A doença é um negócio, a prevenção não é | Tessa Kouwenhoven-Pasmooij | TEDxNSPOH
-
0:12 - 0:14Senhoras e senhores,
-
0:14 - 0:18Eu vou dar-vos uma boa notícia
e uma má notícia. -
0:19 - 0:22A má notícia é que nós
somos gordos demais, -
0:23 - 0:26o que é não é nada saudável
e nos faz adoecer. -
0:27 - 0:30Quase metade de nós tem peso a mais.
-
0:31 - 0:34Nos anos 90, eram 30%.
-
0:34 - 0:38Hoje, aumentaram para 50%.
-
0:39 - 0:43Esse aumento ao longo dos anos
é extraordinário. -
0:44 - 0:47No entanto, isso lembra-me a boa notícia.
-
0:48 - 0:51Porque, e se não fosse sempre assim?
-
0:51 - 0:52Isto significa
-
0:52 - 0:55que não precisa de ser assim.
-
0:55 - 0:58Aparentemente,
nós podemos fazer algo sobre isso. -
0:59 - 1:01Mas devemos ter a noção
-
1:01 - 1:07de que o problema em consequência
da epidemia da obesidade é muito grave. -
1:07 - 1:11Isso significa que muitas pessoas
estão a adquirir diversas doenças, -
1:11 - 1:13como doenças cardiovasculares,
-
1:13 - 1:16cancros, diabetes
-
1:16 - 1:21que afetam o nosso dia-a-dia,
e são completamente desnecessárias. -
1:21 - 1:24Para os pacientes, ter uma doença
-
1:25 - 1:27não é só a perda da saúde
-
1:27 - 1:33é, além disso, a perda do controlo,
da autoconfiança, do trabalho, -
1:33 - 1:36da segurança financeira.
-
1:36 - 1:40Para as empresas, as doenças significam
a perda de capacidade produtiva. -
1:41 - 1:45A baixa médica sai cara e leva
a mais trabalho e a uma pressão extra -
1:45 - 1:48para os empregados remanescentes.
-
1:48 - 1:52Ademais, os empregadores estão a receber
cada vez mais baixas médicas por doença, -
1:52 - 1:54enquanto, ao mesmo tempo,
-
1:54 - 1:58o governo pede que todos trabalhem
até uma idade mais avançada. -
1:59 - 2:02Algo está errado, segundo parece.
-
2:03 - 2:05Eu sou médica do trabalho
-
2:05 - 2:08num dos maiores hospitais da Holanda.
-
2:09 - 2:12Estou cercada de médicos e pacientes
-
2:12 - 2:16que estão ocupados numa batalha
contra as doenças, todos os dias. -
2:17 - 2:21Quando comecei a minha pesquisa
para doutoramento, há uns anos, -
2:21 - 2:26inicialmente queria focar-me na principal
causa de todas essas doenças. -
2:27 - 2:31Descobri que, das doenças não infecciosas,
-
2:31 - 2:36quase 80% estavam relacionadas
com o estilo de vida. -
2:36 - 2:38Isso é enorme.
-
2:38 - 2:42Então, foquei-me na medicina
do estilo de vida. -
2:43 - 2:46A medicina do estilo de vida
é um campo recente. -
2:46 - 2:47Cada vez se sabe mais
-
2:48 - 2:51sobre os efeitos benéficos
da medicina do estilo de vida. -
2:51 - 2:56É um modo de evitar doenças
e reduzir a gravidade das doenças. -
2:56 - 2:59Menos medicamentos,
menos complicações. -
2:59 - 3:02É a isso que chamamos prevenção.
-
3:03 - 3:06Vou dizer o que aconteceu
comigo outro dia. -
3:06 - 3:09Eu estava no meu gabinete,
sentada à minha secretária, -
3:10 - 3:13e estava a pensar
-
3:14 - 3:18e a esperar que os trabalhadores
do hospital, doentes, me viessem ver. -
3:18 - 3:21Então, perguntei-me duas coisas.
