Return to Video

Um anti-herói para cada um - Tim Adams

  • 0:15 - 0:18
    O crítico literário Northrop Frye
    observou um dia
  • 0:18 - 0:20
    que, nos nossos dias primitivos,
    os nossos heróis literários
  • 0:21 - 0:22
    eram quase deuses
  • 0:22 - 0:24
    e, à medida que a civilização evoluiu,
  • 0:24 - 0:27
    desceram da montanha dos deuses,
    por assim dizer,
  • 0:27 - 0:32
    e tornaram-se mais humanos,
    com mais defeitos, menos heroicos.
  • 0:33 - 0:35
    Começando nos heróis divinos,
    como Hércules,
  • 0:35 - 0:40
    passando pelos heróis milagrosos
    mas mortais, como Beowulf,
  • 0:40 - 0:43
    os grandes líderes, como o Rei Artur,
  • 0:43 - 0:47
    e os grandes heróis, mas com defeitos,
    como Macbeth ou Otelo.
  • 0:47 - 0:50
    Passando pelos heróis improváveis,
    mas mesmo assim heróis,
  • 0:50 - 0:52
    como Harry Potter,
  • 0:52 - 0:55
    Luke Skywalker, ou Hiccup,
  • 0:55 - 0:59
    até chegarmos cá abaixo
    e encontrarmos o anti-herói.
  • 0:59 - 1:01
    Contrariamente ao que parece,
  • 1:01 - 1:04
    o anti-herói não é o vilão
    nem o adversário.
  • 1:04 - 1:09
    O anti-herói é a figura principal
    nalgumas obras literárias contemporâneas.
  • 1:09 - 1:13
    Guy Montag em "Fahrenheit 451",
    Winston Smith em "1984,"
  • 1:14 - 1:17
    que, involuntariamente, acaba
    por desafiar os que estão no poder,
  • 1:17 - 1:19
    ou seja, aqueles que abusam do poder
  • 1:19 - 1:24
    para levar a populaça a acreditar
    que os males da sociedade foram eliminados.
  • 1:25 - 1:28
    Idealmente, aqueles
    que desafiam as instituições
  • 1:28 - 1:30
    deviam ser sábios, confiantes, valentes,
  • 1:31 - 1:35
    fisicamente fortes, com um tipo de carisma
    que inspira os seguidores.
  • 1:35 - 1:40
    Mas o anti-herói demonstra, quando muito,
    algumas características subdesenvolvidas,
  • 1:40 - 1:43
    e, outras vezes,
    é completamente incapaz.
  • 1:43 - 1:48
    A história do anti-herói, habitualmente,
    desenrola-se mais ou menos assim.
  • 1:49 - 1:51
    O anti-herói inicialmente conforma-se,
  • 1:51 - 1:53
    aceitando ignorante
    as opiniões das instituições,
  • 1:53 - 1:57
    é um membro típico da sociedade,
    sem dúvidas, de cabeça feita.
  • 1:58 - 2:02
    O anti-herói debate-se para se conformar,
    começando a levantar objeções,
  • 2:02 - 2:06
    encontrando talvez outros estranhos
    a quem junta as suas dúvidas
  • 2:06 - 2:12
    e, ingenuamente, insensatamente,
    transmite essas dúvidas a uma autoridade.
  • 2:13 - 2:15
    O anti-herói desafia
    abertamente a sociedade,
  • 2:15 - 2:19
    e tenta lutar contra as mentiras e táticas
    usadas para oprimir a populaça.
  • 2:19 - 2:21
    Este passo, para o anti-herói,
  • 2:21 - 2:25
    raramente é uma questão
    de oposição valente, sábia e heroica.
  • 2:26 - 2:31
    Talvez o anti-herói lute e consiga destruir
    o governo opressor,
  • 2:31 - 2:33
    com imensa sorte impossível.
  • 2:33 - 2:38
    Talvez fuja e escape
    para lutar noutro dia.
  • 2:38 - 2:41
    Mas demasiadas vezes,
    o anti-herói é morto,
  • 2:42 - 2:44
    ou fazem-lhe uma lavagem ao cérebro
  • 2:44 - 2:46
    para regressar à conformidade
    com as massas.
  • 2:46 - 2:50
    Não há aqui triunfo heroico,
    nenhuma corajosa posição individual
  • 2:50 - 2:53
    contra as instituições impessoais
    de um mundo moderno,
  • 2:53 - 2:55
    inspirando outros a lutar,
  • 2:55 - 2:58
    ou enganando e vencendo engenhosamente
  • 2:58 - 3:01
    o maciço exército do império malévolo.
  • 3:02 - 3:04
    Os nossos antepassados
    contadores de histórias
  • 3:04 - 3:06
    acalmavam os nossos medos
    de falta de poder
  • 3:07 - 3:08
    dando a Hércules e a outros heróis
  • 3:08 - 3:11
    força suficiente para lutar
    contra demónios e monstros,
  • 3:11 - 3:15
    que, suspeitávamos, rondavam à noite
    os nossos acampamentos.
  • 3:16 - 3:19
    Por fim, percebemos
    que não existiam monstros ali,
  • 3:20 - 3:23
    mas que eles estavam dentro de nós.
  • 3:23 - 3:26
    O maior inimigo de Beowulf era a morte,
  • 3:26 - 3:28
    o de Otelo, o ciúme,
  • 3:28 - 3:31
    o de Hiccup, a autodúvida.
  • 3:31 - 3:33
    Nos contos do anti-herói ineficaz,
  • 3:33 - 3:36
    nas histórias de Guy Montag
    e de Winston Smith,
  • 3:36 - 3:39
    residem os alertas dos contadores
    de histórias contemporâneos
  • 3:39 - 3:41
    sobre os medos primitivos:
  • 3:42 - 3:45
    que não somos suficientemente fortes
    para derrotar os monstros.
  • 3:46 - 3:49
    Só que, desta vez, os monstros
    não são afugentados
  • 3:49 - 3:50
    pelas fogueiras dos acampamentos,
  • 3:50 - 3:54
    são os monstros que criaram as fogueiras.
Title:
Um anti-herói para cada um - Tim Adams
Speaker:
Tim Adams
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/an-anti-hero-of-one-s-own-tim-adams

Como é que um anti-herói pode ensinar-nos as características heróicas e, por vezes, pouco heróicas, que modelam o protagonista de uma história? Do ciúme à autodúvida, Tim Adams desafia-nos a considerar como os anti-heróis refletem as fraquezas muito mortais que se encontram dentro de todos nós.

Lição de Tim Adams, animação de Wood Goblin Studios.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:11
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for An antihero of one's own
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for An antihero of one's own
António Ribeiro accepted Portuguese subtitles for An antihero of one's own
António Ribeiro edited Portuguese subtitles for An antihero of one's own
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for An antihero of one's own
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for An antihero of one's own

Portuguese subtitles

Revisions