A neurociência forense pode significar a vida ou a morte | Dr. Scott Fraser | TEDxUSC
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0:08 - 0:11O homicídio aconteceu
há pouco mais de 21 anos, -
0:13 - 0:16a 18 de janeiro de 1991
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0:17 - 0:23num pequeno bairro dormitório
de Lynwood, na Califórnia, -
0:23 - 0:26a uns quilómetros a sudeste
de Los Angeles. -
0:27 - 0:29O pai saiu de casa
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0:30 - 0:33para dizer ao filho adolescente
e aos seus cinco amigos -
0:33 - 0:36que já era altura de eles
deixarem de andarem a passear -
0:36 - 0:39pelos jardins e passeios em frente da casa
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0:39 - 0:42e fossem para casa
acabar os trabalhos da escola -
0:42 - 0:44e prepararem-se para irem para a cama.
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0:44 - 0:48Quando o pai estava a dar
estas instruções, -
0:48 - 0:51passou um carro, devagar.
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0:52 - 0:55Logo depois de ter passado
o pai e os rapazes, -
0:55 - 0:58uma mão saiu da janela
do passageiro da frente -
0:59 - 1:02e bang! bang! matou o pai
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1:03 - 1:05e o carro acelerou.
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1:06 - 1:11Os agentes de investigação da polícia
foram muito eficazes. -
1:12 - 1:15Consideraram todos os culpados habituais
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1:15 - 1:18e, em menos de 24 horas
tinham selecionado o suspeito: -
1:19 - 1:23Francisco Carrillo,
um rapaz de 17 anos -
1:23 - 1:26que vivia a dois ou três quarteirões
de onde tinha ocorrido o tiroteio. -
1:27 - 1:32Encontraram fotos dele,
prepararam um conjunto de fotos -
1:32 - 1:38e um dia depois do tiroteio
mostraram-nas a um dos adolescentes -
1:38 - 1:41que disse: "É este, é o atirador
que eu vi que matou o pai". -
1:46 - 1:51Foi tudo o que o juiz do inquérito
preliminar precisou de ouvir -
1:51 - 1:55para acusar Carrillo
de homicídio premeditado. -
1:57 - 2:00Na investigação que se seguiu,
antes do julgamento, -
2:00 - 2:07mostraram as mesmas fotografias
a cada um dos outros cinco adolescentes. -
2:08 - 2:11Pensamos que a polícia
deve ter mostrado a foto -
2:12 - 2:15que está em baixo à esquerda,
no conjunto de fotos dos suspeitos. -
2:16 - 2:22Não temos a certeza absoluta
por causa do sistema -
2:22 - 2:26de preservação de provas
no nosso sistema judicial. -
2:26 - 2:28Mas isso será para outra palestra TEDx.
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2:32 - 2:37No julgamento, todos os seis
adolescentes testemunharam -
2:37 - 2:43e indicaram a identificação
que tinham feito no conjunto de fotos. -
2:44 - 2:49O suspeito foi considerado culpado,
foi condenado a prisão perpétua, -
2:49 - 2:52e transportado para a prisão Folsom.
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2:55 - 2:56Então, o que é que está errado?
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2:57 - 3:00Uma investigação séria,
um julgamento imparcial. -
3:02 - 3:04É que não se encontrou nenhuma arma.
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3:05 - 3:08Nunca se identificou nenhum veículo
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3:08 - 3:11como sendo aquele de onde
o assassino esticou o braço -
3:13 - 3:18e nunca houve nenhum acusado
de ter guiado o veículo do atirador. -
3:19 - 3:21E o álibi de Carrillo?
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3:23 - 3:27Qual de vocês, pais,
aqui na sala, não mentiria -
3:28 - 3:31no que se refere ao paradeiro
do vosso filho ou filha -
3:32 - 3:35acusado numa investigação de um homicídio?
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3:37 - 3:42Foi enviado para a prisão,
insistindo firmemente na sua inocência, -
3:43 - 3:46o que continuou a fazer durante 21 anos.
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3:48 - 3:50Então, qual é o problema?
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3:51 - 3:55O problema é que este tipo
de processo se repete muitas vezes -
3:55 - 3:58desde há décadas
de investigação científica -
3:59 - 4:01que envolve a memória humana.
