Porque devemos ler Edgar Allan Poe? — Scott Peeples
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0:07 - 0:11Uma testa alta encimada por
um cabelo negro desgrenhado, -
0:11 - 0:13uma palidez doentia,
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0:13 - 0:17e um ar de profunda inteligência
e de exaustão ainda mais profunda -
0:17 - 0:20nos olhos escuros, olheirentos,
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0:20 - 0:24a imagem de Allan Poe
é reconhecível de imediato, -
0:24 - 0:27e está perfeitamente
adequada à sua reputação. -
0:28 - 0:31Do prisioneiro amarrado
a um pêndulo afiado que desce -
0:31 - 0:35até ao corvo que se recusa
a abandonar o quarto do narrador, -
0:35 - 0:39as histórias macabras e inovadoras
de horror gótico, de Poe, -
0:39 - 0:42deixaram uma marca indelével
na literatura. -
0:43 - 0:46Mas o que é que faz de Edgar Allan Poe
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0:47 - 0:49um dos maiores escritores norte-americanos?
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0:49 - 0:52Afinal, o horror era um género
popular da época, -
0:52 - 0:54com muitos praticantes.
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0:55 - 0:58Mas Poe destaca-se,
graças à sua atenção cuidada -
0:58 - 1:00quanto à forma e ao estilo.
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1:01 - 1:02Enquanto crítico literário,
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1:02 - 1:06identificou duas regras fundamentais
para a forma do conto: -
1:06 - 1:09tem de ser suficientemente curto
para se ler de uma só vez -
1:09 - 1:12e cada palavra deve contribuir
para o mesmo objetivo. -
1:12 - 1:14Com o domínio destas regras,
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1:14 - 1:16Poe comanda a atenção do leitor
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1:16 - 1:20e recompensa-o com uma experiência
intensa e única, -
1:20 - 1:23aquilo a que Poe chamava
a unidade do efeito. -
1:23 - 1:27Embora assustador, esse efeito
vai muito além do medo. -
1:27 - 1:30Os contos de Poe
usam a violência e o horror -
1:30 - 1:33para explorar os paradoxos
e os mistérios do amor, -
1:33 - 1:35da tristeza e da culpa,
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1:35 - 1:39resistindo a interpretações simples
ou a nítidas mensagens morais. -
1:39 - 1:42Embora apontem, por vezes,
para elementos sobrenaturais, -
1:42 - 1:46as verdadeiras trevas que exploram
são o espírito humano -
1:46 - 1:49e a sua propensão para a autodestruição.
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1:49 - 1:52Em "O Coração Revelador",
um assassínio horripilante -
1:52 - 1:56sobrepõe-se à terna empatia
do assassino para com a vítima -
1:56 - 1:59— uma ligação que, em breve,
volta para o assombrar. -
1:59 - 2:03A personagem de "Ligeia"
regressa de entre os mortos -
2:03 - 2:06no cadáver da segunda mulher
do seu marido -
2:06 - 2:09— pelo menos é o que pensa
o narrador, viciado em ópio. -
2:10 - 2:12Quando o protagonista
de “William Wilson” -
2:12 - 2:16se confronta violentamente com um homem
que ele acha que o está a seguir, -
2:16 - 2:19pode estar a olhar apenas
para a sua imagem num espelho. -
2:20 - 2:23Através do uso pioneiro
de narradores pouco fiáveis, -
2:23 - 2:26Poe transforma os leitores
em participantes ativos -
2:26 - 2:31que têm de decidir quando o narrador
está a interpretar mal ou está a mentir, -
2:31 - 2:33quanto aos acontecimentos que relata.
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2:34 - 2:36Embora seja mais conhecido
pelos seus contos de horror, -
2:37 - 2:40Poe foi um dos escritores
mais versáteis -
2:40 - 2:42e mais experimentais do século XIX.
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2:42 - 2:45Inventou as histórias policiais
como as conhecemos hoje -
2:45 - 2:47com " Os Assassinatos da Rua Morgue",
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2:47 - 2:50seguidos por " O Mistério de Marie Roget"
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2:50 - 2:52e " A Carta Roubada".
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2:52 - 2:55Estes três contos caracterizam
o cadeirão original do detetive, -
2:55 - 2:57C. Auguste Dupin,
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2:57 - 3:02que usa o seu génio e poderes invulgares
de observação e dedução -
3:02 - 3:05para solucionar crimes
que deixam a polícia baralhada. -
3:05 - 3:08Poe também escreveu sátiras
de tendência social e literária -
3:08 - 3:12e farsas que, nalguns casos,
anteciparam a ficção científica. -
3:12 - 3:16Estas incluem o relato duma viagem
à lua num balão -
3:16 - 3:19e o relato de um moribundo
posto em transe hipnótico, -
3:19 - 3:22para poder falar do lado de lá.
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3:23 - 3:27Poe até escreveu um romance de aventuras
sobre uma viagem ao Polo Sul -
3:27 - 3:29e um tratado sobre astrofísica,
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3:29 - 3:31enquanto trabalhava como editor,
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3:31 - 3:36produzindo centenas de páginas
de críticas a livros e teoria literária. -
3:36 - 3:40Uma apreciação completa da carreira de Poe
não ficaria completa sem a sua poesia, -
3:40 - 3:42obsessiva e hipnótica.
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3:43 - 3:45Os poemas mais conhecidos
são canções de tristeza -
3:46 - 3:47ou, nas suas palavras,
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3:47 - 3:50"recordações fúnebres e infindáveis".
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3:50 - 3:54"O Corvo", em que o orador
projeta a sua tristeza numa ave, -
3:54 - 3:56que repete apenas um único som,
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3:56 - 3:58tornou Poe famoso.
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3:58 - 4:00Mas, apesar do seu êxito literário,
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4:00 - 4:02Poe viveu na pobreza
durante toda a sua carreira -
4:02 - 4:06e a sua vida pessoal foi, muitas vezes,
tão sombria como os seus escritos. -
4:06 - 4:09Vivia atormentado pela perda
da mãe e da sua mulher, -
4:10 - 4:13que tinham morrido ambas
de tuberculose, aos 24 anos. -
4:13 - 4:15Poe lutava contra o alcoolismo
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4:15 - 4:18e, frequentemente, antagonizava
outros escritores populares. -
4:18 - 4:22Grande parte da sua fama proveio
de adaptações póstumas das suas obras -
4:22 - 4:24— adaptações muito livres.
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4:24 - 4:28Mas, se ele tivesse sabido
o prazer e a inspiração -
4:28 - 4:32que os seus escritos iriam dar
a gerações de leitores e escritores, -
4:33 - 4:37talvez tivesse surgido um sorriso
naquele conhecido rosto inquietante.
- Title:
- Porque devemos ler Edgar Allan Poe? — Scott Peeples
- Speaker:
- Scott Peeples
- Description:
-
O prisioneiro amarrado a um pêndulo afiado que desce. Um corvo que se recusa a abandonar o quarto do narrador. Um coração palpitante enterrado debaixo do sobrado. As histórias macabras e inovadoras de Poe, de horror gótico, deixaram uma marca indelével na literatura. Mas o que é que faz de Edgar Allan Poe um dos maiores escritores norte-americanos? Scott Peeples investiga.
Lição de Scott Peeples, direção de Compote Collective
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:53
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