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A doença é um negócio, a prevenção não é | Tessa Kouwenhoven-Pasmooij | TEDxNSPOH

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    Senhoras e senhores,
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    Eu vou dar-vos uma boa notícia
    e uma má notícia.
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    A má notícia é que nós
    somos gordos demais,
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    o que é não é nada saudável
    e nos faz adoecer.
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    Quase metade de nós tem peso a mais.
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    Nos anos 90, eram 30%.
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    Hoje, aumentaram para 50%.
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    Esse aumento ao longo dos anos
    é extraordinário.
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    No entanto, isso lembra-me a boa notícia.
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    Porque, e se não fosse sempre assim?
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    Isto significa
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    que não precisa de ser assim.
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    Aparentemente,
    nós podemos fazer algo sobre isso.
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    Mas devemos ter a noção
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    de que o problema em consequência
    da epidemia da obesidade é muito grave.
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    Isso significa que muitas pessoas
    estão a adquirir diversas doenças,
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    como doenças cardiovasculares,
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    cancros, diabetes
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    que afetam o nosso dia-a-dia,
    e são completamente desnecessárias.
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    Para os pacientes, ter uma doença
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    não é só a perda da saúde
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    é, além disso, a perda do controlo,
    da autoconfiança, do trabalho,
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    da segurança financeira.
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    Para as empresas, as doenças significam
    a perda de capacidade produtiva.
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    A baixa médica sai cara e leva
    a mais trabalho e a uma pressão extra
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    para os empregados remanescentes.
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    Ademais, os empregadores estão a receber
    cada vez mais baixas médicas por doença,
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    enquanto, ao mesmo tempo,
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    o governo pede que todos trabalhem
    até uma idade mais avançada.
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    Algo está errado, segundo parece.
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    Eu sou médica do trabalho
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    num dos maiores hospitais da Holanda.
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    Estou cercada de médicos e pacientes
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    que estão ocupados numa batalha
    contra as doenças, todos os dias.
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    Quando comecei a minha pesquisa
    para doutoramento, há uns anos,
  • 2:21 - 2:26
    inicialmente queria focar-me na principal
    causa de todas essas doenças.
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    Descobri que, das doenças não infecciosas,
  • 2:31 - 2:36
    quase 80% estavam relacionadas
    com o estilo de vida.
  • 2:36 - 2:38
    Isso é enorme.
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    Então, foquei-me na medicina
    do estilo de vida.
  • 2:43 - 2:46
    A medicina do estilo de vida
    é um campo recente.
  • 2:46 - 2:47
    Cada vez se sabe mais
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    sobre os efeitos benéficos
    da medicina do estilo de vida.
  • 2:51 - 2:56
    É um modo de evitar doenças
    e reduzir a gravidade das doenças.
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    Menos medicamentos,
    menos complicações.
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    É a isso que chamamos prevenção.
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    Vou dizer o que aconteceu
    comigo outro dia.
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    Eu estava no meu gabinete,
    sentada à minha secretária,
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    e estava a pensar
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    e a esperar que os trabalhadores
    do hospital, doentes, me viessem ver.
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    Então, perguntei-me duas coisas.
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    Primeiro, se a prevenção
    é a chave para a saúde,
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    porque é que os profissionais
    da saúde não me iam procurar
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    para os aconselhar sobre como
    se manterem saudáveis no trabalho?
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    Seria talvez porque eles
    não precisavam de mim?
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    Porque os profissionais da saúde
    não são gordos?
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    Sabem tomar conta deles mesmos?
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    Têm um Índice de Massa Corporal perfeito?
    Fazem exercício regularmente?
  • 3:49 - 3:51
    Dormem o tempo certo?
  • 3:51 - 3:54
    Eu queria encontrar respostas
    para essas perguntas.
  • 3:54 - 3:58
    Então, decidi sair do gabinete
  • 3:58 - 4:01
    e explorar o hospital.
  • 4:02 - 4:04
    Visitei os consultórios,
  • 4:04 - 4:08
    o consultório de cardiologia,
    o de oncologia.
