O trabalho não remunerado que o PIB ignora, e por que deveria considerá-lo
-
0:01 - 0:04(Maori) Minha montanha é Taupiri.
-
0:04 - 0:06Waikato é o meu rio.
-
0:06 - 0:08Meu nome é Marilyn.
-
0:09 - 0:10Olá.
-
0:11 - 0:14Como sabem, quando eu era muito jovem,
-
0:14 - 0:17fui eleita para o parlamento
da Nova Zelândia. -
0:18 - 0:24E, naquela fase, se aprende sobretudo
ouvindo as histórias dos outros. -
0:25 - 0:30Me lembro de uma mulher,
lesionada em um acidente de fazenda. -
0:31 - 0:35Como estava chegando a época
de tosquia na fazenda, -
0:36 - 0:39ela teve que ser substituída
por um pastor, -
0:39 - 0:42por alguém que ficasse no depósito de lã,
-
0:42 - 0:47e, claro, alguém precisaria
tomar conta das tarefas da casa -
0:47 - 0:51e preparar comida para os tosquiadores.
-
0:51 - 0:55A mãe dela veio ajudar.
-
0:57 - 1:00Mas a família não iria remunerar a mãe,
-
1:00 - 1:05porque é isso que mães e familiares
supostamente deveriam fazer. -
1:06 - 1:11Certo ano, uma empresa chamada
"Gold Mines New Zealand" -
1:11 - 1:17solicitou uma licença de exploração
do nosso belo Monte Pirongia. -
1:19 - 1:20É uma montanha
-
1:21 - 1:25cheia de ecossistemas extraordinários,
-
1:26 - 1:31de florestas verdejantes e virgens.
-
1:32 - 1:35Ela produzia oxigênio,
era dreno de carbono, -
1:35 - 1:40era o lar de espécies ameaçadas
e de espécies polinizadoras -
1:40 - 1:42das áreas agrícolas ao redor.
-
1:43 - 1:49Essa indústria mineradora veio
com um grande prospecto econômico -
1:49 - 1:54sobre quanto dinheiro poderia ser gerado
-
1:54 - 1:57da mineração de nossa montanha;
-
1:57 - 2:01sobre todo o crescimento e desenvolvimento
-
2:01 - 2:05que traria às previsões
orçamentárias da Nova Zelândia. -
2:06 - 2:09E fomos deixados com a lembrança
-
2:09 - 2:13de tudo que valorizávamos
sobre a nossa montanha. -
2:14 - 2:18Felizmente, nós paramos.
-
2:19 - 2:21E então, eu me lembrei
-
2:21 - 2:25de uma mulher que tinha
três crianças pequenas -
2:26 - 2:29e cuidava de seus pais idosos.
-
2:30 - 2:33E ninguém parecia pensar
que, em algum momento, -
2:34 - 2:39ela talvez precisasse de assistência
com os cuidados com as crianças, -
2:39 - 2:41porque ela não estava sendo remunerada.
-
2:43 - 2:48Então, passei a perceber um padrão
em todas essas histórias que ouvia -
2:49 - 2:51e comecei a fazer perguntas a respeito
-
2:51 - 2:57para tentar entender a essência
desse padrão de valores -
2:58 - 3:01que eram parte de todas essas histórias.
-
3:03 - 3:05E encontrei a resposta
-
3:05 - 3:10em uma fórmula econômica
chamada "Produto Interno Bruto" -
3:11 - 3:13ou PIB.
-
3:13 - 3:16A maioria aqui deve ter ouvido a respeito,
-
3:16 - 3:21mas muitos não têm ideia
do que isso realmente significa. -
3:22 - 3:28Estas regras foram elaboradas por homens
com educação ocidental em 1953. -
3:30 - 3:34Eles definiram uma fronteira de produção
-
3:35 - 3:37ao definir essas regras.
