Como os telefones celulares ajudaram a solucionar dois assassinatos
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0:00 - 0:05Estou aqui pra falar sobre
uma nova forma de fazer jornalismo. -
0:05 - 0:08Algumas pessoas a chamam
de "jornalismo cidadão", -
0:08 - 0:10outras a chamam
de "jornalismo colaborativo". -
0:10 - 0:16Mas na verdade, significa o seguinte:
para os jornalistas, pessoas como eu, -
0:16 - 0:19significa aceitar
que não se pode saber tudo -
0:19 - 0:21e permitir que outras pessoas,
por meio da tecnologia, -
0:21 - 0:24sejam seus olhos e seus ouvidos.
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0:24 - 0:28E para pessoas como você,
para outros membros do público, -
0:28 - 0:31significa não ser somente
consumidores passivos de notícias, -
0:31 - 0:33mas também coproduzi-las.
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0:33 - 0:36Acredito que pode ser um processo
realmente fortalecedor. -
0:37 - 0:42Pode permitir que as pessoas comuns
responsabilizem as grandes organizações. -
0:42 - 0:46Assim, vou explicar sobre isso
hoje, com dois casos, -
0:46 - 0:47duas histórias que investiguei.
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0:48 - 0:51Ambas envolvem mortes contraditórias.
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0:51 - 0:56Nos dois casos, as autoridades mostraram
uma versão oficial dos acontecimentos, -
0:56 - 0:59que era, de certa forma, enganosa.
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0:59 - 1:03Fomos capazes de dizer uma verdade
alternativa utilizando nova tecnologia, -
1:03 - 1:06utilizando a mídia social,
particularmente o Twitter. -
1:06 - 1:10Essencialmente, estou falando
sobre o jornalismo cidadão. -
1:10 - 1:11Vamos ao primeiro caso:
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1:12 - 1:15esse é Ian Tomlinson,
o homem em primeiro plano. -
1:15 - 1:18Ele era jornaleiro em Londres,
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1:18 - 1:25e no dia 1 de abril de 2009, ele morreu
nos protestos do G20 em Londres. -
1:25 - 1:27Ele não era manifestante,
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1:27 - 1:29estava tentando voltar
para casa, após o trabalho, -
1:29 - 1:31passando pelas manifestações.
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1:31 - 1:33Mas ele não chegou em casa.
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1:33 - 1:35Ele encontrou um homem atrás dele,
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1:35 - 1:39e, como podem ver, esse homem
cobriu seu rosto com um capuz. -
1:39 - 1:42E, de fato, ele não estava
mostrando seu crachá. -
1:42 - 1:45Mas posso dizer agora,
ele era o policial Simon Harwood, -
1:45 - 1:48um policial da polícia
metropolitana de Londres. -
1:48 - 1:51De fato, ele era do grupo
do apoio territorial de elite. -
1:52 - 1:57Momentos depois dessa foto, Harwood
atingiu Tomlinson com um bastão, -
1:57 - 1:59e o empurrou para o chão.
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1:59 - 2:02Tomlinson morreu momentos depois.
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2:02 - 2:05Mas essa não era a história
que a polícia queria que contássemos. -
2:06 - 2:09Inicialmente, com declarações
oficiais e informações extra oficiais, -
2:09 - 2:13eles disseram que Ian Tomlinson
morreu de causas naturais. -
2:14 - 2:17Disseram que não houve
contato com a polícia, -
2:17 - 2:20que não havia marcas em seu corpo.
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2:20 - 2:23Na verdade, eles disseram que
quando a polícia tentou reanimá-lo, -
2:23 - 2:26os médicos policiais foram impedidos,
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2:26 - 2:31porque manifestantes jogavam objetos,
possivelmente garrafas, na polícia. -
2:32 - 2:34O resultado disso foram
histórias como esta. -
2:35 - 2:37Eu mostro a vocês esse slide,
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2:37 - 2:40porque esse era jornal
que Ian Tomlinson vendeu -
2:40 - 2:42durante 20 anos de sua vida.
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2:42 - 2:45Se alguma empresa de notícias
tinha uma obrigação -
2:45 - 2:47de analisar adequadamente
o que aconteceu, -
2:47 - 2:49era o jornal "Evening Standard".