-
3:21 - 3:26Primeiro, se a prevenção
é a chave para a saúde, -
3:27 - 3:30porque é que os profissionais
da saúde não me iam procurar -
3:30 - 3:33para os aconselhar sobre como
se manterem saudáveis no trabalho? -
3:34 - 3:37Seria talvez porque eles
não precisavam de mim? -
3:38 - 3:41Porque os profissionais da saúde
não são gordos? -
3:41 - 3:44Sabem tomar conta deles mesmos?
-
3:45 - 3:48Têm um Índice de Massa Corporal perfeito?
Fazem exercício regularmente? -
3:49 - 3:51Dormem o tempo certo?
-
3:51 - 3:54Eu queria encontrar respostas
para essas perguntas. -
3:54 - 3:58Então, decidi sair do gabinete
-
3:58 - 4:01e explorar o hospital.
-
4:02 - 4:04Visitei os consultórios,
-
4:04 - 4:08o consultório de cardiologia,
o de oncologia. -
4:09 - 4:10E fui a diversos laboratórios.
-
4:11 - 4:13Adivinhem o que eu vi.
-
4:14 - 4:18Vi empregados
com peso a mais e obesos, -
4:18 - 4:20tal como no resto da Holanda.
-
4:20 - 4:25Não vi hábitos saudáveis,
vi hábitos nada saudáveis. -
4:25 - 4:28Nós estávamos a comer demais.
Estávamos gordos demais. -
4:28 - 4:31Não fazíamos exercício regularmente.
-
4:31 - 4:36Não dormíamos bem,
estávamos sempre sob "stress". -
4:36 - 4:40Então, isso deu-me uma ideia,
que vou partilhar com vocês. -
4:41 - 4:45O conhecimento, só por si,
não é suficiente -
4:45 - 4:50para mudar o comportamento das pessoas
de não saudável para saudável. -
4:51 - 4:53Eu vi muitos profissionais da saúde
-
4:53 - 4:56que sabem tudo sobre
um estilo de vida saudável, -
4:56 - 4:59e continuam a comportar-se
de forma não saudável. -
5:00 - 5:04Muitos dizem que temos
de educar mais sobre a saúde. -
5:05 - 5:07Mas isso não vai gerar resultados.
-
5:07 - 5:10Vamos ousar dizer isso em voz alta.
-
5:10 - 5:14A prevenção que dá mais informações,
-
5:14 - 5:18gritando mais o que é melhor
para as pessoas, -
5:19 - 5:21apontando o dedo e dizendo:
-
5:22 - 5:23"Não devem fumar.
-
5:24 - 5:27"Não devem comer hambúrgueres gordurosos",
-
5:27 - 5:29não vai resultar.
-
5:29 - 5:33É uma ideia totalmente errada
-
5:33 - 5:37que as pessoas não vão comer
um Snickers, por exemplo, -
5:37 - 5:40se souberem quantas calorias contém.
-
5:40 - 5:42E a razão para isso
-
5:42 - 5:46é que fazemos escolhas baseadas
em incentivos a curto prazo. -
5:47 - 5:49Nós comemos um Snickers neste momento
-
5:49 - 5:52porque o desejamos neste momento.
-
5:52 - 5:55A curto prazo, não há
razão para não o comer. -
5:55 - 5:59A longo prazo há muitas
razões para não o comer. -
5:59 - 6:02Mas essas razões podem estar
a muitos anos de distância -
6:02 - 6:07e até podemos não estar vivos
nessa altura, é o que podemos pensar. -
6:07 - 6:11As organizações, os médicos e as pessoas
-
6:11 - 6:15todos raciocinam com base
em incentivos a curto prazo. -
6:15 - 6:18Todos nos comportamos da mesma forma.
-
6:19 - 6:22Para os médicos,
há mais uma complicação. -
6:23 - 6:26Porque a doença é um grande negócio.
-
6:26 - 6:29E a prevenção não é.
-
6:30 - 6:33Somos pagos para ser reativos.
-
6:34 - 6:37Esperamos até que alguém adoeça
-
6:37 - 6:39e reagimos às consequências,
-
6:40 - 6:43como a exaustão, a depressão, os diabetes.
-
6:43 - 6:45É para isso que somos pagos.
-
6:46 - 6:49Mas para os doentes, é tarde demais.
-
6:49 - 6:52Já provocaram danos graves
-
6:52 - 6:56e a recuperação é muito difícil.