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4:02 - 4:05Primeiro que tudo, temos
todas as análises estatísticas -
4:05 - 4:09do trabalho do Projeto Inocência,
em que sabemos -
4:09 - 4:13que já temos documentados
250 a 280 processos -
4:13 - 4:16em que as pessoas foram
condenadas erradamente -
4:16 - 4:19e posteriormente ilibadas,
algumas do corredor da morte, -
4:20 - 4:23com base em análises posteriores de ADN.
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4:24 - 4:28Sabemos que mais de três quartos
destes casos de anulação de condenações -
4:29 - 4:34só envolviam testemunhos
de identificação visual -
4:34 - 4:37durante o julgamento
que os tinha condenado. -
4:38 - 4:41Sabemos que as identificações
visuais são falíveis. -
4:42 - 4:46Há um outro aspeto interessante
da memória humana -
4:46 - 4:48que está relacionado com
diversas funções cerebrais -
4:48 - 4:52mas vou resumi-lo numa simples frase,
para poupar tempo: -
4:53 - 4:56o cérebro tem horror ao vácuo.
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4:58 - 5:03Mesmo nas melhores condições
de observação, nas melhores possível, -
5:03 - 5:07só detetamos, só codificamos
e só armazenamos no cérebro, -
5:07 - 5:10pedaços de toda a experiência
à nossa frente -
5:11 - 5:13que ficam guardados
em diferentes partes do cérebro. -
5:13 - 5:17Quando é importante que nos lembremos
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5:17 - 5:19aquilo que observámos,
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5:21 - 5:24temos uma imagem incompleta,
parcial, -
5:26 - 5:28e o que é que acontece?
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5:28 - 5:33Sem darmos por isso, sem pedirmos
nenhum tipo de processamento motivador, -
5:33 - 5:37o cérebro preenche as informações
que não estavam lá, -
5:39 - 5:41que não tinham sido guardadas,
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5:41 - 5:45através da dedução, da especulação,
de fontes de informações -
5:45 - 5:49que nos apareceram depois
de termos observado o ocorrido. -
5:50 - 5:55Mas isto acontece sem termos consciência
de que não nos lembramos do que aconteceu. -
5:55 - 5:58Chama-se a isto as memórias reconstruídas.
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5:58 - 6:02Está sempre a acontecer-nos
em todos os aspetos da nossa vida. -
6:03 - 6:06Recordem os terríveis
acontecimentos do 11 de setembro. -
6:08 - 6:12Pensem quando receberam
as primeiras informações dessa catástrofe, -
6:13 - 6:16como se sentiram e, mais importante ainda,
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6:17 - 6:20quando foi a primeira vez que viram
a segunda torre a implodir -
6:25 - 6:28depois de a primeira torre ter desabado?
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6:28 - 6:32Se forem como a maioria
dos norte-americanos, eu inclusive, -
6:32 - 6:34temos uma memória muito nítida
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6:34 - 6:37de termos visto desabar a primeira torre
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6:37 - 6:39e de termos visto
a segunda torre a implodir, -
6:39 - 6:42depois de o outro avião
ter colidido com ela, -
6:42 - 6:44uma ou duas horas depois.
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6:45 - 6:48Recordo perfeitamente onde estava,
eu estava em LAX, -
6:48 - 6:50no terminal dos satélites
das American Airlines, -
6:50 - 6:53à espera de apanhar um avião
para ir para San Diego. -
6:53 - 6:56Claro que o tráfego aéreo foi suspenso.
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6:56 - 6:59Portanto, não tinha nada que fazer
senão observar a televisão -
6:59 - 7:02com todos aqueles noticiários
repetidos continuamente -
7:03 - 7:06sobre os terríveis acontecimentos
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7:06 - 7:10e sei que vi a segunda torre
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7:12 - 7:15cair uma ou duas horas depois da primeira.
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7:15 - 7:19Toda a investigação que temos
indica que muitos dos americanos também, -
7:19 - 7:22exceto algumas pessoas, que vivem
em certos locais de Nova Iorque -
7:22 - 7:24E sabem uma coisa?
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7:25 - 7:28É uma memória totalmente falsa.
