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O que faz a vida valer a pena em face da morte

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    Poucos dias após de o meu marido Paul
    ter sido diagnosticado
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    com cancro de pulmão na fase 4,
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    estávamos em casa deitados na nossa cama,
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    e Paul disse:
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    "Vai correr tudo bem."
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    E eu lembro-me de ter respondido:
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    "Sim.
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    "Só não sabemos ainda
    o que 'bem' significa."
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    Paul e eu conhecemo-nos quando
    éramos caloiros de Medicina em Yale.
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    Ele era inteligente, gentil
    e muito engraçado.
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    Costumava manter uma fantasia de
    gorila no porta-bagagem do carro
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    e dizia:
    "Isto é só para emergências."
  • 0:37 - 0:39
    (Risos)
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    Apaixonei-me por Paul enquanto observava
    o cuidado dele com os seus doentes.
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    Ele ficava com eles até tarde,
    a conversar,
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    a procurar entender
    a experiência da doença
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    e não apenas os seus tecnicismos.
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    Depois, contou-me que se
    apaixonara por mim
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    quando me viu chorar por causa de um ECG
    de um coração que deixou de bater.
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    Nós ainda não sabíamos,
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    mas mesmo nos dias loucos
    do amor jovem,
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    nós estávamos a aprender
    a lidar com o sofrimento juntos.
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    Casámos e tornámo-nos médicos.
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    Eu estava a trabalhar como interna
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    e Paul estava a terminar
    a especialidade de neurocirurgião,
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    quando começou a perder peso.
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    Começou com uma dor forte nas costas
    e uma tosse que nunca passava.
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    Quando foi internado no hospital,
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    uma tomografia revelou tumores
    nos pulmões e nos ossos de Paul.
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    Ambos havíamos cuidado de doentes
    com diagnósticos devastadores;
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    agora era a nossa vez.
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    Convivemos com a doença do Paul
    durante 22 meses.
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    Ele escreveu uma autobiografia
    sobre encarar a morte.
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    Eu dei à luz a nossa filha, Cady,
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    e amámo-la e amámo-nos um ao outro.
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    Aprendemos diretamente como lidar
    com decisões médicas muito difíceis.
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    O dia em que levámos Paul
    ao hospital, pela última vez,
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    foi o dia mais difícil da minha vida.
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    Quando ele se virou para mim no fim
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    e disse: "Estou pronto"
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    eu sabia que não era apenas
    uma decisão corajosa,
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    era a decisão certa.
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    Paul não queria um ventilador
    nem reanimação.
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    Naquele momento,
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    a coisa mais importante para o Paul
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    era segurar na nossa filhinha.
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    Nove horas depois,
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    Paul morreu.
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    Eu sempre me vi a mim mesma
    como uma prestadora de cuidados
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    — a maioria dos médicos vê-se assim —
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    e cuidar do Paul aprofundou
    o significado disso.
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    Observá-lo a modificar
    a sua identidade, durante a doença,
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    aprender a testemunhar
    e a aceitar as dores dele,
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    conversarmos juntos sobre as suas escolhas
  • 3:02 - 3:04
    — essas experiências ensinaram-me
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    que resiliência não significa voltar
    para onde estávamos antes,
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    ou fingir que as coisas difíceis
    não são difíceis,
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    Isso é muito difícil.
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    É doloroso e complicado.
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    Mas é o que acontece.
  • 3:22 - 3:24
    Aprendi que, quando lidamos
    com isso juntos,
  • 3:25 - 3:29
    decidimos como é o sucesso.
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    Uma das primeiras coisas que Paul
    me disse, após o diagnóstico, foi:
  • 3:35 - 3:37
    "Quero que te cases de novo."
  • 3:38 - 3:42
    E eu: "Uau, acho que podemos
    dizer qualquer coisa em voz alta."
  • 3:42 - 3:44
    (Risos)
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    Foi tão chocante
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    e desolador...
  • 3:49 - 3:51
    e generoso,
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    e muito reconfortante
  • 3:52 - 3:55
    porque era tão cruamente sincero.
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    Essa sinceridade era exatamente
    aquilo de que precisávamos.
  • 3:59 - 4:01
    No início da doença do Paul,
  • 4:01 - 4:04
    concordámos que continuaríamos
    a dizer as coisas em voz alta.
