Como proteger o futuro da sua carreira | Jacob Morgan | TEDxAcademy

Depois de se formar na faculdade, Jacob Morgan arranjou emprego no mundo corporativo. Quando seus sonhos se mostraram distantes, ele se demitiu. Esse foi seu último "emprego". Desde então, ele se apaixonou pelo futuro do trabalho e pelo desenvolvimento de melhores experiências de trabalho. Nesta palestra, Jacob compartilha três estratégias contraintuitivas de como qualquer um pode proteger o futuro da sua carreira independente de ser contratado CLT ou empresário.
Hoje, Jacob é autor de best-seller, palestrante e futurista e explora como o mundo do trabalho está mudando. Suas ideias sobre o futuro do trabalho renderam-lhe plateias com executivos seniores ao redor do mundo. Seu trabalho também foi elogiado pelo presidente do México e por executivos da T-Mobile, SAP, Cisco, Nestle, Best Buy. Schneider Electronic, KPMG dentre outros.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Eu fui traído,

mentiram para mim,

me enganaram.

Tudo isso em apenas seis meses
de relacionamento.

(Risos)

Como qualquer pessoa racional faria,

eu decidi que era hora
de terminar a relação.

Então esperei pelo momento certo,

planejei

e, por fim, entreguei
minha carta de demissão.

Eu não sou especial.

Existem milhões de pessoas
em todo o mundo, todos os dias,

que se sentem assim

sobre seus gerentes e as empresas
para as quais trabalham.

Na verdade, agora mesmo,

se você procurasse pela palavra
"empregado" no dicionário,

encontraria sinônimos

como "operário", "funcionário" e "servo".

E se você procurar a palavra "gerente"

(Risos)

os sinônimos incluem "feitor", "chefe"

e, o meu favorito, "cuidador".

(Risos)

Mas fica melhor.

Se procurar a palavra
"trabalho" no dicionário,

(Risos)

verá sinônimos como "incumbência",
"labuta" e "esforço".

Então, juntando as três coisas,

somos todos operários

(Risos)

trabalhando para um cuidador

enquanto lidamos com nossa labuta diária.

Uau!

Trabalho é um saco!

(Risos)

E foi assim que construímos
nossas empresas

nos últimos 50, 100, 150 anos,

em cima destas formas arcaicas
de se pensar o trabalho.

Não é de surpreender
que tantas pessoas no mundo todo

não gostem de seus empregos ou carreiras.

Está literalmente
enraizado na nossa cultura.

Está na nossa sociedade.

Está inclusive quando falamos
sobre trabalho.

Eu nunca fui um bom aluno.

Na verdade, na maior parte da minha vida,

eu era na verdade bem ruim.

As duas únicas matérias
em que eu ia relativamente bem

eram Teatro e Educação Física.

(Risos)

Mas quando entrei na faculdade, percebi

que era minha última oportunidade
de fazer algo sobre meus estudos.

E, se quisesse ter um bom emprego,

eu precisaria ir bem na faculdade.

Então estudei pra caramba.

Me formei com notas altas

e com diploma duplo
em economia e psicologia.

Eu tinha sonhos ambiciosos

de um dia ser o diretor de marketing
de uma empresa como a Coca-Cola.

Em meu primeiro emprego fora da faculdade,

o que fez eu me sentir enganado e traído,

durante as entrevistas,

me disseram que eu teria reuniões
com executivos e empreendedores,

viajaria ao redor do país

e faria várias coisas
importantes e impactantes.

Alguns meses de trabalho,

e eu estava preso preenchendo tabelas,

angariando novos clientes,

e preparando apresentações.

Tudo isso mais três horas diárias

no trânsito de Los Angeles.

Essa era a minha vida.

E nunca vou esquecer daquilo.

Um dia, um diretor executivo
veio de seu belo escritório

e falou: "Jacob, venha cá!
Tenho algo muito importante pra você".

Fiquei empolgado.

Pensei "É agora. É minha hora.
Algo incrível vai me acontecer".

Então fui até ele: "Sim, o que é?"

Ele botou a mão no bolso
e tirou sua carteira.

De dentro da carteira, tirou e me deu
uma nota novinha de US$ 10,

bem na minha mão direita.

E falou: "Estou atrasado para uma reunião.

Preciso que você vá ao Starbucks
e pegue um café para mim".

(Risos)

"Aproveite e pegue um pra você também."

"O quê? Você está louco?

Estudei tanto na faculdade,
pra te entregar um café?

Vá lá e pegue você."

Isso foi o que eu pensei.

(Risos)

Por fora, falei: "Claro, será
um grande prazer pegar seu café".

(Risos)

Certamente, é o meu grande
sonho ir pegar o seu café.

