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O stress e o cérebro | JaimeTartar | TEDxNSU

  • 0:20 - 0:23
    O título da minha palestra
  • 0:23 - 0:25
    é "Stress e o cérebro:
    o bom, o mau e o incompreendido".
  • 0:25 - 0:29
    Outro título que poderia ter dado
    à palestra seria "Em Defesa do Stress",
  • 0:29 - 0:32
    porque falamos em stress
    como se fosse algo mau,
  • 0:32 - 0:35
    mas o objetivo desta série de
    conferências é inspirar-vos,
  • 0:35 - 0:37
    então, gostaria de vos inspirar.
  • 0:37 - 0:40
    Milhões de anos de evolução asseguraram
  • 0:40 - 0:44
    que o vosso sistema de stress faz
    exatamente o que é suposto fazer.
  • 0:44 - 0:46
    Funciona na perfeição.
  • 0:46 - 0:47
    O problema são vocês.
  • 0:47 - 0:49
    (Risos)
  • 0:49 - 0:51
    E vou mostrar-vos porque é
    que são o problema.
  • 0:52 - 0:53
    O stress e a sua importância.
  • 0:54 - 0:55
    A primeira coisa que temos de fazer,
  • 0:55 - 0:57
    e vai ser uma palestra divertida,
  • 0:57 - 1:01
    é "arrumar" a biologia,
    rápida e simplesmente.
  • 1:01 - 1:04
    Ao sofrermos um estímulo,
    a primeira coisa que acontece
  • 1:04 - 1:06
    é termos uma resposta de luta ou fuga.
  • 1:06 - 1:07
    Acontece imediatamente.
  • 1:07 - 1:09
    Essa parte do nosso cérebro,
    muito interior,
  • 1:09 - 1:12
    é o locus coeruleus, e ele dirá
    à vossa glândula adrenal:
  • 1:12 - 1:15
    "Ah! Estou a ser atacado por tigres,
    liberta epinefrina."
  • 1:15 - 1:17
    Se estiverem na Europa,
    chamem-lhe adrenalina,
  • 1:17 - 1:18
    é o mesmo, não importa.
  • 1:19 - 1:20
    Vocês irão libertar adrenalina.
  • 1:20 - 1:23
    O sistema nervoso simpático
    faz um ótimo trabalho
  • 1:23 - 1:26
    ao fazer o que costumamos chamar
    na universidade "os quatro F":
  • 1:26 - 1:29
    "fight" (luta), fuga, fobia e sexo.
  • 1:29 - 1:31
    (Risos)
  • 1:31 - 1:34
    Estas são as quatro coisas
    pelo qual é responsável.
  • 1:34 - 1:37
    Irá manter-vos vivos
    quer queiram quer não,
  • 1:37 - 1:40
    sem escolha consciente aqui.
  • 1:40 - 1:42
    Ou manter-vos vivos no futuro.
  • 1:42 - 1:44
    Este sistema atua muito,
    muito rapidamente.
  • 1:45 - 1:48
    Mais tarde, recebemos uma
    espécie de sistema de atuação lenta.
  • 1:49 - 1:52
    Esta pequena parte do
    nosso cérebro, o hipotálamo,
  • 1:52 - 1:55
    é o diretor-geral de todas
    as hormonas no vosso corpo.
  • 1:55 - 1:58
    O hipotálamo dirá:
    "Credo, estamos stressados."
  • 1:58 - 1:59
    E dirá à hipófise:
  • 1:59 - 2:02
    "Ei, liberta outra hormona,
    a corticotrofina, ACTH."
  • 2:02 - 2:04
    A ACTH irá ser libertada,
  • 2:04 - 2:07
    e depois dirá também
    à glândula adrenal, ao córtex adrenal,
  • 2:07 - 2:10
    o mesmo sítio que liberta a adrenalina:
  • 2:10 - 2:13
    "Liberta cortisol".
  • 2:13 - 2:14
    Todos nós já ouvimos falar de cortisol.
  • 2:14 - 2:18
    O cortisol engorda-nos.
    O cortisol faz-nos coisas horríveis.
