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Educação para cidades adormecidas | Gustavo Caldas Brito | TEDxBlumenau

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    Esse aí é o guepardo. Vocês conhecem, né?
  • 0:16 - 0:21
    Ele atinge até 115 quilômetros por hora.
    Mais rápido que o meu carro.
  • 0:21 - 0:22
    Por que eu estou falando disso?
  • 0:22 - 0:27
    Só pra lembrar que nós não somos
    os mamíferos mais rápidos que existem.
  • 0:27 - 0:30
    Também não é novidade nenhuma
    dizer que não somos os mais fortes.
  • 0:30 - 0:34
    Esse cara aí da foto levanta
    até dez vezes o próprio peso.
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    Eu mal consigo levantar o meu.
  • 0:37 - 0:41
    Está certo, está certo, não sou
    dos humanos mais fortes que existem,
  • 0:41 - 0:45
    mas eu acho que nem o mais
    brutamontes da nossa espécie
  • 0:45 - 0:48
    é páreo pra o gorilão africano, né?
  • 0:48 - 0:53
    Então, assim, não somos os mais rápidos,
    não somos os mais fortes,
  • 0:53 - 0:57
    não chegamos nem perto
    de sermos os maiores.
  • 0:57 - 1:02
    A baleia-azul mede 30 metros.
    Ela é 17 vezes maior do que a gente.
  • 1:02 - 1:05
    Então, assim, talvez sejamos
    os mais inteligentes.
  • 1:05 - 1:08
    Eu tenho minhas dúvidas.
  • 1:08 - 1:12
    Fato é que, seja lá como
    a gente veio parar neste planeta,
  • 1:12 - 1:14
    a gente veio com uma missão
    bem complicada:
  • 1:14 - 1:18
    sobreviver no meio das feras,
    no meio das chuvas,
  • 1:18 - 1:22
    ao calor escaldante, ao frio congelante,
  • 1:22 - 1:27
    a uma abundância tímida,
    uma escassez descarada.
  • 1:27 - 1:31
    Então, no começo da nossa
    caminhada aqui neste planeta,
  • 1:31 - 1:36
    a gente dependia totalmente do acaso,
    da nossa astúcia, da nossa perspicácia.
  • 1:36 - 1:39
    A gente estava suscetível
    aos rompantes da natureza,
  • 1:39 - 1:43
    ao ataque de predadores
    ou de outro de nossa própria espécie.
  • 1:43 - 1:49
    Era bem: "Si por si e Deus contra todos",
    como dizia meu irmão.
  • 1:49 - 1:52
    Mas aí, um belo dia,
  • 1:52 - 1:56
    a gente começou a pegar o ritmo da terra,
    a gente aprendeu a plantar,
  • 1:56 - 2:02
    a gente foi abandonando o nomadismo,
    a gente encontrou um cantinho pra ficar.
  • 2:03 - 2:07
    Foi nesse dia aí que um
    dos nossos antepassados sacou tudo:
  • 2:07 - 2:13
    quanto mais nós fizermos as coisas juntos,
    mais chances a gente tem de sobreviver.
  • 2:13 - 2:14
    Eureca!
  • 2:14 - 2:18
    E foi dessa parada aí
    de "juntos somos mais fortes"
  • 2:18 - 2:21
    que surgiu a ideia de contrato social,
  • 2:21 - 2:25
    e esse contrato social dizia que:
    "OK, vamos passar pela vida juntos,
  • 2:25 - 2:27
    lado a lado, como sociedade."
  • 2:27 - 2:30
    E aí, contrato social assinado
    e debaixo do braço,
  • 2:30 - 2:32
    lá fomos nós sobreviver.
  • 2:32 - 2:36
    Então, foi um tal de casar filho
    com a filha do vizinho,
  • 2:36 - 2:39
    de expandir as terras,
    de expandir as posses,
  • 2:39 - 2:41
    de expandir os poderes...
  • 2:41 - 2:44
    A gente começou a ver
    real benefício nessa coisa
  • 2:44 - 2:47
    de: "Vambora lá junto,
    todo mundo, fazer isso",
  • 2:47 - 2:51
    de: "Partiu geral, contribuir com o que
    a gente sabe, com o que a gente pode."
  • 2:51 - 2:53
    E o tempo foi passando,
  • 2:53 - 2:56
    e aí, de famílias,
    a gente pulou pra tribo;
  • 2:56 - 2:58
    de tribo, a gente construiu vilas;
  • 2:58 - 3:03
    de vilas, a gente partiu para as cidades
    e das cidades para as metrópoles.