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7:28 - 7:31Não podia ser uma coisa
que tivéssemos visto. -
7:31 - 7:34Não houve nenhuma sequência
filmada nos "media" -
7:34 - 7:40do colapso da segunda torre
senão 24 horas após o ocorrido. -
7:42 - 7:46Na verdade, nós sabemos
intelectual e cognitivamente -
7:46 - 7:49que isso ocorreu muito pouco tempo depois.
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7:49 - 7:54Nós sabíamos e vimos o primeiro,
vimos o segundo, -
7:54 - 7:58mas só o vimos um dia depois do primeiro.
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7:58 - 8:02Mas o cérebro, sem darmos por isso,
juntou-os aos dois -
8:02 - 8:06e julgamos que os vimos
muito mais perto um do outro. -
8:07 - 8:11É uma memória reconstruída,
não é uma memória rigorosa. -
8:11 - 8:15Por mais viva que pareça,
por maior que seja a nossa certeza, -
8:15 - 8:18foram estas duas considerações,
entre outras coisas -
8:18 - 8:22— a memória reconstruída, o facto
da falibilidade do testemunho visual — -
8:22 - 8:28que fizeram parte da iniciativa
de um grupo de advogados de recurso -
8:28 - 8:32liderados por uma advogada notável,
chamada Ellen Eggers, -
8:33 - 8:36a reunir a experiência e informações deles
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8:36 - 8:39para fazerem uma petição
ao supremo tribunal -
8:39 - 8:42para a repetição do julgamento
de Francisco Carrillo. -
8:43 - 8:47Contrataram-me, na qualidade
de neurofisiologista forense -
8:48 - 8:52porque eu era especialista
na identificação da memória visual -
8:52 - 8:55o que, obviamente,
fazia sentido neste caso, -
8:55 - 8:58mas também porque eu
também era especialista -
8:58 - 9:02e testemunhei quanto à natureza
da visão humana noturna. -
9:03 - 9:06O que é que isso tem a ver com isto?
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9:07 - 9:11Quando lemos os materiais
do processo de Carrillo, -
9:12 - 9:15uma das coisas que, subitamente,
me chamou a atenção -
9:15 - 9:19foi que os investigadores
disseram que a iluminação era boa -
9:19 - 9:22no local do crime, durante o tiroteio.
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9:22 - 9:25Todos os adolescentes
que testemunharam no julgamento -
9:26 - 9:28disseram que se via perfeitamente bem.
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9:29 - 9:33Mas isto ocorreu em meados de janeiro
no hemisfério norte, -
9:33 - 9:36às sete da noite.
-
9:38 - 9:41Portanto, quando fiz os cálculos,
-
9:41 - 9:44naquele local na Terra,
na altura do incidente do tiroteio, -
9:45 - 9:50já passava muito do crepúsculo
e não havia luar naquela noite. -
9:50 - 9:53Portanto, toda a luz naquela área,
tanto do sol como da lua, -
9:53 - 9:55é o que vemos aqui no ecrã.
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9:56 - 10:00A única iluminação naquela área
tinha de vir de fontes artificiais. -
10:01 - 10:05Foi aí que fui para a rua
e fiz a reconstrução da cena -
10:05 - 10:08com fotómetros, com diversas
medidas de iluminação -
10:08 - 10:11e diversas outras medidas
de perceção da cor -
10:12 - 10:15juntamente com câmaras especiais
e filmagem em alta velocidade; -
10:15 - 10:20tirei todas as medidas e registei-as,
e depois tirei fotografias. -
10:20 - 10:23Era este o aspeto da cena
na altura do tiroteio, -
10:23 - 10:25vista da posição dos adolescentes,
-
10:25 - 10:28que viram o carro a passar e a disparar.
-
10:28 - 10:31Isto é olhando diretamente
do outro lado da rua. -
10:31 - 10:35Lembrem-se que os agentes de investigação
disseram que a iluminação era boa; -
10:35 - 10:38os adolescentes disseram
que se via perfeitamente bem. -
10:39 - 10:42Isto é olhando diretamente
do outro lado da rua onde eles estavam. -
10:44 - 10:49Isto é olhando para leste
onde o veículo dos tiros acelerou. -
10:51 - 10:56E isto é a iluminação diretamente
por detrás do pai e dos adolescentes. -
10:57 - 11:00Como vemos, é muito fraca.
