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Por que cansei de tentar ser "homem o bastante"

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    Como ator, recebo roteiros,
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    e minha função é me ater ao roteiro,
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    dizer minhas falas
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    e dar vida a um personagem
    que alguém escreveu.
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    Ao longo da minha carreira,
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    tive a grande honra
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    de interpretar os maiores papéis
    masculinos jamais vistos na televisão.
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    Vocês devem se lembrar de mim
    como o "Acompanhante Masculino Um",
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    (Risos)
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    o "Estuprador da fotógrafa",
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    o "Estuprador Sem Camisa",
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    este no premiado "Pânico no Mar",
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    (Risos)
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    o "Estudante de Medicina Sem Camisa",
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    o "Charlatão Usuário
    de Esteroide Sem Camisa"
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    e, no meu papel mais conhecido: Rafael.
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    (Aplausos)
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    Um playboy introspectivo e regenerado,
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    que se apaixona, nada mais
    nada menos, por uma virgem
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    e que só de vez em quando
    aparece sem camisa.
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    (Risos)
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    Bem, esses papéis não representam
    o tipo de homem que sou na vida real,
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    mas é isso o que adoro sobre atuar.
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    Tenho a chance de viver personagens
    muito diferentes de mim.
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    Mas, todas as vezes que pego
    um desses papéis, me surpreendo,
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    pois a maioria dos homens
    que faço exalam machismo,
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    carisma e poder
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    e, quando me olho no espelho,
    não é assim que me vejo.
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    Mas era assim que Hollywood me via,
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    e notei, ao longo do tempo, um paralelo
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    entre os papéis que eu assumia como homem,
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    tanto dentro quanto fora da tela.
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    Durante toda minha vida,
    tenho fingido ser um homem que não sou,
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    fingindo ser forte, quando me sinto fraco;
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    confiante, quando me sinto inseguro;
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    e durão, quando estou sofrendo.
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    Acho que, na maioria das vezes,
    eu estava meio que representando,
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    mas estou cansado de atuar.
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    E posso lhes dizer agora
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    que é exaustivo tentar ser
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    homem o bastante para todos o tempo todo.
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    Certo?
  • 2:02 - 2:04
    (Risos)
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    Meu irmão ouviu isso.
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    Desde que me entendo por gente,
    sempre me foi dito
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    o tipo de homem que eu deveria
    ser quando crescesse.
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    Quando criança, só o que queria era
    ser aceito e querido pelos outros meninos,
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    mas aquela aceitação
    significava ter de adotar
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    uma visão quase repugnante do feminino
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    e, como dizem que o feminino
    é o oposto do masculino,
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    ou eu rejeitava incorporar
    qualquer uma dessas qualidades
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    ou enfrentava a rejeição.
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    Esse é o tipo de roteiro
    que nos tem sido dado.
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    Certo? Meninas são fracas,
    meninos são fortes.
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    É isso que é inconscientemente passado
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    a centenas de milhões de meninos
    e meninas no mundo todo,
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    exatamente como foi comigo.
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    Bem, vim aqui hoje dizer, como homem,
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    que isso é errado, isso é tóxico,
  • 2:53 - 2:54
    e tem de acabar.
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    (Aplausos) (Vivas)
  • 3:01 - 3:04
    Não estou aqui pra dar aula de história.
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    Provavelmente todos sabemos
    como chegamos a esse ponto, né?
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    Mas sou apenas um cara que,
    após 30 anos, acordou e percebeu
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    que estava vivendo num estado de conflito,
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    conflito com o que eu sentia no meu âmago
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    e conflito com o que o mundo
    me dizia sobre como um homem deve ser.
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    Mas não tenho o desejo de me encaixar
    nessa definição falida de masculinidade,
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    pois não quero ser
    simplesmente um homem bom.
  • 3:28 - 3:30
    Quero ser um ser humano bom.
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    E acredito que o único jeito
    de isso acontecer
  • 3:32 - 3:35
    é os homens aprenderem
    não só a abraçar as qualidades
  • 3:35 - 3:38
    consideradas femininas em si mesmos,
  • 3:38 - 3:40
    mas se posicionarem
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    para apoiar e aprender
    com as mulheres que as personificam.
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    Agora, homens ...
  • 3:46 - 3:48
    (Risos)
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    não estou dizendo que tudo
    que aprendemos é tóxico, tá?
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    Nem que haja algo intrinsecamente
    errado com vocês ou comigo,
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    e, homens, não estou dizendo
    que temos de deixar de ser homens.
