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O que as criaturas marinhas nos podem ensinar sobre o fabrico de colas | Jonathan Wilker | TEDxPurdueU

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    Gostava que me acompanhassem
    numa visita de estudo.
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    Gostava de ir à praia
    e levar-vos todos à praia,
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    para apreciarem o ar do mar
    e a maresia.
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    Vamos descer até à borda da água.
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    Hão de reparar que somos sacudidos
    pelas ondas do mar
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    e temos dificuldade
    em nos mantermos no mesmo sítio.
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    Mas olhemos para baixo.
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    Veremos que as rochas estão cobertas
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    por todo o tipo de criaturas marinhas
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    que se mantêm,
    no mesmo lugar, sem problemas.
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    Acontece que, para sobreviver
    neste ambiente deveras exigente,
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    a nossa existência depende
    da capacidade de fabricar cola.
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    E assim, apresento-vos alguns
    dos heróis da nossa história,
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    apenas alguns deles.
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    Estes são os mexilhões,
    reparem que cobrem as rochas.
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    Fabricam cola, para se agarrarem às rochas
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    e se agarrarem também uns aos outros.
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    Estão agarrados uns aos outros
    como um grupo.
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    Esta é uma fotografia em grande plano
    de um recife de ostras.
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    As ostras são espantosas.
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    Colam-se umas às outras
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    e constroem estes enormes
    sistemas de recifes.
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    Podem ter quilómetros de comprimento,
    podem ter metros de profundidade.
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    Podemos dizer que são
    a influência mais dominante
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    para um saudável ecossistema marinho,
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    porque estão constantemente
    a filtrar a água,
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    estão a manter no seu lugar
    a areia e a sujidade.
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    Há outras espécies
    que vivem nestes recifes.
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    Depois, se pensarmos no que acontece
    quando há uma tempestade,
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    se a tempestade atingir primeiro
    estes quilómetros de recifes,
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    eles mantêm a costa protegida.
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    São, de facto, muito influentes.
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    Se já estiveram numa praia rochosa
    em qualquer parte do mundo,
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    provavelmente conhecem
    o aspeto das cracas.
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    Estes animais
  • 1:51 - 1:53
    — e há muitos outros,
    estes são apenas três deles —
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    fabricam colas,
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    colam-se uns aos outros
    colam-se às rochas e criam comunidades.
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    Ao fazerem isso, obtêm
    muitas vantagens de sobrevivência.
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    Uma delas é que qualquer indivíduo
    está menos sujeito à turbulência
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    e a todos os aspetos prejudiciais
    que podem ocorrer nesse ambiente.
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    Portanto, estão ali todos agrupados.
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    Também há uma certa segurança no número
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    porque ajuda-os
    a afastar os predadores.
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    Se uma gaivota
    quiser apanhar um e comê-lo,
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    tem mais dificuldade,
    se eles estiverem agrupados.
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    Também há outra coisa que ajuda
    na eficácia da reprodução.
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    Podemos imaginar que, quando
    o sr. e a sra. craca decidem:
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    "Ok, chegou a altura de termos
    cracas bebés"
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    — não vos vou dizer o que é
    que eles fazem —
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    mas, quando decidem que é altura
    de o fazerem,
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    é muito mais fácil
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    e a eficácia reprodutiva é mais alta
    se viverem todos juntinhos.
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    Queremos perceber
    como é que eles fazem isso:
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    Como é que se colam?
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    Não posso falar de todos os pormenores
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    porque ainda estamos
    a tentar descobri-los,
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    mas vou dar-vos um cheirinho
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    de algumas das coisas
    que estamos a tentar fazer.
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    Isto é uma foto de um dos sistemas
    de aquários que temos em laboratório.
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    Tudo o que se vê na imagem
    faz parte do sistema.
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    Nós mantemos — vemos
    no fundo daquele aquário de vidro
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    um grupo de mexilhões.
