8:57São ajudados pela KickStart
e pela TechnoServe -
8:57 - 9:00que os ajudam a tornarem-se
mais auto-suficientes. -
9:00 - 9:02Compram-na, secam-na
e trazem-na para esta fábrica -
9:02 - 9:06que, em parte, foi comprada também
com capital paciente da Novartis, -
9:06 - 9:09que tem um interesse real em adquirir o pó
-
9:09 - 9:12para poderem fazer Coartem.
-
9:12 - 9:17A Acumen tem trabalhado com a ABE
durante o último ano, ano e meio, -
9:17 - 9:19na procura de um novo plano de negócio,
-
9:19 - 9:22nas perspectivas da expansão,
ajudando-a com o apoio à gestão -
9:22 - 9:26e ajudando a fazer listas de condições
e levantamento de capital. -
9:26 - 9:30Compreendi realmente o que
o capital paciente significava emocionalmente -
9:30 - 9:31no último mês mais ou menos.
-
9:31 - 9:37Porque faltavam 10 dias para a companhia
provar que o produto que fabricavam -
9:37 - 9:41tinha o nível de qualidade mundial
necessário para fazer Coartem -
9:41 - 9:44quando estavam na maior crise
de dinheiro da sua história. -
9:44 - 9:47Chamámos todos os investidores sociais
que conhecíamos. -
9:47 - 9:51Alguns destes mesmos investidores sociais
estão realmente interessados em África -
9:51 - 9:54e compreendem a importância da agricultura,
-
9:54 - 9:56e até ajudam os agricultores.
-
9:56 - 9:59Mesmo quando nós explicamos que,
se a ABE se for embora, -
9:59 - 10:03todos aqueles 7500 empregos
vão embora também, -
10:03 - 10:08nós às vezes temos esta bifurcação
entre negócio e o social. -
10:08 - 10:12É tempo de começarmos a pensar
mais criativamente como fundir os dois -
10:12 - 10:15A Acumen fez, não um,
mas dois empréstimos a curto prazo. -
10:15 - 10:20A boa notícia é que eles conseguiram
a classificação de qualidade mundial. -
10:20 - 10:23Estão agora na fase final de beneficiar
de 20 milhões de dólares -
10:23 - 10:26para passar para o próximo nível.
-
10:26 - 10:30Penso que virá a ser uma das mais importantes
companhias da África Oriental. -
10:32 - 10:34Este é o Samuel. É um agricultor.
-
10:34 - 10:36Ele vivia nas favelas de Kibera
-
10:36 - 10:40quando o pai o chamou e lhe falou sobre
a Artemisia e o seu potencial valor acrescido. -
10:40 - 10:43Ele regressou à quinta e, resumindo,
-
10:43 - 10:46eles têm agora
uma cultura de três hectares. -
10:46 - 10:49Os filhos de Samuel
estão numa escola privada, -
10:49 - 10:51e ele está a ajudar
outros agricultores na área, -
10:51 - 10:54que também vão entrar
na produção de Artemisia, -
10:54 - 10:57a dignidade é mais importante
que a riqueza. -
10:58 - 11:01A próxima — muitos de vocês conhecem-na.
-
11:01 - 11:03Falei um pouco sobre ela
em Oxford há dois anos -
11:03 - 11:06e alguns de vocês visitaram
a A to Z Manufacturing , -
11:06 - 11:09que é uma das grandes companhias
na África Oriental. -
11:09 - 11:14É outra que vive na confluência
da saúde e empresa. -
11:14 - 11:18E esta é uma história sobre
uma solução público-privada -
11:18 - 11:20que realmente funcionou.
-
11:20 - 11:22Começou no Japão.
-
11:22 - 11:24A Sumitomo desenvolveu uma tecnologia
-
11:24 - 11:29para impregnar uma fibra baseada
em polietileno com insecticida orgânico, -
11:29 - 11:31para criar um mosquiteiro para a malária
-
11:31 - 11:33que durasse 5 anos sem precisar
de voltar a ser impregnado. -
11:33 - 11:36Podia alterar o vector,
mas tal como a Artemisia, -
11:36 - 11:38era produzido apenas na Ásia Oriental.
-
11:38 - 11:42Dentro da sua responsabilidade social,
a Sumitomo disse: -
11:42 - 11:43"Porque não experimentamos
-
11:43 - 11:46se podemos produzi-lo em África,
para os africanos?" -
11:46 - 11:47A UNICEF interveio e disse:
-
11:47 - 11:50"Nós compramos a maior parte das redes,
e oferecemo-las, -
11:50 - 11:54ao abrigo dos fundos globais
e do compromisso das Nações Unidas -
11:54 - 11:57para com as mulheres grávidas e crianças."