-
3:37 - 3:39Eles queriam medir
-
3:39 - 3:42tudo o que envolvesse
uma transação comercial. -
3:43 - 3:46Então, em um lado,
-
3:46 - 3:49tudo que envolvia uma transação
comercial era contabilizado, -
3:50 - 3:53sem importar se essa transação
era legal ou ilegal. -
3:54 - 3:59Transações comerciais no mercado
ilegal de armamentos, munições, -
3:59 - 4:02drogas, espécies em perigo de extinção,
-
4:02 - 4:04tráfico de pessoas...
-
4:04 - 4:07Tudo isso é ótimo para o crescimento,
-
4:07 - 4:08e é considerado.
-
4:09 - 4:13Do outro lado da fronteira de produção,
-
4:13 - 4:16havia uma frase extraordinária
nas regras que dizia -
4:18 - 4:24que o trabalho das pessoas a quem
chamavam de "produtores não primário" -
4:25 - 4:28era de "pouco ou nenhum valor".
-
4:29 - 4:34Então, eu pensei: vamos ver quantos
produtores não primários temos aqui. -
4:34 - 4:37Na última semana,
-
4:37 - 4:42quantos de vocês transportaram
pessoas de sua casa ou as coisa delas -
4:42 - 4:44sem receberem pagamento?
-
4:45 - 4:48Quantos de vocês limparam, aspiraram,
-
4:49 - 4:52varreram, arrumaram a cozinha?
-
4:52 - 4:54Sim?
-
4:54 - 4:57Quem fez compras para alguém de sua casa?
-
4:58 - 5:02Cozinhou e depois lavou a louça?
-
5:02 - 5:04Lavou roupa? Passou?
-
5:05 - 5:08(Risos)
-
5:10 - 5:14Bom, no que diz respeito à economia,
-
5:14 - 5:16vocês estavam "de folga".
-
5:16 - 5:18(Risos)
-
5:19 - 5:22(Aplausos) (Vivas)
-
5:26 - 5:29E quanto às mulheres
-
5:29 - 5:32que ficaram grávidas e que tiveram filhos?
-
5:33 - 5:34Pois é...
-
5:35 - 5:37Agora, eu odeio dizer isso,
-
5:37 - 5:40porque é um trabalho muito pesado,
-
5:40 - 5:43mas, naquele momento, vocês
estavam sendo improdutivas. -
5:43 - 5:45(Risos)
-
5:46 - 5:51Algumas de vocês devem
ter amamentado o seu bebê. -
5:51 - 5:55Mas, nas contas nacionais
da Nova Zelândia, -
5:56 - 6:00é assim que chamamos os números
que serão usados para o PIB, -
6:00 - 6:07nessas contas, o leite de búfala,
cabras, ovelhas e vacas possuem valor, -
6:07 - 6:09mas não o leite humano.
-
6:09 - 6:11(Risos)
-
6:12 - 6:15Esse é o melhor alimento do planeta,
-
6:15 - 6:19o melhor investimento que podemos
fazer pela saúde e educação futuras -
6:19 - 6:21de uma criança.
-
6:21 - 6:24E, no fim, isso não conta.
-
6:24 - 6:29Todas estas atividades estão
do lado errado da fronteira da produção. -
6:30 - 6:35Algo muito importante a saber
sobre esse esquema contábil -
6:35 - 6:40é que eles chamam isso de "contas",
mas não existe um débito. -
6:40 - 6:45Nós apenas mantemos as transações
de mercado em andamento -
6:45 - 6:46e tudo isso é bom para o crescimento.
-
6:47 - 6:49Nós estamos na cidade de Christchurch,
-
6:49 - 6:55onde as pessoas sobreviveram
a um desastre natural devastador -
6:55 - 6:57e se recuperaram.