  • 4:09 - 4:10
    E fui a diversos laboratórios.
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    Adivinhem o que eu vi.
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    Vi empregados
    com peso a mais e obesos,
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    tal como no resto da Holanda.
  • 4:20 - 4:25
    Não vi hábitos saudáveis,
    vi hábitos nada saudáveis.
  • 4:25 - 4:28
    Nós estávamos a comer demais.
    Estávamos gordos demais.
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    Não fazíamos exercício regularmente.
  • 4:31 - 4:36
    Não dormíamos bem,
    estávamos sempre sob "stress".
  • 4:36 - 4:40
    Então, isso deu-me uma ideia,
    que vou partilhar com vocês.
  • 4:41 - 4:45
    O conhecimento, só por si,
    não é suficiente
  • 4:45 - 4:50
    para mudar o comportamento das pessoas
    de não saudável para saudável.
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    Eu vi muitos profissionais da saúde
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    que sabem tudo sobre
    um estilo de vida saudável,
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    e continuam a comportar-se
    de forma não saudável.
  • 5:00 - 5:04
    Muitos dizem que temos
    de educar mais sobre a saúde.
  • 5:05 - 5:07
    Mas isso não vai gerar resultados.
  • 5:07 - 5:10
    Vamos ousar dizer isso em voz alta.
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    A prevenção que dá mais informações,
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    gritando mais o que é melhor
    para as pessoas,
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    apontando o dedo e dizendo:
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    "Não devem fumar.
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    "Não devem comer hambúrgueres gordurosos",
  • 5:27 - 5:29
    não vai resultar.
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    É uma ideia totalmente errada
  • 5:33 - 5:37
    que as pessoas não vão comer
    um Snickers, por exemplo,
  • 5:37 - 5:40
    se souberem quantas calorias contém.
  • 5:40 - 5:42
    E a razão para isso
  • 5:42 - 5:46
    é que fazemos escolhas baseadas
    em incentivos a curto prazo.
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    Nós comemos um Snickers neste momento
  • 5:49 - 5:52
    porque o desejamos neste momento.
  • 5:52 - 5:55
    A curto prazo, não há
    razão para não o comer.
  • 5:55 - 5:59
    A longo prazo há muitas
    razões para não o comer.
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    Mas essas razões podem estar
    a muitos anos de distância
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    e até podemos não estar vivos
    nessa altura, é o que podemos pensar.
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    As organizações, os médicos e as pessoas
  • 6:11 - 6:15
    todos raciocinam com base
    em incentivos a curto prazo.
  • 6:15 - 6:18
    Todos nos comportamos da mesma forma.
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    Para os médicos,
    há mais uma complicação.
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    Porque a doença é um grande negócio.
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    E a prevenção não é.
  • 6:30 - 6:33
    Somos pagos para ser reativos.
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    Esperamos até que alguém adoeça
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    e reagimos às consequências,
  • 6:40 - 6:43
    como a exaustão, a depressão, os diabetes.
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    É para isso que somos pagos.
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    Mas para os doentes, é tarde demais.
  • 6:49 - 6:52
    Já provocaram danos graves
  • 6:52 - 6:56
    e a recuperação é muito difícil.
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    Então, reagimos às consequências
  • 6:59 - 7:02
    ao invés da causa: o estilo de vida.
  • 7:02 - 7:04
    Esta é a tempestade perfeita.
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    As pessoas não sentem o impulso
    para resistirem a um Snickers,
  • 7:07 - 7:08
    ou ir a um ginásio,
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    e os médicos não sentem o impulso
  • 7:10 - 7:13
    para os ajudar a mudar
    de comportamento.
  • 7:13 - 7:17
    Estamos todos presos na mesma prisão:
  • 7:17 - 7:23
    todos a favor da medicina do
    estilo de vida, mas sem impulso pra mudar.
  • 7:23 - 7:29
    As pessoas só sentem o impulso para mudar
    se receberem incentivos a curto prazo.