  • 3:03 - 3:06
    E aí, sobreviver já não era
    mais o suficiente.
  • 3:06 - 3:10
    Bom agora era viver:
    viver com conforto, viver com luxo,
  • 3:10 - 3:14
    e aí, a gente saiu
    das cavernas para as ocas,
  • 3:14 - 3:18
    para as tendas, para as cabanas,
    para as casas, para os palácios,
  • 3:18 - 3:22
    e a gente chegou nas coberturas do Leblon.
  • 3:22 - 3:26
    Sei lá se isso é evolução.
    Eu acho que talvez não seja evolução.
  • 3:26 - 3:30
    Fato é que a gente ficou mesmo muito bom
    nessa coisa de sobreviver, de colaborar,
  • 3:30 - 3:35
    e aí, tenho até uma historinha
    pra contar pra vocês sobre isso.
  • 3:35 - 3:38
    Em 1755,
  • 3:38 - 3:42
    entre 40 mil e 50 mil pessoas morreram
    num terremoto em Lisboa,
  • 3:42 - 3:44
    que foi seguido
    de um incêndio e de tsunami,
  • 3:44 - 3:46
    tudo ao mesmo tempo agora.
  • 3:46 - 3:50
    Um dos sobreviventes dessa
    megacatástrofe foi Marquês de Pombal.
  • 3:50 - 3:53
    O Marquês de Pombal bradou
    lá do alto dos escombros:
  • 3:53 - 3:57
    "Enterremos os mortos! Curemos os vivos!"
  • 3:57 - 4:01
    Então, foram os indivíduos,
    empoderados pelo sentimento de pertença,
  • 4:01 - 4:05
    que reconstruíram Lisboa das cinzas.
  • 4:06 - 4:11
    Então, o segredo, né...
    Verdade, é irrefutável.
  • 4:11 - 4:14
    Em toda a nossa trajetória
    aqui neste planeta,
  • 4:14 - 4:19
    as nossas maiores vitórias passaram
    pelo fato de termos nos desapegado do ego
  • 4:19 - 4:26
    e, juntos, termos partido pra reconstrução
    ou pra construção de algo muito maior.
  • 4:26 - 4:30
    Isso é o que a gente convencionou
    chamar de sinergia.
  • 4:31 - 4:35
    Então, quando o bicho pega,
    pega pra geral:
  • 4:35 - 4:40
    pega pra rico, pega pra pobre,
    pega pra gênio, pega pra medíocre.
  • 4:40 - 4:45
    Em eventos de vida ou morte, não existe
    seleção por time de futebol favorito,
  • 4:45 - 4:48
    por cor de pele, estilo de cabelo,
  • 4:48 - 4:52
    e, pra sobreviver a esses eventos
    de vida ou morte,
  • 4:52 - 4:56
    cara, não tinha essa
    de "eu aqui e você lá".
  • 4:56 - 5:00
    Éramos nós... nós... "É nós..."
  • 5:00 - 5:04
    Bonito isso, né? Bonito...
    essa coisa de "é nós". É bonito.
  • 5:04 - 5:08
    Mas, pra cada uma
    das nossas vitórias coletivas,
  • 5:08 - 5:14
    sempre surgia uma linda lenda
    de um herói salvador.
  • 5:14 - 5:17
    Em Lisboa, existe uma enorme estátua
    pra Marquês de Pombal,
  • 5:17 - 5:20
    mas não existe para os tantos
    que enterraram os mortos
  • 5:20 - 5:22
    e curaram os vivos.
  • 5:22 - 5:26
    A gente alimenta, desde sempre,
    esse mito do cara que vem
  • 5:26 - 5:30
    e, sozinho, coloca as coisas no lugar.
  • 5:30 - 5:33
    Então, não é por acaso
    que a descrição de "self-made man"
  • 5:33 - 5:36
    do Frederick Douglass, de 1895,
  • 5:36 - 5:39
    ou a de Benjamin Franklin,
    que é um pouquinho anterior,
  • 5:39 - 5:43
    se encaixem tão bem nessa ideia de herói,
  • 5:43 - 5:46
    e também não é por acaso
    que eles escreveram isso
  • 5:46 - 5:51
    num momento de quebra total
    de paradigmas: a Revolução Industrial.
  • 5:51 - 5:55
    E é na Revolução Industrial que nasce
    o sistema que a gente conhece tão bem:
  • 5:55 - 5:57
    o sistema educacional.
