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Depressão, o segredo que partilhamos

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    Senti um funeral no cérebro
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    e carpideiras indo e vindo,
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    indo e vindo — em procissão —
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    até que senti como se os sentidos
    estivessem a explodir.
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    E quando todos estavam sentados,
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    as exéquias, como um tambor
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    continuaram a tocar — a tocar —
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    até o meu espírito caísse em torpor.
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    Então ouvi-as levantarem uma caixa
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    e rangerem na minha alma
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    com as mesmas botas de chumbo, de novo.
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    Depois o espaço começou a tocar
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    como se os céus fossem um sino,
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    um ser, um simples ouvido.
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    E eu, e o silêncio, uma estranha raça
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    naufragada, solitária, sem sentido.
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    Então quebrou-se uma tábua na razão
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    e eu caí, caí, caí
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    e alcancei um mundo,
    em cada mergulho.
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    E então deixei de ter conhecimento.
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    Conhecemos a depressão
    através de metáforas.
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    Emily Dickinson conseguiu
    transmiti-la em linguagem.
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    Goya numa imagem.
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    Metade da razão de ser da arte
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    é descrever estes estados icónicos.
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    Quanto a mim,
    sempre julguei ser uma pessoa dura,
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    um dos que podia sobreviver
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    se fosse enviado
    para um campo de concentração.
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    Em 1991, tive uma série de perdas.
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    A minha mãe morreu,
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    uma relação que eu mantinha terminou,
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    voltei para os Estados Unidos
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    depois de uns anos no estrangeiro
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    e passei incólume
    por todas estas experiências.
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    Mas em 1994, três anos depois,
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    dei comigo desinteressado de quase tudo.
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    Não queria fazer nada das coisas
    que anteriormente me interessavam,
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    e não sabia porquê.
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    O oposto de depressão
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    não é felicidade, mas vitalidade.
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    Foi a vitalidade que desapareceu
    em mim naquele momento.
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    Tudo o que havia para fazer
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    parecia-me dar demasiado trabalho.
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    Chegava a casa,
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    via a luz vermelha a piscar
    no gravador de chamadas
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    e, em vez de ficar satisfeito
    por ouvir os meus amigos,
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    eu pensava:
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    "Tantas pessoas para que tenho de ligar".
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    Ou então decidia almoçar,
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    mas depois pensava
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    que tinha de tirar a comida
    e pô-la num prato,
  • 2:25 - 2:30
    cortar, mastigar e engolir.
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    Sentia-me como se estivesse
    a carregar a Cruz.
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    Uma das coisas que frequentemente escapa
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    na discussão sobre a depressão
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    é que sabemos que é ridícula.
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    Sabemos que é ridícula
    enquanto a estamos a viver.
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    Sabemos que a maioria das pessoas
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    consegue ouvir as suas mensagens, almoçar
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    e organizar-se para tomar um duche
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    e sair a porta da rua.
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    Sabemos que isso não é um grande feito
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    e no entanto continuamos
    sob este poder da inércia
  • 2:55 - 2:59
    e não conseguimos pensar
    em nenhuma forma de o contornar.
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    Então comecei a sentir
    que fazia cada vez menos,
  • 3:03 - 3:06
    pensava cada vez menos
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    e sentia cada vez menos.
  • 3:08 - 3:10
    Era uma espécie de nulidade.
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    E então chegou a ansiedade.
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    Se alguém me dissesse
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    que eu ia estar deprimido
    no próximo mês, eu diria:
  • 3:17 - 3:20
    "Desde que saiba que termina
    em novembro, eu aguento".
  • 3:20 - 3:21
    Mas se me dissessem:
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    "Tens de passar por uma ansiedade
    grave no próximo mês",
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    eu preferiria cortar os pulsos
    do que passar por isso.
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    Era um sentimento permanente
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    como o sentimento que temos
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    quando caminhamos
    e escorregamos ou tropeçamos
  • 3:32 - 3:34
    e o chão escapa dos nossos pés.
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    Mas em vez de durar meio segundo,
    como é costume,
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    durou seis meses.
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    É a sensação de ter medo todo o tempo
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    mas sem sequer saber o que se teme.
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    Foi nesse momento que comecei a pensar
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    que era demasiado doloroso estar vivo
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    e que a única razão
    para não me suicidar
  • 3:54 - 3:57
    era não magoar as outras pessoas.
  • 3:57 - 4:00
    Finalmente um dia, acordei
  • 4:00 - 4:03
    e pensei que talvez tivesse tido um AVC,
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    porque estava na cama
    completamente paralisado,
  • 4:05 - 4:08
    a olhar para o telefone, a pensar:
  • 4:08 - 4:10
    "Algo está mal e devia pedir ajuda".
  • 4:10 - 4:12
    Ma não conseguia mexer o braço,
  • 4:12 - 4:15
    pegar no telefone e marcar.
  • 4:15 - 4:19
    Por fim, depois de quatro horas inteiras,
    deitado, a olhar para ele,
  • 4:19 - 4:20
    o telefone tocou.
  • 4:20 - 4:23
    Não sei como, consegui atender.
  • 4:23 - 4:25
    Era o meu pai e eu disse:
  • 4:25 - 4:28
    "Estou com um problema grave.
  • 4:28 - 4:30
    Precisamos de fazer qualquer coisa."
  • 4:30 - 4:34
    No dia seguinte, comecei
    com a medicação e com a terapia.
  • 4:36 - 4:39
    Também comecei a dar conta
    desta questão terrível:
  • 4:40 - 4:42
    Se eu não sou aquela pessoa dura
  • 4:42 - 4:44
    que poderia sobreviver
    a um campo de concentração,
  • 4:44 - 4:46
    então quem sou eu?
  • 4:46 - 4:48
    Se tenho de tomar medicação,
  • 4:48 - 4:52
    a medicação está a tornar-me mais "eu"
  • 4:52 - 4:54
    ou a transformar-me noutra pessoa?
  • 4:54 - 4:56
    Como é que me sinto,
  • 4:56 - 4:58
    se me está a transformar noutra pessoa?
  • 4:58 - 5:02
    Eu tive duas vantagens na minha luta.
  • 5:02 - 5:04
    A primeira é que eu sabia que,
    falando objetivamente,
  • 5:04 - 5:06
    eu tinha uma vida boa,
  • 5:06 - 5:08
    e se conseguisse ficar bem,
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    havia algo no final do caminho
    que valia a pena viver.
