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Repensando a ansiedade: aprendendo a enfrentar o medo | Dawn Huebner | TEDxAmoskeagMillyardWomen

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    Um pouco de ansiedade é bom.
  • 0:12 - 0:13
    (Risos)
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    Venho repetindo isso pra mim até hoje,
  • 0:16 - 0:18
    mas um pouco de ansiedade é bom.
  • 0:18 - 0:23
    Estimula os sentidos
    e nos prepara para enfrentar desafios.
  • 0:23 - 0:26
    Excesso de ansiedade já é outra história.
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    Em vez de ajudar, torna-se um obstáculo.
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    Excesso de ansiedade dificulta
    tomar atitudes produtivas,
  • 0:32 - 0:36
    desencadeia uma resposta primitiva
    nas profundezas do nosso cérebro,
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    a velha reação: lutar ou correr,
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    que na verdade tem
    uma terceira parte: travar.
  • 0:42 - 0:44
    As três são mecanismos de proteção
  • 0:44 - 0:48
    com vantagens evolutivas importantes
    quando enfrentamos o perigo.
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    Mas a ansiedade sobre um suposto perigo
  • 0:51 - 0:54
    é muito diferente do perigo real.
  • 0:54 - 0:55
    E, no caso da ansiedade,
  • 0:55 - 1:00
    as reações de lutar, correr e travar
    são todas problemáticas:
  • 1:00 - 1:04
    nos causam sofrimento,
    nos impedem de seguir em frente,
  • 1:04 - 1:06
    apequenam o nosso mundo.
  • 1:06 - 1:09
    Tornei-me psicóloga em 1987
  • 1:09 - 1:12
    e tive meu primeiro e único filho
    vários anos depois.
  • 1:13 - 1:16
    Antes que fiquem preocupados
    com ele, pensando: "Coitado!
  • 1:16 - 1:18
    Uma mãe psicóloga
  • 1:18 - 1:22
    que fala sobre ele num palco do TEDx",
  • 1:22 - 1:23
    (Risos)
  • 1:23 - 1:24
    saibam que ele já é adulto
  • 1:24 - 1:27
    e me deu permissão
    para contar esta história.
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    Mas, quando pequeno, Eli era ansioso.
  • 1:30 - 1:33
    Tinha medo dos vilões
    dos filmes da Disney,
  • 1:33 - 1:38
    de cortar cabelo, de injeções,
    farpas e abelhas,
  • 1:39 - 1:43
    medos ditos normais,
    embora houvesse um bom número deles.
  • 1:43 - 1:46
    No começo, fizemos
    o que a maioria dos pais fazem:
  • 1:46 - 1:47
    nós o tranquilizamos
  • 1:47 - 1:49
    e, quando isso não adiantou,
  • 1:49 - 1:52
    nós o ajudamos a evitar
    as coisas das quais ele tinha medo:
  • 1:52 - 1:56
    paramos de ir ao cinema,
    deixamos o cabelo dele crescer,
  • 1:56 - 1:59
    ficamos longe das flores,
    por causa das abelhas,
  • 1:59 - 2:01
    e de madeira bruta, por causa das lascas.
  • 2:01 - 2:03
    Mas, como um estranho monstro,
  • 2:03 - 2:06
    seu nível de medo continuava a aumentar.
  • 2:06 - 2:09
    Ele começou a entrar em pânico
    sempre que precisava sair,
  • 2:09 - 2:11
    com medo de que pudesse
    encontrar uma abelha,
  • 2:11 - 2:15
    e ficou difícil pra ele tocar
    qualquer coisa feita de madeira.
  • 2:16 - 2:20
    A vida seguiu, e Eli tornou-se
    fascinado por história.
  • 2:20 - 2:24
    Quando ele tinha cerca de dez anos,
    decidimos ir para Fort Ticonderoga,
  • 2:24 - 2:28
    um forte de madeira
    com o potencial de ter muitas lascas.
  • 2:28 - 2:30
    Planejamos tudo:
  • 2:30 - 2:33
    ele ia usar sapatos fechados,
  • 2:33 - 2:37
    manga comprida, calça comprida,
    para não expor a pele.
