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Cinco coisas que aprendi como correspondente internacional | Lara Setrakian | TedxYerevan

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    Enquanto crescia em Nova Jersey,
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    eu sonhava ter um passaporte
    para qualquer lugar.
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    Isso era o meu código
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    para a chance de ver novas terras,
    conhecer novas pessoas
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    e ver, principalmente, os extremos,
    as pontas de cada espectro,
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    e assim compreender
    tudo o que se encontra no meio.
  • 0:23 - 0:25
    Consegui o meu passaporte
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    como correspondente internacional
    para a ABC News e a Bloomberg.
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    Ele me levou a ver a vida
    na República Islâmica do Irã.
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    Ele me levou a caçar piratas
    na costa da Somália.
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    Ele me levou ao coração
    da revolução na Praça Tahrir.
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    E como Garman disse, onde eu estiver,
    tento capturar retratos da cultura.
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    Para as notícias, mas também para mim,
    escrevo-as em um caderno.
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    Este veio comigo de Londres a Catmandu,
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    e esta é uma amostra do que está dentro.
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    No meio:
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    (Árabe)
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    Literalmente: “Realize seus sonhos”.
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    É de uma propaganda
    de hipotecas na Tunísia.
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    À direita: (Árabe)
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    Minha amiga Sulaf, da Jordânia,
    escreveu isso em memória a seu pai.
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    É um conceito árabe muçulmano
    do carma especial que ganhamos,
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    uma bênção dos pais,
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    passada da mãe, ou do pai, para os filhos.
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    Um colega da Turquia escreveu esta:
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    (Turco)
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    "Se você é louco, todo dia é uma festa."
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    Em outras palavras,
    se você for louco o bastante,
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    pode ter tudo o que quiser.
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    (Árabe)
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    "O que vem muito rápido,
    vem provavelmente do diabo."
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    Esta está meio borrada.
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    (Armênio)
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    "Erga-se e traga outros com você."
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    E abaixo:
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    (Armênio)
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    "Acredite, pois o que é verdadeiro
    e correto funcionará no final."
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    Aprendi essa com nossa
    organizadora TEDx, Kristine.
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    E a última:
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    (Sânscrito)
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    É um provérbio indiano:
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    "A verdade deve vencer,
    não importa quem perca."
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    Ao viajar, enchemos muitos cadernos
    e aprendemos bastante.
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    Até o simples ato de fazer jornalismo
    é algo que nos desenvolve,
  • 2:13 - 2:16
    que nos dá lições para a vida.
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    Estou tão grata por todas elas
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    que quis compartilhar
    algumas com vocês hoje.
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    Aqui estão cinco coisas que aprendi
    como correspondente internacional,
  • 2:25 - 2:27
    e que vocês podem aprender.
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    Número um:
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    a percepção pode contar
    tanto quanto a intenção.
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    Não são só as suas intenções,
    mas também o que você projeta
  • 2:36 - 2:39
    que pode o colocar ou tirar de problemas.
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    Aprendi isso ao viajar
    para a Arábia Saudita.
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    Aterrissei no meio da noite,
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    estava indo sozinha para Riade,
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    e percebi que, por causa
    da minha aparência,
  • 2:50 - 2:52
    tenho que ser mais cuidadosa.
  • 2:53 - 2:56
    Se você é uma mulher ocidental
    e parece estrangeira na Arábia Saudita,
  • 2:56 - 2:59
    na maior parte do tempo,
    as pessoas não a incomodarão.
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    Devido às minhas feições morenas,
    tenho uma certa mistura,
  • 3:02 - 3:05
    de um rosto oriental
    e uma atitude ocidental.
  • 3:05 - 3:09
    E tinha que estar atenta
    em como poderiam interpretar isso.
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    Tinha que estar atenta para cada situação.
  • 3:12 - 3:16
    Talvez tenha que falar mais suave,
    ou não chamar muita atenção.
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    Então pensei em achar o "controle"
    da minha individualidade,
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    e abaixar seu volume só um pouco,
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    para ter certeza de estar segura.
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    Número dois:
  • 3:28 - 3:31
    o medo é amplificado pela distância.
  • 3:31 - 3:33
    Quanto mais longe estamos de algo,
  • 3:33 - 3:35
    mais isso parece assustador.
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    Aprendi isso ao viajar para o Líbano,
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    um país constantemente
    à beira de uma guerra civil.
  • 3:42 - 3:45
    Tudo está calmo,
    e então há uma explosão em Beirute,
  • 3:45 - 3:46
    ou um tiroteio na fronteira.
  • 3:46 - 3:51
    Todos os dias, um partido ataca o outro,
    armado até os dentes.