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11:01 - 11:05Ninguém chamaria a isto
bem iluminado, uma boa iluminação. -
11:05 - 11:08Por mais bonitas que sejam estas fotos
-
11:08 - 11:12tirei-as porque eu sabia
que tinha de testemunhar no tribunal -
11:12 - 11:15porque uma imagem vale mais
do que mil palavras, -
11:15 - 11:19quando tentamos comunicar números,
conceitos abstratos como a lux, -
11:19 - 11:22a medida internacional da iluminação,
-
11:22 - 11:26a cor Ishihara e as provas
que medem a perceção. -
11:26 - 11:29Quando as apresentamos a pessoas
que não estão muito familiarizadas -
11:29 - 11:32com estes aspetos da ciência
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11:32 - 11:34tornam-se salamandras ao sol do meio-dia.
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11:34 - 11:37É como falar da tangente do ângulo visual,
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11:37 - 11:40ficam de olhos arregalados.
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11:41 - 11:44Um bom especialista forense
também tem de ser um bom educador, -
11:44 - 11:48um bom comunicador e é por isso
que eu tiro fotografias -
11:48 - 11:50para mostrar não só onde estão
as fontes de iluminação -
11:50 - 11:53e aquilo a que chamamos
a dispersão, a distribuição -
11:53 - 11:56mas também porque é mais fácil
para provar os factos, -
11:56 - 11:58compreender as circunstâncias.
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11:59 - 12:03Estas são algumas das fotos
que usei quando testemunhei. -
12:03 - 12:06Mas o mais importante para mim
para os cientistas, são as leituras, -
12:06 - 12:10as leituras do fotómetro,
que eu posso converter -
12:10 - 12:15em previsões da capacidade visual
do olho humano, -
12:16 - 12:18nestas circunstâncias.
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12:18 - 12:20A partir das minhas leituras
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12:20 - 12:24que registei no local, com as mesmas
condições solares e lunares, -
12:24 - 12:27na mesma altura, etc., etc.,
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12:27 - 12:30pude prever que não podia haver
uma perceção da cor fiável -
12:30 - 12:33que é fundamental para
o reconhecimento de um rosto. -
12:33 - 12:35Seria apenas uma visão escotópica
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12:35 - 12:37ou seja, haveria apenas
uma resolução muito baixa -
12:37 - 12:40a que chamamos "deteção de bordas".
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12:40 - 12:44Além disso, como os olhos estariam
totalmente dilatados sob esta luz, -
12:44 - 12:46a profundidade do campo,
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12:46 - 12:49a distância a que podemos focar
e ver pormenores -
12:49 - 12:52seria muito inferior a 45 cm de distância.
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12:54 - 12:57Testemunhei isso no tribunal
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12:57 - 12:59e, embora o juiz estivesse
com toda a atenção, -
12:59 - 13:04foi uma audição muito prolongada
para esta petição para um novo julgamento. -
13:04 - 13:08Em consequência, reparei
pelo canto do olho, -
13:09 - 13:14e pensei que o juiz talvez precisasse
de um pouco mais de empurrão -
13:14 - 13:16do que apenas mais números.
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13:17 - 13:19Aí, tornei-me um pouco mais atrevido,
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13:20 - 13:23virei-me e perguntei ao juiz:
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13:23 - 13:28"Meritíssimo, penso que devia lá ir
e ver a cena pelos seus olhos". -
13:28 - 13:33Posso ter usado um tom
que fosse mais um desafio do que um pedido -
13:34 - 13:40mas, apesar disso, para mérito
e coragem desse homem, ele disse: -
13:40 - 13:45"Vou mesmo", um pouco chocante
para a jurisprudência norte-americana. -
13:46 - 13:48Na verdade, encontrámos
as mesmas condições idênticas, -
13:48 - 13:50reconstruímos de novo toda a cena,
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13:50 - 13:54ele saiu à rua com toda
uma brigada de agentes da polícia -
13:54 - 13:57para o proteger naquela comunidade.
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13:57 - 13:59(Risos)
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14:01 - 14:08Pusemo-lo na rua, tão perto
do veículo dos tiros -
14:08 - 14:10como estavam os adolescentes.
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14:10 - 14:13Ele estava a uns metros da curva,
-
14:13 - 14:15a meio da rua.
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14:15 - 14:18Pusemos um carro a passar,
-
14:18 - 14:22um carro idêntico ao descrito
pelos adolescentes. -
14:23 - 14:25Tinha um condutor e um passageiro.