  • 2:37 - 2:39
    Prometemos-lhe que não
    precisaria tocar em nada,
  • 2:39 - 2:42
    e ele estava realmente animado de ir.
  • 2:42 - 2:44
    Fomos num lindo dia de sol.
  • 2:44 - 2:48
    Andamos pelo forte por horas,
    até ficarmos exaustos.
  • 2:48 - 2:51
    Meu marido e eu nos sentamos
    num banco pra descansar,
  • 2:51 - 2:53
    um banco de madeira
  • 2:53 - 2:56
    no qual Eli simplesmente
    não conseguia sentar,
  • 2:56 - 2:59
    ou mesmo chegar perto o suficiente
    para ficar no nosso colo,
  • 2:59 - 3:01
    com receio de tocar no banco.
  • 3:02 - 3:06
    Ele não podia se sentar no chão do forte,
    porque o chão era de madeira,
  • 3:06 - 3:09
    ou encostar na parede,
    pois era de madeira.
  • 3:09 - 3:13
    Então, ele ficou de pé,
    com o suor escorrendo pelo rosto,
  • 3:13 - 3:17
    totalmente exausto,
    totalmente derrotado por seus medos.
  • 3:18 - 3:21
    Ele ficou de pé porque não havia
    mais nada que pudesse fazer.
  • 3:21 - 3:24
    Ficou de pé e chorou de soluçar.
  • 3:24 - 3:28
    Em retrospectiva, parece óbvio
    que deixamos as coisas irem longe demais,
  • 3:28 - 3:31
    mas, de alguma maneira,
    nossa visão era diferente.
  • 3:31 - 3:33
    Não percebemos a que ponto
    as coisas tinham chegado,
  • 3:33 - 3:35
    quão debilitantes seus medos se tornaram.
  • 3:35 - 3:39
    Não até aquele momento crucial,
  • 3:39 - 3:42
    quando ficou claro
    que precisávamos de ajuda.
  • 3:43 - 3:45
    Levei Eli a um terapeuta,
  • 3:45 - 3:47
    que rapidamente deduziu
    que ele tinha dez anos,
  • 3:47 - 3:50
    tinha medo de farpas, injeções, abelhas
  • 3:50 - 3:53
    e de objetos compridos
    e pontiagudos que podiam furar.
  • 3:54 - 3:58
    Claramente, esse era um medo de penetração
  • 3:58 - 4:01
    ligado a - preparem-se para questões
    freudianas e edipianas -
  • 4:02 - 4:06
    seu desejo de afastar seu pai
    para tomar posse de mim.
  • 4:06 - 4:09
    (Risos)
  • 4:10 - 4:13
    Fiquei lá ouvindo
    aquele psicólogo respeitado,
  • 4:13 - 4:15
    imaginando como aquilo poderia nos ajudar.
  • 4:15 - 4:16
    (Risos)
  • 4:16 - 4:19
    E a resposta era: não podia.
  • 4:20 - 4:25
    Comecei, então, uma cruzada,
    determinada a achar ajuda pro meu filho.
  • 4:25 - 4:27
    E me deparei com a terapia
    cognitivo-comportamental,
  • 4:27 - 4:29
    também conhecida como TCC,
  • 4:29 - 4:32
    um tratamento baseado na premissa
  • 4:32 - 4:34
    de que todos temos um triângulo interno
  • 4:34 - 4:38
    baseado em nossos pensamentos,
    sentimentos e nossas ações.
  • 4:38 - 4:41
    A ideia é que eles estão
    todos inter-relacionados:
  • 4:42 - 4:44
    nossos pensamentos
    influenciam os sentimentos;
  • 4:44 - 4:46
    pensamentos e sentimentos
    guiam nossas ações;
  • 4:46 - 4:50
    ações se vinculam ao que pensamos
    e acreditamos, e assim por diante.
  • 4:50 - 4:54
    A maneira de mudar um sentimento
    problemático como a ansiedade paralisante
  • 4:54 - 4:57
    é mudar os pensamentos
    e as ações associados a ele.