  • 4:05 - 4:08
    Tarefas como fazer um testamento,
  • 4:08 - 4:10
    ou completar disposições antecipadas
  • 4:10 - 4:13
    — tarefas que eu sempre evitara —
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    não eram tão terríveis
    quanto pareciam antes.
  • 4:16 - 4:20
    Percebi que completar uma disposição
    antecipada é um ato de amor
  • 4:21 - 4:23
    — como um voto de casamento —
  • 4:24 - 4:26
    um pacto para cuidar de alguém,
  • 4:26 - 4:28
    codificando a promessa
  • 4:28 - 4:31
    de "até que a morte nos separe",
  • 4:31 - 4:33
    eu estarei lá.
  • 4:34 - 4:37
    Se necessário, falarei por ti.
  • 4:37 - 4:40
    Hei de honrar os teus desejos.
  • 4:41 - 4:45
    Essa papelada tornou-se uma parte
    tangível da nossa história de amor.
  • 4:47 - 4:48
    Enquanto médicos,
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    Paul e eu estávamos numa boa posição
  • 4:50 - 4:53
    para entender e mesmo aceitar
    aquele diagnóstico.
  • 4:54 - 4:56
    Não sentíamos raiva, felizmente,
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    porque tínhamos visto muitos doentes
    em situações devastadoras,
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    e sabíamos que a morte
    é uma parte da vida.
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    Mas uma coisa é saber isso.
  • 5:07 - 5:09
    a experiência foi bem diferente
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    viver com a tristeza e a incerteza
    de uma doença grave.
  • 5:15 - 5:18
    Estão a ser feitos grandes progressos
    contra o cancro do pulmão,
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    mas sabíamos que Paul
    tinha meses ou poucos anos de vida.
  • 5:25 - 5:26
    Durante essa época,
  • 5:26 - 5:29
    Paul escreveu sobre a sua transição
    de médico para doente.
  • 5:30 - 5:34
    Ele falou sobre sentir-se como se,
    de repente, estivesse numa encruzilhada,
  • 5:34 - 5:37
    e como pensava que seria capaz
    de ver o caminho,
  • 5:37 - 5:40
    dado que, por ter tratado tantos doentes,
  • 5:40 - 5:43
    talvez pudesse seguir os seus passos.
  • 5:43 - 5:46
    Mas ele estava totalmente desorientado.
  • 5:46 - 5:49
    Em vez de um caminho,
    Paul escreveu:
  • 5:50 - 5:53
    "Eu vi apenas um deserto branco
  • 5:53 - 5:56
    "árido, vazio e brilhante,
  • 5:57 - 6:00
    "como se uma tempestade de areia
    tivesse apagado toda a familiaridade.
  • 6:01 - 6:03
    "Eu tinha de encarar a minha morte
  • 6:04 - 6:08
    "e tentar entender o que fazia
    a minha vida valer a pena.
  • 6:09 - 6:12
    "Para isso, eu precisava
    da ajuda da minha oncologista."
  • 6:15 - 6:18
    Os clínicos que cuidavam do Paul
  • 6:18 - 6:22
    fizeram-me apreciar ainda mais
    os meus colegas profissionais da saúde.
  • 6:22 - 6:24
    Temos um trabalho difícil.
  • 6:24 - 6:29
    Somos responsáveis por ajudar os doentes
    a perceberem bem os seus prognósticos
  • 6:29 - 6:31
    e as suas opções de tratamento.
  • 6:31 - 6:33
    Isso nunca é fácil,
    mas é especialmente difícil
  • 6:33 - 6:37
    quando lidamos com doenças
    potencialmente terminais, como o cancro.
  • 6:38 - 6:42
    Algumas pessoas não querem saber
    quanto tempo lhes resta,
  • 6:42 - 6:43
    outras querem.
  • 6:44 - 6:47
    De qualquer modo, nós nunca
    temos essas respostas.
  • 6:48 - 6:51
    Às vezes substituímos a esperança
  • 6:52 - 6:55
    exagerando o melhor cenário possível.
  • 6:56 - 6:58
    Numa sondagem a médicos,
  • 6:58 - 7:03
    55% disseram apresentar
    uma visão mais otimista
  • 7:03 - 7:05
    do que as suas opiniões sinceras
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    ao descreverem o prognóstico de um doente.
