E se a gentrificação curasse comunidades em vez de as desalojar?
-
0:01 - 0:04Eu cresci numa família
de cientistas sociais, -
0:05 - 0:08mas eu era uma criança estranha
que desenhava. -
0:08 - 0:10(Risos)
-
0:10 - 0:14Passei dos esboços dos modelos
no catálogo da Sears da minha mãe -
0:15 - 0:18para um quarto tão cheio
dos meus projetos artísticos -
0:18 - 0:21que era praticamente
a minha galeria de arte pessoal. -
0:21 - 0:24Eu vivia para criar.
-
0:25 - 0:29Acho que ninguém da minha família
ficou surpreendido quando fui arquiteta. -
0:30 - 0:32Mas para ser sincera,
-
0:32 - 0:35a base real da arquiteta
em que me tornei -
0:35 - 0:37não nasceu na galeria de arte
do meu quarto, -
0:37 - 0:41mas sim das conversas familiares
à mesa de jantar. -
0:42 - 0:46Havia histórias da vida
e das ligações entre as pessoas, -
0:46 - 0:49do impacto da migração urbana
de uma aldeia na Zâmbia -
0:50 - 0:52até às complexas necessidades sanitárias
-
0:52 - 0:54dos sem-abrigo nas ruas de São Francisco.
-
0:55 - 0:58Eu percebia se vocês se virassem
para o vizinho do lado e perguntassem: -
0:58 - 1:01"O que é que isso tem
a ver com a arquitetura?" -
1:02 - 1:06Bom, todas estas histórias
envolviam espaço, -
1:06 - 1:10e como esse espaço satisfazia ou não
as necessidades. -
1:11 - 1:14A questão é que partilhamos
as nossas relações mais profundas -
1:14 - 1:16num espaço físico.
-
1:16 - 1:18E as nossas histórias acontecem
-
1:18 - 1:21mesmo nesta era maluca
de SMS e de "tweets", -
1:22 - 1:24nesse espaço físico.
-
1:24 - 1:28Infelizmente, a arquitetura
não teve grande êxito -
1:28 - 1:31a contar todas as histórias
de forma igualitária. -
1:31 - 1:35Vemos sobretudo a construção
de monumentos como o Gherkin -
1:35 - 1:37ou mesmo a Torre Trump,
-
1:37 - 1:39(Risos)
-
1:39 - 1:43que contam a história dos que têm
mas não a dos que não têm. -
1:43 - 1:45Durante a minha carreira,
-
1:45 - 1:47eu resisti ativamente à prática
-
1:47 - 1:50da construção de monumentos
homenageando certas pessoas -
1:50 - 1:53— geralmente homens brancos e ricos —
-
1:53 - 1:56assim como à prática da destruição
das histórias de outras — -
1:56 - 1:57geralmente pessoas de cor
-
1:57 - 2:00de comunidades
de baixos rendimentos. -
2:00 - 2:02Tentei criar uma prática
-
2:02 - 2:04baseada na exaltação das histórias
-
2:04 - 2:07daqueles que, na maioria
das vezes, foram silenciados. -
2:07 - 2:09Este trabalho
-
2:09 - 2:12tem sido uma missão
para a justiça do espaço. -
2:13 - 2:16(Aplausos)
-
2:18 - 2:21A justiça do espaço
significa que entendemos -
2:21 - 2:24que a justiça tem uma geografia
-
2:25 - 2:31e que a distribuição equitativa
dos recursos, dos serviços e do acesso -
2:31 - 2:33é um direito humano essencial.
-
2:33 - 2:36Então, como é a justiça do espaço?
-
2:36 - 2:39Eu gostaria de contar uma história.
-
2:40 - 2:41Durante anos,
-
2:41 - 2:44eu tenho trabalhado no bairro
historicamente afro-americano -
2:44 - 2:46de Bayview Hunters Point,
em São Francisco, -
2:46 - 2:49num terreno onde outrora
havia uma central elétrica. -
2:49 - 2:51Nos anos 90,
-
2:51 - 2:54um grupo comunitário de mulheres
que moravam no bairro social -
2:54 - 2:55no morro por cima dessa central
-
2:55 - 2:57lutaram para que ela fosse fechada.
-
2:57 - 2:59E ganharam.
-
2:59 - 3:01A empresa concessionária
acabou por demoli-la, -
3:01 - 3:03fez a limpeza do terreno
-
3:03 - 3:05e pavimentou a maior parte
do local com asfalto -
3:05 - 3:07para o terreno descontaminado
não desaparecer. -
3:07 - 3:10Parece uma história de sucesso, não é?