  • 4:57 - 5:00
    Isso fazia sentido, era específico
    e nos dava algo com que trabalhar.
  • 5:00 - 5:04
    Em vez de continuar a ajudá-lo
    a evitar as coisas das quais tinha medo,
  • 5:04 - 5:06
    precisávamos que Eli mudasse
    seu comportamento,
  • 5:06 - 5:09
    que prestasse atenção
    à parte da ação no triângulo.
  • 5:09 - 5:12
    Precisávamos que ele fosse ao cinema,
    saísse, tocasse na madeira,
  • 5:12 - 5:15
    pra ele ver que podia fazer
    essas coisas sem se machucar.
  • 5:15 - 5:19
    Mudar seus atos ajudaria
    a mudar seus pensamentos,
  • 5:19 - 5:21
    e a partir daí seus sentimentos mudariam.
  • 5:22 - 5:24
    Decidimos começar com abelhas
  • 5:24 - 5:27
    e iniciamos uma campanha
    para Eli sair de casa.
  • 5:28 - 5:29
    Ele tinha 11 anos nessa época,
  • 5:29 - 5:33
    e não é exagero dizer que sua vida
    girava em torno de Legos:
  • 5:34 - 5:38
    projetos grandes, castelos, fortes,
    ilhas e barcos complicados.
  • 5:38 - 5:42
    Ele fazia qualquer coisa
    pra ter dinheiro pra comprar Legos.
  • 5:42 - 5:45
    Provavelmente vocês sabem
    aonde isso foi dar: eu o subornei.
  • 5:45 - 5:46
    (Risos)
  • 5:46 - 5:51
    "Vá lá fora", eu dizia,
    "Você não vai ser picado.
  • 5:51 - 5:54
    E, se você for, te dou US$ 10".
  • 5:55 - 5:57
    Vou pausar a história um pouquinho.
  • 5:57 - 5:58
    (Risos)
  • 5:59 - 6:02
    Cometi dois grandes erros
    com aquela intervenção:
  • 6:02 - 6:04
    a primeira foi lhe dizer,
    com toda a certeza,
  • 6:04 - 6:06
    que ele não seria picado.
  • 6:06 - 6:07
    Que loucura é essa?
  • 6:07 - 6:10
    Como eu poderia saber
    se ele seria picado ou não?
  • 6:11 - 6:14
    O que eu deveria ter dito
    era que uma picada seria improvável,
  • 6:14 - 6:18
    o que teria sido mais preciso e mais útil,
  • 6:18 - 6:20
    porque uma parte importante
    de superar a ansiedade
  • 6:20 - 6:22
    é aprender a se arriscar,
  • 6:22 - 6:25
    é agir, mesmo se sentindo inseguro.
  • 6:25 - 6:28
    Estar nervoso e, mesmo assim,
    fazer alguma coisa.
  • 6:29 - 6:33
    O outro erro que cometi foi oferecer
    um prêmio por algo ruim.
  • 6:33 - 6:35
    O que eu deveria premiar
  • 6:35 - 6:39
    era a parte do triângulo TCC
    que eu queria que ele focasse: a ação.
  • 6:39 - 6:42
    Deveria tê-lo premiado por ter saído.
  • 6:42 - 6:44
    Poderia ter comprado o Lego que ele queria
  • 6:44 - 6:47
    e ter lhe dado uma peça
    cada vez que ele saísse.
  • 6:48 - 6:52
    Isso seria recompensar sua coragem,
    sua vontade de enfrentar o medo,
  • 6:52 - 6:55
    encarar a incerteza,
    e não a picada da abelha.
  • 6:56 - 6:59
    Mas eu não sabia o que sei agora,
    portanto fiz a coisa errada.
  • 6:59 - 7:03
    Apesar disso, consegui
    algo importante: fazê-lo sair de casa.
  • 7:04 - 7:09
    Meu marido concordava comigo,
    e ia ainda mais longe.
  • 7:10 - 7:14
    "Se você for lá fora", ele falava,
    "e for picado, te dou US$ 20".