  • 3:51 - 3:53
    E isso parece assustador de longe,
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    especialmente quando se está
    em uma bolha de medo,
  • 3:56 - 3:59
    e o aeroporto fecha,
    você precisa dirigir até Beirute...
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    Mas, ao se aproximar,
    você pode situar o medo,
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    separar o real do exagerado,
    ligar para quem conhece o lugar,
  • 4:07 - 4:09
    descobrir como estar em segurança
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    e ter uma percepção do perigo real,
    não do medo subjetivo.
  • 4:14 - 4:17
    Isso se aplica a muitas coisas na vida.
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    Em casa ou no trabalho,
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    muitas coisas parecem mais ameaçadoras
    quando você está longe.
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    Porque o medo é
    amplificado com a distância.
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    Se você se aproxima,
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    pode perceber o que é real
    e o que é exagerado.
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    Pode situar a ameaça,
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    confrontar o que precisa
    e se manter segura.
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    Número três:
  • 4:37 - 4:40
    não é quem você conhece ou o que sabe.
  • 4:40 - 4:44
    É como você trabalha,
    quão duro e inteligente.
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    A vida, como o jornalismo,
    não é uma meritocracia perfeita,
  • 4:47 - 4:49
    mas o esforço conta.
  • 4:49 - 4:52
    Quando comecei, em Nova York,
    muitas pessoas diziam:
  • 4:52 - 4:54
    "É quem você conhece, não o que sabe".
  • 4:54 - 4:57
    E eu não podia acreditar,
    porque não conhecia ninguém.
  • 4:57 - 5:00
    Meus pais eram imigrantes,
    nós começamos do nada.
  • 5:00 - 5:04
    E eu tinha que acreditar
    que aquilo não era verdade.
  • 5:04 - 5:06
    Então um produtor amigo meu, David Katz,
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    em um momento miraculoso
    durante uma conversa, me disse:
  • 5:09 - 5:12
    "Lara, não é quem você
    conhece ou o que sabe.
  • 5:12 - 5:15
    É como trabalha, quão duro e inteligente.
  • 5:15 - 5:18
    Porque se você trabalhar direito,
    vai aprender o que precisa,
  • 5:18 - 5:21
    e vai conhecer
    as pessoas certas no caminho".
  • 5:21 - 5:26
    No Oriente Médio, há uma palavra
    para a influência e benefícios obtidos
  • 5:26 - 5:29
    por conhecer as pessoas certas
    e saber mexer os pauzinhos.
  • 5:29 - 5:31
    A palavra é: "wasta".
  • 5:31 - 5:33
    É muito usada.
  • 5:33 - 5:35
    Como aquele cara
    conseguiu um visto? Wasta.
  • 5:35 - 5:37
    Como aquela garota
    entrou na faculdade? Wasta.
  • 5:37 - 5:41
    Como aqueles caras construíram
    uma fábrica na praia? Wasta.
  • 5:41 - 5:45
    Todos odeiam isso, e todos querem.
  • 5:45 - 5:48
    Mas, na verdade, se você trabalha
    duro e de forma inteligente,
  • 5:48 - 5:51
    pode construir sua rede,
    trabalhar sua wasta,
  • 5:51 - 5:54
    usar sua wasta para o bem
    e não para o mal.
  • 5:54 - 5:58
    Mas se você só joga as mãos para o céu
    porque não nasceu na "wastocracia",
  • 5:58 - 6:00
    então está desistindo cedo demais.
  • 6:02 - 6:03
    Número quatro:
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    você perde 100% das chances
    que não arrisca,
  • 6:06 - 6:08
    e algumas das que arrisca.
  • 6:08 - 6:10
    Peguei essa frase
    emprestada de Wayne Gretzky.
  • 6:10 - 6:14
    A ideia é que você deve
    fazer as coisas com desapego
  • 6:14 - 6:18
    e recuar sem medo e sem cicatrizes
    quando algo não dá certo.
  • 6:18 - 6:23
    É algo que procuro sempre lembrar
    ao tentar entrevistar alguém importante.
  • 6:23 - 6:25
    Eu queria entrevistar
    o presidente da Somália.
  • 6:25 - 6:27
    O que requer fazer um pedido,
  • 6:27 - 6:30
    descobrir seu círculo,
    encontrar os contatos certos,
  • 6:30 - 6:32
    ir ao Chifre da África
    com um cinegrafista,
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    e sentar e esperar.
  • 6:34 - 6:38
    E estar no meio de uma tentativa,
    sem saber se vai dar certo,
  • 6:38 - 6:40
    pode ser muito ruim.
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    E pode ser bem pior, se não der certo.
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    Naquela vez, eu tive sucesso.
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    Mas outras vezes não.
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    E o segredo é se recuperar.