  • 5:57 - 5:59
    No sistema educacional,
  • 5:59 - 6:04
    esse ideal de "self-made man"
    encontrou uma morada superconfortável
  • 6:04 - 6:08
    na forma da valorização
    da performance individual:
  • 6:08 - 6:12
    exercício, prova, comportamento.
  • 6:12 - 6:16
    Então, o sistema educacional
    foi capaz de criar uma bonificação
  • 6:16 - 6:17
    por bom comportamento,
  • 6:17 - 6:20
    premiação para os alunos com melhor nota,
  • 6:20 - 6:25
    pontuação extra pra exercícios feitos
    em sala de aula ou fora da sala de aula.
  • 6:25 - 6:32
    O sistema educacional foi capaz de dividir
    turmas por desempenho individual.
  • 6:33 - 6:36
    Então, houve e há, desde sempre,
  • 6:36 - 6:41
    um reforço da cultura
    do "vá lá e faça sozinho".
  • 6:41 - 6:48
    Desde sempre, a gente é instigado,
    motivado, a não olhar para o lado,
  • 6:48 - 6:53
    a não copiar, a privilegiar
    o "eu" antes do "nós".
  • 6:53 - 6:59
    Isso é muito importante,
    mas talvez já não seja mais o suficiente,
  • 6:59 - 7:04
    porque, galera, a gente está passando
    por um pot-pourri de crise:
  • 7:04 - 7:08
    é crise climática, hídrica, política,
    de crédito, de confiança.
  • 7:08 - 7:11
    Tem tudo... pra tudo.
  • 7:11 - 7:17
    E essas crises são o somatório
    das nossas decisões civilizatórias,
  • 7:18 - 7:20
    dos estilos de vida que adotamos,
  • 7:20 - 7:24
    dos modelos econômicos que nós escolhemos,
  • 7:24 - 7:28
    do sistema educacional que nós honramos,
  • 7:28 - 7:32
    e aí, a fatura, a conta, chegou.
  • 7:32 - 7:35
    A gente só decidiu abrir
    essa fatura agora,
  • 7:35 - 7:38
    mas o fato é que ela foi paga
    com crédito lá atrás
  • 7:38 - 7:42
    e alguém vai ter que pagar essa conta;
    parece que somos "nóses".
  • 7:42 - 7:47
    E aí, pra pagar essa conta, eu acredito
    que a gente precisa de mais "nós"
  • 7:47 - 7:49
    e de menos "eu".
  • 7:49 - 7:50
    E como a gente vai fazer isso?
  • 7:50 - 7:54
    Eu sugiro que seja pelas escolas.
    Comecemos nas escolas.
  • 7:54 - 7:57
    Que lugar melhor do que a escola
  • 7:57 - 8:00
    pra que a gente promova cidadãos
    que sejam mais ativos,
  • 8:00 - 8:02
    mais envolvidos com a pólis,
  • 8:02 - 8:06
    cidadãos que estejam mais aptos
    a acolher os espaços físicos da cidade,
  • 8:06 - 8:09
    a assumir corresponsabilidade?
  • 8:09 - 8:15
    Vocês devem estar pensando: "É! É isso!
    Moleza, beleza, mas como é que faz?"
  • 8:15 - 8:17
    Eu fiquei me perguntando
    como é que eu faço
  • 8:17 - 8:20
    pra jogar sinergia e catarse
    pra dentro da educação.
  • 8:20 - 8:25
    E aí, a minha resposta
    passa por um método,
  • 8:25 - 8:29
    quatro atitudes poderosas
    e cinco ferramentas
  • 8:29 - 8:33
    que sejam apropriadas pra esse momento.
  • 8:33 - 8:34
    Um, quatro, cinco.
  • 8:34 - 8:38
    É esquema tático de futebol mesmo,
    mas é esquema ousado!
  • 8:38 - 8:40
    É tipo assim: "Vamos ganhar isso!"
  • 8:40 - 8:45
    É tipo seleção brasileira de 70.
    Outros tempos. Timaço.
  • 8:45 - 8:51
    O meu timaço começa com a defesa
    da aprendizagem por projetos,
  • 8:51 - 8:54
    porque é ela que gera autonomia;
  • 8:54 - 8:58
    é ela que acolhe o olhar genuíno,
    o olhar curioso;
  • 8:58 - 9:03
    é ela que instiga a análise crítica;
  • 9:03 - 9:07
    é ela que promove uma cocriação.
  • 9:07 - 9:10
    Então, aprendizagem por projetos.
