Educação para cidades adormecidas | Gustavo Caldas Brito | TEDxBlumenau
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0:13 - 0:16Esse aí é o guepardo. Vocês conhecem, né?
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0:16 - 0:21Ele atinge até 115 quilômetros por hora.
Mais rápido que o meu carro. -
0:21 - 0:22Por que eu estou falando disso?
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0:22 - 0:27Só pra lembrar que nós não somos
os mamíferos mais rápidos que existem. -
0:27 - 0:30Também não é novidade nenhuma
dizer que não somos os mais fortes. -
0:30 - 0:34Esse cara aí da foto levanta
até dez vezes o próprio peso. -
0:34 - 0:37Eu mal consigo levantar o meu.
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0:37 - 0:41Está certo, está certo, não sou
dos humanos mais fortes que existem, -
0:41 - 0:45mas eu acho que nem o mais
brutamontes da nossa espécie -
0:45 - 0:48é páreo pra o gorilão africano, né?
-
0:48 - 0:53Então, assim, não somos os mais rápidos,
não somos os mais fortes, -
0:53 - 0:57não chegamos nem perto
de sermos os maiores. -
0:57 - 1:02A baleia-azul mede 30 metros.
Ela é 17 vezes maior do que a gente. -
1:02 - 1:05Então, assim, talvez sejamos
os mais inteligentes. -
1:05 - 1:08Eu tenho minhas dúvidas.
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1:08 - 1:12Fato é que, seja lá como
a gente veio parar neste planeta, -
1:12 - 1:14a gente veio com uma missão
bem complicada: -
1:14 - 1:18sobreviver no meio das feras,
no meio das chuvas, -
1:18 - 1:22ao calor escaldante, ao frio congelante,
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1:22 - 1:27a uma abundância tímida,
uma escassez descarada. -
1:27 - 1:31Então, no começo da nossa
caminhada aqui neste planeta, -
1:31 - 1:36a gente dependia totalmente do acaso,
da nossa astúcia, da nossa perspicácia. -
1:36 - 1:39A gente estava suscetível
aos rompantes da natureza, -
1:39 - 1:43ao ataque de predadores
ou de outro de nossa própria espécie. -
1:43 - 1:49Era bem: "Si por si e Deus contra todos",
como dizia meu irmão. -
1:49 - 1:52Mas aí, um belo dia,
-
1:52 - 1:56a gente começou a pegar o ritmo da terra,
a gente aprendeu a plantar, -
1:56 - 2:02a gente foi abandonando o nomadismo,
a gente encontrou um cantinho pra ficar. -
2:03 - 2:07Foi nesse dia aí que um
dos nossos antepassados sacou tudo: -
2:07 - 2:13quanto mais nós fizermos as coisas juntos,
mais chances a gente tem de sobreviver. -
2:13 - 2:14Eureca!
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2:14 - 2:18E foi dessa parada aí
de "juntos somos mais fortes" -
2:18 - 2:21que surgiu a ideia de contrato social,
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2:21 - 2:25e esse contrato social dizia que:
"OK, vamos passar pela vida juntos, -
2:25 - 2:27lado a lado, como sociedade."
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2:27 - 2:30E aí, contrato social assinado
e debaixo do braço, -
2:30 - 2:32lá fomos nós sobreviver.
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2:32 - 2:36Então, foi um tal de casar filho
com a filha do vizinho, -
2:36 - 2:39de expandir as terras,
de expandir as posses, -
2:39 - 2:41de expandir os poderes...