-
3:10 - 3:12Nem por isso.
-
3:12 - 3:15Por causa de vários problemas,
como títulos de propriedade, -
3:15 - 3:17contratos de arrendamento, etc.,
-
3:17 - 3:22o local não podia ser urbanizado
durante, pelo menos, 5 a 10 anos. -
3:22 - 3:26Isto significava que aquela comunidade
-
3:26 - 3:29que tinha morado
perto da central durante décadas -
3:29 - 3:35tinha agora 12 hectares
de asfalto ali ao lado. -
3:36 - 3:37Para vos dar uma melhor ideia,
-
3:38 - 3:4112 hectares são 12 campos
de futebol europeu. -
3:41 - 3:44Mas a empresa concessionária
não queria ser o mau da fita. -
3:44 - 3:47Reconhecendo a dívida que tinha
para com a comunidade, -
3:47 - 3:48pediu propostas a "designers"
-
3:48 - 3:50para usos temporários para o local,
-
3:50 - 3:54com a intenção de o transformar
num benefício para a comunidade -
3:54 - 3:55em vez de um flagelo.
-
3:55 - 3:59Eu faço parte da equipa diversificada
de "designers" que responderam, -
3:59 - 4:01e nos últimos quatro anos,
-
4:01 - 4:04temos colaborado com aquelas mães
e outros moradores, -
4:04 - 4:07assim como com organizações locais
e a empresa concessionária. -
4:07 - 4:10Temos experimentado
todos os tipos de eventos, -
4:10 - 4:13tentando abordar os problemas
de justiça do espaço. -
4:13 - 4:16Desde "workshops" de
formação profissional -
4:16 - 4:18até a um circo anual,
-
4:18 - 4:21incluindo um novo e belo caminho
na linha da costa. -
4:21 - 4:23Nos quatro anos das nossas operações,
-
4:23 - 4:27apareceram mais de 12 000 pessoas
que colaboraram neste local -
4:27 - 4:31e esperamos que tenham transformado
as relações com ele. -
4:32 - 4:34Mas ultimamente,
-
4:34 - 4:38começo a perceber
que os eventos não bastam. -
4:39 - 4:40Há uns meses,
-
4:40 - 4:42houve uma reunião comunitária
nesse bairro. -
4:42 - 4:45A empresa concessionária finalmente
quis ter uma conversa concreta -
4:46 - 4:48sobre a urbanização
a longo prazo. -
4:48 - 4:51Essa reunião foi um desastre.
-
4:53 - 4:55Houve muita gritaria e raiva.
-
4:55 - 4:56As pessoas perguntaram:
-
4:56 - 4:58"Se vocês vão vender o terreno
a urbanizadores, -
4:58 - 5:01"eles não vão fazer condomínios
de luxo como os outros?" -
5:01 - 5:03"O que é que a Câmara tem feito?"
-
5:03 - 5:06"Porque é que não há mais empregos
e mais serviços neste bairro?" -
5:08 - 5:11Não é que os nossos eventos
não lhes tenham dado alegria. -
5:12 - 5:15É que, apesar de tudo,
ainda ali havia muito sofrimento. -
5:16 - 5:19Sofrimento por uma história
de injustiça ambiental -
5:19 - 5:22que favorecera a multiplicação
de fábricas industriais naquele bairro, -
5:22 - 5:25condenando os moradores
a viver junto do lixo tóxico -
5:25 - 5:27e, literalmente, de trampa.
-
5:27 - 5:29Ainda há ressentimento
-
5:29 - 5:33porque aquele bairro continua a ter
um dos rendimentos per capita mais baixos, -
5:33 - 5:37as maiores taxas de desemprego
e de encarceramento -
5:37 - 5:41numa cidade de gigantes tecnológicos
como o Twitter, a Airbnb e a Uber. -
5:42 - 5:45Essas companhias de tecnologia — hum —
-
5:45 - 5:47só contribuíram para a gentrificação
-
5:47 - 5:50que está rapidamente
a redefinir o bairro, -
5:50 - 5:52tanto na identidade
quanto na população. -
5:53 - 5:57Agora, vou parar e falar um pouco
sobre a gentrificação. -
5:59 - 6:02Suspeito que, para muitos de nós,
seja uma palavra meio suja. -
6:03 - 6:05É sinónimo de desalojamento
-
6:05 - 6:07dos moradores pobres dos seus bairros
-
6:07 - 6:09pelos recém-chegados mais ricos.