  • 2:18 - 2:18
    Detestamos o cortisol.
  • 2:18 - 2:20
    Mas o cortisol mantém-nos vivos.
  • 2:20 - 2:24
    Se um tigre está prestes a atacar-nos,
    o cortisol vai manter-nos vivos.
  • 2:24 - 2:26
    Então, o problema não é o cortisol,
  • 2:26 - 2:29
    o problema é a desregulação do cortisol.
  • 2:29 - 2:33
    O cortisol vai para todos os sítios
  • 2:33 - 2:36
    que originalmente o libertaram e dirá:
  • 2:36 - 2:37
    "Uau, acalma-te."
  • 2:37 - 2:41
    O principal sítio do nosso corpo
    ligado ao cortisol é o hipocampo.
  • 2:41 - 2:43
    Ouviram a palestra do Matt,
  • 2:43 - 2:45
    sabemos o que faz o hipocampo, certo?
  • 2:45 - 2:47
    Porque é que é importante?
  • 2:47 - 2:49
    Memória! Também é
    importante para o cortisol.
  • 2:50 - 2:54
    E todos os recetores de cortisol
    estão no hipocampo,
  • 2:54 - 2:57
    e este liga-se ao hipocampo
    e diz: "Ei... para."
  • 2:57 - 2:59
    Mas se temos demasiado
    cortisol a ser libertado,
  • 2:59 - 3:01
    as células não conseguem
    tratá-lo e morrem, tipo:
  • 3:01 - 3:03
    "Oh, é demais, vamos morrer."
  • 3:03 - 3:05
    E suicidam-se.
  • 3:05 - 3:06
    (Risos)
  • 3:06 - 3:09
    Depois libertamos mais cortisol e
    temos menos células para tratar dele.
  • 3:09 - 3:11
    Percebem o que acontece?
  • 3:11 - 3:15
    O HPA, o eixo
    hipotálamo-pituitária-adrenal,
  • 3:15 - 3:17
    este eixo fica fora de controlo.
  • 3:18 - 3:20
    E é aqui que surgem alguns problemas.
  • 3:21 - 3:25
    Isto pode acontecer
    de forma aguda, ou crónica, certo?
  • 3:25 - 3:28
    Ficamos stressados,
    estas coisas acontecem-nos.
  • 3:28 - 3:30
    Ficamos stressados
    uma e outra vez, e outra
  • 3:30 - 3:33
    É esta a ideia de stress crónico.
  • 3:33 - 3:37
    Mas nós temos duas maneiras
    diferentes de lidar com o stress.
  • 3:37 - 3:39
    Temos este processo biológico
    que se desenvolve,
  • 3:39 - 3:42
    o sistema nervoso simpático e o eixo HPA,
  • 3:42 - 3:45
    mas depois nos nossos cérebros,
    respondemos de forma diferente
  • 3:45 - 3:48
    a diferentes tipos de stress.
  • 3:48 - 3:50
    A principal maneira de os diferenciar
  • 3:50 - 3:54
    é entre stress físico
    e stress psicológico.
  • 3:54 - 3:57
    A diferença entre
    ser comido por um tigre
  • 3:57 - 4:00
    — havia fotos reais mas
    não eram agradáveis —
  • 4:00 - 4:01
    (Risos)
  • 4:02 - 4:03
    ou isto.
  • 4:03 - 4:04
    Certo.
  • 4:04 - 4:07
    Se fôssemos o Ryan Gosling,
    podíamos ficar stressados
  • 4:07 - 4:10
    porque as nossas fotos
    estão por toda a Internet.
  • 4:10 - 4:11
    (Risos)
  • 4:11 - 4:13
    Todos temos estes estímulos de stress.
  • 4:13 - 4:15
    E, como o meu colega mencionou antes,
  • 4:15 - 4:18
    é muito stressante não poder usar
    imagens protegidas,
  • 4:18 - 4:20
    por isso, quis dar-vos este ... Ops.
  • 4:21 - 4:22
    O que é o stress?
  • 4:22 - 4:25
    O stress, para nós, não é
    ser comido por um tigre.