-
6:57 - 6:59Então, reagimos às consequências
-
6:59 - 7:02ao invés da causa: o estilo de vida.
-
7:02 - 7:04Esta é a tempestade perfeita.
-
7:04 - 7:07As pessoas não sentem o impulso
para resistirem a um Snickers, -
7:07 - 7:08ou ir a um ginásio,
-
7:08 - 7:10e os médicos não sentem o impulso
-
7:10 - 7:13para os ajudar a mudar
de comportamento. -
7:13 - 7:17Estamos todos presos na mesma prisão:
-
7:17 - 7:23todos a favor da medicina do
estilo de vida, mas sem impulso pra mudar. -
7:23 - 7:29As pessoas só sentem o impulso para mudar
se receberem incentivos a curto prazo. -
7:30 - 7:35Então, que tal trocar esses
Snickers por outra coisa? -
7:36 - 7:38Isso seria interessante.
-
7:38 - 7:42Há processos muito mais fortes
-
7:42 - 7:46do que a nossa consciência
e um cérebro bem informado. -
7:47 - 7:51Precisamos de começar a influenciar
esses processos inconscientes. -
7:52 - 7:56Quais os verdadeiros condutores
da mudança de comportamento? -
7:57 - 8:00As pessoas querem divertir-se,
querem integrar-se. -
8:01 - 8:03São sensíveis ao seu ambiente,
-
8:03 - 8:05à competição
-
8:05 - 8:07a serem recompensadas.
-
8:07 - 8:11Estes são os fatores de que
precisamos para influenciar. -
8:11 - 8:13Vou falar-vos
sobre o parque temático Efteling, -
8:14 - 8:17em que isso foi feito
com um sucesso incrível. -
8:17 - 8:21O parque Efteling é um parque temático,
como a Disneylândia -
8:21 - 8:26e todos os parques temáticos sofrem
com o lixo atirado para o chão. -
8:26 - 8:28Isso cria um aspeto de desmazelo,
-
8:29 - 8:31e frusta os visitantes
-
8:31 - 8:35que estão à espera duma experiência
mágica quase perfeita. -
8:35 - 8:37Então, há muitos anos,
-
8:37 - 8:41o Efteling tentou fazer com que
deitar fora o lixo fosse divertido -
8:41 - 8:43para as crianças e para os adultos.
-
8:43 - 8:46Tenho a certeza
que os holandeses conhecem isto. -
8:46 - 8:48É o "Holle Bolle Gijs".
-
8:48 - 8:50Quando deitamos o lixo nele,
-
8:51 - 8:52é isto que escutamos:
-
8:52 - 8:53(Vídeo)
-
8:53 - 8:57(em holandês):
"O papel aqui! O papel aqui!" -
8:58 - 9:02"Olá, olá, olá!"
-
9:03 - 9:05"Muito obrigado!"
-
9:07 - 9:11Então, ao introduzir
um caixote do lixo falante, -
9:12 - 9:14deitar fora o lixo
passou a ser divertido. -
9:14 - 9:18As pessoas mudaram os hábitos
sem isso parecer uma tarefa. -
9:21 - 9:24Isso inspirou-me a tornar divertida
a saúde comportamental. -
9:24 - 9:26Porque penso
-
9:26 - 9:29que isso é uma coisa
que vai fazer a diferença. -
9:29 - 9:32A minha equipa queria
tornar divertido o saudável -
9:32 - 9:36usando a tecnologia e as técnicas de jogos
-
9:36 - 9:38em combinação com os cuidados
cara-a-cara. -
9:38 - 9:40Então, construímos um jogo
-
9:40 - 9:44para ajudar as pessoas a perderem peso
e a manterem-se saudáveis. -
9:45 - 9:47No nosso jogo, usámos
o fator divertido, as viagens, -
9:47 - 9:49combinadas com um estilo de vida saudável.
-
9:49 - 9:56Descobrimos que as pessoas perderam 6 kg
do peso corporal, em média, -
9:56 - 9:59e 6 cm na circunferência da cintura,
-
9:59 - 10:01o que é fantástico.