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    Mas precisamos de um equilíbrio, certo?
  • 4:01 - 4:02
    Precisamos de equilíbrio,
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    e isso só vai mudar
    se olharmos honestamente
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    os roteiros que nos têm sido passados,
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    de geração em geração,
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    e os papéis que, como homens,
    escolhemos assumir
  • 4:13 - 4:15
    no nosso dia a dia.
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    E, falando de roteiros,
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    o primeiro que recebi foi do meu pai.
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    Meu pai é incrível.
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    Ele é amoroso, ele é bom,
    é sensível, é protetor,
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    ele está aqui.
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    (Risos) (Aplausos)
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    Ele está chorando...
  • 4:38 - 4:41
    (Risos)
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    Mas me desculpe, pai, quando criança,
    fiquei magoado com você,
  • 4:45 - 4:47
    porque eu o culpava por me fazer mole,
  • 4:47 - 4:50
    o que não era bem visto
    numa cidadezinha do Oregon
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    para a qual nos mudamos.
  • 4:51 - 4:54
    Porque ser mole significava
    ser alvo de "bullying".
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    Meu pai não era masculino
    no sentido tradicional,
  • 4:56 - 4:59
    então ele não me ensinou a usar as mãos.
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    Ele não me ensinou a caçar, a lutar,
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    coisas de homem, sabem.
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    Em vez disso, ele me ensinou o que sabia:
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    que ser homem tinha a ver com sacrifício
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    e fazer o que fosse preciso
    para cuidar de sua família e sustentá-la.
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    Mas houve um outro papel
    que aprendi com meu pai,
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    que, por sua vez, aprendeu com o pai dele,
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    um senador estadual
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    que, mais tarde na vida,
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    teve de trabalhar noites
    como zelador para sustentar a família,
  • 5:27 - 5:29
    e nunca contou isso a ninguém.
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    Aquele papel era
    para ser sofrido em segredo.
  • 5:32 - 5:34
    E, agora, três gerações depois,
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    eu me encontro desempenhando
    esse papel também.
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    Então, por que meu avô não pôde
    simplesmente chegar para outro homem
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    e pedir ajuda?
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    Por que meu pai ainda hoje pensa
    que tem de fazer tudo sozinho?
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    Conheço homens que prefeririam morrer
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    a contar a outro homem que estão sofrendo.
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    E não é porque somos
    todos tipos fortes caladões.
  • 5:56 - 5:57
    Não é.
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    Muitos de nós somos realmente
    bons em fazer amigos e conversar,
  • 6:01 - 6:03
    só que não sobre nada real.
  • 6:03 - 6:05
    (Risos)
  • 6:05 - 6:10
    Se for sobre trabalho,
    esportes, política ou mulheres,
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    não temos problema
    em compartilhar nossas opiniões,
  • 6:13 - 6:15
    mas se for sobre nossas
    inseguranças ou nossas lutas,
  • 6:16 - 6:18
    nosso medo de falhar,
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    então é como se ficássemos paralisados.
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    Eu, pelo menos, fico.
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    Por isso, algumas das maneiras
    pelas quais tenho tentado
  • 6:28 - 6:29
    me livrar desse comportamento
  • 6:29 - 6:34
    é criar experiências
    que me forcem a ser vulnerável.
  • 6:34 - 6:38
    Assim, se eu estiver
    sentindo vergonha de algo na vida,
  • 6:38 - 6:41
    eu entro de cabeça,
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    não importa o quão assustador seja,
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    às vezes até publicamente.
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    Porque, ao fazer isso,
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    eu afasto seu poder,
  • 6:51 - 6:53
    e minha mostra de vulnerabilidade
  • 6:53 - 6:57
    pode, em alguns casos, dar a outros
    homens permissão para fazer o mesmo.
  • 6:57 - 7:00
    Por exemplo, algum tempo atrás
  • 7:00 - 7:03
    eu estava pelejando
    com um problema pessoal,
  • 7:03 - 7:06
    eu sabia que precisava conversar
    com meus amigos sobre ele,
  • 7:06 - 7:09
    mas eu estava tão paralisado, com medo
  • 7:09 - 7:12
    de ser julgado, de ser visto como um fraco
  • 7:12 - 7:14
    e de perder minha posição de liderança,
  • 7:15 - 7:20
    que o jeito foi tirá-los da cidade,
    numa viagem de três dias,
  • 7:20 - 7:21
    (Risos)
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    só para me abrir. E adivinhem...