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2:49 - 2:53Mas eles, como todos os outros,
incluindo minha empresas de notícias, -
2:53 - 2:56foram enganados pela versão oficial
dos eventos fornecida pela polícia. -
2:56 - 2:58Mas vocês podem ver aqui,
-
2:58 - 3:01as garrafas que supostamente
foram jogadas contra a polícia -
3:01 - 3:02se transformaram em tijolos
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3:02 - 3:05no momento em que chegaram
a essa edição do jornal. -
3:05 - 3:06Então desconfiamos,
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3:06 - 3:08e quisemos saber se havia
mais alguma coisa nessa história. -
3:08 - 3:11Precisávamos encontrar
esses manifestantes da foto, -
3:11 - 3:14mas é claro, eles tinham desaparecido
quando começamos a investigar. -
3:14 - 3:16Como encontrar as testemunhas?
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3:16 - 3:19Pra mim, foi aí que tudo
ficou realmente interessante. -
3:19 - 3:20Fomos para a internet.
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3:20 - 3:22Esse é o Twitter;
já ouviram muito sobre ele hoje. -
3:22 - 3:25Quando comecei a investigar o caso,
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3:25 - 3:28eu era completamente novo nisto;
tinha me registrado dois dias antes. -
3:28 - 3:31Descobri que Twitter era
um site de microblog. -
3:31 - 3:35Me permitia enviar mensagens
curtas, de até 140 palavras. -
3:35 - 3:38Também, uma ferramenta
de busca fantástica. -
3:38 - 3:43Mas era uma arena social
na qual outras pessoas se reuniam -
3:43 - 3:44com um motivo em comum.
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3:44 - 3:47E nesse caso,
independentemente de jornalistas, -
3:47 - 3:52pessoas estavam questionando
o que tinha acontecido a Ian Tomlinson -
3:52 - 3:56nos seus últimos 30 minutos de vida.
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3:57 - 3:59Indivíduos como esses dois rapazes.
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3:59 - 4:03Eles foram ao socorro de Ian
Tomlinson quando ele caiu. -
4:03 - 4:05Ligaram para a ambulância.
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4:05 - 4:08Eles não viram nenhuma garrafa,
não viram nenhum tijolo. -
4:09 - 4:12Eles estavam preocupados
que as histórias não eram tão precisas -
4:12 - 4:14quanto a polícia afirmava que eram.
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4:14 - 4:17E novamente, por meio da mídia
social, começamos a encontrar -
4:17 - 4:20indivíduos com materiais
como: fotos, evidências. -
4:21 - 4:24Isso não mostra o ataque a Ian Tomlinson,
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4:24 - 4:26mas ele parece estar sofrendo.
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4:27 - 4:29Ele estava bêbado? Ele caiu?
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4:29 - 4:32Isso teria alguma relação
com os policiais próximos a ele? -
4:32 - 4:34Parece que ele está falando com eles.
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4:34 - 4:39Para nós, isso era o suficiente
para investigar mais, nos aprofundarmos. -
4:41 - 4:45O resultado foi nós mesmos
contarmos a história. -
4:45 - 4:47Umas das coisas mais
fascinantes da internet é: -
4:47 - 4:50informações que as pessoas publicam
estão disponíveis para todos, -
4:50 - 4:52como todos nós sabemos.
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4:52 - 4:54Isso não é somente
para jornalistas cidadãos, -
4:54 - 4:57ou pessoas postando mensagens
no Facebook ou Twitter. -
4:57 - 5:00Isso vale para jornalistas,
pessoas como eu. -
5:00 - 5:04Desde que sua notícia esteja do lado certo
de um "paywall", isto é, seja gratuita, -
5:04 - 5:06qualquer um pode acessar.
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5:06 - 5:07E histórias como essas,
-
5:07 - 5:10que questionaram a versão
oficial dos eventos, -
5:10 - 5:11que tiveram um tom cético,
-
5:11 - 5:15permitiram que as pessoas
percebessem que tínhamos dúvidas. -
5:15 - 5:17Elas eram como imãs on-line.
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5:17 - 5:20Pessoas com material que podiam
nos ajudar vieram até nós -
5:20 - 5:23por meio de um tipo
de força gravitacional. -
5:24 - 5:28E após seis dias, conseguimos
encontrar por volta de 20 testemunhas. -
5:29 - 5:31Nós as marcamos aqui no mapa.
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5:31 - 5:33Essa é a cena da morte de Ian Tomlinson,
-
5:33 - 5:35o Banco da Inglaterra em Londres.