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2:41 - 2:44A gente começou a ver
real benefício nessa coisa -
2:44 - 2:47de: "Vambora lá junto,
todo mundo, fazer isso", -
2:47 - 2:51de: "Partiu geral, contribuir com o que
a gente sabe, com o que a gente pode." -
2:51 - 2:53E o tempo foi passando,
-
2:53 - 2:56e aí, de famílias,
a gente pulou pra tribo; -
2:56 - 2:58de tribo, a gente construiu vilas;
-
2:58 - 3:03de vilas, a gente partiu para as cidades
e das cidades para as metrópoles. -
3:03 - 3:06E aí, sobreviver já não era
mais o suficiente. -
3:06 - 3:10Bom agora era viver:
viver com conforto, viver com luxo, -
3:10 - 3:14e aí, a gente saiu
das cavernas para as ocas, -
3:14 - 3:18para as tendas, para as cabanas,
para as casas, para os palácios, -
3:18 - 3:22e a gente chegou nas coberturas do Leblon.
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3:22 - 3:26Sei lá se isso é evolução.
Eu acho que talvez não seja evolução. -
3:26 - 3:30Fato é que a gente ficou mesmo muito bom
nessa coisa de sobreviver, de colaborar, -
3:30 - 3:35e aí, tenho até uma historinha
pra contar pra vocês sobre isso. -
3:35 - 3:38Em 1755,
-
3:38 - 3:42entre 40 mil e 50 mil pessoas morreram
num terremoto em Lisboa, -
3:42 - 3:44que foi seguido
de um incêndio e de tsunami, -
3:44 - 3:46tudo ao mesmo tempo agora.
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3:46 - 3:50Um dos sobreviventes dessa
megacatástrofe foi Marquês de Pombal. -
3:50 - 3:53O Marquês de Pombal bradou
lá do alto dos escombros: -
3:53 - 3:57"Enterremos os mortos! Curemos os vivos!"
-
3:57 - 4:01Então, foram os indivíduos,
empoderados pelo sentimento de pertença, -
4:01 - 4:05que reconstruíram Lisboa das cinzas.
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4:06 - 4:11Então, o segredo, né...
Verdade, é irrefutável. -
4:11 - 4:14Em toda a nossa trajetória
aqui neste planeta, -
4:14 - 4:19as nossas maiores vitórias passaram
pelo fato de termos nos desapegado do ego -
4:19 - 4:26e, juntos, termos partido pra reconstrução
ou pra construção de algo muito maior. -
4:26 - 4:30Isso é o que a gente convencionou
chamar de sinergia. -
4:31 - 4:35Então, quando o bicho pega,
pega pra geral: -
4:35 - 4:40pega pra rico, pega pra pobre,
pega pra gênio, pega pra medíocre. -
4:40 - 4:45Em eventos de vida ou morte, não existe
seleção por time de futebol favorito, -
4:45 - 4:48por cor de pele, estilo de cabelo,
-
4:48 - 4:52e, pra sobreviver a esses eventos
de vida ou morte, -
4:52 - 4:56cara, não tinha essa
de "eu aqui e você lá". -
4:56 - 5:00Éramos nós... nós... "É nós..."
-
5:00 - 5:04Bonito isso, né? Bonito...
essa coisa de "é nós". É bonito. -
5:04 - 5:08Mas, pra cada uma
das nossas vitórias coletivas, -
5:08 - 5:14sempre surgia uma linda lenda
de um herói salvador. -
5:14 - 5:17Em Lisboa, existe uma enorme estátua
pra Marquês de Pombal, -
5:17 - 5:20mas não existe para os tantos
que enterraram os mortos -
5:20 - 5:22e curaram os vivos.
-
5:22 - 5:26A gente alimenta, desde sempre,
esse mito do cara que vem -
5:26 - 5:30e, sozinho, coloca as coisas no lugar.
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5:30 - 5:33Então, não é por acaso
que a descrição de "self-made man" -
5:33 - 5:36do Frederick Douglass, de 1895,
-
5:36 - 5:39ou a de Benjamin Franklin,
que é um pouquinho anterior, -
5:39 - 5:43se encaixem tão bem nessa ideia de herói,
-
5:43 - 5:46e também não é por acaso
que eles escreveram isso -
5:46 - 5:51num momento de quebra total
de paradigmas: a Revolução Industrial. -
5:51 - 5:55E é na Revolução Industrial que nasce
o sistema que a gente conhece tão bem: -
5:55 - 5:57o sistema educacional.