  • 7:30 - 7:35
    Então, que tal trocar esses
    Snickers por outra coisa?
  • 7:36 - 7:38
    Isso seria interessante.
  • 7:38 - 7:42
    Há processos muito mais fortes
  • 7:42 - 7:46
    do que a nossa consciência
    e um cérebro bem informado.
  • 7:47 - 7:51
    Precisamos de começar a influenciar
    esses processos inconscientes.
  • 7:52 - 7:56
    Quais os verdadeiros condutores
    da mudança de comportamento?
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    As pessoas querem divertir-se,
    querem integrar-se.
  • 8:01 - 8:03
    São sensíveis ao seu ambiente,
  • 8:03 - 8:05
    à competição
  • 8:05 - 8:07
    a serem recompensadas.
  • 8:07 - 8:11
    Estes são os fatores de que
    precisamos para influenciar.
  • 8:11 - 8:13
    Vou falar-vos
    sobre o parque temático Efteling,
  • 8:14 - 8:17
    em que isso foi feito
    com um sucesso incrível.
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    O parque Efteling é um parque temático,
    como a Disneylândia
  • 8:21 - 8:26
    e todos os parques temáticos sofrem
    com o lixo atirado para o chão.
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    Isso cria um aspeto de desmazelo,
  • 8:29 - 8:31
    e frusta os visitantes
  • 8:31 - 8:35
    que estão à espera duma experiência
    mágica quase perfeita.
  • 8:35 - 8:37
    Então, há muitos anos,
  • 8:37 - 8:41
    o Efteling tentou fazer com que
    deitar fora o lixo fosse divertido
  • 8:41 - 8:43
    para as crianças e para os adultos.
  • 8:43 - 8:46
    Tenho a certeza
    que os holandeses conhecem isto.
  • 8:46 - 8:48
    É o "Holle Bolle Gijs".
  • 8:48 - 8:50
    Quando deitamos o lixo nele,
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    é isto que escutamos:
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    (Vídeo)
  • 8:53 - 8:57
    (em holandês):
    "O papel aqui! O papel aqui!"
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    "Olá, olá, olá!"
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    "Muito obrigado!"
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    Então, ao introduzir
    um caixote do lixo falante,
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    deitar fora o lixo
    passou a ser divertido.
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    As pessoas mudaram os hábitos
    sem isso parecer uma tarefa.
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    Isso inspirou-me a tornar divertida
    a saúde comportamental.
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    Porque penso
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    que isso é uma coisa
    que vai fazer a diferença.
  • 9:29 - 9:32
    A minha equipa queria
    tornar divertido o saudável
  • 9:32 - 9:36
    usando a tecnologia e as técnicas de jogos
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    em combinação com os cuidados
    cara-a-cara.
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    Então, construímos um jogo
  • 9:40 - 9:44
    para ajudar as pessoas a perderem peso
    e a manterem-se saudáveis.
  • 9:45 - 9:47
    No nosso jogo, usámos
    o fator divertido, as viagens,
  • 9:47 - 9:49
    combinadas com um estilo de vida saudável.
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    Descobrimos que as pessoas perderam 6 kg
    do peso corporal, em média,
  • 9:56 - 9:59
    e 6 cm na circunferência da cintura,
  • 9:59 - 10:01
    o que é fantástico.
  • 10:01 - 10:04
    Mas eu fiquei mais animada
    quando notei
  • 10:05 - 10:07
    que todos os participantes
  • 10:07 - 10:13
    foram além do nível
    exercício físico saudável
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    durante toda a duração do jogo.
  • 10:16 - 10:19
    No nosso jogo, usámos
    a tecnologia moderna,
  • 10:20 - 10:25
    como um eu quantificado,
    a ludificação, as redes sociais.
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    Pode-se jogar usando um "smartphone".
  • 10:29 - 10:32
    Joga-se durante seis meses.
  • 10:32 - 10:36
    Duas equipas viajam, virtualmente,
    pelo mundo,
  • 10:37 - 10:41
    competindo uma contra a outra
    para conquistar continentes.