  • 7:24 - 7:27
    Somente no fim do terceiro dia
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    é que finalmente achei
    coragem para contar a eles
  • 7:31 - 7:33
    o que eu estava passando.
  • 7:33 - 7:36
    Mas, quando o fiz,
    algo incrível aconteceu.
  • 7:36 - 7:38
    Percebi que não estava sozinho,
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    porque meus amigos também estavam lutando.
  • 7:41 - 7:45
    E, tão logo descobri a força e a coragem
    para compartilhar minha vergonha,
  • 7:45 - 7:47
    ela desapareceu.
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    Bem, aprendi com o tempo
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    que, se quisesse praticar
    a vulnerabilidade,
  • 7:51 - 7:54
    precisaria construir para mim
    um sistema de responsabilização.
  • 7:54 - 7:57
    Bem, tenho sido abençoado como ator.
  • 7:58 - 8:01
    Conquistei um fã-clube
  • 8:01 - 8:04
    realmente afetivo e engajado,
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    então decidi usar minha plataforma social
  • 8:06 - 8:08
    como um cavalo de Troia
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    onde eu pudesse criar uma prática diária
    de autenticidade e vulnerabilidade.
  • 8:13 - 8:16
    A reação tem sido incrível.
  • 8:16 - 8:19
    Tem sido afirmativa, tem sido emocionante.
  • 8:19 - 8:23
    Recebo diariamente montes de amor,
    atenção da mídia e mensagens positivas.
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    Mas tudo de um certo grupo demográfico:
  • 8:28 - 8:29
    o das mulheres.
  • 8:29 - 8:32
    (Risos)
  • 8:32 - 8:34
    Isso é fato.
  • 8:36 - 8:38
    Por que há apenas mulheres me seguindo?
  • 8:39 - 8:40
    Onde estão os homens?
  • 8:40 - 8:42
    (Risos)
  • 8:42 - 8:45
    Cerca de um ano atrás, postei esta foto.
  • 8:46 - 8:49
    Depois de postar, comecei
    a ler alguns dos comentários
  • 8:49 - 8:53
    e notei que uma das minhas fãs
    marcou o namorado na foto,
  • 8:53 - 8:55
    e o namorado respondeu dizendo:
  • 8:55 - 8:59
    "Por favor, pare de me marcar
    nessa porcaria gay.
  • 8:59 - 9:00
    Obrigado".
  • 9:01 - 9:03
    (Risos)
  • 9:03 - 9:05
    Como se ser gay nos fizesse
    menos homens, certo?
  • 9:06 - 9:09
    Então, respirei fundo
  • 9:09 - 9:11
    e respondi.
  • 9:12 - 9:16
    Disse, muito educadamente,
    que estava curioso,
  • 9:16 - 9:18
    pois eu estava explorando a masculinidade,
  • 9:18 - 9:21
    e queria saber por que
    meu amor por minha esposa
  • 9:21 - 9:23
    se qualificava como "porcaria gay".
  • 9:23 - 9:26
    E expliquei, honestamente,
    que só queria entender.
  • 9:26 - 9:29
    (Risos)
  • 9:31 - 9:34
    Bem, ele imediatamente
    me escreveu de volta.
  • 9:34 - 9:38
    Achei que ia cair matando,
    mas, em vez disso, ele se desculpou.
  • 9:39 - 9:42
    Ele me contou como, em sua criação,
  • 9:42 - 9:45
    demonstrações públicas de afeto
    eram desprezadas.
  • 9:45 - 9:49
    Ele me contou que estava lutando
    e se debatendo com seu ego,
  • 9:49 - 9:51
    o quanto amava sua namorada
  • 9:51 - 9:54
    e como era grato pela paciência dela.
  • 9:56 - 9:57
    E, então, algumas semanas depois,
  • 9:57 - 9:59
    ele me enviou uma mensagem novamente.
  • 10:00 - 10:02
    Dessa vez, com uma foto
  • 10:03 - 10:06
    dele de joelhos a pedindo em casamento.
  • 10:06 - 10:08
    (Aplausos)
  • 10:10 - 10:12
    E tudo o que ele disse foi: "Obrigado".
  • 10:13 - 10:15
    Eu já fui esse cara.
  • 10:15 - 10:17
    Eu entendo.
  • 10:17 - 10:19
    Publicamente ele estava
    só fazendo seu papel,
  • 10:19 - 10:21
    rejeitando o feminino, certo?