  • 9:10 - 9:14
    Quatro atitudes poderosas "na meiúca",
    como a gente diz lá no Rio;
  • 9:14 - 9:17
    a primeira delas: acolher.
  • 9:17 - 9:24
    É preciso acolher a empatia
    como meio pra gerar conhecimento,
  • 9:24 - 9:25
    não como fim.
  • 9:25 - 9:29
    É mais interessante usar a empatia
    como conexão para o conhecimento
  • 9:29 - 9:32
    do que usar o conhecimento
    como conexão pra empatia.
  • 9:32 - 9:33
    O que eu quero dizer com isso?
  • 9:33 - 9:38
    Em vez de criarmos uma aula linda
    sobre mobilidade urbana,
  • 9:38 - 9:40
    pra gerar empatia nos nossos alunos,
  • 9:40 - 9:44
    que tal partirmos da empatia
    dos nossos alunos pelo trânsito da cidade,
  • 9:44 - 9:46
    para daí gerarmos conhecimento?
  • 9:46 - 9:48
    Se a gente quer sinergia
    e catarse na educação,
  • 9:48 - 9:52
    é preciso que a gente esteja
    pronto pra colher a empatia genuína
  • 9:52 - 9:56
    dos aprendizes, dos pais, dos educadores.
  • 9:56 - 10:00
    Segunda atitude poderosa: experimentar.
  • 10:00 - 10:05
    É preciso que a gente tome a educação
    como um espaço mais autônomo.
  • 10:05 - 10:09
    É preciso que as escolas tenham
    espaços mais livres de experimentação.
  • 10:09 - 10:12
    É preciso que a gente aceite
    que, no fundo, no fundo,
  • 10:12 - 10:18
    tudo, tudo que a gente faz é beta,
    experimento temporário,
  • 10:18 - 10:20
    e, quanto antes a gente aceitar isso,
  • 10:20 - 10:24
    mais perto a gente vai estar
    de inovar na educação.
  • 10:24 - 10:30
    Transversalizar, porque eu acredito
    que existe um outro lugar para o educador
  • 10:30 - 10:31
    na relação de ensino-aprendizagem.
  • 10:31 - 10:37
    Esse outro lugar é fora
    do palco, é transversal.
  • 10:37 - 10:39
    É um lugar de sensibilidade,
  • 10:39 - 10:42
    é um lugar de proximidade,
    é um lugar de afeto.
  • 10:43 - 10:48
    A gente precisa de mais mentores,
    a gente precisa de mais tutores,
  • 10:48 - 10:50
    a gente precisa de mais guias.
  • 10:50 - 10:55
    A gente precisa de menos professores
    que professam, que ditam, que impõem.
  • 10:56 - 10:58
    E vivenciar porque acredito
    que a gente pode
  • 10:58 - 11:00
    vivenciar a educação em qualquer lugar
  • 11:00 - 11:02
    e que qualquer lugar
    é um espaço educacional.
  • 11:02 - 11:07
    Se a gente quer reviver
    esse sentimento de pertença,
  • 11:07 - 11:09
    então é preciso que as crianças
    caminhem pelas ruas,
  • 11:09 - 11:12
    é preciso que elas conheçam
    os becos, as farmácias,
  • 11:12 - 11:16
    é preciso que elas conheçam as praças,
    é preciso que elas conheçam as padarias.
  • 11:16 - 11:19
    Por que não uma aula
    sobre Maria Antonieta,
  • 11:19 - 11:22
    Revolução Francesa,
    os brioches, numa padaria?
  • 11:23 - 11:27
    E no meu ataque só tem fera.
  • 11:27 - 11:32
    São cinco ferramentas por uma educação
    que seja mais viva, afetiva e livre.
  • 11:32 - 11:36
    A primeira delas é o diálogo tônico.
  • 11:36 - 11:38
    Eu não sei se vocês sabem,
    vocês devem saber, assumo eu,
  • 11:38 - 11:43
    que a gente fala muito mais
    com os nossos gestos e com o nosso olhar
  • 11:43 - 11:46
    e com o nosso jeito
    do que com as nossas palavras,
  • 11:46 - 11:51
    e é preciso que a gente esteja pronto
    pra expressar e receber diálogo tônico,
  • 11:51 - 11:54
    diálogo infraverbal.
  • 11:54 - 11:58
    Como é que se faz isso? Exercícios
    de psicomotricidade, por exemplo.