  • 7:14 - 7:16
    (Risos)
  • 7:16 - 7:21
    Então Eli saía, com grande apreensão,
  • 7:21 - 7:23
    mas movido pela possibilidade de ser pago.
  • 7:23 - 7:25
    E ele foi picado
  • 7:25 - 7:28
    cinco minutos após termos
    dito que não seria.
  • 7:29 - 7:33
    Ele reagiu à picada muito bem,
    que é geralmente o que acontece.
  • 7:33 - 7:38
    A possibilidade de algo ruim acontecer
    normalmente é pior do que a coisa em si.
  • 7:38 - 7:42
    E ele estava feliz da vida que agora
    tínhamos que pagar a ele US$ 30.
  • 7:42 - 7:44
    Isso era metade de um barco de Lego.
  • 7:45 - 7:48
    Dinheiro bem gasto, pelo menos,
  • 7:48 - 7:50
    porque ele viu que dava
    para sobreviver à picada.
  • 7:51 - 7:56
    Começou a sair mais depois disso,
    nervoso, mas pensando no dinheiro
  • 7:56 - 7:59
    e, aos poucos, seus medos diminuíram.
  • 7:59 - 8:01
    Não foi a cura perfeita,
  • 8:01 - 8:06
    embora ele tenha superado seu medo
    de objetos compridos e cortantes,
  • 8:06 - 8:08
    o suficiente para tentar esgrima,
  • 8:08 - 8:10
    (Risos)
  • 8:14 - 8:18
    o que me impulsionou ainda mais
    a estudar TCC como orientação teórica.
  • 8:19 - 8:22
    Eu aprendi mais sobre como usar
    estratégias de comportamento cognitivo
  • 8:22 - 8:23
    sem subornar,
  • 8:23 - 8:26
    o que transformou a maneira
    como eu trabalhava com crianças,
  • 8:26 - 8:30
    crianças ansiosas, que melhoravam tanto,
  • 8:30 - 8:34
    que decidi escrever um livro de autoajuda
    para ensinar mais pessoas.
  • 8:35 - 8:39
    Meu primeiro livro foi para crianças
    ansiosas que se preocupam demais,
  • 8:39 - 8:40
    e foi um sucesso.
  • 8:40 - 8:44
    As vendas foram mais altas do que
    meu editor e eu poderíamos imaginar,
  • 8:44 - 8:46
    e então escrevi outro livro, e mais outro,
  • 8:46 - 8:50
    todos ensinando estratégias
    de comportamento cognitivo para crianças,
  • 8:50 - 8:52
    empoderando-as a ajudar a si mesmas.
  • 8:52 - 8:55
    Comecei a ser contactada
    pela mídia nacional
  • 8:55 - 8:58
    e por grupos de pais,
    e por grupos de profissionais,
  • 8:58 - 9:00
    querendo que eu fosse falar,
  • 9:00 - 9:03
    mas, estranhamente,
    eu nunca estava disponível.
  • 9:04 - 9:07
    Nunca era o momento certo,
  • 9:07 - 9:10
    eu tinha outros planos,
    não podia deixar meu consultório.
  • 9:10 - 9:13
    Eram desculpas que eu dava
    uma atrás da outra
  • 9:13 - 9:16
    ao recusar convite atrás de convite:
  • 9:16 - 9:19
    "Desculpe. Não vou poder".
  • 9:20 - 9:23
    Recusei convites para falar
    em público durante dois anos.
  • 9:23 - 9:26
    Estava consciente até certo ponto
    do que estava fazendo.
  • 9:26 - 9:31
    Eu sabia que estava com medo
    que pudesse cair, de dar um branco,
  • 9:31 - 9:35
    não ser interessante ou engraçada...
  • 9:35 - 9:38
    Eu dizia a mim mesma que falar
    em público não era pra mim,
  • 9:38 - 9:40
    e que tudo bem.
  • 9:40 - 9:46
    Mas, no final, a ironia desse medo
    saltou aos olhos e me deu um tapa na cara.