  • 10:21 - 10:25
    Mas secretamente ele estava esperando
    permissão para se expressar,
  • 10:25 - 10:28
    ser visto, ser ouvido, e tudo que ele
    queria era que outro homem
  • 10:28 - 10:31
    o responsabilizasse e criasse
    um lugar seguro para ele sentir,
  • 10:31 - 10:33
    e a transformação foi instantânea.
  • 10:33 - 10:36
    Adoro essa experiência,
  • 10:36 - 10:38
    porque ela me mostrou
    que a transformação é possível,
  • 10:38 - 10:40
    mesmo com simples mensagens.
  • 10:41 - 10:44
    Assim, fiquei pensando
    como atingir mais homens,
  • 10:44 - 10:46
    mas, claro, nenhum deles
    estava me seguindo.
  • 10:46 - 10:48
    (Risos)
  • 10:48 - 10:50
    Então, tentei um experimento.
  • 10:50 - 10:53
    Comecei a postar mais coisas
    estereotipicamente masculinas,
  • 10:53 - 10:55
    (Risos)
  • 10:55 - 10:59
    como o desafio dos meus treinos,
    o planejamento da minha dieta,
  • 10:59 - 11:02
    minha jornada para curar
    meu corpo depois de uma lesão.
  • 11:03 - 11:04
    E adivinhem só o que aconteceu?
  • 11:05 - 11:07
    Homens começaram a me escrever.
  • 11:07 - 11:11
    E então, do nada, pela primeira vez
    em toda a minha carreira,
  • 11:11 - 11:13
    uma revista de boa forma
    masculina me convidou,
  • 11:14 - 11:17
    dizendo que queria me homenagear
    como um dos seus agentes de mudança.
  • 11:19 - 11:22
    (Risos)
  • 11:23 - 11:25
    Aquilo era realmente transformador?
  • 11:27 - 11:28
    Ou apenas conformador?
  • 11:29 - 11:30
    Vejam, esse é o problema.
  • 11:30 - 11:32
    É aceitável que os homens me sigam
  • 11:32 - 11:35
    quando falo sobre "coisas de homem"
  • 11:35 - 11:37
    e ajo conforme as regras de gênero.
  • 11:38 - 11:42
    Mas se eu falo sobre
    o quanto amo minha esposa
  • 11:42 - 11:46
    ou minha filha, ou meu filho de dez dias,
  • 11:46 - 11:51
    como acredito que o casamento
    é um desafio, mas que é lindo,
  • 11:51 - 11:54
    ou do quanto luto, como homem,
    com a dismorfia corporal,
  • 11:54 - 11:58
    ou se promovo igualdade de gênero,
    então apenas as mulheres me seguem.
  • 11:58 - 12:00
    Onde estão os homens?
  • 12:01 - 12:04
    Então, homens, homens, homens,
  • 12:04 - 12:06
    (Risos)
  • 12:06 - 12:07
    homens!
  • 12:07 - 12:10
    (Aplausos) (Vivas)
  • 12:15 - 12:16
    Eu entendo.
  • 12:17 - 12:20
    Somos criados desafiando uns aos outros.
  • 12:20 - 12:24
    Temos de ser os mais durões,
    mais fortes ou mais valentes que pudermos.
  • 12:25 - 12:29
    E, para muitos de nós, eu incluído,
    nossas identidades se resumem
  • 12:29 - 12:32
    a, no fim do dia, nos sentirmos
    homens o bastante ou não.
  • 12:33 - 12:36
    Mas tenho um desafio para todos os homens,
  • 12:36 - 12:38
    porque os homens adoram desafios.
  • 12:38 - 12:39
    (Risos)
  • 12:40 - 12:43
    Eu os desafio a usar as mesmas qualidades
  • 12:43 - 12:45
    que acham que os fazem homens
  • 12:45 - 12:47
    para irem mais fundo em si mesmos.
  • 12:49 - 12:52
    Sua força, sua bravura, sua resistência:
  • 12:52 - 12:56
    podemos redefinir o que isso significa
    e usar para explorar nossos corações?
  • 12:58 - 13:00
    Vocês são corajosos o bastante
  • 13:00 - 13:02
    para serem vulneráveis?
  • 13:04 - 13:07
    Para procurar um outro homem
    quando precisam de ajuda?
  • 13:07 - 13:09
    Mergulhar de cabeça em sua vergonha?