  • 4:25 - 4:29
    O nosso corpo está preparado para
    reagir a isso, para reagir à fome.
  • 4:29 - 4:32
    Adapta-se muito bem a reagir
  • 4:32 - 4:33
    a alguém que queira bater-nos,
  • 4:33 - 4:35
    a alguém que queira roubar-nos a carne.
  • 4:35 - 4:37
    Faz um ótimo trabalho aí,
  • 4:37 - 4:42
    mas o que temos sentido
    são complicações do dia-a-dia.
  • 4:42 - 4:43
    É este o nosso stress.
  • 4:43 - 4:45
    Mas isso acontece de forma aguda,
  • 4:45 - 4:49
    ou acontece a toda a hora,
    várias vezes ao dia?
  • 4:50 - 4:52
    Queria dar-vos um exemplo,
    mas não posso usar imagens protegidas,
  • 4:52 - 4:55
    por isso, vou dizer-vos o que me stressa.
  • 4:55 - 4:58
    Imagino que vocês também têm
    algumas destas coisas na vossa vida.
  • 4:58 - 5:00
    A primeira coisa que me stressa
    são os meus colegas.
  • 5:01 - 5:02
    (Risos)
  • 5:02 - 5:04
    Eles deixam-me maluca.
  • 5:04 - 5:05
    (Risos)
  • 5:05 - 5:08
    Exceto os que estão aqui,
    esses são fantásticos.
  • 5:08 - 5:09
    (Risos)
  • 5:11 - 5:14
    Ok, os meus superiores,
    que não estão aqui hoje,
  • 5:14 - 5:16
    enlouquecem-me.
  • 5:17 - 5:19
    Imagino que vocês têm superiores
    que também vos stressam
  • 5:19 - 5:20
    por diferentes motivos.
  • 5:20 - 5:22
    Aquele pode parecer simpático.
  • 5:22 - 5:23
    Aquele mete-me medo.
  • 5:23 - 5:25
    (Risos)
  • 5:26 - 5:30
    Este senhor era negociador de reféns,
    agora é o meu chefe.
  • 5:30 - 5:32
    (Risos)
  • 5:33 - 5:36
    E claro, acho interessante saber
    que muitos dos oradores hoje
  • 5:36 - 5:38
    se stressam com alunos
    que enviam SMS nas aulas,
  • 5:38 - 5:41
    porque é uma das coisas
    que mais me stressa.
  • 5:41 - 5:43
    Quando estou a tentar ensinar
  • 5:43 - 5:45
    e ninguém está a prestar atenção
    ao que eu digo,
  • 5:45 - 5:48
    e eu acho que é importante,
    eu tenho uma mente teórica,
  • 5:48 - 5:51
    então penso no que estarão a falar,
    a pensar e a enviar SMS,
  • 5:51 - 5:54
    e não estou a pensar no
    que deveria estar a pensar,
  • 5:54 - 5:55
    é horrível.
  • 5:55 - 5:58
    É complicado, depois começo
    a tremer e abandono a sala.
  • 5:58 - 6:02
    Podem imaginar o que é olhar para isto,
    e tentar educar e falar com os jovens
  • 6:02 - 6:03
    e isto é o que veem.
  • 6:03 - 6:05
    (Risos)
  • 6:05 - 6:07
    O meu marido.
  • 6:07 - 6:08
    (Risos)
  • 6:09 - 6:12
    [Marido super interessado
    em adultos a lutar por uma bola]
  • 6:13 - 6:15
    Estamos a trabalhar no assunto.
  • 6:15 - 6:17
    (Risos)
  • 6:18 - 6:20
    Os meus filhos.
  • 6:22 - 6:25
    São gémeos, e têm cinco anos.
  • 6:26 - 6:29
    Não é que o meu marido e filhos
    seja suficiente para ficar maluca,
  • 6:29 - 6:30
    mas eles têm um cão.
  • 6:30 - 6:32
    (Risos)
  • 6:32 - 6:35
    É o cão deles. É a origem do meu stress.