-
11:58 - 12:00A Acumen entrou com o capital paciente,
-
12:00 - 12:03e nós também ajudámos
a identificar o empresário -
12:03 - 12:05com quem iríamos fazer parceria
aqui em África, -
12:05 - 12:08e a Exxon providenciou a resina inicial.
-
12:08 - 12:11Quando procurámos empresários,
-
12:11 - 12:14não podíamos encontrar
nenhum melhor do que a Anuj Shah, -
12:14 - 12:16na companhia A to Z Manufacturing.
-
12:16 - 12:18É uma companhia com 40 anos
e percebe de fabrico. -
12:18 - 12:21Passou de uma Tanzânia socialista
para uma Tanzânia capitalista, -
12:21 - 12:23e continuou a florescer.
-
12:23 - 12:26Tinha cerca de 1000 empregados
quando a encontrámos pela primeira vez. -
12:26 - 12:29A Anuj assumiu o risco empresarial
aqui em África -
12:29 - 12:34de produzir um bem público que era comprado
pela assistência social oficial -
12:34 - 12:37para trabalhar com a malária.
-
12:37 - 12:41Resumindo, eles foram muito bem sucedidos
-
12:41 - 12:45No primeiro ano, a primeira rede
saiu em Outubro de 2003. -
12:45 - 12:50Pensávamos que a produção inicial
seria de 150 000 redes por ano. -
12:50 - 12:54Este ano, estão a produzir
cerca de 8 milhões de redes por ano, -
12:54 - 12:55e empregam 5000 pessoas,
-
12:55 - 12:59das quais 90% são mulheres,
maioritariamente sem qualificações. -
12:59 - 13:01Estão associados com a Sumitomo.
-
13:02 - 13:04Numa perspectiva empresarial para a África,
-
13:04 - 13:07e numa perspectiva de saúde pública,
estes são sucessos reais. -
13:07 - 13:12Mas é só metade da história se quisermos
tentar resolver os problemas da pobreza, -
13:12 - 13:13porque não é sustentável a longo prazo.
-
13:13 - 13:16É uma companhia com um grande cliente.
-
13:17 - 13:20Se surgir a gripe da aves ou,
por outra razão qualquer, -
13:20 - 13:24o mundo decidir que a malária deixa de ser
uma grande prioridade, todos perdem. -
13:25 - 13:28Por isso, a Anuj e a Acumen
-
13:28 - 13:31têm estado a falar
sobre testar o sector privado -
13:31 - 13:35porque a hipótese que o organismo
social de assistência fez -
13:35 - 13:37foi que num país como a Tanzânia,
-
13:37 - 13:4080% da população ganha menos
de dois dólares por dia. -
13:40 - 13:44O custo do fabrico duma rede
é de seis dólares por unidade -
13:44 - 13:49e o organismo social de assistência
gasta outros seis dólares a distribuí-la, -
13:49 - 13:52pelo que o preço num mercado livre
será de cerca de 12 dólares por rede. -
13:52 - 13:55"As pessoas não podem pagar isso,
portanto vamos oferecê-las. -
13:55 - 13:57Nós dissemos: "Existe outra opção.
-
13:57 - 14:01Vamos usar o mercado como a melhor
fonte de informação que temos, -
14:01 - 14:05saber quanto as pessoas pagariam por isto,
de modo a terem a dignidade de escolher. -
14:05 - 14:07Podemos começar a construir
uma distribuição local, -
14:07 - 14:11e pode custar
ao sector público muito menos." -
14:12 - 14:15Assim, entrámos numa segunda etapa
de capital paciente com a A to Z, -
14:15 - 14:19um empréstimo e uma doação, de modo que
a A to Z pudesse jogar com os preços -
14:19 - 14:22auscultasse o mercado,
e descobrisse uma série de coisas. -
14:22 - 14:25Uma, é que as pessoas pagariam
preços diferentes, -
14:25 - 14:28mas a esmagadora maioria das pessoas
pagariam um dólar por rede -
14:28 - 14:30e tomariam a decisão de comprá-la.
-
14:30 - 14:33Quando as ouvimos,
elas também têm muito a dizer -
14:33 - 14:35sobre o que gostam e o que não gostam.
-
14:35 - 14:39Alguns dos canais que pensávamos
que funcionariam não funcionaram. -
14:39 - 14:42Mas devido à experimentação
e iteração que foi permitida -
14:42 - 14:44devido ao capital paciente,
-
14:44 - 14:48descobrimos que a distribuição
custa um dólar no sector privado -
14:48 - 14:50e um dólar a comprar a rede.
-
14:50 - 14:53Portanto, de uma perspectiva política,
quando começamos com o mercado, -
14:53 - 14:55nós temos uma escolha.
