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Title:
A corrida para descodificar uma língua misteriosa — Susan Lupack
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Description:
Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/the-race-to-decode-a-mysterious-language-susan-lupack
Na primeira década do século XX, o arqueólogo Sir Arthur Evans descobriu quase 3000 tábuas inscritas com símbolos estranhos. Ele achava que a escrita, apelidada de Linear B, representava a língua minoica, enquanto outros apresentavam as suas próprias teorias. Seria a língua perdida dos etruscos? Ou uma forma primitiva do basco? O seu significado viria a escapar aos estudiosos durante 50 anos. Susan Lupack explora estas misteriosas inscrições.
Lição de Susan Lupack, realização de Movult.
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Speaker:
Susan Lupack
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Na primeira década
do século XX, na ilha de Creta,
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o arqueólogo britânico Sir Arthur Evans
descobriu quase 3000 tábuas
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inscritas com símbolos estranhos.
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Ele achava que estes símbolos
representavam a língua falada
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pela civilização mais antiga da Europa.
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O seu significado viria a escapar
aos estudiosos durante 50 anos.
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Evans descobriu estas tábuas
no meio dos frescos coloridos
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e dos corredores labirínticos
do palácio de Cnossos.
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Chamou a esta civilização de minoica,
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em honra do mítico soberano
de Creta, o Rei Minos.
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Ele achava que a escrita, apelidada de
Linear B, representava a língua minoica,
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e estudiosos de todo o mundo
criaram as suas próprias teorias.
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Seria a língua perdida dos Etruscos?
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Ou talvez fosse uma
forma primitiva de basco?
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O mistério intensificou-se porque Evans
mantinha as tábuas vigiadas de perto.
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Apenas 200 das inscrições foram
publicadas durante a sua vida,
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mas ele não conseguiu decifrar a escrita.
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Contudo, fez duas observações corretas:
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as tábuas eram registos administrativos,
e a escrita era um silabário,
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em que cada símbolo é representado
por uma consoante e uma vogal,
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misturadas com caracteres que
representavam uma palavra completa.
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Evans trabalhou na Linear B
durante 30 anos,
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antes de Alice Kober, uma erudita
de Brooklyn, Nova Iorque,
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se ter dedicado a resolver o mistério.
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Kober era professora
de Estudos Clássicos no Brooklyn College,
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numa altura em que poucas mulheres
tinham acesso a esses cargos.
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Para avançar na sua investigação,
aprendeu sozinha muitas línguas,
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conhecimento esse que lhe iria
ser útil para decifrar a Linear B.
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Nas duas décadas seguintes,
ela analisou os símbolos.
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A trabalhar a partir das poucas
inscrições que tinha disponíveis,
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registou quantas vezes
cada símbolo aparecia.
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Depois registou a frequência com que
cada símbolo aparecia ao lado de outro.
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Ela guardava as suas descobertas
em pedaços de papel
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dentro de maços de cigarros,
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porque, durante a II Guerra Mundial,
os materiais de escrita eram escassos.
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Ao analisar estas frequências,
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ela descobriu que a Linear B
dependia das terminações de palavras
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para conferir gramática às frases.
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A partir disso, ela compilou uma tabela
das relações entre os símbolos,
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e chegou mais perto do que ninguém
a poder decifrar a Linear B.
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Mas morreu, provavelmente de cancro,
em 1950 quando tinha 43 anos.
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Enquanto Kober analisava
as tábuas de Cnossos,
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um arquiteto chamado Michael Ventris
também tentava decifrar a Linear B.
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Ele ficara obcecado com a Linear B
desde a escola, depois de ouvir Evans.
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Até continuou a trabalhar nas inscrições
enquanto serviu na II Guerra Mundial.
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Depois da guerra, Ventris
deu continuidade à tabela de Kober
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usando um repositório secreto
de inscrições da Linear B
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encontradas num local arqueológico
diferente em Pylos, na Grécia continental.
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O seu avanço mais significativo aconteceu
ao comparar as tábuas de Pylos
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com as de Cnossos
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e concluir que certas palavras apareciam
nas tábuas de um local, mas não do outro.
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Ele perguntou-se se as palavras
representariam nomes de lugares
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específicos de cada local.
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Ele sabia que, com o passar dos séculos,
os nomes de lugares tendem a manter-se,
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e decidiu comparar a Linear B
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com um antigo silabário da ilha de Chipre.
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A escrita cipriota era usada
centenas de anos após a Linear B,
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mas alguns dos símbolos
eram semelhantes,
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Ventris perguntou-se se os sons
também seriam semelhantes.
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Quando inseriu alguns dos sons
do silabário cipriota
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nas inscrições da Linear B,
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chegou à palavra "Cnossos",
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o nome da cidade onde Evans
tinha descoberto as suas tábuas.
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Com um efeito de dominó,
Ventris decifrou a Linear B,
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e cada palavra revelava mais claramente
que a língua Linear B
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não era minoico, mas sim grego.
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Ventris morreu num acidente de viação
quatro anos mais tarde, aos 34 anos.
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Mas a sua descoberta reescreveu
um capítulo inteiro da História.
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Evans tinha insistido que os minoicos
tinham conquistado a Grécia continental,
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e por isso é que exemplos da Linear B
foram encontrados no continente.
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Mas a descoberta de que a Linear B
representava grego e não minoico,
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mostrou que acontecera o oposto:
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os gregos do continente invadiram Creta
e adotaram a escrita minoica.
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Mas a história ainda não terminou.
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A língua minoica,
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representada por outra escrita
chamada Linear A,
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ainda não foi decifrada.
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Continua um mistério...
pelo menos por agora.