  • 5:11 - 5:14
    A outra vantagem é que tinha acesso
    a um bom tratamento.
  • 5:14 - 5:18
    Apesar disso, melhorei e tive uma recaída,
  • 5:18 - 5:20
    melhorei e tive uma recaída,
  • 5:20 - 5:23
    melhorei e tive uma recaída.
  • 5:24 - 5:25
    Por fim compreendi
  • 5:25 - 5:29
    que teria de ter medicação
    e terapia para sempre.
  • 5:30 - 5:31
    E pensei:
  • 5:31 - 5:34
    "Isto é um problema químico
    ou um problema psicológico?
  • 5:34 - 5:37
    "Necessita duma cura química
    ou duma cura filosófica?"
  • 5:38 - 5:40
    Não consegui descobrir qual era o caso.
  • 5:40 - 5:42
    Depois compreendi
  • 5:42 - 5:45
    que não temos conhecimentos suficientes
    em nenhuma destas áreas
  • 5:45 - 5:47
    para explicar as coisas completamente.
  • 5:47 - 5:49
    A cura química e a cura psicológica
  • 5:49 - 5:52
    ambas têm um papel a desempenhar,
  • 5:52 - 5:55
    e também descobri
    que a depressão era uma coisa
  • 5:55 - 5:58
    que estava tão enraizada dentro de nós
  • 5:58 - 6:01
    que não havia forma de a separar
    do nosso carácter e personalidade.
  • 6:02 - 6:04
    Quero dizer que os tratamentos
  • 6:04 - 6:06
    que temos para a depressão são terríveis.
  • 6:06 - 6:08
    Não são muito eficazes.
  • 6:08 - 6:10
    São extremamente caros.
  • 6:10 - 6:12
    Têm inumeráveis efeitos secundários.
  • 6:12 - 6:14
    São um desastre.
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    Mas sinto-me muito grato de viver hoje
  • 6:17 - 6:19
    e não há 50 anos,
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    quando não havia quase nada a fazer.
  • 6:22 - 6:24
    Espero que daqui a 50 anos,
  • 6:24 - 6:26
    as pessoas ouçam falar
    dos meus tratamentos
  • 6:26 - 6:29
    e fiquem horrorizadas
    que alguém tenha aguentado
  • 6:29 - 6:30
    uma ciência tão primitiva.
  • 6:31 - 6:35
    A depressão é a falha no amor.
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    Se estivessem casados
    com alguém e pensassem:
  • 6:39 - 6:42
    "Se a minha mulher morrer,
    encontrarei outra",
  • 6:42 - 6:45
    não seria amor como o concebemos.
  • 6:46 - 6:50
    Não existe amor sem o sentimento de perda.
  • 6:50 - 6:55
    Esse espectro do desespero
    pode ser o motor da intimidade.
  • 6:56 - 6:59
    Há três coisas que as pessoas
    costumam confundir:
  • 6:59 - 7:02
    depressão, mágoa e tristeza.
  • 7:03 - 7:06
    A mágoa é explicitamente reativa.
  • 7:06 - 7:09
    Se perdemos alguém
    e nos sentimos muito infelizes,
  • 7:09 - 7:11
    e depois, seis meses mais tarde,
  • 7:11 - 7:14
    ainda estamos tristes,
    mas começamos a reagir um pouco melhor,
  • 7:14 - 7:16
    provavelmente é mágoa.
  • 7:16 - 7:19
    Provavelmente acaba
    por passar sozinha, seja como for.
  • 7:20 - 7:24
    Se sofremos uma perda catastrófica
    e nos sentimos mal,
  • 7:24 - 7:27
    e seis meses depois
    não conseguimos reagir nada,
  • 7:27 - 7:29
    provavelmente é uma depressão
  • 7:29 - 7:32
    despoletada pelas circunstâncias
    catastróficas.
  • 7:32 - 7:35
    A trajetória diz-nos muito.
  • 7:35 - 7:39
    As pessoas pensam que a depressão
    é apenas sentir-se triste.
  • 7:39 - 7:41
    É muito, muito mais do que muita tristeza
  • 7:41 - 7:43
    muito mais do que mágoa
  • 7:43 - 7:45
    por uma causa mais leve.
  • 7:46 - 7:48
    Quando me dispus a compreender a depressão
  • 7:48 - 7:51
    e intervir junto de pessoas
    que tiveram essa experiência,
  • 7:51 - 7:54
    achei que havia pessoas que,
    aparentemente, à primeira vista,
  • 7:54 - 7:58
    estavam com uma depressão
    relativamente suave
  • 7:58 - 8:01
    mas que, no entanto, estavam
    totalmente incapacitadas.
  • 8:01 - 8:04
    E havia outras pessoas que,
    segundo as suas descrições
  • 8:04 - 8:07
    tinham tido uma depressão terrível
  • 8:07 - 8:10
    mas que, no entanto, tinham tido
    uma boa vida nos intervalos
  • 8:10 - 8:13
    entre os episódios depressivos.
  • 8:13 - 8:15
    E propus-me descobrir o que é que faz
  • 8:15 - 8:18
    com que algumas pessoas sejam
    mais resistentes que outras pessoas.
  • 8:18 - 8:22
    Quais são os mecanismos
    que permitem às pessoas sobreviver?
  • 8:22 - 8:25
    Comecei a entrevistar pessoas,
    umas atrás de outras,
  • 8:25 - 8:27
    que estavam a sofrer de depressão.
  • 8:27 - 8:29
    Uma das primeiras pessoas que entrevistei
  • 8:29 - 8:34
    descreveu a depressão
    como uma forma mais lenta de morrer.
  • 8:34 - 8:37
    Foi bom para mim ouvir isso no início
  • 8:37 - 8:39
    porque recordou-me
  • 8:39 - 8:42
    que uma forma lenta de morrer
    pode levar mesmo à morte.
  • 8:42 - 8:44
    Isto é uma questão grave,
  • 8:44 - 8:47
    é a principal causa de
    incapacidade em todo o mundo
  • 8:47 - 8:49
    e as pessoas morrem disso todos os dias.
  • 8:49 - 8:52
    Uma das pessoas com quem conversei
  • 8:52 - 8:54
    quando eu estava a tentar compreender isto
  • 8:54 - 8:55
    foi uma grande amiga
  • 8:55 - 8:57
    que eu conhecia há muitos anos.