  • 7:08 - 7:11
    É um instinto proveniente da gentileza.
  • 7:12 - 7:14
    Mas os investigadores descobriram
  • 7:14 - 7:19
    que, quando as pessoas entendem melhor
    as possíveis consequências de uma doença,
  • 7:19 - 7:21
    têm menos ansiedade,
  • 7:21 - 7:23
    maior capacidade de planear
  • 7:24 - 7:26
    e há menos trauma para as famílias.
  • 7:29 - 7:31
    As famílias podem sofrer
    com essas conversas,
  • 7:32 - 7:38
    mas nós achamos que essa informação
    é útil para as grandes decisões.
  • 7:39 - 7:40
    Sobretudo, por exemplo,
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    se devíamos ter um bebé.
  • 7:45 - 7:50
    Poucos meses ou poucos anos de vida
    significavam que Paul não a veria crescer.
  • 7:51 - 7:54
    Mas tinha boas hipóteses
    de estar presente quando ela nascesse
  • 7:54 - 7:55
    e no início da vida dela.
  • 7:57 - 7:59
    Lembro-me de perguntar ao Paul
  • 7:59 - 8:02
    se ele achava que dizer
    adeus a uma criança
  • 8:02 - 8:05
    lhe tornaria a morte ainda mais dolorosa.
  • 8:06 - 8:08
    A resposta dele surpreendeu-me.
  • 8:08 - 8:10
    Ele disse:
  • 8:10 - 8:13
    "Não seria ótimo se isso acontecesse?"
  • 8:16 - 8:18
    E assim aconteceu.
  • 8:18 - 8:21
    Não para contrariar o cancro,
  • 8:22 - 8:23
    mas porque estávamos a aprender
  • 8:23 - 8:29
    que viver intensamente
    significa aceitar o sofrimento.
  • 8:32 - 8:35
    A oncologista de Paul
    adaptou a quimioterapia dele
  • 8:35 - 8:38
    de modo a que ele pudesse continuar
    a trabalhar como neurocirurgião,
  • 8:38 - 8:41
    o que de início pensávamos ser impossível.
  • 8:42 - 8:43
    Quando o cancro avançou
  • 8:43 - 8:46
    e Paul deixou de fazer cirurgias
    e passou a escrever,
  • 8:46 - 8:50
    o médico de cuidados paliativos
    prescreveu um estimulante
  • 8:50 - 8:52
    pata ele se poder concentrar melhor.
  • 8:53 - 8:56
    Perguntaram ao Paul quais eram
    as suas prioridades e preocupações.
  • 8:57 - 9:01
    Perguntaram-lhe que concessões
    ele estava disposto a fazer.
  • 9:02 - 9:07
    Estas conversas são
    a melhor maneira de assegurar
  • 9:07 - 9:11
    que os cuidados médicos que recebemos
    combinam com os nossos valores.
  • 9:12 - 9:15
    Paul gracejou dizendo que
    não é a conversa sobre sexo
  • 9:15 - 9:16
    que temos com os nossos pais,
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    em que todos queremos acabar
    o mais depressa possível
  • 9:19 - 9:21
    e depois fingimos que nunca aconteceu.
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    Voltamos à mesma conversa
    à medida que as coisas mudam.
  • 9:24 - 9:27
    Continuamos a dizer
    as coisas em voz alta.
  • 9:28 - 9:30
    Estou eternamente grata
  • 9:30 - 9:32
    porque os médicos do Paul sentiram
  • 9:32 - 9:35
    que o trabalho deles não era tentar
    dar-nos respostas que não tinham,
  • 9:35 - 9:39
    nem tentar consertar as coisas para nós,
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    mas aconselhar Paul
    nas decisões dolorosas,
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    quando o corpo dele estava a falhar,
    mas a vontade de viver persistia.
  • 9:49 - 9:51
    Mais tarde, depois de Paul morrer,
  • 9:52 - 9:55
    recebi uma dúzia de ramos de flores,
  • 9:55 - 9:56
    mas eu mandei um
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    para a oncologista de Paul,
  • 9:59 - 10:03
    porque ela apoiou os objetivos dele
  • 10:03 - 10:05
    e ajudou-o a ponderar as escolhas dele.