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    Temos água refrigerada,
    temos ciclos de iluminação,
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    temos turbulência no sistema,
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    porque os animais fabricam mais cola
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    quando a água está turbulenta.
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    Levamo-los a fabricar a cola,
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    recolhemo-la e estudamo-la.
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    Estão aqui em Indiana.
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    Tanto quanto sabemos,
    estão no Maine, em fevereiro
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    e parecem estar muito felizes,
    tanto quanto podemos avaliar.
  • 3:31 - 3:33
    Também trabalhamos com ostras.
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    Em cima, é uma foto
    de um pequeno recife na Carolina do Sul,
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    Estamos muito interessados em ver
    como se agarram umas às outras,
  • 3:41 - 3:43
    como se interligam.
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    O que vemos na imagem, em baixo,
    são duas ostras a colar-se uma à outra.
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    Queremos saber o que está entre elas,
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    por isso, cortamo-las e observamos.
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    Na próxima série de imagens
    que temos aqui
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    vemos, em baixo, que temos duas conchas,
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    a concha de um animal
    e a concha de outro animal.
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    A cola está entre as duas.
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    Se olharem para a imagem da direita
    talvez consigam ver
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    que há uma estrutura
    na concha de cada animal
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    mas a cola tem um aspeto diferente.
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    Estamos a usar todo o tipo
    de instrumentos da biologia e da química
  • 4:13 - 4:15
    para perceber o que se passa ali.
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    Descobrimos
    que as estruturas são diferentes
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    e a química é diferente,
    o que é muito interessante.
  • 4:23 - 4:24
    Nesta imagem
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    — vou voltar um pouco atrás,
    antes de dizer o que é isto.
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    Conhecem os desenhos animados
    "O autocarro mágico"?
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    Ou, se são um pouco mais velhos,
    "Viagem fantástica"?
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    Lembram-se que havia umas personagens
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    que encolhiam até níveis microscópicos,
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    e depois andavam num turbilhão,
  • 4:42 - 4:45
    nadavam e voavam em volta
    de todas aquelas estruturas biológicas?
  • 4:45 - 4:49
    Penso nisto da mesma maneira,
    exceto que, neste caso, é real.
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    Temos duas ostras
    coladas uma à outra,
  • 4:54 - 4:57
    e esta área estava
    totalmente cheia de cola.
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    Descobrimos que a cola
    tem imensos componentes diferentes,
  • 5:01 - 5:04
    mas, falando em termos gerais,
    há partes duras, não são pegajosas
  • 5:04 - 5:06
    e há partes moles, pegajosas.
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    Retirámos as partes não pegajosas,
    seletivamente,
  • 5:09 - 5:11
    para ver o que sobrava
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    — aquilo que ligava os animais —
  • 5:13 - 5:14
    e ficámos com isto.
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    Vemos que é uma cola pegajosa
    que os mantém unidos.
  • 5:18 - 5:19
    Acho que é uma imagem muito gira
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    porque podemos imaginar-nos
    a voar e a andar por ali.
  • 5:23 - 5:26
    Adiante, este é o tipo de coisas
    que fazemos para compreender
  • 5:26 - 5:29
    como a biologia marinha
    está a fazer estes materiais.
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    Duma perspetiva fundamental,
    é muito excitante aprender.
  • 5:32 - 5:35
    Mas o que é que queremos fazer
    com estas informações?
  • 5:35 - 5:37
    Há muitas aplicações tecnológicas,
  • 5:37 - 5:40
    se conseguirmos dominar
    o que os animais estão a fazer.
  • 5:40 - 5:41
    Vou dar-vos um exemplo.
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    Imaginem que estão em casa
  • 5:43 - 5:47
    e partem a vossa estatueta preferida
    ou uma caneca, ou outra coisa qualquer.
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    Querem colá-la.
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    Onde vão?
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    Vão ao meu local preferido na cidade
  • 5:52 - 5:55
    que é o corredor das colas
    da loja de ferramentas.