  • 6:36 - 6:38
    Ok, percebem a ideia.
  • 6:38 - 6:40
    Provavelmente, é o mesmo tipo de coisas
  • 6:40 - 6:43
    que acontecem a todos,
    todos os dias, várias vezes por dia.
  • 6:43 - 6:47
    Não é uma coisa que acontece
    apenas a algumas pessoas,
  • 6:47 - 6:48
    e não acontece a outras.
  • 6:48 - 6:51
    Algumas pessoas correm o risco de sucumbir
    a consequências para a saúde
  • 6:51 - 6:53
    com todas estas coisas.
  • 6:53 - 6:56
    São estes os tipos de coisas
    que irão pôr-nos em risco,
  • 6:56 - 7:01
    tendo em conta como o sistema de
    resposta de stress evoluiu para o fazer.
  • 7:01 - 7:05
    É o que está fazer, certo?
    Lidar com todas estas coisas.
  • 7:05 - 7:09
    A coisa que nos vai matar
    basicamente, é o stress constante.
  • 7:09 - 7:12
    Mas não é apenas o stress constante.
  • 7:12 - 7:17
    Se queremos mesmo matar alguém,
    não queremos usar fármacos,
  • 7:18 - 7:21
    não queremos ir presos.
  • 7:21 - 7:24
    A melhor maneira é o stress
    constante, imprevisível.
  • 7:26 - 7:27
    Se eu quisesse matar o meu marido
  • 7:27 - 7:31
    — e não quero, ele é uma pessoa
    e um biólogo fantástico, mas se quisesse —
  • 7:31 - 7:34
    se todos os dias eu lhe bater,
    às duas da manhã,
  • 7:34 - 7:38
    se todos os dias, às duas da manhã,
    lhe der um soco,
  • 7:38 - 7:40
    o que irá acontecer,
    será que ele vai ficar stressado?
  • 7:40 - 7:41
    Podia divorciar-se.
  • 7:41 - 7:44
    Será que ele vai ficar
    mesmo muito stressado?
  • 7:44 - 7:45
    Não, porque o que acontecerá?
  • 7:45 - 7:48
    Ele dirá: "Oh, já sei
    que ela me vai bater."
  • 7:48 - 7:50
    Então o que queremos fazer
  • 7:50 - 7:53
    é causar stress a alguém, sem que
    ele saiba o que vai acontecer
  • 7:53 - 7:56
    e sem nunca terminar,
    essa é a parte interessante.
  • 7:56 - 7:57
    (Risos)
  • 7:57 - 8:01
    Uma das piores coisas
    que podemos fazer a nós próprios,
  • 8:01 - 8:03
    uma das piores profissões
    que podemos escolher
  • 8:03 - 8:06
    — e lamento se fazem isso —
  • 8:06 - 8:08
    é tratar de pessoas a longo prazo.
  • 8:08 - 8:11
    Essas pessoas estão
    metidas em complicações.
  • 8:11 - 8:13
    Nunca sabemos se o Johnny
    vai ter um bom ou um mau dia,
  • 8:13 - 8:15
    não controlamos o que acontece.
  • 8:15 - 8:18
    É horrível para a saúde,
    é melhor ser a nossa tia a fazê-lo.
  • 8:18 - 8:19
    Não sejam essa pessoa.
  • 8:19 - 8:22
    A incapacidade
    de nos adaptarmos ao stress.
  • 8:22 - 8:24
    Esta sou eu, sou uma pessoa "epidérmica".
  • 8:25 - 8:27
    Vocês sabem como são essas pessoas.
  • 8:27 - 8:29
    São pessoas que reagem a tudo, não é?
  • 8:29 - 8:31
    O superior grita comigo, eu passo-me.
  • 8:31 - 8:33
    O meu colega diz: "Oh, estás atrasada",
  • 8:33 - 8:36
    e eu fico chateada.
  • 8:36 - 8:38
    Tudo nos acelera facilmente
    o ritmo cardíaco.
  • 8:38 - 8:40
    Não é uma forma saudável de viver a vida.