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5:35 - 5:38E para cada testemunha
que marcamos no mapa, -
5:38 - 5:40vocês podiam clicar
nesses pequenos pontos, -
5:40 - 5:43e ouvir o que eles tinham a dizer,
-
5:43 - 5:44ver suas imagens
-
5:44 - 5:47e às vezes, ver suas imagens
de vídeo também. -
5:48 - 5:50Mas mesmo nesse estágio,
-
5:50 - 5:54com testemunhas dizendo que viram
a polícia atacar Ian Tomlinson -
5:54 - 5:55antes de sua morte,
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5:55 - 5:58a polícia ainda se recusava a aceitar.
-
5:58 - 6:01Não houve investigação
oficial da morte dele. -
6:02 - 6:04E então, algo mudou.
-
6:04 - 6:08Recebi um e-mail de um gestor
de fundos de investimento em Nova York. -
6:08 - 6:12No dia da morte de Ian Tomlinson,
ele estava em Londres a trabalho, -
6:12 - 6:15tinha levado sua câmera fotográfica,
-
6:15 - 6:17e gravou isso.
-
6:22 - 6:25(Vídeo) Esta é a multidão
no protesto do G20 -
6:25 - 6:28no dia primeiro de abril,
por volta de 19h20min. -
6:28 - 6:30Estavam em Cornhill,
perto do Banco da Inglaterra. -
6:30 - 6:33Esta filmagem formará a base
de uma investigação policial -
6:33 - 6:35sobre a morte desse homem.
-
6:35 - 6:37Ian Tomlinson estava
andando por esta área, -
6:37 - 6:40tentando chegar em casa após o trabalho.
-
6:40 - 6:42(Pessoas gritando)
-
6:54 - 6:56Diminuímos a velocidade
do vídeo para mostrar -
6:56 - 7:00como isso levanta sérias questões
quanto à conduta dos policiais. -
7:00 - 7:03Ian Tomlinson estava de costas
para os policiais, alguns com cães -
7:03 - 7:05e estava se afastando deles.
-
7:05 - 7:07Ele estava com as mãos nos bolsos.
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7:07 - 7:10Aqui o policial parece golpear a perna
de Tomlinson com um bastão. -
7:11 - 7:14Ele então ataca Tomlinson por trás.
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7:15 - 7:18Tomlinson é empurrado
para a frente e cai no chão. -
7:23 - 7:25(Pessoas gritando)
-
7:33 - 7:34São cenas chocantes.
-
7:35 - 7:36Aquele vídeo não está muito bom,
-
7:36 - 7:39mas lembro quando assisti
ao vídeo pela primeira vez. -
7:39 - 7:42Eu estive em contato
com esse gerente de Nova York, -
7:42 - 7:44e fiquei obcecado por essa história.
-
7:44 - 7:48Eu falei com muitas pessoas
que disseram que viram aquilo -
7:48 - 7:51e o cara do outro lado
do telefone estava dizendo: -
7:51 - 7:52"Veja, o vídeo mostra".
-
7:52 - 7:55Eu não queria acreditar nele
até que vi por mim mesmo. -
7:55 - 7:58Eram duas horas da manhã,
eu estava lá com um cara de TI. -
7:58 - 7:59O vídeo não estava carregando.
-
7:59 - 8:01Finalmente carregou e eu cliquei nele.
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8:01 - 8:04Percebi que era realmente
algo bastante significativo. -
8:04 - 8:06Dentro de 15 horas,
colocamos em nosso site. -
8:06 - 8:10E logo após, oficiais superiores
da polícia vieram ao nosso escritório, -
8:10 - 8:13e nos pediram para retirar o vídeo.
-
8:13 - 8:14Dissemos não.
-
8:14 - 8:16Teria sido tarde demais,
de qualquer maneira, -
8:16 - 8:18porque o vídeo tinha
viajado ao redor do mundo. -
8:18 - 8:21E o oficial nesse filme, em dois dias,
-
8:21 - 8:23aparecerá em um júri
de inquérito em Londres, -
8:23 - 8:27que eles têm o pode de decidir
que Ian Tomlinson foi morto ilegalmente. -
8:27 - 8:29Então esse é o primeiro caso;
eu disse dois casos hoje. -
8:29 - 8:31O segundo caso é esse homem.
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8:31 - 8:35Assim como Ian Tomlinson,
ele era pai e morava em Londres. -
8:35 - 8:39Mas ele era refugiado político de Angola.