  • 13:10 - 13:13
    Vocês são fortes o bastante
    para serem sensíveis,
  • 13:13 - 13:15
    para chorar quando estiverem sofrendo,
  • 13:15 - 13:17
    ou estiverem felizes,
  • 13:17 - 13:19
    mesmo se isso os fizer parecer fracos?
  • 13:20 - 13:22
    Vocês são confiantes o bastante
  • 13:22 - 13:25
    para dar ouvidos às mulheres em sua vida?
  • 13:26 - 13:28
    Para ouvir suas ideias e soluções?
  • 13:28 - 13:30
    Para abraçar a angústia delas
  • 13:30 - 13:32
    e, de fato, acreditar nelas,
  • 13:32 - 13:35
    mesmo que elas digam algo contra vocês?
  • 13:35 - 13:37
    E vocês serão homens o bastante
  • 13:38 - 13:41
    para confrontar outros homens
    quando ouvirem "conversa de vestiário",
  • 13:41 - 13:44
    quando ouvirem casos de assédio sexual?
  • 13:44 - 13:47
    Quando ouvirem seus amigos falando
    sobre pegar na bunda ou embebedá-la?
  • 13:47 - 13:49
    Vocês vão se posicionar
    e fazer alguma coisa
  • 13:49 - 13:52
    para que um dia não tenhamos
    de viver num mundo
  • 13:52 - 13:53
    onde uma mulher tenha de arriscar tudo
  • 13:53 - 13:56
    e vir a público e dizer
    "me too", "eu também"?
  • 13:56 - 13:59
    (Aplausos) (Vivas)
  • 14:06 - 14:08
    Isso é coisa séria.
  • 14:09 - 14:11
    Tive de examinar honesta e realmente
  • 14:11 - 14:16
    as formas como inconscientemente
    tenho magoado as mulheres em minha vida,
  • 14:16 - 14:18
    e a coisa é feia.
  • 14:19 - 14:25
    Minha esposa me disse
    que eu agia de um jeito que a magoava,
  • 14:25 - 14:27
    e eu nunca me emendava.
  • 14:27 - 14:30
    Basicamente às vezes, quando ela ia falar,
  • 14:31 - 14:33
    em casa ou em público,
  • 14:33 - 14:38
    eu simplesmente a cortava
    no meio e terminava a frase pra ela.
  • 14:40 - 14:41
    Isso é horrível.
  • 14:41 - 14:44
    E o pior é que eu não percebia
    o que estava fazendo.
  • 14:44 - 14:46
    Era inconsciente.
  • 14:46 - 14:48
    Então, ali estava eu, fazendo minha parte,
  • 14:48 - 14:50
    tentando ser um feminista,
  • 14:50 - 14:52
    amplificando as vozes
    das mulheres do mundo
  • 14:52 - 14:54
    e, no entanto, em casa,
  • 14:54 - 14:58
    usava minha voz mais alta
    para silenciar a mulher que mais amo.
  • 15:00 - 15:02
    Então, tive de me fazer uma pergunta dura:
  • 15:03 - 15:05
    sou homem o bastante
  • 15:05 - 15:07
    para simplesmente calar a boca e ouvir?
  • 15:07 - 15:09
    (Risos)
  • 15:09 - 15:12
    (Aplausos)
  • 15:12 - 15:15
    Para ser honesto, preferia
    que isso não recebesse aplausos.
  • 15:15 - 15:16
    (Risos)
  • 15:18 - 15:19
    Rapazes,
  • 15:20 - 15:21
    isso é real.
  • 15:22 - 15:24
    E é apenas a ponta do iceberg,
  • 15:24 - 15:27
    pois, quanto mais fundo vamos,
    mais feio fica, posso garantir.
  • 15:27 - 15:30
    Nem vou entrar na pornografia
    e na violência contra as mulheres,
  • 15:30 - 15:33
    ou na divisão das tarefas domésticas,
  • 15:33 - 15:35
    ou na diferença salarial entre os gêneros.
  • 15:36 - 15:38
    Mas acredito que, como homens,
  • 15:38 - 15:41
    é hora de começarmos a ver
    além do nosso privilégio
  • 15:41 - 15:43
    e reconhecer que não somos
    apenas parte do problema;
  • 15:43 - 15:45
    companheiros, nós somos o problema.
  • 15:45 - 15:48
    O telhado de vidro existe
    porque nós o colocamos lá
  • 15:48 - 15:50
    e, se quisermos ser parte da solução,
  • 15:50 - 15:53
    então só palavras não bastam mais.