  • 11:58 - 12:00
    Escuta afetiva,
  • 12:01 - 12:04
    porque um dos meus TED Talks favoritos
    é o do Julian Treasure.
  • 12:04 - 12:06
    Não sei se vocês já ouviram falar nele.
  • 12:06 - 12:10
    Ele diz que nós estamos perdendo
    a nossa capacidade de ouvir,
  • 12:10 - 12:14
    que nós estamos perdendo
    a nossa capacidade de distinguir os sons.
  • 12:14 - 12:17
    Fiquei preocupado com isso
    e comecei a praticar um exercício
  • 12:17 - 12:19
    que eu chamo de "lasanha eletrônica".
  • 12:19 - 12:22
    A lasanha eletrônica é assim:
    eu pego uma folha de papel,
  • 12:22 - 12:24
    eu traço o eixo x, o eixo y.
  • 12:24 - 12:26
    X é a duração da música.
  • 12:26 - 12:29
    Y é o número de batidas que eu consigo
    identificar numa música.
  • 12:29 - 12:32
    Aí, eu boto uma música
    eletrônica pra tocar
  • 12:32 - 12:33
    e eu vou desenhando um gráfico.
  • 12:33 - 12:36
    Esse é um exercício em que eu trabalho
    a minha concentração,
  • 12:36 - 12:40
    especialmente a minha
    saúde auditiva; recomendo muito.
  • 12:40 - 12:42
    Visão sistêmica,
  • 12:42 - 12:46
    porque quantas vezes
    a gente já não transportou
  • 12:46 - 12:49
    nossa vida pessoal,
    os nossos problemas familiares,
  • 12:49 - 12:53
    pra dentro de uma relação de trabalho?
  • 12:53 - 12:58
    Quantas vezes a gente já não projetou
    uma frustração, um problema, um incômodo,
  • 12:58 - 13:02
    na nossa relação com os aprendizes
    ou com os colegas de trabalho?
  • 13:02 - 13:05
    A visão sistêmica tem uma técnica
    chamada posição perceptual,
  • 13:05 - 13:10
    em que a gente se convida
    a entrar no campo de uma outra pessoa,
  • 13:10 - 13:13
    a entrar no mapa de mundo
    de uma outra pessoa
  • 13:13 - 13:17
    e promover entendimento,
    empatia, respeito.
  • 13:17 - 13:19
    Ferramenta linda.
  • 13:19 - 13:21
    "Design thinking",
  • 13:21 - 13:26
    porque ela é uma ferramenta que produz
    cocriação, inteligência coletiva.
  • 13:26 - 13:28
    Ela é uma ferramenta
    de resolução de problemas,
  • 13:28 - 13:33
    mas ela também é uma ferramenta
    que ajuda a manifestar ideias,
  • 13:33 - 13:37
    que promove o aprendizado pelo processo.
  • 13:37 - 13:40
    A entrega é menos
    importante que o processo.
  • 13:40 - 13:43
    E, por fim, "participatory learning",
  • 13:43 - 13:47
    porque eu acredito que essa ferramenta
    de etnografia, de pesquisa etnográfica,
  • 13:47 - 13:51
    é essencial pra gente produzir
    cidadania ativa,
  • 13:51 - 13:56
    pra gente produzir
    intervenção urbana, impacto social.
  • 13:56 - 13:59
    Como se faz isso? A gente pode
    seguir um roteiro de ferramentas.
  • 13:59 - 14:01
    Tem a "árvore-problema", por exemplo.
  • 14:01 - 14:05
    Ela é uma técnica de identificação
    de oportunidades;
  • 14:05 - 14:06
    ou o corte transversal,
  • 14:06 - 14:10
    pra gente saber em que camada
    da sociedade esse problema se manifesta,
  • 14:10 - 14:13
    ou essa oportunidade - problema,
    oportunidade -, onde se manifestam.
  • 14:13 - 14:15
    Ou as técnicas de ranking
  • 14:15 - 14:18
    pra que a gente tenha uma tomada
    de decisão que seja mais genuína,
  • 14:18 - 14:21
    mais legítima, mais coletiva.
  • 14:22 - 14:25
    Mas, galera, na boa,
  • 14:25 - 14:27
    tudo isso que eu estou
    falando pra vocês aqui
  • 14:27 - 14:30
    reflete o meu mapa de mundo,
    a minha leitura de cenário;
  • 14:30 - 14:36
    reflete a leitura do cenário da minha
    escola de projetos, o Extramuros, no Rio;
  • 14:36 - 14:39
    e é muito influenciado também
    pela inspiração do meu avô,
  • 14:39 - 14:42
    um cara de 97 anos,
    que saiu do sertão da Bahia
  • 14:42 - 14:45
    e virou diretor de contabilidade
    de uma grande empresa
  • 14:45 - 14:48
    sem nunca ter pisado numa escola.