-
6:59 - 7:01E desde aquela época,
-
7:02 - 7:04é dito à Nova Zelândia
-
7:04 - 7:10que nosso crescimento está ótimo,
porque estamos reconstruindo Christchurch. -
7:11 - 7:13Nada foi perdido
-
7:13 - 7:16no sistema contábil nacional
-
7:16 - 7:18pelas perdas de vidas,
-
7:18 - 7:20pelas perdas de terras,
-
7:20 - 7:24pelas perdas de construções
e de lugares especiais. -
7:25 - 7:29Pode parecer óbvio para vocês,
-
7:29 - 7:35que essa fronteira de produção
funcione de acordo com o nosso ambiente. -
7:35 - 7:39Quando nós estamos minerando, desmatando,
-
7:39 - 7:43quando estamos destruindo nosso ambiente,
-
7:43 - 7:48quando praticamos a sobrepesca
em nossos recursos marinhos, -
7:48 - 7:50legal ou ilegalmente,
-
7:50 - 7:54desde que exista a transação comercial,
isso é bom para o nosso crescimento. -
7:54 - 7:57Deixar nosso ambiente natural em paz,
-
7:57 - 8:00sustentá-lo e protegê-lo,
-
8:00 - 8:03aparentemente não vale a pena.
-
8:07 - 8:11O que nós podemos fazer a respeito disso?
-
8:11 - 8:14Bem, eu escrevi sobre isso
pela primeira vez, há 30 anos. -
8:14 - 8:18Em 2008, após a crise financeira global,
-
8:18 - 8:20o Presidente Sarkozy, da França,
-
8:20 - 8:25pediu a três homens que ganharam
o Prêmio Nobel em Economia, -
8:25 - 8:28Sen, Fitoussi e Stiglitz,
-
8:28 - 8:31que descobrissem aquilo
que eu já havia escrito há 30 anos. -
8:31 - 8:32(Risos)
-
8:33 - 8:35(Aplausos) (Vivas)
-
8:41 - 8:46"Confiar no PIB per capita, nesses
números de crescimento", eles disseram -
8:46 - 8:52"não parece ser o melhor procedimento
para fazer políticas públicas." -
8:52 - 8:54Eu concordo totalmente com eles.
-
8:54 - 8:56(Risos)
-
8:59 - 9:02Algo que podemos perceber
sobre essas regras, -
9:02 - 9:09elas foram revisadas em 1968, 1993, 2008,
-
9:10 - 9:13é que essas revisões são feitas
principalmente por estatísticos -
9:13 - 9:17e eles sabem o que há
de errado com os dados, -
9:17 - 9:22mas dificilmente um economista se incomoda
em fazer aquela mesma pergunta. -
9:23 - 9:26Então, em 2019,
-
9:26 - 9:30o PIB está numa situação ainda pior.
-
9:30 - 9:32Vejam, para calcular o PIB,
-
9:32 - 9:36temos que assumir
que algum tipo de produção -
9:36 - 9:39ou serviço de entrega ou consumo
-
9:39 - 9:44acontece dentro do Estado-nação
e é preciso saber onde acontece. -
9:45 - 9:49Mas trilhões de dólares
estão circulando o globo, -
9:50 - 9:56e grande parte vem dos nossos
Googles, Facebooks e Twitters, -
9:57 - 10:01desviados através de abrigos fiscais.