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8:39 - 8:40Seis meses atrás,
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8:40 - 8:44o governo britânico decidiu
que iriam deportá-lo para Angola. -
8:44 - 8:45Ele falhou na solicitação de asilo.
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8:45 - 8:49Eles lhe reservaram um assento
no avião, em um voo de Heathrow. -
8:50 - 8:55A explicação oficial
da morte de Jimmy Mubenga, -
8:55 - 8:57foi simplesmente que ele adoeceu.
-
8:58 - 9:01Ele se sentiu mal no voo,
o avião voltou para Heathrow. -
9:01 - 9:04Ele foi transferido para o hospital
e declarado morto. -
9:04 - 9:06Agora, o que realmente
aconteceu com Jimmy Mubenga, -
9:06 - 9:09a história que fomos capaz de contar,
eu e meu colega Mathew Taylor, -
9:09 - 9:13foi que, na verdade, três seguranças
começaram a tentar contê-lo -
9:13 - 9:14em seu assento,
-
9:14 - 9:17quando ele estava resistindo à deportação.
Tentaram mantê-lo em seu lugar. -
9:17 - 9:20Eles o imobilizaram de maneira perigosa,
-
9:21 - 9:24que mantém os detentos em silêncio
e ele estava fazendo muito barulho. -
9:24 - 9:27Mas isso também pode
levar à asfixia posicional, -
9:27 - 9:28uma forma de sufocamento.
-
9:28 - 9:33Imaginem que havia outros passageiros
no avião que o ouviram dizer: -
9:33 - 9:36"Não consigo respirar! Não consigo
respirar! Estão me matando". -
9:36 - 9:37E então, ele parou de respirar.
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9:37 - 9:39Como encontramos esses passageiros?
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9:39 - 9:42No caso de Ian Tomlinson, a testemunha
ainda estava em Londres. -
9:42 - 9:45Mas muitos destes passageiros
retornaram para a Angola. -
9:45 - 9:46Como íamos encontrá-los?
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9:46 - 9:48Novamente, contamos com a internet.
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9:48 - 9:51Escrevemos, como já disse,
histórias que são como imãs on-line. -
9:51 - 9:54O tom de algumas dessas
histórias pode ser desaprovado -
9:54 - 9:57por professores de jornalismo
porque ficam céticos, fazem perguntas, -
9:57 - 9:59talvez especulativas,
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9:59 - 10:02o tipo de coisa que um jornalista
não deve fazer, mas precisávamos. -
10:02 - 10:04Precisávamos usar o Twitter também.
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10:04 - 10:06Estou dizendo que um homem
angolano morre em um voo. -
10:06 - 10:09Essa história pode ser grande;
um nível de especulação. -
10:09 - 10:11Este próximo "tweet" diz: "Por favor, RT".
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10:11 - 10:15Isso significa "por favor, compartilhem",
por favor, passe a corrente. -
10:15 - 10:18Uma das coisas fascinantes sobre o Twitter
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10:18 - 10:20é que o padrão de fluxo de informação
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10:20 - 10:23é diferente de tudo que já vimos antes.
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10:23 - 10:24Realmente não entendemos bem,
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10:24 - 10:27mas uma vez que você
publica uma informação, -
10:27 - 10:28ela viaja como o vento.
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10:28 - 10:30Você não pode determinar onde vai parar.
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10:31 - 10:33Mas, estranhamente,
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10:33 - 10:36os tweets têm uma incrível capacidade
de alcançar o destino pretendido. -
10:36 - 10:39E neste caso, era esse homem.
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10:40 - 10:42Ele diz: "Eu também estava lá no BA77",
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10:42 - 10:44era o número do voo,
-
10:44 - 10:46"e o homem estava implorando por ajuda,
-
10:46 - 10:48e agora me sinto culpado
por não ter feito nada". -
10:48 - 10:50Era o Michael.
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10:50 - 10:54Ele estava em um campo petrolífero
angolano quando me enviou este tweet. -
10:54 - 10:56Eu estava em meu escritório em Londres.
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10:56 - 11:00Ele tinha ficado preocupado
sobre o que aconteceu no voo. -
11:00 - 11:02Ele foi até seu computador
e digitou o número do voo. -
11:02 - 11:06Encontrou esse tweet,
encontrou nossas histórias. -
11:06 - 11:11Percebeu que tínhamos a intenção de contar
uma versão diferente dos acontecimentos, -
11:11 - 11:13que estávamos céticos.