-
5:57 - 5:59No sistema educacional,
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5:59 - 6:04esse ideal de "self-made man"
encontrou uma morada superconfortável -
6:04 - 6:08na forma da valorização
da performance individual: -
6:08 - 6:12exercício, prova, comportamento.
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6:12 - 6:16Então, o sistema educacional
foi capaz de criar uma bonificação -
6:16 - 6:17por bom comportamento,
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6:17 - 6:20premiação para os alunos com melhor nota,
-
6:20 - 6:25pontuação extra pra exercícios feitos
em sala de aula ou fora da sala de aula. -
6:25 - 6:32O sistema educacional foi capaz de dividir
turmas por desempenho individual. -
6:33 - 6:36Então, houve e há, desde sempre,
-
6:36 - 6:41um reforço da cultura
do "vá lá e faça sozinho". -
6:41 - 6:48Desde sempre, a gente é instigado,
motivado, a não olhar para o lado, -
6:48 - 6:53a não copiar, a privilegiar
o "eu" antes do "nós". -
6:53 - 6:59Isso é muito importante,
mas talvez já não seja mais o suficiente, -
6:59 - 7:04porque, galera, a gente está passando
por um pot-pourri de crise: -
7:04 - 7:08é crise climática, hídrica, política,
de crédito, de confiança. -
7:08 - 7:11Tem tudo... pra tudo.
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7:11 - 7:17E essas crises são o somatório
das nossas decisões civilizatórias, -
7:18 - 7:20dos estilos de vida que adotamos,
-
7:20 - 7:24dos modelos econômicos que nós escolhemos,
-
7:24 - 7:28do sistema educacional que nós honramos,
-
7:28 - 7:32e aí, a fatura, a conta, chegou.
-
7:32 - 7:35A gente só decidiu abrir
essa fatura agora, -
7:35 - 7:38mas o fato é que ela foi paga
com crédito lá atrás -
7:38 - 7:42e alguém vai ter que pagar essa conta;
parece que somos "nóses". -
7:42 - 7:47E aí, pra pagar essa conta, eu acredito
que a gente precisa de mais "nós" -
7:47 - 7:49e de menos "eu".
-
7:49 - 7:50E como a gente vai fazer isso?
-
7:50 - 7:54Eu sugiro que seja pelas escolas.
Comecemos nas escolas. -
7:54 - 7:57Que lugar melhor do que a escola
-
7:57 - 8:00pra que a gente promova cidadãos
que sejam mais ativos, -
8:00 - 8:02mais envolvidos com a pólis,
-
8:02 - 8:06cidadãos que estejam mais aptos
a acolher os espaços físicos da cidade, -
8:06 - 8:09a assumir corresponsabilidade?
-
8:09 - 8:15Vocês devem estar pensando: "É! É isso!
Moleza, beleza, mas como é que faz?" -
8:15 - 8:17Eu fiquei me perguntando
como é que eu faço -
8:17 - 8:20pra jogar sinergia e catarse
pra dentro da educação. -
8:20 - 8:25E aí, a minha resposta
passa por um método, -
8:25 - 8:29quatro atitudes poderosas
e cinco ferramentas -
8:29 - 8:33que sejam apropriadas pra esse momento.
-
8:33 - 8:34Um, quatro, cinco.
-
8:34 - 8:38É esquema tático de futebol mesmo,
mas é esquema ousado! -
8:38 - 8:40É tipo assim: "Vamos ganhar isso!"
-
8:40 - 8:45É tipo seleção brasileira de 70.
Outros tempos. Timaço. -
8:45 - 8:51O meu timaço começa com a defesa
da aprendizagem por projetos, -
8:51 - 8:54porque é ela que gera autonomia;
-
8:54 - 8:58é ela que acolhe o olhar genuíno,
o olhar curioso; -
8:58 - 9:03é ela que instiga a análise crítica;
-
9:03 - 9:07é ela que promove uma cocriação.
-
9:07 - 9:10Então, aprendizagem por projetos.
