Tania Bruguera; "Movimento Internacional de Imigrantes"
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0:08 - 0:12[Movimento Internacional de Imigrantes]
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0:30 - 0:31Aliza Nisenbaum, artista:
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0:31 - 0:34Era mesmo divertido pintar aqui.
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0:34 - 0:37Eu estava sempre a pintar
que havia uma aula de zumba -
0:38 - 0:40ou uma aula da orquestra infantil.
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0:42 - 0:46Havia sempre quatro ou cinco miúdos
em volta da minha paleta, -
0:46 - 0:47metendo os dedos nas tintas
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0:47 - 0:50e perguntando-me como fazer
determinadas cores -
0:50 - 0:54e a ver a forma como eu
fazia deslisar o pincel pela tela. -
0:56 - 0:58Sou mexicana
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0:58 - 1:01e foi aqui que entrei
um pouco mais no mundo da arte -
1:01 - 1:04por isso tem sido como
um verdadeiro lar para mim. -
1:06 - 1:09Sim, claro, Vero e Marisa estão aqui.
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1:09 - 1:11Aliza: Comos vais, Vero?
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1:11 - 1:12Há muito tempo que não te via!
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1:12 - 1:14Vero: Pois. Também tive saudades tuas.
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1:14 - 1:15Aliza: Eu também
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1:15 - 1:17Olá Marisa! Como vais, querida?
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1:18 - 1:19Marisa: Bem.
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1:19 - 1:21Aliza: Estão prontas para a festa?
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1:21 - 1:22Vero: Sim, sim. Mais que prontas!
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1:22 - 1:24Aliza: Pintei Vero duas vezes.
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1:24 - 1:26Foi ela o meu primeiro modelo
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1:26 - 1:30e é a pessoa mais inspiradora
que encontrei nas minhas classes. -
1:31 - 1:33Vero: Sinto-me muito orgulhosa
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1:33 - 1:36porque, imaginem, estou numa pintura
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1:36 - 1:39eu, o meu marido e a minha filha!
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1:39 - 1:41Na minha ideia, julgava
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1:41 - 1:44que uma pintura se fazia numa hora,
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1:44 - 1:47mas não, são muitas horas de trabalho.
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1:48 - 1:50Conheci-a aqui porque fui às aulas dela
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1:50 - 1:53para aprender inglês através da arte.
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1:54 - 1:58Aliza: Falávamos muito
sobre ideias do feminismo. -
1:58 - 2:01Mas elas não usam a palavra "feminista"
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2:01 - 2:03ou pelo menos evitavam-na um bocado.
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2:03 - 2:07Por isso, começámos a apresentar ideias
do que podia significar para diferentes pessoas. -
2:07 - 2:10A ideia de nos sentarmos cara a cara,
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2:10 - 2:13é uma experiência muito intimista
ter um modelo e pintá-lo. -
2:13 - 2:17Isso faz com que as pessoas
se abram sempre. -
2:17 - 2:21Estamos a pintar cada pedacinho
da sua carne e da sua pele -
2:21 - 2:24e o cair e as pregas das suas roupas.
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2:25 - 2:29Isso é imediatamente
uma espécie de experiência íntima. -
2:32 - 2:36Vero: No México, aprendi uma dança azteca.
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2:36 - 2:43A minha família e eu costumávamos
vestir trajes típicos do nosso país. -
2:44 - 2:48A verdade é que naquela altura
eu tinha uma blusa com flores -
2:48 - 2:51muito bonita, com cores vivas,
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2:51 - 2:53e agora estou sempre a vê-la,
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2:53 - 2:55tenho a pintura lá em casa
na minha sala de estar. -
2:55 - 2:58Antes do mais, quero agradecer a Aliza.
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3:02 - 3:05Aliza: Muitas destas mulheres
são pessoas que, de certo moso, -
3:05 - 3:07se escondem do olhar do público
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3:07 - 3:08não querem dar nas vistas,
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3:09 - 3:11porque muitas delas são
imigrantes sem documentos. -
3:12 - 3:16Por isso, eu tentei dar uma sensação
de ação às mulheres que aqui estão -
3:16 - 3:18em termos de encontrarem a sua voz,
em termos de arte -
3:19 - 3:22e em termos também
de conhecimentos básicos de inglês. -
3:25 - 3:29Há uma história muito rica
de pintura social no México. -
3:29 - 3:31Recuando à época dos muralistas,
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3:31 - 3:33penso que a arte
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3:33 - 3:37tornou-se cada vez mais
uma prática espácio-social. -
3:39 - 3:42É muito importante para todos
conhecer a poética deste espaço. -
3:44 - 3:46Tania Bruguera: As pessoas
do Movimento de Imigrantes -
3:46 - 3:50estão a usar a arte
para adquirirem autonomia -
3:50 - 3:53Assim, também têm feito parte
da arte contemporânea -
3:53 - 3:56e compreendem agora, muito melhor,
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3:56 - 3:58como funciona a arte contemporânea
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3:58 - 4:01e tudo aquilo que podem obter dela.