-
10:01 - 10:07Então, quando clicamos no nosso computador
e baixamos algum programa, -
10:07 - 10:09não sabemos onde foi produzido,
-
10:09 - 10:15E ninguém sabe onde estamos
e que o estamos usando. -
10:16 - 10:22Esses paraísos fiscais
distorcem o PIB a tal ponto -
10:22 - 10:27que, há cerca de três anos,
a Europa ficou desconfiada da Irlanda -
10:27 - 10:31e disse: "Nós achamos que vocês
não estão relatando de forma correta". -
10:31 - 10:35E no ano seguinte,
o PIB deles aumentou 35%. -
10:35 - 10:39Todo aquele trabalho que estavam fazendo
-
10:40 - 10:43quando estavam de folga e improdutivas,
-
10:43 - 10:45pode ser calculado,
-
10:45 - 10:48e podemos fazer isso com pesquisas
sobre o uso do seu tempo. -
10:48 - 10:54Quando observamos a quantia de tempo
que é usado no setor não remunerado, -
10:54 - 10:59descobrimos que em quase todos os países
nos quais já observei os dados, -
10:59 - 11:03esse é o único maior setor
da economia da nação. -
11:04 - 11:07Nos últimos três anos, por exemplo,
-
11:07 - 11:10os estatísticos do Reino Unido declararam
-
11:10 - 11:14que todo o trabalho não remunerado
é equivalente a toda a manufatura -
11:14 - 11:17e varejo no Reino Unido.
-
11:18 - 11:19Na Austrália,
-
11:20 - 11:26o maior setor da economia é o trabalho
não remunerado de cuidar das crianças -
11:26 - 11:31e o segundo maior é todo o restante
do trabalho não remunerado, -
11:31 - 11:36antes dos serviços bancários, securitários
e de intermediações financeiras -
11:36 - 11:40que perfazem a maior parte
do setor do mercado. -
11:40 - 11:45No último ano, o primeiro-ministro
do estado de Victoria, na Austrália, -
11:45 - 11:49declarou que metade do PIB estadual
-
11:49 - 11:53era, na verdade, o valor de todo
o trabalho não remunerado. -
11:53 - 11:54Como legislador,
-
11:54 - 11:58não se pode fazer boas políticas
-
11:58 - 12:03se o maior setor da economia
da nação não é visível. -
12:04 - 12:09Não é possível presumir
onde estão as necessidades. -
12:09 - 12:13Não se consegue localizar
a falta de tempo, -
12:13 - 12:19nem se consegue identificar onde estão
as questões de necessidades mais críticas. -
12:20 - 12:24Então, o que pode substituir o PIB?
-
12:24 - 12:30Bem, o PIB tem muitos outros problemas.
-
12:31 - 12:35Nós não nos comportamos
de forma a auxiliar o PIB. -
12:35 - 12:37Um grande número de pessoas no planeta
-
12:37 - 12:42está utilizando recursos familiares,
seus carros, casas, eles mesmos -
12:42 - 12:45para o Uber, Airbnb...
-
12:45 - 12:49E não deveríamos usar bens
do setor não remunerado -
12:49 - 12:52para fazer dinheiro no setor do mercado.
-
12:52 - 12:54Isso é confuso!
-
12:54 - 12:56(Risos)
-
12:56 - 12:59E muito difícil de medir.
-
13:00 - 13:07Portanto, os economistas não querem saber
o que há de errado com o PIB. -
13:07 - 13:12Eu acho que eles têm tantos problemas,
que podem ficar num canto tranquilo -
13:12 - 13:14e continuar publicando aquilo,
-
13:14 - 13:19sem se aproximarem de nós
com essa conversa sobre capitais, -
13:19 - 13:21ativos naturais,
-
13:22 - 13:27e outras formas de colonizar
o resto de nossa vida. -
13:27 - 13:31Acho que uso do tempo é o indicador
mais importante para seguirmos adiante. -
13:31 - 13:35Todos nós temos exatamente
a mesma quantia. -
13:35 - 13:41Caso haja questões críticas
à medida em que avançamos, -
13:41 - 13:44precisamos de uma base de dados sólida,
-
13:44 - 13:49pois o que quer que mudemos
para nos afastarmos do PIB, -
13:49 - 13:51ficaremos presos a isso por uns 50 anos.
-
13:51 - 13:57Precisamos de algo sólido e imutável
e que todos possam entender. -
13:57 - 14:00Se eu mostrar a vocês
dados de uso de tempo, -
14:00 - 14:02vocês concordarão imediatamente,
-
14:02 - 14:06e logo reconhecerão seu significado.