-
9:10 - 9:14Quatro atitudes poderosas "na meiúca",
como a gente diz lá no Rio; -
9:14 - 9:17a primeira delas: acolher.
-
9:17 - 9:24É preciso acolher a empatia
como meio pra gerar conhecimento, -
9:24 - 9:25não como fim.
-
9:25 - 9:29É mais interessante usar a empatia
como conexão para o conhecimento -
9:29 - 9:32do que usar o conhecimento
como conexão pra empatia. -
9:32 - 9:33O que eu quero dizer com isso?
-
9:33 - 9:38Em vez de criarmos uma aula linda
sobre mobilidade urbana, -
9:38 - 9:40pra gerar empatia nos nossos alunos,
-
9:40 - 9:44que tal partirmos da empatia
dos nossos alunos pelo trânsito da cidade, -
9:44 - 9:46para daí gerarmos conhecimento?
-
9:46 - 9:48Se a gente quer sinergia
e catarse na educação, -
9:48 - 9:52é preciso que a gente esteja
pronto pra colher a empatia genuína -
9:52 - 9:56dos aprendizes, dos pais, dos educadores.
-
9:56 - 10:00Segunda atitude poderosa: experimentar.
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10:00 - 10:05É preciso que a gente tome a educação
como um espaço mais autônomo. -
10:05 - 10:09É preciso que as escolas tenham
espaços mais livres de experimentação. -
10:09 - 10:12É preciso que a gente aceite
que, no fundo, no fundo, -
10:12 - 10:18tudo, tudo que a gente faz é beta,
experimento temporário, -
10:18 - 10:20e, quanto antes a gente aceitar isso,
-
10:20 - 10:24mais perto a gente vai estar
de inovar na educação. -
10:24 - 10:30Transversalizar, porque eu acredito
que existe um outro lugar para o educador -
10:30 - 10:31na relação de ensino-aprendizagem.
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10:31 - 10:37Esse outro lugar é fora
do palco, é transversal. -
10:37 - 10:39É um lugar de sensibilidade,
-
10:39 - 10:42é um lugar de proximidade,
é um lugar de afeto. -
10:43 - 10:48A gente precisa de mais mentores,
a gente precisa de mais tutores, -
10:48 - 10:50a gente precisa de mais guias.
-
10:50 - 10:55A gente precisa de menos professores
que professam, que ditam, que impõem. -
10:56 - 10:58E vivenciar porque acredito
que a gente pode -
10:58 - 11:00vivenciar a educação em qualquer lugar
-
11:00 - 11:02e que qualquer lugar
é um espaço educacional. -
11:02 - 11:07Se a gente quer reviver
esse sentimento de pertença, -
11:07 - 11:09então é preciso que as crianças
caminhem pelas ruas, -
11:09 - 11:12é preciso que elas conheçam
os becos, as farmácias, -
11:12 - 11:16é preciso que elas conheçam as praças,
é preciso que elas conheçam as padarias. -
11:16 - 11:19Por que não uma aula
sobre Maria Antonieta, -
11:19 - 11:22Revolução Francesa,
os brioches, numa padaria? -
11:23 - 11:27E no meu ataque só tem fera.
-
11:27 - 11:32São cinco ferramentas por uma educação
que seja mais viva, afetiva e livre. -
11:32 - 11:36A primeira delas é o diálogo tônico.
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11:36 - 11:38Eu não sei se vocês sabem,
vocês devem saber, assumo eu, -
11:38 - 11:43que a gente fala muito mais
com os nossos gestos e com o nosso olhar -
11:43 - 11:46e com o nosso jeito
do que com as nossas palavras, -
11:46 - 11:51e é preciso que a gente esteja pronto
pra expressar e receber diálogo tônico, -
11:51 - 11:54diálogo infraverbal.
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11:54 - 11:58Como é que se faz isso? Exercícios
de psicomotricidade, por exemplo. -
11:58 - 12:00Escuta afetiva,
-
12:01 - 12:04porque um dos meus TED Talks favoritos
é o do Julian Treasure. -
12:04 - 12:06Não sei se vocês já ouviram falar nele.