  • 8:57 - 8:59
    Tinha tido um episódio psicótico
  • 8:59 - 9:02
    quando era caloira na faculdade.
  • 9:02 - 9:04
    Depois caiu numa depressão horrível.
  • 9:04 - 9:06
    Ela tinha doença bipolar,
  • 9:06 - 9:09
    ou psicose maníaco-depressiva,
    como era conhecida na altura.
  • 9:09 - 9:13
    Durante muitos anos,
    teve ótimos resultados com lítio.
  • 9:12 - 9:16
    Depois retiraram-lhe o lítio
  • 9:16 - 9:17
    para ver como se saía sem ele,
  • 9:17 - 9:19
    e ela teve outra psicose.
  • 9:20 - 9:23
    Mergulhou na pior depressão
    que eu já vira.
  • 9:23 - 9:26
    Ficava sentada no apartamento dos pais,
  • 9:26 - 9:30
    mais ou menos catatónica,
    essencialmente sem se mover,
  • 9:30 - 9:32
    dia após dia, após dia.
  • 9:32 - 9:35
    Entrevistei-a sobre essa experiência,
    uns anos mais tarde.
  • 9:36 - 9:38
    Ela é poeta e psicoterapeuta,
    chama-se Maggie Robbins.
  • 9:39 - 9:41
    Quando a entrevistei, ela disse-me:
  • 9:42 - 9:45
    "Eu estava a cantar
    'Para onde foram todas as flores?'
  • 9:45 - 9:48
    "repetia vezes sem conta
    para ocupar o meu espírito.
  • 9:49 - 9:52
    "Cantava para apagar as coisas
    que a minha cabeça dizia:
  • 9:53 - 9:57
    "'Tu não és nada. Tu não és ninguém.
  • 9:57 - 9:58
    "Nem sequer mereces viver.'
  • 10:00 - 10:03
    Foi quando comecei a pensar em matar-me."
  • 10:04 - 10:07
    Numa depressão, não pensamos
    que colocamos um véu cinzento
  • 10:07 - 10:11
    e estamos a ver o mundo através
    da neblina de um mau humor.
  • 10:11 - 10:14
    Achamos que retiraram o véu,
  • 10:14 - 10:16
    o véu da felicidade,
  • 10:16 - 10:18
    e que agora é que estamos
    a ver verdadeiramente.
  • 10:18 - 10:21
    É mais fácil ajudar esquizofrénicos
  • 10:21 - 10:23
    que sentem que há algo estranho
    dentro deles
  • 10:23 - 10:25
    que precisa ser exorcizado.
  • 10:25 - 10:28
    Mas é difícil com deprimidos,
  • 10:28 - 10:31
    porque acreditamos
    que estamos a ver a verdade.
  • 10:31 - 10:33
    Mas a verdade mente.
  • 10:34 - 10:36
    Fiquei obcecado com esta frase:
  • 10:36 - 10:38
    "Mas a verdade mente."
  • 10:39 - 10:41
    Descobri , à medida que falava
    com pessoas deprimidas,
  • 10:41 - 10:44
    que elas têm muitas perceções delirantes.
  • 10:44 - 10:46
    As pessoas dizem: "Ninguém me ama".
  • 10:46 - 10:47
    E nós dizemos:
  • 10:47 - 10:50
    "Eu amo-te, a tua mulher ama-te,
    a tua mãe ama-te."
  • 10:50 - 10:52
    Podemos responder a essa
    muito rapidamente,
  • 10:52 - 10:54
    pelo menos à maioria das pessoas.
  • 10:54 - 10:56
    Mas as pessoas que estão deprimidas
    também dirão:
  • 10:56 - 10:59
    "Façamos o que fizermos,
    acabamos todos por morrer."
  • 10:59 - 11:03
    Ou dirão: "Não pode haver uma verdadeira
    comunhão entre dois seres humanos.
  • 11:03 - 11:06
    "Cada um de nós está preso
    no seu próprio corpo."
  • 11:06 - 11:08
    Ao que temos de responder:
  • 11:08 - 11:09
    "Isso é verdade,
  • 11:09 - 11:11
    "Mas acho que agora devemos concentrar-nos
  • 11:11 - 11:13
    "no que temos para o pequeno-almoço."
  • 11:13 - 11:15
    (Risos)
  • 11:15 - 11:17
    Na maior parte das vezes,
  • 11:17 - 11:19
    o que eles exprimem não é uma doença,
    mas uma visão,
  • 11:19 - 11:23
    e chegamos a pensar que é extraordinário
  • 11:23 - 11:26
    que a maioria de nós conheça
    estas questões existenciais
  • 11:26 - 11:28
    e elas não nos perturbem muito.
  • 11:28 - 11:30
    Houve um estudo
    de que eu gostei especialmente
  • 11:30 - 11:33
    em que pessoas deprimidas
    e pessoas não-deprimidas
  • 11:33 - 11:36
    foram convidadas a jogar
    um jogo vídeo durante uma hora.
  • 11:36 - 11:38
    No final dessa hora, perguntaram-lhes
  • 11:38 - 11:41
    quantos monstrinhos achavam
    que tinham matado.
  • 11:41 - 11:43
    O grupo de depressivos,
    geralmente, era preciso
  • 11:43 - 11:46
    com uma margem de erro
    de cerca de 10%.
  • 11:46 - 11:48
    As pessoas não-deprimidas
    avaliaram os monstrinhos
  • 11:48 - 11:50
    em cerca de 15 a 20 vezes mais...
  • 11:50 - 11:52
    (Risos)
  • 11:52 - 11:54
    ... do que tinham matado na realidade.
  • 11:57 - 11:59
    Quando eu decidi escrever
    sobre a minha depressão
  • 11:59 - 12:01
    muita gente disse
    que devia ser muito difícil
  • 12:01 - 12:04
    expor-me assim,
    para que toda a gente soubesse.
  • 12:04 - 12:07
    Diziam: "As pessoas falam contigo
    de forma diferente?"
  • 12:07 - 12:09
    E eu: "Sim, falam comigo
    de forma diferente.
  • 12:09 - 12:10
    Falam comigo de forma diferente
  • 12:10 - 12:13
    quando começam a contar-me
    as suas experiências,
  • 12:13 - 12:15
    ou a experiência duma irmã,
  • 12:15 - 12:17
    ou a experiência dum amigo.
