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O que eu desenterrei das ruas da cidade de Nova Iorque | Alyssa Loorya | TEDxNewYork

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    Os nova-iorquinos,
    andam muitas vezes atarefados
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    a observar o que se passa à nossa volta.
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    Raramente paramos para pensar
    no que há por baixo das ruas da cidade.
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    É muito difícil imaginar
    que esta pequena aldeia ilha
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    viria a ser um dia
    uma floresta de arranha-céus.
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    Sim, enquanto arqueóloga urbana,
    é exatamente o que eu faço.
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    Observo as paisagens, os artefactos,
    para contar as histórias das pessoas
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    que andaram por estas ruas antes de nós.
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    Porque a história é muito mais
    do que factos e números.
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    Quando as pessoas pensam
    na arqueologia,
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    normalmente pensam
    em velhos mapas poeirentos,
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    terras distantes, civilizações antigas.
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    Não pensam na cidade de Nova Iorque
    nem nos estaleiros de construção.
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    Mas é aí que acontece toda a ação
    e nunca temos a certeza
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    do que vamos encontrar
    por baixo das ruas da cidade.
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    Como este anel de madeira
    que era a base
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    da construção de um poço.
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    Permitiu-nos obter uma amostra da madeira
    para datar os anéis da árvore
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    e obter uma data que confirma o facto
    de que encontrámos
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    uma série de estruturas do século XVIII,
    por baixo da Fulton Street.
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    A arqueologia fala das pessoas comuns
    que usam objetos de todos os dias,
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    como a criança que pode ter brincado
    com este pequeno brinquedo
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    ou a pessoa que consumiu
    o conteúdo desta garrafa.
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    Esta garrafa continha água importada
    da Alemanha e data de 1790.
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    Sabemos que os nova-iorquinos
    percorriam grandes distâncias
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    para obter água potável.
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    Numa ilha pequena, não se podia beber
    água do poço, era muito salobra.
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    Mas a noção de que os nova-iorquinos
    importavam água engarrafada da Europa,
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    há mais de 200 anos,
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    é testemunho do facto de Nova Iorque
    ser uma cidade cosmopolita,
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    sempre foi, onde podíamos obter
    praticamente tudo de qualquer parte.
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    Se passearem por City Hall Park,
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    vocês veem um parque urbano
    e escritórios do governo.
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    Eu vejo o maior e mais complexo
    local arqueológico de Nova Iorque.
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    É significativo, não por causa da Câmara
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    mas por causa dos milhares
    de pobres presos e soldados britânicos
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    que ali viveram e morreram.
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    Antes de ser o City Hall Park,
    a área era conhecida por The Common,
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    e estava bastante afastada
    dos limites da cidade.
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    No século XVII, era um local
    de manifestações públicas e execuções.
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    A sua localização afastada
    tornava-o um local ideal
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    para a cidade construir
    o primeiro asilo para pobres.
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    É a partir desse período,
    por volta de 1735,
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    que encontramos estes botões de osso.
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    Eram feitos por pessoas pobres do asilo.
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    As pessoas pobres do asilo realizavam
    diversas tarefas para ganhar o sustento,
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    entre elas, desfiar cordas velhas
    para serem reutilizadas,
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    tecer cânhamo, colher estopa,
    fazer botões de osso,
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    na ideia de que o trabalho árduo
    transformaria essas pessoas pobres
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    em membros produtivos da sociedade.
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    O asilo recebia vários grupos:
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    pessoas pobres, pedintes robustos,
    vagabundos ociosos.
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    E as razões para ser admitido?
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    Insanidade, gravidez,
    ou ser viúva ou órfão
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    que não tivessem meios para subsistir,
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    O que torna esta peça mais interessante.
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    Este prato para criança foi encontrado
    dentro dos muros de Bridewell.
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    Bridewell era uma das prisões
    mais conhecida e mais temida da época,
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    e situava-se mesmo ao lado do asilo.
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    Havia prisões de ambos os lados do asilo
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    e, por vezes, essas instituições
    estavam tão a abarrotar
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    que prisioneiros e pobres
    partilhavam os mesmos espaços.
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    Embora haja muitos protestos
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    por se exporem crianças
    a criminosos endurecidos,
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    não nos esqueçamos
    que crianças de 12 anos
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    eram condenadas a Bridewell
    por roubarem pão.
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    Tudo isto dá-nos uma visão
    da vida no século XVIII,
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    o que era ser pobre no século XVIII,
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    talvez ser segregado
    por uma parte da sociedade,
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    talvez ter de desempenhar tarefas
    para ganhar o sustento.
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    Era uma época em que três quintos
    da população de Nova Iorque
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    vivia num nível de subsistência
    ou mesmo abaixo dele.
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    E 10% da população possuía
    mais de metade da riqueza da cidade.
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    O passado tem muito a ensinar-nos
    sobre o presente e o futuro.
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    Creio firmemente que, para termos
    um futuro sustentável,
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    temos de compreender
    muito bem o passado.
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    A arqueologia dá aos nova-iorquinos
    e a todas as pessoas num centro urbano
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    a oportunidade de incorporar
    os conhecimentos do passado
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    nos diálogos do presente,
    ns diálogos sobre o futuro,
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    incorporar as informações
    nos nossos espaços partilhados,
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    e, esperemos, pode aproximar
    todas as nossas diversas comunidades,
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    seja na cidade de Nova Iorque
    seja em qualquer outra cidade.
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    Se eu conseguir nem que seja
    uma só pessoa que pense de modo diferente
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    sobre o que vê, quando passeia
    pelas ruas da cidade,
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    ou por um parque urbano,
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    então cumpri a minha função
    de partilhar o passado.
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    Obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
O que eu desenterrei das ruas da cidade de Nova Iorque | Alyssa Loorya | TEDxNewYork
Description:

Numa palestra curta e informativa, a arqueóloga Alyssa Loorya percorre os subterrâneos da Câmara de Nova Iorque, oferecendo um vislumbre duma complexa história de desigualdade. Mostra alguns dos fascinantes artefactos que foi encontrando pelo caminho.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
05:42

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