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14:25 - 14:29Depois de o carro passar pelo juiz,
-
14:29 - 14:32o passageiro estendeu a mão,
-
14:32 - 14:35apontou-o para trás, para o juiz,
-
14:35 - 14:38enquanto o carro continuava a andar,
tal como os adolescentes tinham descrito. -
14:39 - 14:42Claro que não usámos
uma arma real naquela mão, -
14:42 - 14:47pensámos que o departamento
da polícia iria questionar a necessidade -
14:47 - 14:52desse tipo de realismo.
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14:53 - 14:58Pusemos um objeto preto naquela mão
que era parecido com a arma descrita. -
14:58 - 15:00Ele apontou, bang!
Foi isso o que o juiz viu. -
15:01 - 15:05Este é o carro a 9 m do juiz.
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15:08 - 15:11Há um braço esticado
do lado do passageiro -
15:11 - 15:15a apontar para trás,
a 9 m de distância. -
15:15 - 15:17Alguns adolescentes tinham dito
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15:17 - 15:20que o carro estava à distância de 5 m
quando se deu o tiroteio. -
15:20 - 15:22Aqui está a 5 metros.
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15:25 - 15:27Nesta altura, fiquei um pouco preocupado.
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15:28 - 15:32Este juiz é uma pessoa com quem
não queremos jogar o "poker". -
15:32 - 15:35Era completamente estoico.
-
15:35 - 15:37Não mexia uma pálpebra.
-
15:37 - 15:40Não consegui ver o mais leve
movimento da cabeça dele, -
15:40 - 15:43não fazia a mínima ideia
de como ele estava a reagir. -
15:44 - 15:47Depois de ele assistir
a esta reconstituição -
15:47 - 15:48virou-se para mim e disse:
-
15:48 - 15:51"Há mais alguma coisa
que me queira mostrar?" -
15:51 - 15:56Eu disse: "Meritíssimo" — e não sei
se foi por estar encorajado -
15:56 - 16:00com as medidas científicas
que tinha na algibeira -
16:00 - 16:02e com a consciência
de que eram rigorosas, -
16:02 - 16:05ou se foi apenas por estupidez
-
16:05 - 16:07— que foi o que os advogados
de defesa pensaram — -
16:07 - 16:09quando me ouviram dizer:
-
16:10 - 16:12"Sim, meritíssimo, quero
que se mantenha aqui, -
16:12 - 16:15"quero que o carro dê a volta outra vez
-
16:16 - 16:22"e quero que ele se aproxime
e pare mesmo à sua frente, -
16:22 - 16:25"a 90 ou 120 cm de distância
-
16:25 - 16:29"quero que o passageiro estique a mão
com um objeto preto e aponte para si -
16:29 - 16:32"e olhe para ele, durante tanto
tempo quanto queira". -
16:35 - 16:37E foi isto o que ele viu.
-
16:37 - 16:39(Risos)
-
16:40 - 16:43Hão de reparar que,
no meu relatório dos testes, -
16:43 - 16:46toda a iluminação dominante
provém do lado norte, -
16:46 - 16:50o que significa que a cara do atirador
teria ficado tapada, -
16:50 - 16:51ficaria em contraluz.
-
16:51 - 16:57Além disso, o tejadilho do carro
provoca uma sombra dentro do carro, -
16:58 - 17:00o que ainda torna tudo mais escuro.
-
17:01 - 17:05Isto a 90 cm ou 120 cm de distância.
-
17:06 - 17:08Porque é que eu corri este risco?
-
17:08 - 17:11Eu sabia que a profundidade do campo
era de 45 cm ou menos. -
17:12 - 17:1690 cm ou 120 cm podia ser
como um campo de futebol. -
17:19 - 17:22Foi isto que ele viu, voltámos para trás,
-
17:23 - 17:26houve mais uns dias de provas
que foram ouvidas. -
17:26 - 17:29No final, ele proferiu a sentença
-
17:29 - 17:31de que ia aceitar a petição
para um novo julgamento, -
17:32 - 17:35e, além disso, libertou Carrillo,
-
17:35 - 17:38para ele poder ajudar
ma preparação da sua defesa, -
17:38 - 17:41se a acusação decidisse insistir,
-
17:45 - 17:46coisa que não fizeram.