-
6:09 - 6:12Se vocês já foram desalojados alguma vez,
-
6:12 - 6:15sabem quanto custa
perder o local da nossa história. -
6:16 - 6:19E, se nunca passaram por isso,
-
6:19 - 6:22eu vou pedir que tentem
imaginar-se nessa situação. -
6:23 - 6:27Pensem como seria descobrir
que o vosso local preferido, -
6:27 - 6:30um local onde iam sempre passear
com amigos e pessoas queridas, -
6:31 - 6:33tinha desaparecido.
-
6:34 - 6:35Depois chegavam a casa
-
6:35 - 6:37e encontravam uma carta do senhorio,
-
6:37 - 6:39a dizer que o aluguer tinha duplicado.
-
6:40 - 6:42A opção de ficar
-
6:42 - 6:44não está nas vossas mãos.
-
6:45 - 6:47Vocês já não pertencem à vossa casa.
-
6:49 - 6:52E sabem que os sentimentos
que estão a sentir nesse momento -
6:53 - 6:54seriam os mesmos
-
6:54 - 6:58quer a pessoa que vos prejudicou
o pretendesse fazer ou não. -
7:00 - 7:03A urbanizadora Majora Carter
disse-me um dia: -
7:03 - 7:06"Os pobres não odeiam a gentrificação.
-
7:06 - 7:09"Elas só odeiam não poder
ficar o tempo suficiente -
7:09 - 7:11"para aproveitarem os seus benefícios."
-
7:12 - 7:14Porque é que consideramos inevitável
-
7:14 - 7:18o apagamento cultural
e o desalojamento económico? -
7:19 - 7:21Podemos abordar o desenvolvimento
-
7:21 - 7:23reconhecendo as injustiças passadas,
-
7:23 - 7:25valorizando não só as novas histórias
-
7:25 - 7:27como também as antigas.
-
7:27 - 7:30Comprometendo-nos a criar a possibilidade
-
7:32 - 7:34de as pessoas ficarem nas suas casas,
-
7:34 - 7:36ficarem nas suas comunidades,
-
7:36 - 7:38ficarem onde se sentem completas.
-
7:40 - 7:43Mas para mudarmos para esta abordagem,
-
7:43 - 7:45é preciso examinar as injustiças passadas,
-
7:45 - 7:48tal como o sofrimento e o luto
que as permeiam. -
7:48 - 7:51Assim que comecei
a refletir no meu trabalho, -
7:51 - 7:55percebi que o sofrimento e o luto
têm sido temas recorrentes. -
7:55 - 7:58Eu ouvi isso no projeto
de Bayview Hunters Point -
7:58 - 8:00quando um homem chamado Daryl disse:
-
8:00 - 8:02"Nós sempre fomos postos
de lado como uma ilha, -
8:02 - 8:04"uma terra de ninguém."
-
8:05 - 8:06Também ouvi isso em Houston,
-
8:06 - 8:09quando trabalhei num projeto
com jornaleiros. -
8:09 - 8:12Juan contou-me histórias dos muitos
roubos do seu salário -
8:12 - 8:14no canto onde ficava todos os dias
-
8:14 - 8:17para ganhar a vida e sustentar a família
-
8:17 - 8:18e perguntou-me:
-
8:18 - 8:22"Porque é que ninguém consegue
ver a santidade deste local?" -
8:23 - 8:26Vocês também já viram o sofrimento.
-
8:27 - 8:31Das campanhas pela remoção das estátuas
em Charlottesville e Nova Orleães, -
8:32 - 8:34até às cidades que perderam
o seu vigor industrial -
8:34 - 8:36e agora estão a morrer,
-
8:36 - 8:38como Lorain, Ohio e Bolton, em Inglaterra.
-
8:39 - 8:43Frequentemente, temos pressa
de recuperar esses locais, -
8:43 - 8:46pensando que podemos aliviar
o sofrimento deles. -
8:46 - 8:49Porém, no nosso desejo
desenfreado de fazer o bem, -
8:49 - 8:51de ultrapassar todos os nossos erros
-
8:51 - 8:54para criar locais que
nutram possibilidades, -
8:55 - 8:58mantemos geralmente
uma ignorância ingénua, -
8:59 - 9:04duma paisagem cheia de uma longa fila
de promessas desfeitas -
9:04 - 9:06e de sonhos destruídos.
-
9:07 - 9:10Estamos a construir sobre ruínas.