  • 10:07 - 10:11
    Ela sabia que viver
    significa mais que sobreviver.
  • 10:14 - 10:17
    Há poucas semanas,
    uma doente veio à minha clínica.
  • 10:17 - 10:20
    Uma mulher com uma doença crónica grave.
  • 10:21 - 10:24
    Enquanto conversávamos
    sobre a vida dela e o tratamento,
  • 10:24 - 10:28
    ela disse: "Eu adoro a minha equipa
    de cuidados paliativos.
  • 10:28 - 10:31
    "Ensinaram-me que está tudo bem
    se eu disser 'não'."
  • 10:32 - 10:34
    Sim, pensei, claro que sim.
  • 10:35 - 10:37
    Mas muitos doentes não sentem isso.
  • 10:39 - 10:41
    "A "Compassion and choices"
    fez um estudo
  • 10:41 - 10:43
    em que perguntaram às pessoas
  • 10:43 - 10:45
    quais as suas preferências
    de tratamento médico.
  • 10:45 - 10:48
    Muitas pessoas começaram
    as suas respostas com as palavras:
  • 10:49 - 10:51
    "Se eu pudesse escolher..."
  • 10:52 - 10:54
    Se eu pudesse escolher.
  • 10:55 - 10:57
    Quando eu li esse "se",
  • 10:57 - 10:58
    percebi melhor,
  • 10:59 - 11:02
    porque é que uma
    em cada quatro pessoas
  • 11:02 - 11:06
    recebe tratamentos médicos
    excessivos ou indesejados,
  • 11:07 - 11:12
    ou vê um familiar receber tratamento
    médico excessivo ou indesejado.
  • 11:14 - 11:16
    Não é porque os médicos não percebam.
  • 11:16 - 11:17
    Nós percebemos.
  • 11:18 - 11:20
    Nós percebemos as consequências
    psicológicas reais
  • 11:20 - 11:23
    nos doentes e nos seus familiares.
  • 11:24 - 11:26
    De facto, nós também lidamos com elas.
  • 11:27 - 11:29
    Metade das enfermeiras
    de cuidados intensivos
  • 11:29 - 11:32
    e um quarto dos médicos das urgências
  • 11:32 - 11:35
    pensaram em deixar os seus empregos
  • 11:35 - 11:39
    por causa da angústia de sentir
    que, para alguns dos seus doentes,
  • 11:40 - 11:43
    eles faziam um tratamento que não
    se adequava aos valores da pessoa.
  • 11:45 - 11:48
    Mas os médicos não podem
    respeitar os desejos deles
  • 11:48 - 11:51
    se não souberem quais eles são.
  • 11:52 - 11:56
    Vocês preferem viver ligados a um aparelho
    se isso vos der hipótese de viver mais?
  • 11:57 - 12:00
    Vocês preocupam-se mais
    com a qualidade desse tempo
  • 12:01 - 12:02
    do que com a quantidade?
  • 12:03 - 12:06
    Ambas estas escolhas
    exigem reflexão e coragem,
  • 12:07 - 12:09
    mas, para todos nós,
    é a nossa escolha.
  • 12:10 - 12:12
    Isso é verdade no fim da vida
  • 12:13 - 12:15
    e nos tratamentos médicos
    durante a nossa vida.
  • 12:16 - 12:18
    Se estamos grávidas,
    queremos uma análise genética?
  • 12:18 - 12:21
    Uma substituição de joelho
    é correta ou não?
  • 12:22 - 12:25
    Querem fazer diálise
    numa clínica ou em casa?
  • 12:27 - 12:28
    A resposta é:
  • 12:29 - 12:30
    Depende.
  • 12:31 - 12:35
    Que tratamento médico nos vai ajudar
    a viver como queremos?
  • 12:37 - 12:39
    Espero que vocês se lembrem
    desta pergunta
  • 12:39 - 12:42
    na próxima vez que tiverem
    que decidir quanto a um tratamento.
  • 12:43 - 12:46
    Lembrem-se que temos
    sempre uma escolha,
  • 12:47 - 12:53
    e que está tudo bem se dissermos 'não'
    a um tratamento que não nos serve.