(Aplausos)

Esse foi um dos meus últimos
empregos de carteira assinada.

E isso foi há mais ou menos dez anos.

Olhando pro passado,

eu deveria ser muito grato
ao diretor executivo e seu copo de café

porque isso me ensinou
uma lição muito importante:

não existe isso de trabalho estável.

Na verdade a única estabilidade que existe

é a que você cria para você mesmo.

No mundo em que vivemos,

trabalhar é viver e viver é trabalhar.

As duas coisas estão se fundindo,
se tornando uma só.

Por isso fico tão impressionado

quando converso com as pessoas
e pergunto se estão bem.

E elas me dizem: "Olha,
minha vida pessoal está ótima,

mas meu trabalho está péssimo".

Mas considerando que você passa

quase tanto tempo trabalhando
no planeta Terra

quanto passa vivendo.

E se a parte do trabalho
não está tão legal na sua vida,

é provável que a sua vida em geral
não esteja legal.

Então nos últimos dez anos,
descobri três estratégias

para moldar minha vida no trabalho

e, assim, criar uma vida pessoal
melhor para mim.

A primeira é que não se pode depender
de faculdades ou empresas

para ensinar tudo que você precisa saber

sobre desenvolvimento
pessoal e profissional.

Você tem que ser um eterno aprendiz.

Tem que aprender a aprender.

Talvez essa seja a habilidade
mais importante de se ter,

e é ter controle
sobre o que isso se parece.

Minha família é da República da Georgia.

Normalmente quanto falo Georgia,

as pessoas pensam: "Ah, você é
do sul dos Estados Unidos"

da Georgia dos Estados Unidos,

mas estou falando
da Georgia perto da Rússia, sabe?

É uma parte bem diferente do mundo.

Na verdade meu sobrenome
original não é Morgan,

é Mamishashvili.

Tente falar isso três vezes.

Minha família veio refugiada
da República da Georgia nos anos 80.

E foram da República da Georgia

para a Itália, para a Austrália,

e finalmente para os Estados Unidos.

Como refugiados, quando chegaram aqui,

não sabiam nem tinham nada.

Meu pai aprendeu a falar inglês
assistindo a programas de entrevistas:

"O Programa do John Carson"

com um dicionário bilíngue inglês-russo

para entender as palavras
que Johnny Carson falava.

Esse é o melhor eterno aprendiz.

E isso antes dos tempos de Google.

Antes de termos acesso

a todas estas ferramentas
e recursos incríveis a nosso serviço.

Mas um eterno aprendiz também quer dizer
prestar atenção às tangentes.

Quantos de vocês já viram isso acontecer?

Você está numa conversa com alguém,

e em um certo momento da conversa,

a outra pessoa diz: "Eu baixo
a cabeça e mantenho o foco".

Na verdade, aposto

que a maioria das pessoas
desta sala já disse isso.

Mas o problema de baixar a cabeça e focar

é o fato de perder todo o resto
que está acontecendo no mundo.

Ser muito focado já não é
mais tão bom assim.

Você precisa levantar a cabeça,

olhar para todos os lados,

até mesmo ter olhos atrás de você.

Você precisa estar ciente de como
suas habilidades podem ser usadas,

não só ao que está à sua frente.

mas também às coisas
que acontecem a sua volta.

Ser um eterno aprendiz.

Prestar atenção à tangente.

A segunda coisa que aprendi
é que se deve fingir até conseguir.

(Risos)

Depois do meu primeiro emprego,

minha meta de vida era simplesmente:

"Como posso ganhar meu dinheiro

sem nunca mais ter
que trabalhar para alguém?"

Naquele tempo,

ia atrás de empregos anunciados
em sites como Craigslist.

Eu escrevia artigos por US$ 15 cada.

Eu fazia o que podia para juntar dinheiro.

A verdade é que eu era um jovem esforçado

que não conseguir ganhar muito dinheiro.

Mas eu dizia para mim mesmo

que eu era um jovem empreendedor

construindo uma vida independente
que eu queria viver.

E eu repetia essa frase
de novo e de novo, todos os dias,

o tempo todo, ainda hoje.

O que você acredita
e o que você diz a si mesmo

importa.

Porque vai guiar seu comportamento,
vai guiar suas ações,

e vai ajudá-lo a entender
como você se sente sobre si mesmo.

Me lembro de uma vez estar
em um palco parecido com este,

eu estava na coxia,
me preparando para entrar,

com música tocando, luzes prontas,

e por trás do palco, o anunciante disse:

"E agora, uma salva de palmas
para Jacob Morgan!"

As pessoas aplaudiam enquanto eu entrava,

olhei para a plateia
e pensei: "Estou pelado?"