  • 12:17 - 12:19
    As coisas são diferentes,
    porque agora eu sei
  • 12:19 - 12:22
    que a depressão é um segredo de família
  • 12:22 - 12:23
    que toda a gente tem.
  • 12:24 - 12:27
    Há uns anos, fui a uma conferência.
  • 12:27 - 12:30
    Na sexta-feira
    da conferência de três dias,
  • 12:30 - 12:33
    uma das participantes
    chamou-me à parte, e disse:
  • 12:34 - 12:39
    "Eu sofro de depressão e sinto-me
    um pouco envergonhada com isso.
  • 12:39 - 12:42
    "Mas tenho tomado este medicamento,
  • 12:42 - 12:44
    "e só queria perguntar-lhe
    o que é que acha?"
  • 12:44 - 12:47
    Fiz o melhor que pude
    para dar-lhe conselhos.
  • 12:47 - 12:48
    Depois ela disse:
  • 12:48 - 12:51
    "Sabe, o meu marido nunca entenderia isto.
  • 12:51 - 12:54
    "Ele é o tipo de pessoa para quem
    isto não faria qualquer sentido,
  • 12:54 - 12:57
    "Portanto, isto fica entre nós."
  • 12:57 - 12:59
    E eu disse: "Sim, tudo bem."
  • 12:59 - 13:01
    No domingo da mesma conferência,
  • 13:01 - 13:04
    o marido dela chamou-me à parte e disse:
  • 13:04 - 13:06
    "Se a minha mulher soubesse,
  • 13:06 - 13:08
    "havia de achar que eu
    não era homem, não era nada,
  • 13:08 - 13:10
    "mas eu tenho andado com uma depressão.
  • 13:10 - 13:14
    Estou a tomar uns medicamentos
    e gostava de saber o que acha."
  • 13:14 - 13:17
    Andavam a esconder a mesma medicação
  • 13:17 - 13:20
    em dois lugares diferentes,
    no mesmo quarto.
  • 13:20 - 13:21
    (Risos)
  • 13:21 - 13:24
    Eu disse que achava
    que a comunicação dentro do casamento
  • 13:24 - 13:27
    podia estar a provocar
    alguns dos problemas deles.
  • 13:27 - 13:29
    (Risos)
  • 13:31 - 13:34
    Mas também fiquei impressionado
    pela natureza pesada
  • 13:34 - 13:36
    de um tal segredo mútuo.
  • 13:36 - 13:38
    A depressão é tão cansativa.
  • 13:38 - 13:41
    Absorve tanto do nosso tempo e energia.
  • 13:41 - 13:45
    O silêncio sobre isso
    só piora a depressão.
  • 13:45 - 13:47
    Então comecei a pensar
    em todas as formas
  • 13:47 - 13:49
    que as pessoas usam para melhorar.
  • 13:49 - 13:51
    Comecei como um médico conservador.
  • 13:51 - 13:54
    Pensei que havia alguns tipos
    de terapia que resultavam,
  • 13:54 - 13:56
    sabia-se quais eram.
  • 13:56 - 13:58
    Havia medicação,
  • 13:58 - 13:59
    Havia algumas psicoterapias,
  • 13:59 - 14:01
    possivelmente havia tratamentos
    electroconvulsivos,
  • 14:01 - 14:04
    e tudo o resto era absurdo.
  • 14:04 - 14:06
    Mas então descobri uma coisa.
  • 14:06 - 14:07
    Se temos cancro no cérebro,
  • 14:07 - 14:10
    e dizemos que fazer o pino,
    durante 20 minutos,
  • 14:10 - 14:12
    todas as manhãs, nos faz sentir melhor,
  • 14:12 - 14:13
    podemos sentir-nos melhor,
  • 14:13 - 14:15
    mas continuamos com cancro no cérebro.
  • 14:15 - 14:17
    Provavelmente vamos morrer disso.
  • 14:17 - 14:19
    Mas se temos uma depressão,
  • 14:19 - 14:22
    e achamos que fazer o pino,
    durante 20 minutos todos os dias,
  • 14:22 - 14:24
    nos faz sentir melhor, então funcionou.
  • 14:24 - 14:27
    Porque a depressão é uma doença
    de como nos sentimos.
  • 14:27 - 14:29
    Se nos sentimos melhor,
  • 14:29 - 14:31
    é porque deixamos de estar deprimidos.
  • 14:31 - 14:33
    Então tornei-me muito mais tolerante
  • 14:33 - 14:36
    quanto ao vasto mundo
    dos tratamentos alternativos.
  • 14:36 - 14:38
    Recebo centenas de cartas
  • 14:38 - 14:42
    de pessoas que escrevem a contar-me
    o que resultou com elas.
  • 14:42 - 14:45
    Ainda hoje me perguntaram
    nos bastidores sobre meditação.
  • 14:45 - 14:47
    De todas as cartas que recebi
  • 14:47 - 14:49
    a minha preferida é de uma mulher
  • 14:49 - 14:51
    que disse que tinha tentado terapia,
  • 14:51 - 14:53
    tinha tentado medicação,
    tinha tentado quase tudo.
  • 14:53 - 14:57
    Tinha encontrado uma solução
    e queria que eu contasse a toda gente.
  • 14:57 - 15:00
    Era fazer pequenos objetos de fios.
  • 15:00 - 15:02
    (Risos)
  • 15:03 - 15:05
    Ela mandou-me uns quantos.
  • 15:05 - 15:06
    (Risos)
  • 15:06 - 15:09
    Mas não estou a usá-los agora.
  • 15:10 - 15:13
    Sugeri-lhe que também devia procurar
    transtorno obsessivo-compulsivo
  • 15:13 - 15:15
    no Manual de Doenças Mentais.
  • 15:15 - 15:16
    (Risos)
  • 15:17 - 15:20
    No entanto, quando investiguei
    os tratamentos alternativos,
  • 15:20 - 15:23
    também ganhei perspetiva
    sobre outros tratamentos.
  • 15:23 - 15:26
    Passei por um exorcismo tribal no Senegal
  • 15:26 - 15:28
    que envolvia muito sangue de carneiro
  • 15:28 - 15:30
    e que eu não vou pormenorizar agora.