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    Tratar as vitórias como as derrotas.
  • 6:52 - 6:56
    Imagine estar retirando algumas
    das falhas inevitáveis do caminho.
  • 6:56 - 6:58
    Você não pode enfraquecer,
    nem parar de tentar.
  • 7:00 - 7:02
    Número cinco, minha favorita:
  • 7:03 - 7:05
    as pessoas são melhores do que você pensa.
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    Elas não são anjos, não são perfeitas,
    mas são melhores do que você pensa.
  • 7:10 - 7:14
    Temos a tendência de preencher as lacunas
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    do que não sabemos com coisas negativas.
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    Pode acontecer com todos:
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    se vemos alguém bem-vestido,
    concluímos que é um esnobe,
  • 7:22 - 7:25
    ou se vemos alguém muito ocupado,
    concluímos que é egocêntrico,
  • 7:25 - 7:29
    porque preenchemos lacunas com o negativo,
    quando não precisamos.
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    Por décadas, no governo
    de Hosni Mubarak no Egito,
  • 7:32 - 7:35
    a minoria cristã copta
    e a maioria muçulmana
  • 7:35 - 7:37
    estiveram em conflito.
  • 7:37 - 7:42
    Havia muita desconfiança e violência,
    explosões, tiroteios...
  • 7:42 - 7:46
    E qualquer um que fosse responsável
    por uma dessas ações,
  • 7:46 - 7:48
    cobria essas duas comunidades
  • 7:48 - 7:51
    com desconfiança e suposições negativas.
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    Até que, em um dos momentos mais belos
    da revolução na Praça Tahrir,
  • 7:56 - 7:57
    elas estavam juntas.
  • 7:57 - 8:01
    Havia cristãos em volta da praça,
    protegendo o centro,
  • 8:01 - 8:03
    enquanto os muçulmanos rezavam ajoelhados.
  • 8:04 - 8:06
    E na missa de domingo, havia o contrário:
  • 8:06 - 8:10
    os muçulmanos protegiam o centro,
    enquanto os cristãos rezavam.
  • 8:10 - 8:13
    Quando estiveram juntos e do mesmo lado,
  • 8:13 - 8:16
    eles deixaram de fazer
    suposições negativas.
  • 8:17 - 8:21
    A palavra para otimista
    em armênio é "lavades":
  • 8:21 - 8:22
    "aquele que vê o bem".
  • 8:23 - 8:25
    Procure o que é bom nos outros.
  • 8:25 - 8:27
    Para o seu bem e o deles.
  • 8:27 - 8:31
    Não digo para ser ingênuo,
    nem para não ser cuidadoso.
  • 8:31 - 8:36
    Só digo que não faz sentido enxergar
    escuridão e sombras quando não precisamos.
  • 8:36 - 8:38
    Especialmente quando não estão lá.
  • 8:39 - 8:40
    Para concluir,
  • 8:41 - 8:43
    como interpreto a realidade?
  • 8:43 - 8:46
    Como levo, ou tento levar,
    a verdade à televisão?
  • 8:47 - 8:51
    Aprendendo tudo o que posso
    das pessoas e dos lugares ao meu redor,
  • 8:51 - 8:55
    e então fazendo tudo o que posso
    para transmitir sua essência.
  • 8:55 - 8:59
    E conseguimos isso exercitando
    nossa empatia, sinceridade,
  • 8:59 - 9:02
    diligência, humildade e respeito.
  • 9:03 - 9:06
    Sabendo quando pedir ajuda,
    quando estamos fora de nosso ambiente,
  • 9:06 - 9:10
    e como pedir ajuda,
    com gentileza e gratidão.
  • 9:11 - 9:13
    E estando preparados
    para admitir nossos erros.
  • 9:14 - 9:18
    Foi isso que aprendi no meu trabalho
    e que levei para minha vida,
  • 9:18 - 9:19
    e o que a fez muito mais rica.
  • 9:20 - 9:21
    Obrigada.
  • 9:21 - 9:24
    (Aplausos)
Title:
Cinco coisas que aprendi como correspondente internacional | Lara Setrakian | TedxYerevan
Description:

Lara Setrakian é correspondente das redes de televisão americanas Bloomberg e ABC News, baseada em Dubai, cobrindo negócios, política e eventos importantes no Oriente Médio. Ela entrevistou líderes importantes e, durante as revoltas árabes de 2011, esteve à frente da cobertura dos eventos. Trabalhando in loco para a Bloomberg durante a crise no Egito, Setrakian noticiou ao vivo os eventos da Praça Tahrir que culminaram no fim das três décadas de governo do presidente Hosni Mubarak.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:34

Portuguese, Brazilian subtitles

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