-
14:06 - 14:08E, honestamente,
-
14:08 - 14:11se eu mostrar os dados do PIB a vocês,
-
14:11 - 14:15muitos vão preferir sair pra tomar um chá.
-
14:15 - 14:17(Risos)
-
14:17 - 14:23Nós precisamos também
ficar atentos ao nosso meio ambiente. -
14:25 - 14:32A cada ano que passa, ficamos melhores
em calcular a sua devastação -
14:32 - 14:36e o quão pouco nós o protegemos.
-
14:37 - 14:39E ainda, com a mudança climática,
-
14:39 - 14:44não precisamos ser cientistas
para ver, sentir e saber -
14:45 - 14:47o que está acontecendo
com nosso lindo planeta. -
14:49 - 14:51Nós precisamos, nesse país,
-
14:52 - 14:57ter a primazia de aprender
com os (Maori) guardiões, -
14:57 - 14:59com (Maori) a conexão,
-
14:59 - 15:04com o que a cultura maori,
que está aqui há séculos, pode ensinar. -
15:06 - 15:08Quando alguém está no parlamento,
-
15:09 - 15:12mas não tem a mentalidade
de um economista, -
15:13 - 15:17ele toma decisões
sobre uma série de dados. -
15:18 - 15:20Analisa as contrapartidas,
-
15:20 - 15:23pensa profundamente nas implicações
-
15:23 - 15:28independentemente de o PIB
aumentar ou diminuir. -
15:30 - 15:36Economistas querem transformar
tudo em relações monetárias, -
15:36 - 15:38até os dados sobre utilização de tempo,
-
15:38 - 15:42para que eles possam continuar decidindo
-
15:42 - 15:45se o PIB está alto ou baixo.
-
15:47 - 15:49Não é uma boa estratégia a seguir.
-
15:49 - 15:50E outras pessoas me disseram:
-
15:50 - 15:53"Marilyn, por que você não trabalha
em cima de um sistema -
15:53 - 15:55que inclua todo o trabalho não remunerado
-
15:55 - 16:00e as questões de gravidez,
nascimento e amamentação no PIB? -
16:02 - 16:07Existe uma resposta moral e ética
muito importante para isso: -
16:08 - 16:14eu não quero que o mais valioso
que há na Terra, o que mais estimo, -
16:14 - 16:16esteja numa estrutura contábil
-
16:16 - 16:19que considera a guerra ótima
para o crescimento. -
16:19 - 16:21(Aplausos)
-
16:28 - 16:30Portanto, de agora em diante,
-
16:30 - 16:35sempre que escutarem as notícias,
vão entender quando falarem sobre o PIB. -
16:35 - 16:39Vão pensar: "Eu entendo o que
estão dizendo e não é nada bom". -
16:39 - 16:41(Risos)
-
16:42 - 16:45Eu sei que há alternativas
-
16:45 - 16:50e vou usar meu tempo
para corrigir as pessoas, -
16:50 - 16:57falar com elas sobre essa base de valores
e sobre quais são as opções que temos. -
16:57 - 16:59Porque a humanidade
-
16:59 - 17:00e o nosso planeta
-
17:00 - 17:02necessitam de outro caminho.
-
17:03 - 17:04Obrigada.
-
17:04 - 17:06(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- O trabalho não remunerado que o PIB ignora, e por que deveria considerá-lo
- Speaker:
- Marilyn Waring
- Description:
-
Se você lava roupas, está (ou esteve) grávida, arruma a casa, faz compras para a casa ou algum trabalho similar, pelos padrões do PIB, você está improdutiva.
Nesta palestra visionária, a economista Marilyn Waring procura corrigir as falhas desse sistema limitado, explicando por que nós merecemos uma forma melhor de calcular o crescimento que valorize não apenas nossa própria subsistência, mas também a do planeta. - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:19
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