  • 12:55 - 12:58
    Há um poema de W. S. Merwin
  • 12:58 - 13:00
    — só tem duas frases —
  • 13:00 - 13:03
    que exprime como eu me sinto agora:
  • 13:05 - 13:08
    "A tua ausência passou por mim
  • 13:08 - 13:11
    "como uma linha passa pela agulha.
  • 13:12 - 13:15
    "Tudo o que faço
    está cosido com a tua cor."
  • 13:17 - 13:21
    Este poema evoca o meu amor por Paul,
  • 13:22 - 13:23
    e uma nova força
  • 13:24 - 13:27
    que nasceu de amá-lo e de perdê-lo.
  • 13:28 - 13:31
    Quando Paul disse:
    "Vai correr tudo bem,"
  • 13:32 - 13:36
    isso não significava que podíamos
    curar a doença dele.
  • 13:37 - 13:42
    Em vez disso, aprendemos a aceitar
    a alegria e a tristeza ao mesmo tempo;
  • 13:43 - 13:46
    para descobrir a beleza e o objetivo
  • 13:47 - 13:51
    pelos quais e apesar dos quais
    todos nós nascemos
  • 13:52 - 13:53
    e todos nós morremos.
  • 13:55 - 13:57
    Para toda a tristeza e noites sem sono,
  • 13:58 - 14:00
    descobrimos que há alegria.
  • 14:00 - 14:03
    Eu deixo flores no túmulo de Paul
  • 14:03 - 14:06
    e vejo a nossa filha de dois anos
    a correr pela relva.
  • 14:07 - 14:12
    Acendo fogueiras na praia e vejo
    o pôr-do-sol com os nossos amigos.
  • 14:14 - 14:17
    O exercício e a meditação consciente
    têm-me ajudado muito.
  • 14:19 - 14:22
    E um dia, espero casar de novo.
  • 14:25 - 14:28
    E mais importante ainda:
    estou a ver a nossa filha crescer.
  • 14:29 - 14:33
    Pensei muito no que lhe direi
  • 14:33 - 14:34
    quando ela for mais velha.
  • 14:36 - 14:38
    "Cady,
  • 14:39 - 14:42
    "Envolvermo-nos
    em toda a extensão da experiência
  • 14:42 - 14:44
    "— viver e morrer,
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    "amar e perder —
  • 14:46 - 14:48
    "é o que temos que fazer.
  • 14:49 - 14:55
    "A experiência de ser humano
    não acontece apesar do sofrimento.
  • 14:56 - 14:57
    "mas devido a ele.
  • 14:59 - 15:01
    "Quando lidamos
    com o sofrimento, juntos,
  • 15:02 - 15:04
    "quando escolhemos não nos esconder dele,
  • 15:05 - 15:07
    "a nossa vida não encolhe,
    expande-se."
  • 15:10 - 15:13
    Aprendi que o cancro
    nem sempre é uma batalha.
  • 15:14 - 15:16
    Ou, se for,
  • 15:16 - 15:19
    talvez seja uma luta por algo
    diferente do que pensávamos.
  • 15:21 - 15:23
    O nosso trabalho não é
    lutar contra o destino,
  • 15:24 - 15:26
    mas ajudarmo-nos uns aos outros.
  • 15:27 - 15:29
    Não como soldados
  • 15:30 - 15:32
    mas como pastores.
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    É assim que fazemos que tudo corra bem,
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    mesmo quando não corre.
  • 15:39 - 15:41
    Dizendo as coisas em voz alta,
  • 15:41 - 15:44
    ajudando-nos uns aos outros ...
  • 15:45 - 15:48
    e uma fantasia de gorila
    também nunca faz mal.
  • 15:48 - 15:50
    Obrigada.
  • 15:50 - 15:53
    (Aplausos)
Title:
O que faz a vida valer a pena em face da morte
Speaker:
Lucy Kalanithi
Description:

Nesta palestra emocionante, Lucy Kalanithi reflete sobre a vida e o seu propósito, partilhando a história do seu falecido marido, Paul, um jovem neurocirurgião que se tornou escritor depois de ser diagnosticado com um cancro terminal. "Envolvermo-nos em toda a extensão da experiência — viver e morrer, amar e perder — é o que temos que fazer" diz Kalanithi. "A experiência de ser humano não acontece apesar do sofrimento — mas devido a ele."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:09

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