  • 8:41 - 8:42
    (Risos)
  • 8:42 - 8:44
    Outra coisa é a reativação ao stress.
  • 8:44 - 8:46
    Vocês sabem quem vocês são,
    e sabem quem essas pessoas são
  • 8:46 - 8:48
    porque elas não nos deixam em paz.
  • 8:48 - 8:51
    Estas pessoas são aquelas
    a quem acontece algo.
  • 8:51 - 8:53
    "O meu chefe grita comigo,
    por isso vou para casa:
  • 8:53 - 8:56
    "Oh credo, não vais acreditar
    o meu chefe gritou comigo".
  • 8:56 - 8:59
    Depois ligo aos meus
    10 maiores amigos e conto-lhes tudo.
  • 8:59 - 9:03
    Cada vez que faço isto
    estou a reativar o eixo HPA.
  • 9:03 - 9:05
    Não preciso que o tigre me morda.
  • 9:05 - 9:07
    Posso torná-lo real, só de pensar nisso.
  • 9:09 - 9:12
    E a última coisa é
    — acho que estes seriam os psicopatas.
  • 9:12 - 9:14
    Uma ativação reduzida do HPA.
  • 9:14 - 9:17
    Também não é bom não reagir
    ao stress de todo.
  • 9:17 - 9:19
    Precisamos de um pouco de stress
    para reagir.
  • 9:19 - 9:22
    Não queremos que o nosso
    eixo HPA fique desregulado.
  • 9:22 - 9:25
    Não queremos morrer de stress.
    Queremos viver uma vida saudável.
  • 9:25 - 9:27
    Sei que estão deprimidos
    neste momento.
  • 9:27 - 9:29
    (Risos)
  • 9:29 - 9:32
    A boa notícia é:
  • 9:32 - 9:34
    como a origem do stress
    está na nossa cabeça,
  • 9:34 - 9:36
    nós inventamo-lo.
  • 9:36 - 9:38
    Ninguém nos está a bater.
    Ninguém nos faz passar fome.
  • 9:38 - 9:41
    Vivemos todos vidas
    longas e saudáveis, esperemos.
  • 9:41 - 9:44
    Todo o stress que temos vem daqui.
  • 9:44 - 9:46
    É progressivo, é psicológico.
  • 9:46 - 9:49
    É nesse tipo de stress
    que estamos, constantemente, a pensar.
  • 9:50 - 9:53
    A boa notícia é que, em princípio,
    vocês não vão morrer de stress
  • 9:53 - 9:56
    se eu vos mostrar
    os diapositivos seguintes.
  • 9:56 - 9:58
    Vocês controlam o vosso stress.
  • 9:58 - 10:02
    Portanto, vou sugerir algumas
    atividades humanas de substituição.
  • 10:02 - 10:04
    Isto é o que fazemos aos animais
    no laboratório,
  • 10:04 - 10:06
    quando não queremos
    que eles cedam ao stress,
  • 10:06 - 10:09
    e, enquanto animais humanos,
    podemos fazer a mesma coisa.
  • 10:09 - 10:12
    A primeira coisa que
    podemos fazer é psicoterapia.
  • 10:12 - 10:14
    Dá muito trabalho,
    mas está demonstrado
  • 10:14 - 10:18
    que a psicoterapia produz
    mudanças reais, genuínas
  • 10:18 - 10:20
    na neuroplasticidade do nosso cérebro,
  • 10:20 - 10:22
    só que leva muito tempo a fazê-lo.
  • 10:22 - 10:26
    Mas se a fizermos, podemos alterar
    significativamente o nosso cérebro.
  • 10:26 - 10:28
    Exercício, quer acreditem ou não.
  • 10:28 - 10:30
    O exercício faz um ótimo trabalho
  • 10:30 - 10:32
    a aliviar alguns dos sintomas de stress.
  • 10:33 - 10:35
    Também podemos ler um livro edificante.
  • 10:35 - 10:37
    Estas são coisas,
    clinicamente comprovadas,
  • 10:37 - 10:39
    que aliviam as consequências do stress.