  • 9:46 - 9:47
    (Risos)
  • 9:47 - 9:49
    Ali estava eu:
  • 9:49 - 9:53
    uma psicóloga com um dos livros
    mais vendidos sobre ansiedade,
  • 9:53 - 9:55
    (Risos)
  • 9:55 - 10:00
    uma especialista nacional
    no tratamento da ansiedade,
  • 10:01 - 10:04
    ansiedade - exatamente
    o que estava me impedindo
  • 10:04 - 10:07
    de ir lá na frente e falar a respeito.
  • 10:07 - 10:10
    Eu gostaria de poder dizer que pensei:
  • 10:10 - 10:12
    "Ótimo, será uma oportunidade
  • 10:12 - 10:14
    de praticar as habilidades
    que venho ensinando",
  • 10:14 - 10:16
    mas eu estaria mentindo.
  • 10:16 - 10:17
    (Risos)
  • 10:17 - 10:21
    Meu primeiro pensamento foi:
    "Se eu quiser poder me olhar no espelho,
  • 10:21 - 10:23
    preciso fazer algo sobre isso".
  • 10:24 - 10:27
    Uma das principais intervenções
    de comportamento cognitivo
  • 10:27 - 10:29
    para lidar com ansiedade é a exposição
  • 10:29 - 10:32
    com o objetivo de nos dessensibilizar
    do que quer que tenhamos medo.
  • 10:32 - 10:35
    Imaginem montarmos
    uma caixa de ferramentas;
  • 10:35 - 10:37
    a exposição é a primeira ferramenta.
  • 10:37 - 10:38
    Como funciona?
  • 10:38 - 10:40
    Bem, vamos pensar em pular numa piscina.
  • 10:40 - 10:45
    Ela está fria, mas se ficarem na água,
    começarem a nadar, ou brincar, o que for,
  • 10:45 - 10:48
    logo vai ficar tudo bem;
    vocês se dessensibilizaram.
  • 10:49 - 10:52
    A água continua fria,
    como estava quando vocês pularam,
  • 10:52 - 10:55
    mas vocês não sentem mais o frio,
    vocês se acostumaram.
  • 10:56 - 10:59
    Uma versão dessa técnica de exposição
    chama-se inundação;
  • 10:59 - 11:02
    é como se expor a esteroides,
  • 11:02 - 11:05
    o equivalente literal
    de pular numa piscina fria,
  • 11:05 - 11:07
    de uma vez: "Se vira".
  • 11:07 - 11:11
    Medo de aranha? Enfiem
    a mão numa jarra cheia delas.
  • 11:12 - 11:13
    Medo de germes?
  • 11:13 - 11:17
    Vá a um consultório pediátrico,
    toque os brinquedos na sala de espera,
  • 11:17 - 11:19
    esfregue as mãos na sua cara.
  • 11:19 - 11:20
    (Risos)
  • 11:21 - 11:24
    Essa técnica de fato funciona,
    se você conseguir fazer isso,
  • 11:25 - 11:29
    mas não é o caminho que a maioria
    das pessoas escolhe para enfrentar medos,
  • 11:29 - 11:30
    é meio radical.
  • 11:31 - 11:33
    Felizmente, existe
    outra versão de exposição,
  • 11:33 - 11:35
    um método mais gradual,
  • 11:35 - 11:37
    o equivalente a entrar
    lentamente na piscina,
  • 11:37 - 11:40
    dando um passo de cada vez,
    e deixando o pé se acostumar,
  • 11:40 - 11:43
    então dando outro passo, e outro.
  • 11:43 - 11:45
    Foi essa exposição gradual,
  • 11:45 - 11:47
    este método passo a passo que decidi usar.