  • 15:30 - 15:32
    Anos depois estive no Ruanda
  • 15:32 - 15:34
    a trabalhar num projeto diferente,
  • 15:34 - 15:37
    e descrevi a minha experiência
    a uma pessoa que disse:
  • 15:37 - 15:40
    "Sabes, isso foi na África Ocidental.
    Nós estamos na África Oriental.
  • 15:40 - 15:42
    "Os nossos rituais são diferentes.
  • 15:42 - 15:45
    "Mas temos rituais que têm algo
    em comum com o que descreves."
  • 15:45 - 15:47
    E eu: "Oh." E ele disse:
  • 15:47 - 15:50
    "Sim, mas tivemos problemas com
    os trabalhadores ocidentais de saúde mental,
  • 15:50 - 15:53
    "especialmente aqueles
    que vieram depois do genocídio."
  • 15:53 - 15:55
    E eu disse:
    "Que tipo de problema tiveram?"
  • 15:55 - 15:57
    E ele disse:
  • 15:57 - 15:59
    "Eles faziam uma coisa bizarra.
  • 15:59 - 16:01
    "Não levavam as pessoas para o sol
  • 16:01 - 16:03
    "onde nos começamos a sentir melhor.
  • 16:03 - 16:06
    "Não usavam tambores nem música
    para fazer circular o sangue.
  • 16:06 - 16:08
    "Não envolviam a comunidade.
  • 16:08 - 16:11
    "Não exteriorizavam a depressão
    como um espírito invasivo.
  • 16:11 - 16:14
    "Em vez disso, levavam as pessoas
  • 16:14 - 16:16
    "uma de cada vez para salas sujas
  • 16:16 - 16:18
    "e elas tinham de falar durante uma hora
  • 16:18 - 16:20
    "sobre as coisas más
    que lhes tinham acontecido."
  • 16:20 - 16:22
    (Risos)
  • 16:22 - 16:24
    (Aplausos)
  • 16:25 - 16:28
    E disse: "Tivemos que lhes pedir
    para saírem do país."
  • 16:28 - 16:30
    (Risos)
  • 16:31 - 16:33
    Agora, no outro extremo
    dos tratamentos alternativos,
  • 16:33 - 16:35
    vou falar sobre Frank Russakoff.
  • 16:35 - 16:38
    Frank Russakoff tinha a pior depressão
  • 16:38 - 16:41
    que eu talvez já tenha visto num homem.
  • 16:41 - 16:43
    Ele estava constantemente deprimido,
  • 16:43 - 16:45
    quando o conheci, numa altura
  • 16:45 - 16:48
    em que fazia um tratamento
    de choques elétricos todos os meses.
  • 16:48 - 16:51
    Ficava meio desorientado
    durante uma semana.
  • 16:51 - 16:53
    Depois, sentia-se bem durante uma semana.
  • 16:53 - 16:55
    Depois, começava a piorar
  • 16:55 - 16:57
    e fazia outro tratamento de eletrochoques.
  • 16:57 - 16:59
    Quando o conheci, disse-me:
  • 16:59 - 17:01
    "É insuportável passar as semanas assim.
  • 17:01 - 17:04
    "Não posso continuar neste caminho.
  • 17:04 - 17:06
    "Acho que descobri como acabar
    com isto se não melhorar.
  • 17:06 - 17:10
    "Ouvi falar de um protocolo
    no Mass General
  • 17:10 - 17:12
    "para um procedimento chamado cingulotomia
  • 17:12 - 17:14
    "que é uma cirurgia ao cérebro,
  • 17:14 - 17:16
    "e acho que vou tentar."
  • 17:17 - 17:19
    Lembro-me de ter ficado espantado
  • 17:19 - 17:20
    por pensar que uma pessoa
  • 17:20 - 17:22
    que claramente tinha tido
    tantas experiências más
  • 17:22 - 17:24
    com tantos tratamentos diferentes
  • 17:24 - 17:27
    ainda tinha algures dentro dela
    otimismo suficiente
  • 17:27 - 17:30
    para tentar mais um.
  • 17:30 - 17:32
    Ele fez a cingulotomia
  • 17:32 - 17:34
    que correu incrivelmente bem.
  • 17:34 - 17:36
    Ele agora é um amigo meu.
  • 17:36 - 17:39
    Tem uma esposa adorável
    e dois filhos lindos.
  • 17:39 - 17:43
    Escreveu-me uma carta no Natal
    depois da cirurgia e dizia:
  • 17:43 - 17:45
    "O meu pai mandou-me
    dois presentes este ano,
  • 17:45 - 17:49
    "O primeiro foi uma estante motorizada
    para CDs da The Sharper Image
  • 17:49 - 17:51
    "de que eu não precisava.
  • 17:51 - 17:54
    "Ofereceu-ma para comemorar
    eu estar a viver independente
  • 17:54 - 17:56
    e ter um trabalho que eu adorava.
  • 17:56 - 17:57
    O outro presente
  • 17:57 - 18:00
    foi um retrato da minha avó
    que se suicidou.
  • 18:01 - 18:04
    Quando o desembrulhei, comecei a chorar.
  • 18:04 - 18:07
    A minha mãe aproximou-se e disse:
  • 18:07 - 18:10
    'Estás a chorar por causa dum familiar
    que nunca conheceste?'
  • 18:10 - 18:13
    E eu respondi:
    'Ela tinha a mesma doença que eu'.
  • 18:13 - 18:16
    Estou a chorar agora enquanto te escrevo.
  • 18:16 - 18:19
    Não é que esteja triste,
    mas fico sentimental.
  • 18:19 - 18:22
    Talvez porque podia ter-me matado
  • 18:22 - 18:25
    mas os meus pais impediram-me,
    bem como os médicos
  • 18:25 - 18:27
    e eu fiz a cirurgia.
  • 18:27 - 18:30
    Estou vivo e sinto-me grato.
  • 18:30 - 18:33
    Nós vivemos na altura certa,
  • 18:33 - 18:35
    apesar de nem sempre nos parecer isso."
  • 18:36 - 18:38
    Fiquei surpreendido pelo facto
    de que a depressão
  • 18:38 - 18:40
    é geralmente entendida
  • 18:40 - 18:43
    como uma coisa moderna
    da classe média, ocidental.
  • 18:43 - 18:47
    Fui investigar o que acontecia
    numa série de outros contextos.
  • 18:47 - 18:49
    Uma das coisas que mais me interessava
  • 18:49 - 18:51
    era a depressão entre os indigentes.