-
12:06 - 12:10Ele diz que nós estamos perdendo
a nossa capacidade de ouvir, -
12:10 - 12:14que nós estamos perdendo
a nossa capacidade de distinguir os sons. -
12:14 - 12:17Fiquei preocupado com isso
e comecei a praticar um exercício -
12:17 - 12:19que eu chamo de "lasanha eletrônica".
-
12:19 - 12:22A lasanha eletrônica é assim:
eu pego uma folha de papel, -
12:22 - 12:24eu traço o eixo x, o eixo y.
-
12:24 - 12:26X é a duração da música.
-
12:26 - 12:29Y é o número de batidas que eu consigo
identificar numa música. -
12:29 - 12:32Aí, eu boto uma música
eletrônica pra tocar -
12:32 - 12:33e eu vou desenhando um gráfico.
-
12:33 - 12:36Esse é um exercício em que eu trabalho
a minha concentração, -
12:36 - 12:40especialmente a minha
saúde auditiva; recomendo muito. -
12:40 - 12:42Visão sistêmica,
-
12:42 - 12:46porque quantas vezes
a gente já não transportou -
12:46 - 12:49nossa vida pessoal,
os nossos problemas familiares, -
12:49 - 12:53pra dentro de uma relação de trabalho?
-
12:53 - 12:58Quantas vezes a gente já não projetou
uma frustração, um problema, um incômodo, -
12:58 - 13:02na nossa relação com os aprendizes
ou com os colegas de trabalho? -
13:02 - 13:05A visão sistêmica tem uma técnica
chamada posição perceptual, -
13:05 - 13:10em que a gente se convida
a entrar no campo de uma outra pessoa, -
13:10 - 13:13a entrar no mapa de mundo
de uma outra pessoa -
13:13 - 13:17e promover entendimento,
empatia, respeito. -
13:17 - 13:19Ferramenta linda.
-
13:19 - 13:21"Design thinking",
-
13:21 - 13:26porque ela é uma ferramenta que produz
cocriação, inteligência coletiva. -
13:26 - 13:28Ela é uma ferramenta
de resolução de problemas, -
13:28 - 13:33mas ela também é uma ferramenta
que ajuda a manifestar ideias, -
13:33 - 13:37que promove o aprendizado pelo processo.
-
13:37 - 13:40A entrega é menos
importante que o processo. -
13:40 - 13:43E, por fim, "participatory learning",
-
13:43 - 13:47porque eu acredito que essa ferramenta
de etnografia, de pesquisa etnográfica, -
13:47 - 13:51é essencial pra gente produzir
cidadania ativa, -
13:51 - 13:56pra gente produzir
intervenção urbana, impacto social. -
13:56 - 13:59Como se faz isso? A gente pode
seguir um roteiro de ferramentas. -
13:59 - 14:01Tem a "árvore-problema", por exemplo.
-
14:01 - 14:05Ela é uma técnica de identificação
de oportunidades; -
14:05 - 14:06ou o corte transversal,
-
14:06 - 14:10pra gente saber em que camada
da sociedade esse problema se manifesta, -
14:10 - 14:13ou essa oportunidade - problema,
oportunidade -, onde se manifestam. -
14:13 - 14:15Ou as técnicas de ranking
-
14:15 - 14:18pra que a gente tenha uma tomada
de decisão que seja mais genuína, -
14:18 - 14:21mais legítima, mais coletiva.
-
14:22 - 14:25Mas, galera, na boa,
-
14:25 - 14:27tudo isso que eu estou
falando pra vocês aqui -
14:27 - 14:30reflete o meu mapa de mundo,
a minha leitura de cenário; -
14:30 - 14:36reflete a leitura do cenário da minha
escola de projetos, o Extramuros, no Rio; -
14:36 - 14:39e é muito influenciado também
pela inspiração do meu avô, -
14:39 - 14:42um cara de 97 anos,
que saiu do sertão da Bahia -
14:42 - 14:45e virou diretor de contabilidade
de uma grande empresa -
14:45 - 14:48sem nunca ter pisado numa escola.