  • 11:47 - 11:51
    Montei uma sequência
    para mim e comecei aos poucos:
  • 11:51 - 11:55
    pés na água, levantando
    minha mão em conferências,
  • 11:55 - 11:57
    fazendo comentários em reuniões de grupo,
  • 11:57 - 12:01
    no final concordando em dar uma breve
    palestra a um pequeno grupo,
  • 12:01 - 12:05
    escrevendo a coisa toda,
    segurando meu roteiro,
  • 12:05 - 12:08
    lendo literalmente tudo,
  • 12:09 - 12:12
    me forçando a olhar
    para frente - uma vitória -
  • 12:12 - 12:16
    e lentamente, meticulosa
    mas obstinadamente,
  • 12:16 - 12:19
    fui passando pela sequência de desafios:
  • 12:19 - 12:22
    grupos maiores, deixar o roteiro de lado,
  • 12:22 - 12:25
    culminando finalmente... nisto.
  • 12:27 - 12:29
    (Aplausos) (Vivas)
  • 12:33 - 12:35
    Então há esperança,
  • 12:35 - 12:37
    não só pra mim, mas pra todos nós,
  • 12:37 - 12:39
    porque todos somos propensos
  • 12:39 - 12:42
    a nos esconder das coisas
    que podem nos ferir.
  • 12:42 - 12:43
    É uma coisa boa
  • 12:43 - 12:46
    evitarmos as coisas
    que podem machucar,
  • 12:46 - 12:48
    desde que sejamos precisos ao avaliar
  • 12:48 - 12:51
    o que vai nos machucar
    e quão sério poderá ser.
  • 12:52 - 12:55
    Mas muitas vezes algo dá errado.
  • 12:55 - 12:57
    Perdemos a capacidade
    de avaliar os riscos,
  • 12:57 - 13:00
    e começamos a supor
    que, se estamos com medo,
  • 13:00 - 13:04
    devemos estar em perigo,
    mesmo quando não estamos.
  • 13:04 - 13:08
    Felizmente existe outra ferramenta
    que podemos colocar na caixa:
  • 13:08 - 13:11
    podemos aprender a reconhecer
    e corrigir pensamentos equivocados.
  • 13:11 - 13:13
    O que é pensamento equivocado?
  • 13:13 - 13:15
    É uma percepção incorreta,
  • 13:15 - 13:18
    uma percepção incorreta
    que alimenta a ansiedade.
  • 13:18 - 13:20
    Há três percepções comuns.
  • 13:20 - 13:23
    A primeira: superestimar a probabilidade.
  • 13:23 - 13:24
    É mais ou menos assim:
  • 13:24 - 13:28
    "Se uma coisa ruim pode acontecer,
    vai acontecer, eu sei,
  • 13:28 - 13:31
    e mesmo que não tenha acontecido,
    tenho certeza de que vai;
  • 13:31 - 13:33
    de qualquer forma, não vou arriscar".
  • 13:34 - 13:36
    O que está próximo do pensamento
    equivocado número dois:
  • 13:36 - 13:38
    ser catastrófico.
  • 13:38 - 13:42
    "Aquela coisa ruim que vai acontecer
    não vai ser uma coisa pequena,
  • 13:42 - 13:47
    vai ser uma coisa muito, muito ruim,
    uma coisa horrível, a pior possível.
  • 13:47 - 13:49
    Não vou dar conta disso."
  • 13:49 - 13:50
    A última parte,
  • 13:50 - 13:54
    o pensamento equivocado
    número três: duvidar de si mesmo.
  • 13:54 - 13:57
    "Coisas ruins vão acontecer,
    vai ser horrível...
  • 13:57 - 13:59
    não vou sobreviver...
    esquece; não vou fazer isso."
  • 14:00 - 14:02
    Soa familiar?
  • 14:02 - 14:04
    Todos temos esses pensamentos,
  • 14:04 - 14:08
    antecipando a pior falha
    que se pode visualizar,
  • 14:08 - 14:12
    subestimando nossas habilidades,
    dizendo a nós mesmos que não aguentamos.
  • 14:13 - 14:15
    Mas pensamentos são só pensamentos,
  • 14:15 - 14:19
    não necessariamente úteis,
    não necessariamente verdadeiros,
  • 14:19 - 14:23
    e, quando temos um pensamento desses,
    não precisamos dar atenção a ele,
  • 14:23 - 14:27
    podemos deixá-lo de lado,
    ou melhor ainda, corrigi-lo.