(Risos)

"Será que estou vestindo calças?"

E tive um momento de síndrome do impostor

que 70% das pessoas experienciam
em algum momento da vida.

Na verdade, não sei
como fui até o fim da palestra,

mas pensei que tinha sido
uma performance horrível

e que era o meu fim.

Achei que ninguém ia querer
me contratar depois daquilo.

E tudo que queria era sair do palco,

sem ver ninguém, sem falar com ninguém,

só ir para casa.

E quando me preparava para sair do palco,

executivos estavam se levantando
para falar comigo;

para me parabenizar, apertar minha mão,

para dizer que gostaram da minha palestra.

E foi naquele momento que percebi:

"Sim, estou vestido",

e sim, eu pertenço.

No meu caso,

não eram só vozes imaginárias
que me diziam que eu não era bom.

Pessoas reais me diziam
que eu não era o suficiente.

Essas pessoas, hoje, são
chamadas de ogros virtuais.

Deixavam comentários
raivosos no meu website,

criavam contas falsas
no Twitter sobre mim.

Mandavam mensagens à minha esposa,
namorada na época,

dizendo para terminar comigo
porque eu fazia mal à carreira dela.

Imagina como estão bravas
agora, que estamos casados.

(Risos)

Durante meses, essas pessoas
me deixaram mal,

e por meses depois, discuti
e debati com todas elas.

Então finalmente percebi
que ninguém sabe quem são essas pessoas.

E talvez, mais importante:

ninguém se importa com elas.

Se você está lidando com vozes imaginárias

que dizem que você não é bom

ou pessoas reais

que dizem que você não é bom o bastante,

é preciso se manter otimista.

Você é fera!

O que você diz a si mesmo importa.

Isso vai guiar seu comportamento,

suas ações,

e seus sentimentos.

E você pode se ver

como um jovem esforçado sem dinheiro,

ou pode se ver como um jovem empreendedor

querendo construir a sua própria vida
da forma que realmente quer.

É uma escolha.

É a forma como você pensa.

FIngir até conseguir.

A última coisa que aprendi,
e talvez a mais controversa,

é: "Não siga sua paixão,

traga-a com você".

Seguir sua paixão é uma grande besteira
que sempre ouvimos no mundo empresarial.

Sempre nos dizem
para seguir nossas paixões.

Mas o problema com isso é, primeiro,
assumir que a paixão vive fora de você

e que você precisa persegui-la.

Segundo, implica que a paixão
seja estática, certo?

"Esta é sua paixão. Vá atrás dela!"

Mas ao crescermos,

ao vivemos coisas diferentes,

ao desenvolver novas habilidades,

suas paixões vão mudando.

E finalmente, muitos de nós
não conseguem nem descobrir esta paixão

antes de escolhermos nossa trajetória.

Nunca tive paixão pelo futuro do trabalho

ou experiência de trabalho ou oratória
ou qualquer coisa que faço hoje.

Mas ao me envolver com estas coisas,

percebi que as pessoas
começaram a dividir minhas ideias.

Que oportunidades começavam
a ser desbloqueadas em mim.

E daí me apaixonei
pelas coisas que estava fazendo.

Aprendi a focar nas pequenas coisas

que me permitiam ver os grandes objetivos
do que estava querendo construir.

Lembro da história do homem
que visitou um terreno para construção.

E no terreno, viu
três pessoas trabalhando.

Ele foi em direção à primeira pessoa
e disse: "O que você faz?"

E a pessoa respondeu:
"Eu assento tijolos".

Ele foi em direção à segunda pessoa,
e disse: "O que você faz?"

E a pessoa respondeu:
"Estou construindo um muro".

Ele foi até a terceira pessoa

e a ouviu cantarolando.

(Cantarolando)

Ele foi até o homem e disse:
"Caramba! O que você faz?"

A pessoa parou o trabalho,

secou a sombrancelha, tirou seu chapéu,
olhou para o céu e disse:

"Estou construindo uma catedral!"

Todo mundo tem paixões.

Não é muito melhor viver sua vida

trazendo a paixão para tudo que você faz

em vez de persegui-la?

Em um mundo em que todos
são instruídos a buscarem suas paixões

você pode, talvez se destacar,
trazendo a sua paixão.

Se você consegue ser um eterno aprendiz,

se você consegue fingir até conseguir

e se você não for atrás da sua paixão -
mas trouxe-la para si,

você terá mais controle
sobre sua vida no trabalho,

e como resultado,

vai construir uma vida
que quer realmente viver.

E se este jovem esforçado,
sem dinheiro nenhum conseguiu fazer isso,

vocês também podem.

Obrigado.

(Aplausos)