-
14:49 - 14:52Ele é a escola e vocês também são.
-
14:52 - 14:55Então, fiquem à vontade pra discordar.
-
14:55 - 14:57Eu acredito muito na colisão.
-
14:57 - 14:59Colisão de ideias
é fundamental pra inovação. -
14:59 - 15:02Sem colisão de ideias, não há inovação.
-
15:02 - 15:051 - 4 - 5.
-
15:05 - 15:08Esse é o esquema tático
que eu adotei, como educador, -
15:08 - 15:12nos meus workshops,
nos meus cursos, nas mentorias, -
15:12 - 15:16com crianças, com adolescentes,
com adultos, até com idosos, -
15:16 - 15:19e isso tem trazido muita
expansão de consciência, -
15:19 - 15:22muita autonomia, muita cidadania ativa;
-
15:22 - 15:26especialmente, muito bem-estar.
-
15:27 - 15:32Pra Bauman, bem-estar
é o fim último da educação -
15:32 - 15:37e, se a gente acredita mesmo
que bem-estar é o fim último da educação, -
15:37 - 15:42é preciso que a gente recupere pra já
o nosso espírito de comunidade, -
15:42 - 15:45a nossa capacidade de sentir pertença.
-
15:45 - 15:47É preciso que a gente acolha melhor
os espaços públicos. -
15:47 - 15:52É preciso fazer "mais política
com menos político". -
15:56 - 15:58Sentimento de pertença
é uma coisa muito séria, gente. -
15:58 - 16:02A minha cidade, Niterói,
eu acho que ela dormiu. -
16:02 - 16:04Niterói é uma cidade-dormitório,
-
16:04 - 16:08porque a maioria das pessoas trabalha
no Rio e vem pra Niterói só pra dormir, -
16:08 - 16:12e isso adormeceu a nossa
capacidade de sentir pertença; -
16:12 - 16:15isso adormeceu o espírito
de comunidade da minha cidade. -
16:15 - 16:17Mas eu acho que não foi
só Niterói que dormiu não. -
16:17 - 16:20Eu acho que tem um monte
de cidade por aí dormindo, -
16:20 - 16:24esperando, sei lá, uma solução divina,
-
16:24 - 16:27mas, gente, não dá mais.
-
16:27 - 16:29O despertador já tocou há muito tempo.
-
16:29 - 16:32Não dá pra apertar "soneca",
-
16:32 - 16:35não dá pra pedir:
"Não! Só mais cinco minutinhos!" -
16:35 - 16:39Não dá. Não dá mais. É hora de acordar.
-
16:39 - 16:42É hora de acolher os espaços.
-
16:42 - 16:46É hora de acolher empatia;
gerar e acolher empatia. -
16:46 - 16:51É hora de uma educação
que seja mais transformadora. -
16:51 - 16:55É hora de uma educação que desperta,
-
16:55 - 16:58uma educação para que as cidades vivam.
-
16:58 - 16:59Muito obrigado.
-
16:59 - 17:01(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- Educação para cidades adormecidas | Gustavo Caldas Brito | TEDxBlumenau
- Description:
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Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
A palestra de Gustavo é sobre o quanto fomos grandes sobreviventes e o quanto egocêntricos nos tornamos. É sobre o momento do "tudo ou nada" que vivemos hoje e sobre o quanto é importante aprendermos mais uma vez, na escola, a colaborar.
Gustavo Brito é um antropólogo social e cofundador do Extramuros, um projeto e escola modelo localizado no Rio de Janeiro. Ele dedica grande parte do seu tempo para criar, desenvolver e testar novas ferramentas de ensino, com o objetivo de produzir impacto social, cidadania e conscientização. Sua missão final é promover uma aprendizagem investigativa e comunicação afetiva dentro e fora do sistema educacional convencional.
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:08