  • 10:39 - 10:42
    Podemos ter um bom apoio social,
  • 10:42 - 10:45
    como a nossa apresentadora,
    Leanne Boucher.
  • 10:46 - 10:48
    Podemos ter uma boa higiene de sono.
  • 10:48 - 10:51
    Isto pode incluir
    — eu também estudo o sono —
  • 10:51 - 10:53
    dormir a sesta durante o dia.
  • 10:53 - 10:55
    Isso é bom, podemos fazer isso.
  • 10:55 - 10:57
    Ou o que funcionar melhor para nós.
  • 10:57 - 11:00
    Este é Jason Gershman, o meu colega
    que gosta de corridas de carros.
  • 11:00 - 11:02
    Para ele, é uma ótima forma
    de aliviar o stress.
  • 11:04 - 11:05
    Outra coisa que gostaria de dizer:
  • 11:05 - 11:07
    se isto não funcionar convosco,
  • 11:07 - 11:09
    há investigações fascinantes,
    ultimamente,
  • 11:09 - 11:13
    vindas de um laboratório da
    Universidade do Wisconsin, em Madison,
  • 11:13 - 11:16
    do professor Richard Davidson.
  • 11:16 - 11:18
    Ele mostrou no laboratório...
  • 11:18 - 11:21
    Ele conseguiu que o Dalai Lama
    e monges tibetanos o visitassem,
  • 11:21 - 11:23
    e observou os cérebros deles.
  • 11:23 - 11:24
    Demonstrou que
  • 11:24 - 11:30
    estes monges mostram
    diferenças reais nos seus EEG,
  • 11:30 - 11:33
    algumas ondas cerebrais que associamos
    a um elevado processamento,
  • 11:33 - 11:34
    a elevadas funções mentais,
  • 11:34 - 11:38
    parecem ser bastante mais elevadas
    nos monges do que no grupo de controlo.
  • 11:38 - 11:41
    Algumas regiões do cérebro
    que associamos
  • 11:41 - 11:43
    ao amor, à compreensão e à empatia,
  • 11:43 - 11:47
    o córtex insular e o pré-frontal esquerdo,
    parecem estar mais ativas.
  • 11:47 - 11:49
    Os monges tendem a fazer
    meditação da compaixão,
  • 11:49 - 11:52
    mas julgo que funcionaria
    com qualquer tipo de meditação,
  • 11:52 - 11:56
    Eles até treinaram pessoas normais,
    como nós, para fazer meditação,
  • 11:56 - 12:00
    e podemos mostrar as mudanças,
    o que é excelente.
  • 12:01 - 12:03
    A parte difícil é, tenho de vos dizer,
  • 12:03 - 12:06
    que estes monges tiveram
    10 000 horas de treino,
  • 12:06 - 12:08
    o que significa que levou muito tempo.
  • 12:08 - 12:11
    Mas se quiserem fazê-lo,
    podem ser tão felizes quanto um monge,
  • 12:11 - 12:12
    façam meditação.
  • 12:13 - 12:17
    Se isso não funcionar,
    podem sempre tomar Prozac.
  • 12:17 - 12:19
    (Risos)
  • 12:19 - 12:22
    Viver melhor à base de químicos,
    como diz o Dr. Ray.
  • 12:22 - 12:25
    Embora fazer terapia leve
    um longo período de tempo,
  • 12:25 - 12:28
    a terapia é como ir ao ginásio.
  • 12:29 - 12:31
    Todos queremos músculos.
    Todos queremos ter saúde.
  • 12:31 - 12:32
    Queremos um bom físico.
  • 12:32 - 12:34
    Mas, se formos ao ginásio,
    leva muito tempo
  • 12:34 - 12:38
    a ganhar músculo, a ter um bom físico
    e uma boa saúde cardiovascular.
  • 12:38 - 12:41
    Se eu vos desse um comprimido
    que faria essas coisas todas...
  • 12:41 - 12:43
    ... ora bem.
  • 12:43 - 12:44
    (Risos)
  • 12:44 - 12:47
    É mais ou menos isto
    que a psicoterapia faz.
  • 12:48 - 12:51
    Dr. Ray dir-vos-á
    se existem consequências.