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    Eu sei onde vocês passam as noites
  • 5:57 - 6:00
    porque são pessoas fixes,
    porque estão aqui.
  • 6:00 - 6:02
    Vão a bares e a concertos
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    — é onde eu passo todas as noites.
  • 6:04 - 6:05
    Adiante,
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    gostava que tirassem da prateleira
    uma embalagem de todas as colas
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    e as levassem para casa.
  • 6:10 - 6:13
    Mas, antes de tentarem colar as coisas,
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    tentem fazê-lo dentro
    de um balde com água.
  • 6:16 - 6:18
    Não funciona, pois não?
    Todos sabemos isso.
  • 6:18 - 6:20
    Obviamente, a biologia marinha
    resolveu esse problema.
  • 6:20 - 6:25
    Por isso precisamos de perceber
    a forma de copiar isso.
  • 6:25 - 6:26
    Um dos problemas
  • 6:26 - 6:29
    é que não podemos ir buscar
    os materiais à praia,
  • 6:29 - 6:31
    porque se formos buscar
    uns quantos mexilhões
  • 6:31 - 6:33
    e tentarmos retirar-lhes a cola,
  • 6:33 - 6:34
    ficamos com um pouco de material,
  • 6:34 - 6:37
    mas esse material não chega
    para fazer o que quer que seja,
  • 6:37 - 6:39
    é só o suficiente para ver.
  • 6:39 - 6:42
    Precisamos de aumentar a quantidade,
    idealmente do tamanho de um comboio.
  • 6:42 - 6:46
    Em cima, temos uma imagem
    de um dos tipos de moléculas
  • 6:46 - 6:48
    que os animais usam para fazer a sua cola.
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    São moléculas muito longas,
    chamadas proteínas.
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    Estas proteínas contêm
    umas partes muito especiais
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    que contribuem
    para as propriedades adesivas.
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    Queremos retirar
    essas partículas dessa química
  • 7:01 - 7:04
    e colocá-las noutras moléculas
    longas que conseguirmos obter,
  • 7:04 - 7:07
    mas coisas que possamos fazer
    em grande escala,
  • 7:07 - 7:09
    como os plásticos ou os polímeros.
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    Estamos assim a simplificar
    o que eles fazem
  • 7:11 - 7:14
    pondo essa química adesiva
    nestas grandes moléculas,
  • 7:14 - 7:17
    Desenvolvemos muitos sistemas
    adesivos diferentes fazendo isto.
  • 7:18 - 7:21
    Quando fazemos uma nova cola
    que parece boa, o que fazemos?
  • 7:21 - 7:24
    Começamos a correr
    pelo laboratório, a colar coisas.
  • 7:24 - 7:27
    Neste caso, agarrámos num pouco de cola
    e colámos duas peças de metal.
  • 7:28 - 7:30
    Pendurámos nelas uma coisa
    para ver o que é que acontecia.
  • 7:30 - 7:34
    Usámos um balde de mexilhões vivos
    e pensámos que éramos muito espertos.
  • 7:34 - 7:35
    (Risos)
  • 7:35 - 7:37
    Obviamente, somos
    muito mais quantitativos
  • 7:38 - 7:40
    e comparamos com colas comerciais.
  • 7:40 - 7:44
    Na verdade, temos agora materiais
    muito mais fortes do que a supercola.
  • 7:44 - 7:46
    Para mim, é fantástico.
  • 7:46 - 7:49
    É um bom dia, no laboratório:
    é mais forte que a supercola.
  • 7:49 - 7:51
    Há uma outra coisa que podemos fazer.
  • 7:51 - 7:53
    Isto é um tanque com água do mar.
  • 7:53 - 7:57
    Naquela seringa, está uma
    das nossas fórmulas adesivas.
  • 7:57 - 8:00
    Estamos a aplicá-la
    totalmente debaixo de água,
  • 8:00 - 8:02
    num bocado de metal.