-
14:55 - 15:01Podemos continuar com 12 dólares por rede
e o cliente paga zero, -
15:01 - 15:05ou podíamos experimentar,
pelo menos com uma parte, -
15:05 - 15:09cobrar um dólar por rede, pagando o sector
público outros seis dólares por rede, -
15:09 - 15:12dando às pessoas a dignidade de escolher,
-
15:12 - 15:14e ter um sistema de distribuição
que, com o tempo, -
15:14 - 15:17poderá começar a sustentar a si próprio.
-
15:17 - 15:19Temos de começar a ter
conversas com estas, -
15:19 - 15:22e penso que não há melhor maneira
de começar do que escutar o mercado -
15:22 - 15:26mas também trazer outras pessoas
à volta da mesa. -
15:26 - 15:34Sempre que vou visitar a A to Z,
penso na minha avó, Stella. -
15:34 - 15:38Ela era muito como aquelas mulheres
sentadas por trás das máquinas de costura. -
15:38 - 15:40Cresceu numa quinta na Áustria,
muito pobre, -
15:40 - 15:42e não tinha muitas habilitações.
-
15:42 - 15:45Foi para os Estados Unidos,
onde conheceu o meu avô, -
15:45 - 15:47que era camionista de cimento.
-
15:48 - 15:52Tiveram nove filhos.
Três deles morreram bebés. -
15:52 - 15:56A minha avó tinha tuberculose,
e trabalhava numa oficina de costura, -
15:56 - 15:58a fazer camisas por cerca
de 10 cêntimos por hora. -
15:59 - 16:02Tal como muitas das mulheres
que vejo na A to Z, -
16:02 - 16:06trabalhava arduamente todos os dias,
compreendia o que o sofrimento era, -
16:06 - 16:08tinha uma fé profunda em Deus,
amava os seus filhos -
16:08 - 16:11e nunca teria aceitado uma doação.
-
16:11 - 16:15Mas como tinha a oportunidade do mercado,
-
16:15 - 16:19e vivia numa sociedade
que providenciava a segurança -
16:19 - 16:23de ter acesso a uma saúde
e educação sustentáveis -
16:23 - 16:26os seus filhos e os filhos deles
-
16:26 - 16:29puderam viver vidas de objetivos reais
e seguir os seus sonhos reais. -
16:30 - 16:33Olho à minha volta
para os meus irmãos e primos -
16:33 - 16:35— e como disse, somos muitos —
-
16:35 - 16:41e vejo professores e músicos,
gestores , designers. -
16:41 - 16:45Uma irmã que faz os sonhos
de outras pessoas realizarem-se. -
16:45 - 16:49O meu desejo, quando vejo aquelas mulheres,
encontro aqueles agricultores, -
16:49 - 16:52e penso em todas as pessoas
por este continente -
16:52 - 16:55que trabalham arduamente todos os dias,
-
16:55 - 16:59é que elas tenham o sentido
da oportunidade e da possibilidade, -
16:59 - 17:04e que elas também possam acreditar
e ter acesso a serviços, -
17:04 - 17:07para os seus filhos também poderem viver
uma vida de grandes objectivos. -
17:07 - 17:09Não devia ser assim tão difícil.
-
17:09 - 17:13Mas o que é necessário
é um empenho de todos nós -
17:13 - 17:18para recusar presunções banais,
-
17:18 - 17:20sair das nossas caixas ideológicas.
-
17:20 - 17:23É preciso investir nos empresários
-
17:23 - 17:26que estão empenhados
em servir e em ter sucesso. -
17:27 - 17:31É preciso abrirem os vossos braços,
ambos, bem abertos, -
17:31 - 17:33e esperar muito pouco amor de volta,
-
17:33 - 17:35mas exigir responsabilidade,
-
17:35 - 17:38e pôr também a responsabilidade
em cima da mesa. -
17:39 - 17:42E mais que tudo, mais que tudo,
-
17:42 - 17:45requer que todos nós tenhamos
a coragem e a paciência, -
17:45 - 17:49quer sejamos ricos ou pobres,
africanos ou não-africanos, -
17:49 - 17:51locais ou da diáspora,
da esquerda ou da direita, -
17:51 - 17:54de começar a escutar-nos uns aos outros.
-
17:54 - 17:55Obrigada.
-
17:56 - 17:58(Aplausos)
- Title:
- Sobre o capitalismo paciente
- Speaker:
- Jacqueline Novogratz
- Description:
-
Jacqueline Novogratz partilha histórias sobre como o "capital paciente" pode trazer empregos, bens, serviços sustentáveis — e dignidade — aos mais pobres do mundo.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:06
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Sara Leite accepted Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Sara Leite edited Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Alexandre Kapancioglu edited Portuguese subtitles for Patient capitalism | ||
Alexandre Kapancioglu edited Portuguese subtitles for Patient capitalism |