  • 18:51 - 18:54
    Tentei indagar o que é que se fazia
  • 18:54 - 18:56
    pelas pessoas pobres com depressão.
  • 18:56 - 18:58
    Descobri que as pessoas pobres
  • 18:58 - 19:00
    em norma não são tratadas de depressão.
  • 19:00 - 19:03
    A depressão é o resultado
    duma vulnerabilidade genética,
  • 19:03 - 19:06
    que presumivelmente está distribuída
    por toda a população.
  • 19:06 - 19:08
    As circunstâncias que a provocam
  • 19:08 - 19:10
    são provavelmente mais graves
  • 19:10 - 19:12
    em pessoas que são pobres.
  • 19:12 - 19:14
    Mas acontece que, se temos uma vida boa,
  • 19:14 - 19:17
    mas sentimo-nos mal
    o tempo todo, pensamos:
  • 19:17 - 19:19
    "Porque é que me sinto assim?
  • 19:19 - 19:20
    "Devo ter uma depressão."
  • 19:20 - 19:22
    E procuramos um tratamento.
  • 19:22 - 19:24
    Mas se temos uma vida horrível,
  • 19:24 - 19:26
    e nos sentimos mal o tempo todo,
  • 19:26 - 19:29
    comparamos a forma como nos sentimos
    com a nossa vida,
  • 19:29 - 19:31
    e não ocorre pensar:
  • 19:31 - 19:33
    "Talvez haja um tratamento."
  • 19:33 - 19:36
    Assim, temos neste país
    uma epidemia de depressão
  • 19:36 - 19:38
    nas pessoas pobres
  • 19:38 - 19:41
    que não está a ser detetada
    nem a ser tratada,
  • 19:41 - 19:43
    nem a ser alvo de preocupações.
  • 19:43 - 19:45
    É uma tragédia de grande escala.
  • 19:45 - 19:49
    Encontrei uma académica que estava
    a fazer um projeto de investigação
  • 19:49 - 19:50
    nos bairros de lata em volta de D.C.
  • 19:50 - 19:53
    Entre as mulheres que apareciam
    com outros problemas de saúde
  • 19:53 - 19:55
    ela escolhia as que tinham depressão
  • 19:55 - 19:58
    e submetia-as a um protocolo
    experimental de seis meses.
  • 19:58 - 20:01
    Apareceu-me uma delas, a Lolly,
  • 20:01 - 20:03
    — era uma mulher que tinha sete filhos —
  • 20:03 - 20:05
    e disse-me nesse dia:
  • 20:08 - 20:11
    "Eu tinha trabalho, mas tive de o deixar
  • 20:11 - 20:13
    "porque não conseguia sair de casa.
  • 20:13 - 20:16
    "Não tinha nada para dizer
    aos meus filhos.
  • 20:16 - 20:18
    "De manhã, mal podia esperar
    que eles saíssem,
  • 20:18 - 20:21
    "para voltar para a cama
    e tapar a cabeça com os cobertores.
  • 20:21 - 20:23
    "Às três horas, quando eles voltam a casa,
  • 20:23 - 20:25
    "chegam tão depressa.
  • 20:25 - 20:27
    "Tenho tomado um monte de Tylenol,
  • 20:27 - 20:30
    "tudo o que me ajude a dormir mais.
  • 20:30 - 20:33
    "O meu marido diz-me
    que sou estúpida, que sou feia.
  • 20:33 - 20:36
    "Quem me dera poder parar
    este sofrimento."
  • 20:37 - 20:40
    Ela fez para o protocolo experimental.
  • 20:40 - 20:42
    Quando a entrevistei, seis meses depois,
  • 20:42 - 20:46
    ela tinha aceite um trabalho
    a tomar conta de crianças
  • 20:46 - 20:49
    para a Marinha dos EUA,
  • 20:49 - 20:51
    tinha deixado o marido abusador
    e disse-me:
  • 20:52 - 20:54
    "Os meus filhos agora
    estão muito mais felizes."
  • 20:54 - 20:57
    "Na minha nova casa
    há um quarto para os rapazes
  • 20:57 - 20:59
    "e um quarto para as raparigas,
  • 20:59 - 21:02
    "mas à noite, vêm todos para a minha cama.
  • 21:02 - 21:04
    "Fazemos os trabalhos de casa
    todos juntos e tudo.
  • 21:04 - 21:08
    "Um deles que ser pregador,
    outro quer ser bombeiro,
  • 21:08 - 21:10
    "e uma das meninas diz
    que quer ser uma advogada.
  • 21:11 - 21:13
    "Eles já não choram como costumavam,
  • 21:13 - 21:15
    "e já não brigam como costumavam.
  • 21:15 - 21:19
    "Tudo o que preciso
    agora são os meus filhos.
  • 21:19 - 21:22
    "As coisas continuam a mudar,
  • 21:22 - 21:26
    "a forma como me visto,
    como me sinto, como ajo.
  • 21:26 - 21:30
    "Posso sair sem sentir medo.
  • 21:30 - 21:33
    "Acho que esses maus sentimentos
    não vão voltar,
  • 21:33 - 21:36
    "Se não fosse a Dra. Miranda,
  • 21:36 - 21:40
    "ainda estaria em casa
    com os cobertores por cima da cabeça,
  • 21:40 - 21:42
    "se ainda estivesse viva.
  • 21:42 - 21:46
    "Pedi ao Senhor para me enviar um anjo,
  • 21:46 - 21:48
    "e Ele ouviu as minhas preces."
  • 21:50 - 21:54
    Eu fiquei muito comovido
    com estas experiências
  • 21:54 - 21:56
    e decidi que queria escrever acerca delas
  • 21:56 - 21:58
    não só no livro em que estava a trabalhar,
  • 21:58 - 21:59
    mas também num artigo.
  • 21:59 - 22:02
    Consegui uma encomenda
    da New York Times Magazine
  • 22:02 - 22:04
    para escrever sobre a depressão
    dos indigentes.
  • 22:04 - 22:06
    Entreguei o meu artigo
    e a editora chamou-me e disse:
  • 22:06 - 22:08
    "Não podemos publicar isto."
  • 22:08 - 22:10
    E eu disse: "Porque não?"
  • 22:10 - 22:12
    E ela disse: " É demasiado rebuscado.