  • 15:54 - 15:57
    Tem uma citação que eu adoro,
    que cresci ouvindo dos textos bahá'ís.
  • 15:58 - 16:02
    Ela diz que: "O mundo
    da humanidade possui duas asas:
  • 16:03 - 16:04
    o homem e a mulher.
  • 16:05 - 16:09
    Enquanto essas duas asas
    não forem equivalentes em força,
  • 16:09 - 16:11
    o pássaro não voará".
  • 16:13 - 16:15
    Assim, mulheres,
  • 16:16 - 16:19
    em nome dos homens de todo o mundo
  • 16:20 - 16:21
    que se sentem como eu,
  • 16:23 - 16:24
    por favor, nos perdoem
  • 16:25 - 16:28
    por todas as formas
    em que não confiamos em sua força.
  • 16:29 - 16:32
    E agora gostaria de lhes pedir
    formalmente que nos ajudem,
  • 16:32 - 16:34
    pois não conseguimos fazer isso sozinhos.
  • 16:34 - 16:36
    Somos homens; vamos estragar tudo.
  • 16:36 - 16:39
    Vamos dizer a coisa errada,
    vamos ser surdos para as sutilezas.
  • 16:39 - 16:42
    Provavelmente vamos ofender vocês.
  • 16:42 - 16:44
    Mas não percam a esperança.
  • 16:45 - 16:47
    Estamos aqui apenas por sua causa
  • 16:47 - 16:51
    e, como vocês, precisamos, como homens,
    nos posicionar e nos tornar seus aliados,
  • 16:51 - 16:53
    enquanto vocês lutam contra...
  • 16:53 - 16:55
    praticamente tudo.
  • 16:56 - 17:00
    Precisamos de sua ajuda
    para celebrar nossa vulnerabilidade
  • 17:00 - 17:01
    e serem pacientes conosco
  • 17:01 - 17:05
    enquanto fazemos
    essa jornada muito, muito longa,
  • 17:05 - 17:08
    da nossa cabeça até o nosso coração.
  • 17:09 - 17:11
    E, finalmente, pais e mães:
  • 17:13 - 17:15
    em vez de ensinar nossas crianças
  • 17:16 - 17:19
    a serem meninos corajosos ou princesinhas,
  • 17:21 - 17:24
    será que podemos ensiná-los simplesmente
    a serem seres humanos bons?
  • 17:26 - 17:28
    Então, de volta ao meu pai.
  • 17:29 - 17:34
    Enquanto crescia, como todo menino,
    tive minha cota de problemas,
  • 17:34 - 17:37
    mas agora percebo que foi
    graças à sensibilidade
  • 17:37 - 17:39
    e à inteligência emocional dele
  • 17:39 - 17:42
    que sou capaz, pra começar, de ficar
    aqui de pé agora falando com vocês.
  • 17:43 - 17:47
    O ressentimento que eu tinha com meu pai,
    percebo hoje que não tinha a ver com ele.
  • 17:47 - 17:52
    Tinha tudo a ver comigo
    e meu desejo de ser aceito
  • 17:52 - 17:55
    e de fazer um papel que nunca foi pra mim.
  • 17:55 - 17:58
    Assim, apesar de meu pai não
    ter me ensinado a usar minhas mãos,
  • 18:00 - 18:02
    ele me ensinou como usar meu coração,
  • 18:02 - 18:05
    e, para mim, isso faz dele
    mais homem do que qualquer coisa.
  • 18:06 - 18:07
    Obrigado.
  • 18:07 - 18:10
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Por que cansei de tentar ser "homem o bastante"
Speaker:
Justin Baldoni
Description:

Justin Baldoni gostaria de iniciar um diálogo com os homens sobre redefinir a masculinidade, de modo que eles descubram formas de serem não apenas homens bons, mas seres humanos bons. Numa palestra calorosa e pessoal, ele compartilha seu esforço para reconciliar quem ele é com a visão que o mundo tem de como um homem deve ser. E lança um desafio aos homens: "Vejam se vocês conseguem usar as mesmas qualidades que fazem de vocês homens para irem mais fundo", diz Baldoni. "Sua força, sua bravura, sua resistência: vocês são corajosos o bastante para serem vulneráveis? Vocês são fortes o bastante para serem sensíveis? Vocês são confiantes o bastante para darem ouvido às mulheres da sua vida?"

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:31

Portuguese, Brazilian subtitles

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