  • 8:02 - 8:04
    Depois, queremos fazer uma colagem.
  • 8:04 - 8:07
    Por isso, agarramos noutro bocado de metal
  • 8:07 - 8:09
    e colocamo-lo aqui, nesta posição.
  • 8:10 - 8:13
    Esperamos um bocado,
    para dar-lhe uma hipótese,
  • 8:13 - 8:16
    depois colocamos um peso nele,
    nada de especial.
  • 8:16 - 8:19
    Isto é um tubo com chumbo lá dentro,
    nada de especial.
  • 8:19 - 8:21
    Esperamos mais um bocado.
  • 8:21 - 8:23
    Isto nunca viu ar, está totalmente
    debaixo de água.
  • 8:23 - 8:25
    Agora retiramo-lo de lá.
  • 8:25 - 8:28
    Nunca sei o que vai acontecer.
    Nesta altura, estou sempre nervoso.
  • 8:28 - 8:30
    Retiramo-lo de lá...
  • 8:30 - 8:31
    e está colado.
  • 8:31 - 8:33
    Para mim, é mesmo fantástico.
  • 8:33 - 8:37
    Portanto, conseguimos obter
    uma adesão muito forte, debaixo de água.
  • 8:37 - 8:40
    Possivelmente, é a cola
    debaixo de água mais forte
  • 8:40 - 8:42
    ou uma das mais fortes que já vimos.
  • 8:42 - 8:45
    Ainda é mais forte do que os materiais
    que os animais produzem.
  • 8:45 - 8:47
    Por isso, para nós,
    é muito animador, é fantástico.
  • 8:48 - 8:50
    O que é que pretendemos
    fazer com estas coisas?
  • 8:50 - 8:53
    Estes são alguns produtos que,
    provavelmente, já conhecem bem.
  • 8:53 - 8:58
    Pensem no vosso telemóvel, no portátil,
    no contraplacado de muitas estruturas,
  • 8:58 - 9:02
    no interior do vosso carro, nos sapatos,
    listas telefónicas, coisas dessas.
  • 9:02 - 9:04
    Todas elas estão coladas com colas
  • 9:04 - 9:06
    e há dois problemas principais
  • 9:06 - 9:08
    com as colas usadas nestes materiais.
  • 9:08 - 9:10
    O primeiro é que são tóxicas.
  • 9:10 - 9:12
    O mais preocupante aqui
    é o contraplacado.
  • 9:12 - 9:17
    O contraplacado, ou muitos dos móveis,
    ou a madeira laminada no chão
  • 9:17 - 9:21
    — um componente principal da cola
    aqui é o formaldeído.
  • 9:21 - 9:23
    Talvez já tenham ouvido
    falar deste composto,
  • 9:23 - 9:26
    é um gás, e também é cancerígeno.
  • 9:26 - 9:29
    Assim, estamos a construir
    muitas estruturas com estas colas
  • 9:29 - 9:32
    e também respiramos
    muito deste cancerígeno.
  • 9:32 - 9:34
    Não é nada bom, pois não?
  • 9:34 - 9:36
    O outro problema é que estas colas
    são todas permanentes.
  • 9:36 - 9:40
    O que é que fazemos com os sapatos
    ou com o carro ou com o portátil
  • 9:40 - 9:42
    no fim da vida deles,
    quando já não os usamos mais?
  • 9:42 - 9:44
    Na maior parte, acabam nos aterros.
  • 9:44 - 9:46
    Há ali muitos materiais preciosos
  • 9:46 - 9:48
    que gostaríamos
    de recuperar e de reciclar,
  • 9:48 - 9:49
    mas não é fácil fazer isso
  • 9:49 - 9:52
    porque estão todos colados
    permanentemente.
  • 9:52 - 9:56
    Portanto, esta é uma abordagem
    para tentar resolver estes problemas.