  • 22:12 - 22:16
    "Estas pessoas que estão
    no fundo da escala social,
  • 22:16 - 22:18
    "seguem uns meses de tratamento
  • 22:18 - 22:20
    "e ficam preparadas
    para gerir a Morgan Stanley?
  • 22:20 - 22:22
    "É demasiado incrível.
  • 22:22 - 22:24
    "Eu nunca ouvi falar duma coisa assim."
  • 22:24 - 22:27
    E eu disse: "O facto de nunca
    teres ouvido falar disto
  • 22:27 - 22:30
    "é um indicador
    que se trata duma notícia."
  • 22:30 - 22:34
    (Risos)
  • 22:33 - 22:36
    (Aplausos)
  • 22:38 - 22:40
    "Vocês são uma revista de notícias."
  • 22:40 - 22:43
    Depois de uma certa negociação,
    eles concordaram.
  • 22:43 - 22:45
    Mas eu acho que o que eles disseram
  • 22:45 - 22:47
    está relacionado, de forma estranha,
  • 22:47 - 22:49
    com o desagrado que as pessoas ainda têm
  • 22:49 - 22:51
    com a ideia de tratamento,
  • 22:51 - 22:53
    a noção de que, se nós tratássemos
  • 22:53 - 22:55
    um grande número de pessoas
    de comunidades indigentes
  • 22:55 - 22:57
    isso seria uma exploração
  • 22:57 - 22:59
    porque os estaríamos a mudar.
  • 22:59 - 23:01
    Há um falso imperativo moral
  • 23:01 - 23:03
    que parece estar à nossa volta
  • 23:03 - 23:05
    e que diz que o tratamento da depressão
  • 23:05 - 23:08
    a medicação e o resto, são um artifício
  • 23:08 - 23:09
    e que não é natural.
  • 23:10 - 23:12
    Eu acho que é um grande engano.
  • 23:12 - 23:16
    Seria natural que os dentes
    das pessoas caíssem,
  • 23:16 - 23:19
    mas não há ninguém a protestar
    contra a pasta de dentes
  • 23:19 - 23:21
    pelo menos ninguém que eu conheça.
  • 23:22 - 23:23
    As pessoas dizem:
  • 23:23 - 23:26
    "A depressão não é uma coisa
    que as pessoas devem experimentar?
  • 23:26 - 23:28
    "Não evoluímos para ter depressões?
  • 23:28 - 23:30
    "Isso não faz parte
    da nossa personalidade?"
  • 23:30 - 23:33
    Eu respondo que a disposição é adaptativa.
  • 23:33 - 23:36
    Ter a capacidade
    de estar triste e de ter medo
  • 23:36 - 23:38
    de estar alegre e de ter prazer
  • 23:38 - 23:40
    e de todos os outros sentimentos
    que temos,
  • 23:40 - 23:41
    é incrivelmente valioso.
  • 23:42 - 23:45
    Uma grande depressão
    é uma coisa que acontece
  • 23:45 - 23:47
    quando esse sistema se avaria.
  • 23:47 - 23:49
    É uma deficiência de adaptação.
  • 23:49 - 23:50
    As pessoas vêm ter comigo e dizem:
  • 23:50 - 23:55
    " Acho que, se conseguir aguentar
    mais um ano, consigo superar isto."
  • 23:55 - 23:56
    Respondo sempre:
  • 23:56 - 23:59
    "Pode ser que superes,
    mas nunca voltarás a ter 37 anos.
  • 24:01 - 24:04
    "A vida é curta, e preparas-te
    para abdicar de um ano inteiro.
  • 24:04 - 24:06
    "Pensa nisso."
  • 24:06 - 24:09
    Há uma estranha pobreza na língua inglesa
  • 24:09 - 24:11
    e em muitos outros idiomas,
  • 24:11 - 24:13
    em que usamos a mesma palavra
    — depressão —
  • 24:13 - 24:15
    para descrever como um miúdo se sente,
  • 24:15 - 24:17
    quando chove no dia do seu aniversário,
  • 24:17 - 24:19
    e para descrever como alguém se sente
  • 24:19 - 24:22
    um minuto antes de se suicidar.
  • 24:22 - 24:23
    As pessoas dizem-me:
  • 24:23 - 24:25
    "É um contínuo da tristeza normal?
  • 24:25 - 24:28
    E eu digo: "De certa forma,
    é um continuo da tristeza normal."
  • 24:28 - 24:30
    Há um certo grau de continuidade,
  • 24:30 - 24:32
    mas na mesma medida que há continuidade
  • 24:32 - 24:34
    entre ter uma vedação de ferro
    em volta da casa
  • 24:34 - 24:36
    que fica com um ponto de ferrugem
  • 24:36 - 24:38
    que temos de limar e retocar
  • 24:38 - 24:41
    e o que acontece
    se abandonamos a casa durante 100 anos
  • 24:41 - 24:44
    e a vedação enferrujar
    até ser apenas um monte
  • 24:44 - 24:46
    de ferrugem laranja.
  • 24:46 - 24:47
    É esse ponto laranja de ferrugem,
  • 24:47 - 24:49
    esse problema da fuligem laranja,
  • 24:49 - 24:52
    que nos propomos resolver.
  • 24:52 - 24:54
    Então as pessoas dizem:
  • 24:54 - 24:57
    "Tomamos esses comprimidos da felicidade
    e sentimo-nos felizes?"
  • 24:57 - 24:59
    Não é bem assim.
  • 24:59 - 25:01
    Mas não me sinto triste
    por ter de almoçar,
  • 25:01 - 25:05
    não me sinto triste por causa
    do meu atendedor de chamadas,
  • 25:05 - 25:07
    e não me sinto triste por tomar um duche.
  • 25:07 - 25:10
    Na verdade, acho que
    ainda me sinto mais triste
  • 25:10 - 25:13
    porque consigo sentir tristeza
    sem sentir nulidade.
  • 25:13 - 25:17
    Sinto-me triste
    com as desilusões profissionais,
  • 25:17 - 25:19
    com as relações destroçadas,,
  • 25:19 - 25:21
    com o aquecimento global.
  • 25:21 - 25:24
    São essas as coisas
    que agora me entristecem.
  • 25:24 - 25:27
    E disse para mim mesmo:
    Qual é a conclusão?
  • 25:27 - 25:30
    Como conseguiram superar
    os que têm melhores vidas
  • 25:30 - 25:32
    apesar de terem tido maiores depressões?