-
11:13 - 11:15Entrou em contato comigo.
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11:15 - 11:17E isso foi o que Michael disse:
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11:17 - 11:20(Áudio) Tenho certeza que foi asfixia.
-
11:20 - 11:24A última coisa que escutamos o homem
dizer foi que ele não conseguia respirar. -
11:24 - 11:28Havia três guardas de segurança,
-
11:28 - 11:32cada um parecia ter mais de 100 kg,
-
11:32 - 11:36em cima dele, empurrando-o,
pelo que pude ver, -
11:36 - 11:37para debaixo dos assentos.
-
11:37 - 11:42Vi os três homens tentando
empurrá-lo para debaixo dos assentos. -
11:42 - 11:45Eu só conseguia ver a cabeça
dele aparecendo acima dos assentos, -
11:45 - 11:49e ele estava gritando: "Me ajudem!"
-
11:49 - 11:52Ele continuou dizendo:
"Ajudem-me! Ajudem-me!" -
11:52 - 11:56E então ele desapareceu
debaixo dos assentos. -
11:56 - 12:00Podíamos ver os três seguranças
sentados em cima dele. -
12:01 - 12:03Durante o resto da minha vida,
-
12:03 - 12:07sempre vou ter isso na minha cabeça.
-
12:07 - 12:08Poderia ter feito alguma coisa?
-
12:08 - 12:12Isso vai me incomodar toda vez
que eu for dormir agora. -
12:12 - 12:14Não me envolvi
-
12:14 - 12:18porque estava com medo de ser
expulso do voo e perder o emprego. -
12:18 - 12:22Se são necessários três homens
para segurar um homem, -
12:22 - 12:24colocá-lo em um voo,
-
12:24 - 12:27em que o público está,
-
12:27 - 12:28isso é excessivo.
-
12:29 - 12:30Certo?
-
12:30 - 12:33Se o homem morreu,
-
12:33 - 12:36certamente era excessivo.
-
12:38 - 12:41Essa foi a interpretação dele
sobre o que tinha acontecido no voo. -
12:41 - 12:44Michael foi, na verdade,
uma das cinco testemunhas -
12:44 - 12:47que finalmente conseguimos rastrear,
a maioria delas, como eu disse, -
12:47 - 12:51por meio da internet,
por meio das mídias sociais. -
12:51 - 12:53Poderíamos colocá-los no avião,
-
12:53 - 12:55para que pudéssemos ver
exatamente onde eles estavam. -
12:55 - 12:57Devo dizer, nesta altura,
-
12:57 - 12:59que uma importante dimensão de tudo isso
-
12:59 - 13:02para jornalistas que
utilizam as redes sociais -
13:02 - 13:04e que utilizam o jornalismo cidadão
-
13:04 - 13:06é garantir a obtenção de fatos corretos.
-
13:06 - 13:09Verificação é absolutamente essencial.
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13:09 - 13:11No caso das testemunhas de Ian Tomlinson,
-
13:11 - 13:14eu consegui que eles voltassem
para a cena do crime, -
13:14 - 13:16fisicamente me acompanhassem
-
13:16 - 13:19e me contassem exatamente
o que tinham visto. -
13:19 - 13:21Isso foi absolutamente essencial.
-
13:21 - 13:23No caso de Mudenga,
não podíamos fazer isso, -
13:23 - 13:25mas eles podiam nos enviar
seus cartões de embarque. -
13:25 - 13:27Podíamos questionar seus relatos
-
13:27 - 13:31e garantir que fossem consistentes
com o que os outros passageiros diziam. -
13:31 - 13:34O perigo disto tudo,
para os jornalistas, para todos nós -
13:34 - 13:36é que somos vítimas de boatos,
-
13:36 - 13:40ou que há informações errôneas
deliberada no domínio público. -
13:40 - 13:42Portanto, temos que ser cautelosos.
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13:42 - 13:46Mas ninguém pode negar
o poder do jornalismo cidadão. -
13:46 - 13:49Quando um avião colidiu
no Hudson, há dois anos, -
13:49 - 13:53e o mundo soube disso porque um homem
que estava em uma balsa próxima, -
13:53 - 13:56pegou seu iPhone, fotografou
a imagem do avião -
13:56 - 13:58e enviou-a para o mundo todo.