  • 9:56 - 10:01
    O que fizemos aqui foi arranjar
    outra molécula longa
  • 10:01 - 10:03
    que podemos obter a partir do milho.
  • 10:03 - 10:04
    Nessa molécula
  • 10:04 - 10:07
    pusemos parte da química
    de adesão dos mexilhões.
  • 10:07 - 10:09
    Como obtivemos o milho
    e obtivemos os mexilhões
  • 10:09 - 10:12
    chamamos a isto
    um polímero "surf-and-turf".
  • 10:12 - 10:15
    E cola, cola mesmo muito bem,
    é muito forte
  • 10:15 - 10:17
    Também tem uma base biológica. É ótimo.
  • 10:17 - 10:20
    Mas mais importante ainda,
    também é degradável
  • 10:20 - 10:23
    e podemos degradá-lo
    em condições muito simples,
  • 10:23 - 10:24
    só com água.
  • 10:24 - 10:26
    O que podemos fazer é arranjar as coisas
  • 10:26 - 10:28
    podemos ligá-las fortemente
    quando quisermos,
  • 10:28 - 10:30
    mas depois também as podemos desligar.
  • 10:30 - 10:32
    É uma coisa em que estamos a pensar.
  • 10:32 - 10:35
    Este é um local onde muitos de nós vamos.
  • 10:35 - 10:39
    Na verdade, neste caso específico,
    é um local onde não queremos ir,
  • 10:39 - 10:41
    mas gostávamos
    de substituir estas coisas.
  • 10:41 - 10:43
    As suturas, os agrafos, os parafusos:
  • 10:43 - 10:47
    é assim que consertamos as coisas
    se fazemos uma cirurgia ou um ferimento.
  • 10:47 - 10:48
    É terrível, dói.
  • 10:48 - 10:50
    No caso das suturas,
  • 10:50 - 10:55
    reparem como se fazem,
    uma tensão concentrada, mecânica,
  • 10:55 - 10:57
    quando juntamos as coisas.
  • 10:57 - 10:59
    Estamos a criar sítios para infeções,
  • 10:59 - 11:02
    a fazer furos em tecido saudável,
    não é nada bom.
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    Se necessitarmos de uma placa
    para unir os ossos,
  • 11:05 - 11:08
    é preciso perfurar osso saudável
    só para manter a placa no seu lugar.
  • 11:08 - 11:09
    É terrível.
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    Para mim, estas coisas parecem concebidas
    numa câmara de tortura medieval
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    mas é a nossa forma cirúrgica moderna.
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    Eu gostaria de poder ir a um sítio
  • 11:17 - 11:20
    onde pudéssemos substituir sistemas
    como estes por colas.
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    Não é fácil.
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    Estamos a trabalhar nisso,
    mas não é fácil.
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    Pensem no que seria preciso
    para estas colas, nestes casos.
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    Primeiro, precisaríamos de uma cola
    que se aguente num ambiente húmido.
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    Esta imagem tosca,
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    é só para ilustrar que o nosso corpo
    é formado por uns 60% de água,
  • 11:38 - 11:40
    portanto, é um ambiente húmido.
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    Também ilustra que é por isso que eu sou
    um cientista e não um artista.
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    Eu não me enganei na minha vocação.
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    As outras exigências
    para uma boa cola biomédica:
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    precisa de colar fortemente, claro,
  • 11:53 - 11:55
    e não pode ser tóxica.
  • 11:55 - 11:56
    Não queremos prejudicar os doentes.
  • 11:56 - 12:00
    Obter estas duas exigências
    num material é bastante fácil,
  • 12:00 - 12:02
    já tem sido feito muitas vezes.
  • 12:02 - 12:04
    Mas obter as três,
    ainda não foi feito, é muito difícil.
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    Se falarem com cirurgiões,
    eles são intransigentes:
  • 12:07 - 12:11
    "Eu quero aplicar a cola
    na mesma altura que a cirurgia".
  • 12:11 - 12:12
    Oh, ok.