  • 12:51 - 12:53
    A boa notícia é:
    lembram-se de eu ter dito
  • 12:53 - 12:55
    que, quando têm aqueles níveis
    elevados de cortisol,
  • 12:55 - 12:58
    isso mata as células do hipocampo?
  • 12:57 - 13:00
    Bom, na verdade,
    o segredo simples do Prozac
  • 13:00 - 13:03
    — e peço desculpa, Dr. Ray —
    é que não fazemos ideia de como funciona.
  • 13:03 - 13:05
    Não temos ideia.
  • 13:05 - 13:07
    Se eu vos der Prozac,
  • 13:07 - 13:09
    os vossos níveis de serotonina
    elevam-se muito, imediatamente,
  • 13:09 - 13:12
    mas quando é que vocês vão começar
    a sentirem-se melhor?
  • 13:12 - 13:14
    É isto que os farmacólogos
    não querem que saibamos.
  • 13:14 - 13:17
    Não sabemos como funciona
    a maior parte destas coisas.
  • 13:17 - 13:19
    Leva tempo até nos sentirmos melhor,
  • 13:19 - 13:22
    mas um dos mecanismos, através
    do qual pode estar a funcionar,
  • 13:22 - 13:25
    é o aumento de novos neurónios
    no hipocampo.
  • 13:25 - 13:28
    Ganhamos uma elevada neurogénese
    no hipocampo.
  • 13:28 - 13:31
    Portanto se o cortisol subir,
  • 13:31 - 13:33
    começa a destruir os neurónios
    do hipocampo,
  • 13:33 - 13:35
    ficamos com menos neurónios no hipocampo,
  • 13:35 - 13:37
    e entramos numa cascata
  • 13:37 - 13:42
    a que um investigador chama
    "hipótese de cascata glicocorticoide".
  • 13:42 - 13:47
    Quando damos Prozac a alguém,
    ele pode aumentar o número de neurónios
  • 13:47 - 13:50
    e ajudar a restaurar algumas
    das funções do hipocampo.
  • 13:50 - 13:54
    Então, o Prozac aumenta
    a neurogénese no hipocampo.
  • 13:54 - 13:56
    Se bloquearmos a neurogénese no hipocampo,
  • 13:56 - 13:59
    também bloqueamos os efeitos
    comportamentais do Prozac.
  • 14:00 - 14:02
    O que é interessante.
  • 14:02 - 14:05
    É uma nova investigação,
    vamos ver onde chegará.
  • 14:05 - 14:08
    Eu diria que o mais
    importante a reter hoje
  • 14:08 - 14:12
    é que o nosso sistema de stress
    está ótimo, funciona bem.
  • 14:12 - 14:13
    Quer manter-nos vivos.
  • 14:13 - 14:17
    Quer manter-nos vivos
    nos próximos cinco minutos.
  • 14:17 - 14:20
    Não quer saber se vamos viver até aos cem.
  • 14:20 - 14:22
    Eu diria para tentarem fazer
    todas essas coisas.
  • 14:22 - 14:25
    Reconheçam que têm o controlo
    do quão stressados estão.
  • 14:26 - 14:28
    É tudo o que tenho para vos dar.
  • 14:28 - 14:30
    Espero que possam ter um novo começo.
  • 14:30 - 14:31
    Obrigada.
  • 14:31 - 14:34
    (Aplausos)
Title:
O stress e o cérebro | JaimeTartar | TEDxNSU
Description:

Esta palestra foi dada num evento TEDx, organizado de forma independente por uma comunidade local mas usando o formato das Conferências TED. Saiba mais em: http://ted.com/tedx.

Jaime Tartar conta-nos como o cérebro interpreta o que é stressante, como determina as nossas respostas comportamentais e fisiológicas aos estímulos de stress e como pode ser afetado pelo stress. Fala sobre como a reação do corpo a um stress extremo tem efeitos de proteção e adaptação a curto prazo, enquanto o stress crónico pode ter consequências negativas para a saúde, como problemas de memória e depressão.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:43

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