-
17:47 - 17:49Ele é hoje um homem livre.
-
17:49 - 17:52(Aplausos)
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17:56 - 18:00Este é ele a abraçar
a avó da sua mulher. -
18:01 - 18:04A namorada estava grávida
quando ele fora julgado -
18:05 - 18:08e tinha tido um rapazinho.
-
18:08 - 18:11Ele e o filho andam agora
os dois a estudar, -
18:11 - 18:13na Universidade da Califórnia,
em Long Beach, -
18:13 - 18:16(Aplausos)
-
18:19 - 18:25O que é importante neste exemplo
que devem recordar? -
18:27 - 18:31Primeiro que tudo, há uma longa história
de antipatia entre a ciência e a lei -
18:31 - 18:34na jurisprudência norte-americana.
-
18:34 - 18:37Eu podia contar histórias
horríveis de ignorância, -
18:38 - 18:42durante décadas de experiência
enquanto especialista forense, -
18:42 - 18:46de tentar introduzir a ciência
nas salas dos tribunais, -
18:46 - 18:50de testemunhar, sempre em luta
com um adversário. -
18:51 - 18:55Uma sugestão é que todos nós
nos sintamos mais em harmonia -
18:55 - 18:59com a necessidade, por intermédio
das políticas, dos procedimentos, -
19:00 - 19:03de introduzir mais ciência
nas salas dos tribunais. -
19:03 - 19:06Penso que um grande passo
para isso é uma maior exigência, -
19:07 - 19:10com todo o devido respeito
pelas escolas de Direito, -
19:10 - 19:14de ciência, tecnologia,
engenharia, matemática, -
19:14 - 19:18para quem quer dedicar-se à lei,
porque serão eles os juízes. -
19:20 - 19:23Pensem em como selecionamos
os juízes, neste país. -
19:23 - 19:25É muito diferente da maior parte
de outras culturas. -
19:27 - 19:31Outra coisa que quero sugerir
é o cuidado que todos temos de ter -
19:31 - 19:33— estou sempre a lembrar-me a mim mesmo —
-
19:33 - 19:38em relação ao rigor das nossas memórias,
que consideramos verdades, -
19:39 - 19:41em que acreditamos.
-
19:42 - 19:49Há décadas de investigação,
muitos exemplos de casos como este, -
19:49 - 19:53em que os indivíduos acreditam plenamente.
-
19:53 - 19:57Nenhum daqueles adolescentes
que o identificaram -
19:57 - 20:00pensaram que estavam a escolher
a pessoa errada, -
20:00 - 20:02nenhum deles pensava
que não podia ver a cara da pessoa. -
20:03 - 20:06Todos temos de ter muito cuidado.
-
20:06 - 20:08Vocês acabaram de ver um filme maravilhoso
-
20:09 - 20:13sobre todos os tipos
de complexidade da memória. -
20:14 - 20:18É um conjunto enorme, confuso
-
20:18 - 20:22e difícil de fixar os processos
e princípios que estão envolvidos. -
20:23 - 20:27Todas as nossas memórias
são memórias reconstruídas. -
20:27 - 20:29São o produto das nossas
experiências anteriores -
20:29 - 20:32e de tudo o que aconteceu posteriormente.
-
20:32 - 20:37São dinâmicas, são maleáveis,
são voláteis, -
20:37 - 20:41e, em resultado, todos temos
que nos lembrar de ter cuidado. -
20:42 - 20:47O rigor das nossas memórias
não se medem por serem muito vivas -
20:49 - 20:52nem pela certeza que temos
de que estamos corretos. -
20:53 - 20:57Eu tenho a certeza que vi a segunda torre
a cair uma hora depois, -
20:59 - 21:02mas sei que isso não pode ter acontecido.
-
21:04 - 21:05Obrigado.
-
21:05 - 21:08(Aplausos)
- Title:
- A neurociência forense pode significar a vida ou a morte | Dr. Scott Fraser | TEDxUSC
- Description:
-
O Dr. Scott Fraser analisa um tiroteio de rua em que os testemunhos estavam incorretos como em muitos outros casos semelhantes. Considera os problemas de memória e analisa como a qualidade da luz no local de um crime pode ser investigada cientificamente.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 21:15