-
10:01 - 10:04Mas eu fiquei mais animada
quando notei -
10:05 - 10:07que todos os participantes
-
10:07 - 10:13foram além do nível
exercício físico saudável -
10:13 - 10:15durante toda a duração do jogo.
-
10:16 - 10:19No nosso jogo, usámos
a tecnologia moderna, -
10:20 - 10:25como um eu quantificado,
a ludificação, as redes sociais. -
10:26 - 10:29Pode-se jogar usando um "smartphone".
-
10:29 - 10:32Joga-se durante seis meses.
-
10:32 - 10:36Duas equipas viajam, virtualmente,
pelo mundo, -
10:37 - 10:41competindo uma contra a outra
para conquistar continentes. -
10:41 - 10:44Todos os jogadores usam
um rastreador de atividades -
10:44 - 10:47que mede o seu nível de atividade diária.
-
10:47 - 10:51Quando se movimentam por mais tempo
ou mais intensivamente, -
10:51 - 10:53a equipa ganha mais pontos
e o jogador também. -
10:53 - 10:56Esta é uma imagem do ecrã do jogo.
-
10:56 - 10:59Podemos ver como eles
estão a viajar pelo mundo, -
10:59 - 11:01acabaram de passar pela Europa.
-
11:01 - 11:04Agora estão a conquistar a América.
-
11:05 - 11:10Ao longo dos próximos meses,
é o que vai acontecer. -
11:10 - 11:12Então, é uma competição entre equipas.
-
11:13 - 11:14No nosso jogo,
-
11:14 - 11:19usamos recompensas,
laços sociais e abraços, -
11:20 - 11:24como incentivos a curto prazo
que levam às metas a longo prazo. -
11:25 - 11:29Os membros da equipa encorajam-se
uns aos outros para subir escadas -
11:29 - 11:32em vez de usar o elevador, por exemplo.
-
11:32 - 11:35Mas o ponto mais animador
-
11:36 - 11:39é que eles atingem
os seus objetivos de saúde -
11:39 - 11:42enquanto estão felizes
e a divertir-se. -
11:42 - 11:44Senhoras e senhores,
-
11:44 - 11:49a prevenção é essencial
para erradicar doenças. -
11:50 - 11:53Estamos a ajudar as pessoas
a evitar doenças -
11:53 - 11:56que podem ocorrer daí a 10 ou 20 anos.
-
11:57 - 12:00Este objetivo a longo prazo
pode não ser uma coisa -
12:00 - 12:04que motive as pessoas
a subir escadas hoje, -
12:04 - 12:08e é por isso que é tão importante
transformar isso num jogo. -
12:09 - 12:14Mas isso só será um sucesso se os médicos
ousarem ampliar o seu âmbito. -
12:15 - 12:18Vamos colaborar proativamente
-
12:18 - 12:20com outros inovadores da saúde.
-
12:21 - 12:25Vamos unir a medicina à tecnologia
no melhor das duas coisas. -
12:25 - 12:28Estou ansiosa pelo momento
-
12:28 - 12:33em que eu volte a fazer
uma visita ao meu hospital, -
12:33 - 12:36na esperança de ver
os profissionais da saúde -
12:36 - 12:39saudáveis, vitais e produtivos
-
12:39 - 12:43pela nossa abordagem
proativa e preventiva. -
12:43 - 12:45Muito obrigada.
-
12:45 - 12:48(Aplausos)
- Title:
- A doença é um negócio, a prevenção não é | Tessa Kouwenhoven-Pasmooij | TEDxNSPOH
- Description:
-
A perda de saúde, muitas vezes, resulta na perda de confiança, de vida social e de segurança financeira. A solução parece ser simples: um estilo de vida saudável. No entanto, muitos de nós não têm atividade física. A quantidade de pessoas que lida com a obesidade continua a aumentar. Tessa encontrou um modo de tirar as pessoas do sofá e fazer exercício. Os participantes não só perdem peso, como também começam a gostar do exercício! Têm curiosidade em saber mais do segredo da Tessa? Assistam a esta palestra TED!
Tessa trabalha como médica de saúde ocupacional no Centro Médico Erasmus e foi promovida numa intervenção sobre estilo de vida eHealth de promoção à saúde.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 13:15