  • 14:28 - 14:32
    Expressar a ansiedade ajuda,
    que é na verdade a terceira ferramenta.
  • 14:32 - 14:35
    Ela envolve pensar
    sobre sua preocupação ou medo
  • 14:35 - 14:37
    como uma praga, uma pequena criatura,
  • 14:37 - 14:40
    cujo único objetivo é fazê-lo
    sentir-se assustado.
  • 14:40 - 14:42
    Toda vez que você ouve aquela preocupação,
  • 14:42 - 14:46
    toda vez que vai atrás dela cegamente
  • 14:46 - 14:48
    e segue as regras determinadas,
  • 14:48 - 14:51
    "Não vá ali", "Não toque
    aquilo", "Não faça isso",
  • 14:51 - 14:54
    toda vez que você ouve a sua
    preocupação, você a alimenta.
  • 14:54 - 14:58
    E toda vez que você a alimenta,
    ela fica mais forte.
  • 14:59 - 15:01
    Mas, quando você não obedece
    a sua preocupação,
  • 15:01 - 15:04
    quando você reage, a desafia, a corrige,
  • 15:04 - 15:06
    é uma vitória sua.
  • 15:06 - 15:10
    Na verdade, as ferramentas estão
    na ordem inversa, então vou invertê-las,
  • 15:10 - 15:14
    para mostrar como uma pessoa
    deve usá-las, por exemplo, uma criança.
  • 15:14 - 15:16
    Imaginem uma criança de oito anos,
  • 15:16 - 15:18
    que tenha medo de subir
    as escadas sozinha,
  • 15:18 - 15:22
    porque pode haver uma daquelas bonecas
    assustadoras que ganham vida,
  • 15:22 - 15:24
    ou um fantasma,
  • 15:24 - 15:27
    ou talvez ela não tenha certeza
    do que tem medo, só não quer subir lá.
  • 15:27 - 15:30
    Mas digamos que ela conheça
    essas ferramentas,
  • 15:30 - 15:32
    então, primeiro,
    ela externa sua ansiedade,
  • 15:32 - 15:34
    dizendo a si mesma:
  • 15:34 - 15:37
    "É minha preocupação falando comigo;
    não preciso dar atenção".
  • 15:37 - 15:40
    Segundo, ela vai perceber
    seus pensamentos equivocados:
  • 15:40 - 15:43
    "A chance de algo
    me agarrar é muito pequena...
  • 15:43 - 15:46
    já subi aqui milhões de vezes,
    e nada de ruim aconteceu".
  • 15:46 - 15:50
    Terceiro, ela vai se lembrar
    da piscina: ela tem de entrar.
  • 15:50 - 15:53
    Ela pode pular, ou seja, subir de uma vez,
  • 15:53 - 15:55
    ou pode subir aos poucos.
  • 15:55 - 15:58
    Pode praticar subindo só
    um pouquinho de cada vez.
  • 15:58 - 16:01
    Talvez a mãe possa ficar no pé da escada
  • 16:01 - 16:03
    enquanto ela sobe e volta,
  • 16:03 - 16:05
    e então sobe e toca as maçanetas
  • 16:05 - 16:07
    e desce,
  • 16:07 - 16:09
    e talvez a mãe possa se afastar
  • 16:09 - 16:12
    enquanto a criança
    sobe mais e fica um pouco mais.
  • 16:13 - 16:17
    O objetivo, quando se fala
    em enfrentar medos, é enfrentá-los.
  • 16:18 - 16:23
    Não é esperar não sentir mais medo,
    não é se acomodar no medo,
  • 16:23 - 16:27
    não é desejar que vá embora,
    ou respirar fundo.
  • 16:27 - 16:30
    Temos de fazer o que nos dá medo
    enquanto estamos com medo,
  • 16:30 - 16:33
    para vermos que nosso medo
    é um alarme falso.
  • 16:33 - 16:36
    Ele não está nos dando informação útil,
  • 16:36 - 16:38
    e não temos de lhe obedecer.