  • 10:41 - 10:44
    Todos os jogadores usam
    um rastreador de atividades
  • 10:44 - 10:47
    que mede o seu nível de atividade diária.
  • 10:47 - 10:51
    Quando se movimentam por mais tempo
    ou mais intensivamente,
  • 10:51 - 10:53
    a equipa ganha mais pontos
    e o jogador também.
  • 10:53 - 10:56
    Esta é uma imagem do ecrã do jogo.
  • 10:56 - 10:59
    Podemos ver como eles
    estão a viajar pelo mundo,
  • 10:59 - 11:01
    acabaram de passar pela Europa.
  • 11:01 - 11:04
    Agora estão a conquistar a América.
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    Ao longo dos próximos meses,
    é o que vai acontecer.
  • 11:10 - 11:12
    Então, é uma competição entre equipas.
  • 11:13 - 11:14
    No nosso jogo,
  • 11:14 - 11:19
    usamos recompensas,
    laços sociais e abraços,
  • 11:20 - 11:24
    como incentivos a curto prazo
    que levam às metas a longo prazo.
  • 11:25 - 11:29
    Os membros da equipa encorajam-se
    uns aos outros para subir escadas
  • 11:29 - 11:32
    em vez de usar o elevador, por exemplo.
  • 11:32 - 11:35
    Mas o ponto mais animador
  • 11:36 - 11:39
    é que eles atingem
    os seus objetivos de saúde
  • 11:39 - 11:42
    enquanto estão felizes
    e a divertir-se.
  • 11:42 - 11:44
    Senhoras e senhores,
  • 11:44 - 11:49
    a prevenção é essencial
    para erradicar doenças.
  • 11:50 - 11:53
    Estamos a ajudar as pessoas
    a evitar doenças
  • 11:53 - 11:56
    que podem ocorrer daí a 10 ou 20 anos.
  • 11:57 - 12:00
    Este objetivo a longo prazo
    pode não ser uma coisa
  • 12:00 - 12:04
    que motive as pessoas
    a subir escadas hoje,
  • 12:04 - 12:08
    e é por isso que é tão importante
    transformar isso num jogo.
  • 12:09 - 12:14
    Mas isso só será um sucesso se os médicos
    ousarem ampliar o seu âmbito.
  • 12:15 - 12:18
    Vamos colaborar proativamente
  • 12:18 - 12:20
    com outros inovadores da saúde.
  • 12:21 - 12:25
    Vamos unir a medicina à tecnologia
    no melhor das duas coisas.
  • 12:25 - 12:28
    Estou ansiosa pelo momento
  • 12:28 - 12:33
    em que eu volte a fazer
    uma visita ao meu hospital,
  • 12:33 - 12:36
    na esperança de ver
    os profissionais da saúde
  • 12:36 - 12:39
    saudáveis, vitais e produtivos
  • 12:39 - 12:43
    pela nossa abordagem
    proativa e preventiva.
  • 12:43 - 12:45
    Muito obrigada.
  • 12:45 - 12:48
    (Aplausos)
Title:
A doença é um negócio, a prevenção não é | Tessa Kouwenhoven-Pasmooij | TEDxNSPOH
Description:

A perda de saúde, muitas vezes, resulta na perda de confiança, de vida social e de segurança financeira. A solução parece ser simples: um estilo de vida saudável. No entanto, muitos de nós não têm atividade física. A quantidade de pessoas que lida com a obesidade continua a aumentar. Tessa encontrou um modo de tirar as pessoas do sofá e fazer exercício. Os participantes não só perdem peso, como também começam a gostar do exercício! Têm curiosidade em saber mais do segredo da Tessa? Assistam a esta palestra TED!

Tessa trabalha como médica de saúde ocupacional no Centro Médico Erasmus e foi promovida numa intervenção sobre estilo de vida eHealth de promoção à saúde.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
13:15

Portuguese subtitles

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