-
9:11 - 9:14É de admirar que as fundações
não aguentem? -
9:15 - 9:18Manter espaço para o sofrimento e o luto
-
9:18 - 9:20nunca fez parte das minhas
funções de arquiteta -
9:20 - 9:22— afinal de contas, não é conveniente,
-
9:22 - 9:24nem tem grande beleza,
-
9:24 - 9:26mesmo que os meus clientes
me pedissem isso. -
9:28 - 9:31Mas já vi o que acontece
quando há espaço para a dor. -
9:32 - 9:34Pode ser transformador.
-
9:35 - 9:36Voltemos à nossa história.
-
9:36 - 9:39Quando começámos
a trabalhar no bairro, -
9:39 - 9:41uma das primeiras coisas que fizemos
-
9:41 - 9:45foi entrevistar as ativistas que tinham
liderado a luta pelo fecho da central. -
9:45 - 9:49Ouvimos e sentimos permanentemente
uma sensação de perda iminente. -
9:49 - 9:52O bairro já estava a mudar,
mesmo naquela época. -
9:52 - 9:55As pessoas já estavam a ir embora
ou morriam de velhice, -
9:55 - 9:58e com aquelas partidas,
as histórias estavam a perder-se. -
9:58 - 10:00Para aquelas ativistas,
-
10:00 - 10:03ninguém jamais conheceria
as coisas incríveis -
10:03 - 10:05que tinham acontecido
naquela comunidade -
10:05 - 10:07porque, para toda a gente de fora,
-
10:07 - 10:09aquilo era um gueto.
-
10:09 - 10:11No pior dos casos, um local violento;
-
10:11 - 10:15no melhor dos casos,
um quadro em branco. -
10:15 - 10:17Nenhuma dessas coisas
era verdade, claro. -
10:17 - 10:21Então os meus colegas e eu entrámos
em contacto com a StoryCorps. -
10:21 - 10:24Com o apoio deles, e o apoio
da empresa concessionária, -
10:24 - 10:27criámos uma cabine de escuta no local.
-
10:27 - 10:28Convidámos os moradores
-
10:28 - 10:31para lá irem gravar as suas histórias,
para a posteridade. -
10:32 - 10:34Depois de uns dias de gravação,
-
10:34 - 10:36fizemos uma festa de audição
-
10:37 - 10:38e ouvimos excertos,
-
10:38 - 10:41de forma parecida com o que se passa
na rádio todas as sextas-feiras. -
10:42 - 10:43Aquela festa
-
10:43 - 10:46foi uma das reuniões comunitárias
mais incríveis -
10:46 - 10:48em que já participei.
-
10:48 - 10:51Em parte, porque não
falávamos só de coisas felizes, -
10:51 - 10:53mas também do sofrimento.
-
10:54 - 10:56Lembro-me bem de duas histórias
-
10:56 - 10:58AJ contou como foi
crescer naquele bairro. -
10:58 - 11:01Havia sempre uma criança
com quem brincar. -
11:01 - 11:03Mas também falou com tristeza
-
11:03 - 11:06da primeira vez que foi abordado
e interrogado por um polícia, -
11:06 - 11:08quando tinha 11 anos.
-
11:09 - 11:12GL também falou dos miúdos
-
11:12 - 11:15e dos altos e baixos da sua experiência
de vida naquele bairro, -
11:15 - 11:17mas também falou orgulhosamente
-
11:17 - 11:20de algumas das organizações
que ali nasceram -
11:20 - 11:22para oferecerem apoio e autonomia.
-
11:23 - 11:25Ele gostava de ver mais coisas dessas.
-
11:25 - 11:29Ao manter um espaço
para exprimir o sofrimento e o luto, -
11:29 - 11:32conseguimos arranjar ideias
para um local, -
11:32 - 11:37ideias incríveis que foram as sementes
do que fizemos nos quatro anos seguintes. -
11:37 - 11:40Porquê então uma reunião
tão radicalmente diferente? -
11:40 - 11:41Bom,
-
11:42 - 11:44o sofrimento e o luto
tecidos nesses espaços -
11:44 - 11:46não nasceram de um dia para o outro.
-
11:47 - 11:49A cura também demora.
-
11:50 - 11:54Afinal, quem acha que só precisamos
de ir à terapia uma vez para ficar bem? -
11:54 - 11:56(Risos)
-
11:56 - 11:57Alguém?
-
11:58 - 12:00Achei que não.
-
12:00 - 12:02Em retrospetiva,
-
12:02 - 12:05eu queria que tivéssemos tido
mais audições no passado, -
12:05 - 12:07não só eventos bem-humorados.