  • 16:39 - 16:40
    É um sentimento.
  • 16:40 - 16:42
    um sentimento desconfortável,
    mas um sentimento,
  • 16:42 - 16:45
    e, como todos sentimentos, é temporário.
  • 16:46 - 16:49
    Vocês, seus filhos, qualquer um
    pode aprender a fazer isso,
  • 16:49 - 16:52
    começar a tratar a ansiedade
    como um ruído de fundo,
  • 16:52 - 16:55
    como um britadeira martelando lá fora.
  • 16:55 - 16:57
    Com certeza podem ouvi-lo,
    não tem como evitar.
  • 16:57 - 17:02
    Mas não temos de nos curvar a ele,
    ou travar no lugar até que pare;
  • 17:02 - 17:06
    deixem pra lá, ponham
    a atenção em outra coisa.
  • 17:06 - 17:08
    Aí é que entra a respiração profunda,
  • 17:08 - 17:13
    "mindfulness" e exercícios,
    e várias formas de distração.
  • 17:13 - 17:15
    Essas são ferramentas adicionais
  • 17:15 - 17:18
    mais bem usadas não para evitar
    as coisas de que temos medo,
  • 17:18 - 17:21
    mas para ajudar a acalmar
    nossa mente e nosso corpo
  • 17:21 - 17:26
    para silenciar aquele alarme falso,
  • 17:27 - 17:28
    nos permitindo lembrar
  • 17:28 - 17:32
    que ter medo não é o mesmo
    que estar em perigo.
  • 17:33 - 17:35
    Então temos uma escolha:
  • 17:35 - 17:40
    seguir nossos instintos, nos esconder,
    ceder aos nossos medos e travar,
  • 17:40 - 17:44
    ou enfrentar nossos medos,
    ir na direção deles.
  • 17:45 - 17:47
    A ansiedade é como esta armadilha
    de dedos chinesa,
  • 17:48 - 17:51
    este tubo de tecido
    dentro do qual colocamos os dedos:
  • 17:51 - 17:54
    quanto mais puxamos, mais presos ficamos.
  • 17:54 - 17:58
    O truque é relaxar as mãos,
  • 17:58 - 18:02
    parar de brigar com o tubo,
    movimentar-se para dentro dele
  • 18:02 - 18:05
    e, de repente, nos libertamos.
  • 18:06 - 18:07
    Obrigada.
  • 18:07 - 18:08
    (Aplausos)
Title:
Repensando a ansiedade: aprendendo a enfrentar o medo | Dawn Huebner | TEDxAmoskeagMillyardWomen
Description:

Somos programados para fugir das coisas que nos assustam - lutar, correr ou travar perante o perigo. A ansiedade é uma coisa boa, mas o problema é que ela imagina o perigo, que é diferente do perigo de verdade. Quando agimos baseados simplesmente em sentimentos de nervosismo, nosso mundo pode se tornar muito opressivo. Nossa tentativa desesperada de evitar o desconforto e a incerteza alimenta a ansiedade, e evitá-los nos paralisa. Podemos tomar o controle de volta. Podemos aprender a enfrentar nossos medos em vez de fugir deles.

Dra. Dawn Huebner acredita que todos nós podemos ser ensinados a superar o medo e a ansiedade. Nesta palestra envolvente, ela explica como qualquer pessoa, de qualquer idade, pode vencer um medo debilitante. Psicóloga clínica, ela trata de crianças com problemas emocionais, comportamentais e de desenvolvimento.

Huebner é autora da série "The What To Do Guides for Kids" (guias sobre o que fazer, para crianças), que não só refletem suas convicções sobre empoderamento, como também oferecem orientação para pais e filhos. Sua jornada pessoal como mãe levou Huebner à missão de encontrar formas de usar a terapia cognitivo-comportamental como abordagem. Com linguagem simples e bom humor, ela apresenta conceitos sofisticados de uma maneira fácil de entender. Esses conceitos, oferecidos em livros, foram traduzidos e publicados em 12 idiomas.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:13

Portuguese, Brazilian subtitles

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