  • 14:49 - 14:52
    Ele é a escola e vocês também são.
  • 14:52 - 14:55
    Então, fiquem à vontade pra discordar.
  • 14:55 - 14:57
    Eu acredito muito na colisão.
  • 14:57 - 14:59
    Colisão de ideias
    é fundamental pra inovação.
  • 14:59 - 15:02
    Sem colisão de ideias, não há inovação.
  • 15:02 - 15:05
    1 - 4 - 5.
  • 15:05 - 15:08
    Esse é o esquema tático
    que eu adotei, como educador,
  • 15:08 - 15:12
    nos meus workshops,
    nos meus cursos, nas mentorias,
  • 15:12 - 15:16
    com crianças, com adolescentes,
    com adultos, até com idosos,
  • 15:16 - 15:19
    e isso tem trazido muita
    expansão de consciência,
  • 15:19 - 15:22
    muita autonomia, muita cidadania ativa;
  • 15:22 - 15:26
    especialmente, muito bem-estar.
  • 15:27 - 15:32
    Pra Bauman, bem-estar
    é o fim último da educação
  • 15:32 - 15:37
    e, se a gente acredita mesmo
    que bem-estar é o fim último da educação,
  • 15:37 - 15:42
    é preciso que a gente recupere pra já
    o nosso espírito de comunidade,
  • 15:42 - 15:45
    a nossa capacidade de sentir pertença.
  • 15:45 - 15:47
    É preciso que a gente acolha melhor
    os espaços públicos.
  • 15:47 - 15:52
    É preciso fazer "mais política
    com menos político".
  • 15:56 - 15:58
    Sentimento de pertença
    é uma coisa muito séria, gente.
  • 15:58 - 16:02
    A minha cidade, Niterói,
    eu acho que ela dormiu.
  • 16:02 - 16:04
    Niterói é uma cidade-dormitório,
  • 16:04 - 16:08
    porque a maioria das pessoas trabalha
    no Rio e vem pra Niterói só pra dormir,
  • 16:08 - 16:12
    e isso adormeceu a nossa
    capacidade de sentir pertença;
  • 16:12 - 16:15
    isso adormeceu o espírito
    de comunidade da minha cidade.
  • 16:15 - 16:17
    Mas eu acho que não foi
    só Niterói que dormiu não.
  • 16:17 - 16:20
    Eu acho que tem um monte
    de cidade por aí dormindo,
  • 16:20 - 16:24
    esperando, sei lá, uma solução divina,
  • 16:24 - 16:27
    mas, gente, não dá mais.
  • 16:27 - 16:29
    O despertador já tocou há muito tempo.
  • 16:29 - 16:32
    Não dá pra apertar "soneca",
  • 16:32 - 16:35
    não dá pra pedir:
    "Não! Só mais cinco minutinhos!"
  • 16:35 - 16:39
    Não dá. Não dá mais. É hora de acordar.
  • 16:39 - 16:42
    É hora de acolher os espaços.
  • 16:42 - 16:46
    É hora de acolher empatia;
    gerar e acolher empatia.
  • 16:46 - 16:51
    É hora de uma educação
    que seja mais transformadora.
  • 16:51 - 16:55
    É hora de uma educação que desperta,
  • 16:55 - 16:58
    uma educação para que as cidades vivam.
  • 16:58 - 16:59
    Muito obrigado.
  • 16:59 - 17:01
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Educação para cidades adormecidas | Gustavo Caldas Brito | TEDxBlumenau
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

A palestra de Gustavo é sobre o quanto fomos grandes sobreviventes e o quanto egocêntricos nos tornamos. É sobre o momento do "tudo ou nada" que vivemos hoje e sobre o quanto é importante aprendermos mais uma vez, na escola, a colaborar.

Gustavo Brito é um antropólogo social e cofundador do Extramuros, um projeto e escola modelo localizado no Rio de Janeiro. Ele dedica grande parte do seu tempo para criar, desenvolver e testar novas ferramentas de ensino, com o objetivo de produzir impacto social, cidadania e conscientização. Sua missão final é promover uma aprendizagem investigativa e comunicação afetiva dentro e fora do sistema educacional convencional.

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:08

Portuguese, Brazilian subtitles

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