  • 25:32 - 25:34
    Qual é o mecanismo de resistência?
  • 25:35 - 25:37
    Ao longo do tempo, cheguei à conclusão
  • 25:37 - 25:40
    que as pessoas que negavam
    a sua experiência e diziam:
  • 25:40 - 25:42
    "Eu tive uma depressão há muito tempo.
  • 25:42 - 25:44
    "Nunca mais quero pensar nisso.
  • 25:44 - 25:47
    "Não vou dar-lhe mais atenção
    e vou continuar com aminha vida",
  • 25:47 - 25:51
    ironicamente, são as pessoas que estão
    mais escravizadas pelo que tiveram.
  • 25:51 - 25:54
    Negar a depressão, fortalece-a.
  • 25:54 - 25:57
    Enquanto nos escondemos dela, ela cresce.
  • 25:57 - 26:00
    As pessoas que superam melhor
  • 26:00 - 26:04
    são as que conseguem aceitar
    o facto de terem essa doença.
  • 26:04 - 26:07
    As que conseguem aceitar a sua depressão
  • 26:07 - 26:09
    são as que atingem a resistência.
  • 26:09 - 26:11
    Frank Russakoff disse-me:
  • 26:11 - 26:12
    "Se tivesse que fazer tudo novamente,
  • 26:12 - 26:14
    "suponho que não o faria assim,
  • 26:14 - 26:17
    "Mas, estranhamente,
    estou grato pelo que passei.
  • 26:17 - 26:21
    "Sinto-me feliz por ter estado
    no hospital 40 vezes.
  • 26:21 - 26:24
    "Ensinou-me muito sobre o amor.
  • 26:24 - 26:27
    "A minha relação com os meus pais
    e com os meus médicos
  • 26:27 - 26:31
    "tem sido preciosa para mim
    e será sempre."
  • 26:31 - 26:33
    Maggie Robbins disse:
  • 26:33 - 26:36
    "Costumava ser voluntária
    numa clínica de SIDA.
  • 26:36 - 26:39
    "Eu só falava, falava, falava.
  • 26:39 - 26:41
    "As pessoas com quem eu lidava
  • 26:41 - 26:43
    "não eram muito recetivas e eu pensei:
  • 26:43 - 26:47
    "'Isto não é muito simpático
    nem útil da parte deles.'
  • 26:47 - 26:50
    "Então percebi que eles
    não fariam muito mais
  • 26:50 - 26:53
    "do que aqueles primeiros minutos
    de conversa fiada.
  • 26:53 - 26:55
    "Simplesmente ia haver uma ocasião
  • 26:55 - 26:58
    "em que eu não tinha SIDA
    e não estava a morrer,
  • 26:58 - 27:02
    "mas podia aceitar o facto
    de que eles tinham SIDA e iam morrer.
  • 27:03 - 27:06
    "As nossas necessidades
    são o nosso maior trunfo.
  • 27:06 - 27:11
    "Acontece que aprendi a dar
    todas as coisas que preciso."
  • 27:12 - 27:17
    Valorizar a nossa depressão
    não impede uma recaída,
  • 27:17 - 27:20
    mas pode alertar para uma recaída
  • 27:20 - 27:23
    e até mesmo tornar a recaída em si
    mais fácil tolerar.
  • 27:23 - 27:26
    A questão não é tanto
    de encontrar grande significado
  • 27:26 - 27:30
    e de concluir que a nossa depressão
    tem sido muito significativa.
  • 27:30 - 27:33
    É de procurar esse significado
    e, quando ela voltar, pensar:
  • 27:33 - 27:37
    "Isto vai ser um inferno,
    Mas vou aprender algo com isso."
  • 27:38 - 27:42
    Eu aprendi com a minha depressão
    quão grande pode ser uma emoção,
  • 27:42 - 27:45
    Como pode ser mais real do que factos,
  • 27:45 - 27:49
    e descobri que aquela experiência
  • 27:49 - 27:54
    me permitiu experimentar emoções positivas
    de uma forma mais intensa e mais focada.
  • 27:54 - 27:58
    O oposto da depressão não é felicidade,
  • 27:58 - 27:59
    mas vitalidade.
  • 27:59 - 28:02
    Hoje em dia, a minha vida é vital,
  • 28:02 - 28:05
    mesmo nos dias em que estou triste.
  • 28:05 - 28:08
    Senti aquele funeral no meu cérebro,
  • 28:08 - 28:12
    e que estava junto do colosso
    na borda do mundo.
  • 28:13 - 28:16
    Descobri dentro de mim uma coisa
  • 28:16 - 28:19
    a que chamaria alma
  • 28:19 - 28:22
    que nunca tinha formulado
    até esse dia há 20 anos,
  • 28:22 - 28:26
    quando o inferno veio fazer-me
    uma visita surpresa.
  • 28:27 - 28:31
    Acho que, apesar de odiar
    ter estado deprimido
  • 28:31 - 28:33
    e de odiar vir a estar deprimido
    novamente,
  • 28:33 - 28:36
    encontrei uma forma
    de gostar da minha depressão.
  • 28:37 - 28:38
    Gosto dela porque me obrigou
  • 28:38 - 28:41
    a encontrar e a agarrar-me à alegria.
  • 28:41 - 28:43
    Gosto dela porque, em cada dia,
  • 28:43 - 28:46
    decido, às vezes, corajosamente,
  • 28:46 - 28:48
    outras vezes contra a razão do momento,
  • 28:48 - 28:51
    decompor as razões para viver.
  • 28:51 - 28:55
    Acho que isso é um arrebatamento
    altamente privilegiado.
  • 28:55 - 28:57
    Obrigado.
  • 28:57 - 29:00
    (Aplausos)
Title:
Depressão, o segredo que partilhamos
Speaker:
Andrew Solomon
Description:

"O oposto de depressão não é felicidade, é vitalidade, e foi a vitalidade que desapareceu de mim naquele momento". Numa conversa tão eloquente como devastadora, o escritor Andrew Solomon leva-nos aos cantos mais sombrios do seu espírito durante os anos em que lutou contra a depressão. Essa luta levou-o a uma viagem reveladora pelo mundo para entrevistar outras pessoas com depressão — apenas para descobrir que, para sua surpresa, quanto mais falava, mais as pessoas queriam contar as suas histórias.
(Filmado em TEDxMet.)

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
29:21
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