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4:02 - 4:07As pessoas também podem crescer
e compreender como fugir dos seus medos -
4:07 - 4:12com as imitações que lhes põem
logo que entram neste país. -
4:15 - 4:17Ana Ramierez: Porque estamos numa cidade
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4:17 - 4:22que, por vezes, é um bocado difícil.
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4:24 - 4:27De vez em quando, passamos todas
por momentos difíceis -
4:27 - 4:29na nossa vida, não é?
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4:33 - 4:36Para mim, estar numa cerimónia,
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4:36 - 4:39dá-me a força para avançar no dia a dia.
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4:39 - 4:42Estar aqui, para mim, enche-me de força
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4:42 - 4:45— força, alegria, muita energia
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4:46 - 4:49e agrada-me trabalhar em conjunto
com a minha família -
4:50 - 4:52do gruo Tletlpapalotzin.
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5:04 - 5:08[Dia de Comemoração da Comunidade IMI]
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5:12 - 5:15TB: O Movimento de Imigrantes
ainda não é um produto acabado. -
5:15 - 5:19Todo o tempo que temos gasto até aqui
com o Movimento de Imigrantes, -
5:19 - 5:22é para preparar as condições
para o projeto se concretizar. -
5:22 - 5:26Se me perguntarem quem eu sou,
penso que sou uma idealista -
5:26 - 5:29porque estou morta por iniciar
um partido político, -
5:29 - 5:32porque é isso que eu quero fazer,
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5:32 - 5:36criar um poder político
para os imigrantes, pelos imigrantes. -
5:36 - 5:38Sei qual o risco de fazer isso
nos Estados Unidos. -
5:38 - 5:40É que vai ser visto, provavelmente,
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5:40 - 5:45como mais um gesto do que
uma coisa que acontece. -
5:46 - 5:48Mas veremos.
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6:20 - 6:22Tradução de Margarida Ferreira
- Title:
- Tania Bruguera; "Movimento Internacional de Imigrantes"
- Description:
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Episódio n.° 223: "Movimento Internacional de Imigrantes" (MII), um projeto fundado pela artista Tania Bruguera em 2010, localizado em Corona, no Queens, Nova Iorque. É um espaço comunitário onde a arte e a educação são usadas para dar voz a imigrantes pessoal e politicamente. Tania diz que, quando os imigrantes se relacionam com a arte contemporânea, entendem melhor como trabalhar com os seus medos e com as limitações que lhes são impostas ao entrarem no país. A artista Aliza Nisenbaum ensina inglês no MII usando a arte ao pintar retratos dos seus estudantes. Aliza diz: "Muitas dessas mulheres escondem-se de certa forma, e eu tento dar uma sensação de poder de ação a essas mulheres para elas encontrarem a sua voz na arte e na aprendizagem básica do inglês."
Os membros do grupo de dança asteca Tletlpapalotzin apresentam uma cerimónia tradicional no Dia da Comemoração da Comunidade MII e falam sobre as suas experiências como imigrantes a viverem na cidade de Nova Iorque. "Estar numa cerimónia dá-me forças para avançar no dia a dia. Tenho o prazer de trabalhar juntamente com a minha família do grupo Tletlpapalotzin", diz Ana Ramirez, membro da Tletlpapalotzin.
Tania Bruguera explora a relação entre a arte, o ativismo e a mudança social, apresentando eventos participativos e interações que geram as suas próprias observações, experiências e compreensão das políticas de repressão e controlo. O seu trabalho desenvolve o conceito de arte útil, no qual a arte pode ser usada como ferramenta de poder social e político.
Saibam mais sobre a artista em: http://art21.org/artist/tania-bruguera - Video Language:
- English
- Team:
- Art21
- Project:
- "Extended Play" series
- Duration:
- 06:33
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Tania Bruguera: "Immigrant Movement International" | Art21 "Extended Play" |