-
12:08 - 12:10O meu trabalho levou-me pelo mundo fora,
-
12:11 - 12:15mas ainda não encontrei um lugar
onde não houvesse sofrimento, -
12:15 - 12:18e o potencial para a cura
estivesse ausente. -
12:18 - 12:21Por isso, embora tenha passado
a minha carreira -
12:21 - 12:23a melhorar as minhas aptidões
de arquiteta, -
12:23 - 12:25percebi que também sou uma curandeira.
-
12:26 - 12:29Suponho que agora seria a altura
desta palestra em que eu vos diria -
12:29 - 12:31os cinco passos para a cura,
-
12:31 - 12:33mas eu não tenho a solução,
por enquanto. -
12:34 - 12:35É ó uma via.
-
12:36 - 12:39Dito isto, há umas coisas
que aprendi pelo caminho. -
12:40 - 12:41Primeiro,
-
12:41 - 12:44não podemos criar cidades para todos
-
12:44 - 12:47a não ser que estejamos
dispostos a ouvi-los. -
12:48 - 12:51Não só o que esperam
que seja feito no futuro -
12:51 - 12:53mas também o que se perdeu
ou não foi cumprido. -
12:55 - 12:56Segundo,
-
12:56 - 12:59curar não é só para "aquela gente".
-
13:00 - 13:02Nós, enquanto privilegiados,
-
13:02 - 13:05precisamos de refletir
sobre a nossa culpa, -
13:06 - 13:08o desconforto e a cumplicidade.
-
13:10 - 13:13Como disse Anne Marks,
a líder de uma ONG, -
13:13 - 13:15"Quem está ferido, fere os outros;
-
13:15 - 13:17"quem está curado, cura os outros."
-
13:18 - 13:20E terceiro,
-
13:21 - 13:23curar não é eliminar o sofrimento.
-
13:24 - 13:27Muitas vezes temos a tendência
de fazer tábua rasa do sofrimento, -
13:27 - 13:30tal como o asfalto no terreno
de Bayview Hunters Point. -
13:31 - 13:33Mas não é assim que funciona.
-
13:33 - 13:35Curar é reconhecer o sofrimento
-
13:35 - 13:38e fazer as pazes com ele.
-
13:39 - 13:41Uma das minhas frases preferidas diz:
-
13:41 - 13:45"Curar renova a nossa fé
na construção do caráter." -
13:46 - 13:48Eu estou aqui como
uma arquiteta-curandeira -
13:48 - 13:51porque estou preparada
para ver em que me posso tornar, -
13:51 - 13:54em que a minha comunidade
e os meus colegas se podem tornar, -
13:54 - 13:57e em que este país e, francamente,
este mundo se pode tornar. -
13:57 - 14:00Eu não estava destinada a fazer
este percurso sozinha. -
14:01 - 14:06Acredito que muitos de vocês se sentem
infelizes com o estado atual das coisas. -
14:07 - 14:10Acreditem que pode ser diferente.
-
14:11 - 14:15Eu acredito que todos vocês são
muito mais resistentes do que imaginam. -
14:16 - 14:20Mas requer coragem dar o primeiro passo.
-
14:20 - 14:23A coragem de enfrentarmos
o sofrimento uns dos outros, -
14:24 - 14:27de estarmos dispostos
a mantermo-nos na sua presença -
14:27 - 14:29mesmo quando se torna desconfortável.
-
14:30 - 14:34Imaginem só a mudança
que podíamos fazer juntos -
14:35 - 14:37se todos nós nos empenhássemos nisso.
-
14:37 - 14:39Obrigada.
-
14:39 - 14:42(Aplausos)
- Title:
- E se a gentrificação curasse comunidades em vez de as desalojar?
- Speaker:
- Liz Ogbu
- Description:
-
Liz Ogbu é arquiteta que trabalha na área da justiça do espaço: a noção que a justiça tem uma geografia e que a distribuição igualitária de serviços e recursos é um direito humano. Em São Francisco, ela questiona a história já familiar da gentrificação: a ideia de que os pobres serão expulsos pelo desenvolvimentismo e pelo progresso. Pergunta porque é que pressupomos que o desaparecimento cultural e o desalojamento económico são inevitáveis, e apela aos urbanizadores, arquitetos e políticos para "se comprometerem em criar a possibilidade de as pessoas se manterem nas suas casas e nas suas comunidades, para se manterem onde se sentem completas."
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:01