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    ou "Eu quero que a cola se degrade
  • 12:14 - 12:17
    "para os tecidos do doente
    se poderem refazer no local".
  • 12:17 - 12:20
    Portanto, é muito difícil.
    Mas estamos a trabalhar nisso.
  • 12:20 - 12:22
    Isto é uma imagem do que temos.
  • 12:22 - 12:26
    Estamos a experimentar todo o tipo
    de ossos, de pele, de tecido macio e duro
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    e, por vezes, até lhe batemos
    com um martelo.
  • 12:28 - 12:31
    Habitualmente, cortamo-los
    em formas precisas.
  • 12:31 - 12:32
    Depois, voltamos a colá-las.
  • 12:32 - 12:35
    Temos obtido resultados animadores,
    materiais bastante fortes,
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    coisas que não têm aspeto de tóxicas,
  • 12:37 - 12:39
    aguentam a humidade, têm bom aspeto,
  • 12:39 - 12:42
    mas não digo que resolvemos
    o problema da adesão em humidade,
  • 12:42 - 12:43
    porque não resolvemos.
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    Mas claro que está
    à nossa vista para o futuro.
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    Esta é uma área em que gostaríamos
    de ver as coisas evoluírem mais.
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    Há muitas outras áreas,
    como podem imaginar,
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    em que podemos melhorar
    se conseguirmos obter mais colas.
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    Até na cosmética.
  • 12:57 - 13:01
    Se pensarem nas pessoas que usam
    unhas falsas ou pestanas postiças,
  • 13:01 - 13:02
    — como isto —
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    o que é que elas usam?
  • 13:04 - 13:06
    Usam colas muito tóxicas, neste momento.
  • 13:06 - 13:08
    Está na altura de serem substituídas.
  • 13:08 - 13:09
    É uma coisa que gostaríamos de fazer.
  • 13:09 - 13:11
    Também há outras áreas.
  • 13:11 - 13:13
    Pensem nos carros e nos aviões.
  • 13:13 - 13:14
    Quanto mais leves eles forem,
  • 13:14 - 13:16
    mais eficientes em energia serão.
  • 13:16 - 13:19
    Por isso, se pudermos abandonar
    os rebites e as soldaduras
  • 13:19 - 13:20
    e usar mais as colas,
  • 13:20 - 13:22
    eles podem melhorar
  • 13:22 - 13:24
    a futura geração dos transportes.
  • 13:26 - 13:29
    Tudo isto nos leva de novo à praia.
  • 13:29 - 13:32
    Olhamos à nossa volta e pensamos:
    "Como é que estas criaturas se colam?
  • 13:32 - 13:35
    "O que é que podemos fazer
    com esta tecnologia?"
  • 13:35 - 13:39
    Eu argumentaria que temos muitas coisas
    que ainda podemos aprender
  • 13:39 - 13:40
    com a biologia e com a Natureza.
  • 13:40 - 13:43
    O que eu gostaria de vos encorajar
    a fazerem no futuro é:
  • 13:44 - 13:48
    Ponham de lado os vossos portáteis
    e telemóveis não recicláveis,
  • 13:48 - 13:50
    saiam a explorar o mundo natural
  • 13:50 - 13:53
    e depois comecem a fazer
    algumas perguntas.
  • 13:53 - 13:54
    Muito obrigado.
  • 13:54 - 13:57
    (Aplausos)
Title:
O que as criaturas marinhas nos podem ensinar sobre o fabrico de colas | Jonathan Wilker | TEDxPurdueU
Description:

E se dominássemos os poderes adesivos das criaturas marinhas como os mexilhões, as ostras e as cracas, que se recusam a mover-se, mesmo em zonas costeiras, tempestuosas? Mergulhem no mundo maravilhoso dos animais costeiros que fabricam a sua cola com o cientista Jonathan Wilker e obervem algumas das coisas maravilhosas que podemos aprender sobre a forma como o fazem.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:00

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