-
13:58 - 14:00Foi assim que a maioria
das pessoas descobriu, -
14:00 - 14:04nos primeiros minutos e horas,
sobre o avião no Rio Hudson. -
14:05 - 14:08Pensem nas duas maiores notícias do ano.
-
14:08 - 14:11Tivemos o terremoto japonês e o tsunami.
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14:12 - 14:15Relembrem as imagens que vocês viram
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14:15 - 14:17nas telas da sua televisão.
-
14:17 - 14:20Havia barcos que foram
parar a 8 km da costa. -
14:20 - 14:23Casas eram movidas
-
14:23 - 14:25como se estivessem no mar.
-
14:26 - 14:30A água subindo nas salas de estar
das pessoas, os supermercados tremendo. -
14:30 - 14:32Estas foram imagens tiradas
por jornalistas cidadãos -
14:32 - 14:34e rapidamente compartilhadas na internet.
-
14:34 - 14:39E a outra grande história
do ano: a crise política, -
14:39 - 14:42o terremoto político no Oriente Médio.
-
14:42 - 14:46E não importa se foi no Egito,
na Líbia, na Síria ou no Iêmen. -
14:47 - 14:51Indivíduos conseguiram superar
as restrições repressivas -
14:51 - 14:53nesses regimes,
-
14:53 - 14:55registrando seu ambiente
-
14:55 - 14:58e contando suas histórias na internet.
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14:58 - 15:00Sempre muito difícil de verificar,
-
15:00 - 15:04mas potencialmente, uma enorme
camada de responsabilidade. -
15:04 - 15:06Essa imagem... eu poderia mostrar muitas,
-
15:06 - 15:08o Youtube está cheio delas.
-
15:08 - 15:12Esta imagem é de um manifestante
aparentemente desarmado em Bahrein. -
15:12 - 15:15E ele está sendo baleado
pelas forças de segurança. -
15:15 - 15:20Não importa se o indivíduo
está sendo maltratado, -
15:20 - 15:22possivelmente, até a morte.
-
15:22 - 15:23Se está no Bahrein ou em Londres.
-
15:24 - 15:27Mas o jornalismo cidadão
e essa tecnologia têm inserido -
15:27 - 15:31uma nova camada de responsabilidade
em nosso mundo. -
15:31 - 15:32Acho que isso é bom.
-
15:32 - 15:36Então, para concluir: o tema
da conferência é "Por que não?" -
15:36 - 15:39Acho que para os jornalistas,
é bem simples, na verdade. -
15:39 - 15:42Quero dizer, por que não
utilizar essa tecnologia, -
15:42 - 15:45que amplia massivamente
os limites do que é possível, -
15:45 - 15:49aceita que muito do que acontece
em nosso mundo agora seja gravado, -
15:49 - 15:51e podemos obter essas informações
-
15:51 - 15:53por meio da rede social?
-
15:53 - 15:54Isso é novo para jornalistas.
-
15:54 - 15:58Acho que as histórias que mostrei
não poderíamos ter investigado -
15:58 - 16:01há 10 anos, talvez nem há cinco anos.
-
16:01 - 16:04Acho que há um argumento muito bom
para dizer que as duas mortes, -
16:04 - 16:07a morte de Ian Tomlinson
e a morte de Jimmy Mubenga, -
16:07 - 16:11ainda hoje não saberíamos exatamente
o que aconteceu naqueles casos. -
16:11 - 16:13E "Por que não?" para pessoas como vocês?
-
16:13 - 16:16Acho que é muito simples também.
-
16:16 - 16:19Se você encontrar algo
que acredita ser problemático, -
16:19 - 16:23que te perturbe, preocupe,
uma injustiça de algum tipo, -
16:23 - 16:26algo que não pareça certo,
-
16:26 - 16:31então por que não testemunhar,
gravar e compartilhar isso? -
16:32 - 16:37Esse processo de testemunhar,
gravar e divulgar é jornalismo. -
16:38 - 16:40Todos podemos fazer isso. Obrigado.
- Title:
- Como os telefones celulares ajudaram a solucionar dois assassinatos
- Speaker:
- Paul Lewis
- Description:
-
Dois assassinatos permaneceram sem explicação e sem solução até o repórter Paul Lewis começar a conversar com espectadores que tinham evidências em seus telefones celulares. Passo a passo, Lewis juntou suas evidências e suas histórias para fazer justiça às vítimas. É o futuro do jornalismo investigativo, alimentado pela multidão.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:53
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for How mobile phones helped solve two murders | ||
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