Não é só sobre tecnologias, é sobre pessoas! | Marcos Antonio Oliveira da Penha | TEDxBlumenau
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0:13 - 0:16Imagine um mundo totalmente acessível.
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0:16 - 0:20Um mundo onde todas as pessoas,
independente de suas deficiências, -
0:20 - 0:23tivessem a mesma e justa
oportunidade de ir e vir -
0:23 - 0:25sem enfrentar qualquer problema.
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0:26 - 0:31Um mundo sem preconceitos,
com tratamentos iguais e honestos. -
0:32 - 0:35Um mundo pensado em todos
e para o bem de todos. -
0:36 - 0:41Um mundo onde pessoas
não são coagidas a sair de casa -
0:41 - 0:44por causa de possíveis maus olhados
por suas deficiências, -
0:44 - 0:48e um mundo onde o preparo
dos ambientes públicos e privados -
0:48 - 0:50para a inclusão dessas pessoas fosse real.
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0:52 - 0:53Um mundo sem reclusão.
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0:54 - 0:56Eu acredito que um mundo assim é possível.
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0:57 - 1:01E meu maior sonho, meu objetivo de vida,
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1:01 - 1:03é ajudar a criar esse mundo real,
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1:03 - 1:05esse mundo ideal.
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1:06 - 1:07E vocês?
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1:07 - 1:10Quando estive pensando
no que poderia compartilhar, -
1:10 - 1:12nesse tema, com vocês aqui hoje,
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1:12 - 1:15eu fiz uma introspecção
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1:15 - 1:18no meu eu interior,
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1:18 - 1:21pra tentar entender
por que eu me apaixonei -
1:21 - 1:25por criar um mundo melhor
pra pessoas com deficiência. -
1:25 - 1:27E aí fiz uma viagem no tempo.
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1:28 - 1:33Lembrei de algumas coisas que eu fazia
quando ainda era bem pequenininho. -
1:34 - 1:38E comecei a perceber que aquilo
já estava dentro de mim há algum tempo. -
1:38 - 1:41E parte desse turbilhão
de sentimentos e sensações, -
1:41 - 1:45de resgate interno,
veio quando lembrei dos meus avós. -
1:45 - 1:51Sim, por muito tempo eu fui e sou,
menino criado por "vô" e por "vó". -
1:51 - 1:52Esses são meus avós.
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1:52 - 1:57Na foto da esquerda
é a minha vovó por parte de mãe. -
1:58 - 2:00Ela foi embora do mundo já faz dois anos.
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2:01 - 2:03Eu a amava e a amo muito.
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2:06 - 2:09Ela me faz uma falta muito grande.
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2:10 - 2:15Ela sofria com alguns problemas físicos,
consequência de mal de Parkinson. -
2:15 - 2:21E isso fazia com que ela passasse
muito tempo na rede de balanço. -
2:22 - 2:27Por passar tanto tempo ali,
ela gostava muito que alguém a balançasse. -
2:28 - 2:30Mas nem sempre tinha alguém por perto.
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2:30 - 2:35Às vezes alguém estava trabalhando,
ou não podia estar sempre em casa com ela. -
2:35 - 2:37Então eu tive uma ideia bem simples,
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2:37 - 2:40mas que, mal sabia eu,
aquele poderia ser o meu início -
2:40 - 2:43nessa jornada sobre
as tecnologias assistivas. -
2:44 - 2:46Eu fiz um puxador de rede.
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2:47 - 2:50Era uma corda com um elástico,
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2:50 - 2:52na parte onde segura
tinha um pedaço de pano -
2:52 - 2:55pra ficar mais confortável,
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2:55 - 2:59e era amarrado no pé da cama,
no quarto dela. -
3:00 - 3:03Ela puxava e conseguia se balançar.
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3:04 - 3:08E assim ela podia
se balançar o quanto quisesse, -
3:08 - 3:10na hora em que quisesse.
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3:10 - 3:14E olha, não é que isso
a ajudava até a se acalmar, -
3:14 - 3:17e inclusive aliviar alguns sintomas?
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3:17 - 3:20E esse senhor aí na foto da direita?
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3:20 - 3:22É o meu vovô por parte de pai.
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3:22 - 3:25Ele tem Alzheimer já faz mais de 15 anos
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3:25 - 3:28e, desde que ele começou a ficar doente,
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3:29 - 3:31eu quis muito ajudá-lo.
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3:33 - 3:37E por diversas vezes
eu tentava contar diversas histórias -
3:37 - 3:40pra tentar fazer com que ele
se relembrasse do passado dele, -
3:42 - 3:44de suas memórias.
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3:44 - 3:48Mas infelizmente essa doença é cruel
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3:48 - 3:49e ainda não consegui fazer muito.
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3:50 - 3:52Gosto de lembrar dele como meu vovô,
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3:52 - 3:56tranquilo, sorridente, brincalhão,
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3:57 - 4:00os óculos bonitões e estilosos,
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4:01 - 4:06e que sempre procurava fazer o bem,
ajudar o próximo da melhor forma possível. -
4:06 - 4:10Eu costumo dizer que minha vida
é feita de muitos altos e baixos, -
4:10 - 4:13e que cada momento desses
tem um propósito: -
4:14 - 4:16me colocar em prova.
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4:18 - 4:20Então eu cresci,
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4:20 - 4:24e apesar de ter pensado
em inúmeros rumos diferentes, -
4:24 - 4:27não tinha outro caminho a seguir
senão o da tecnologia. -
4:28 - 4:32Apesar disso não estar
tão claro pra mim na época, -
4:32 - 4:36mas minha esposa, namorada na época,
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4:36 - 4:41quando eu estava nesse processo
de indecisão, ela me sugeriu, -
4:41 - 4:44na verdade ela praticamente me obrigou,
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4:44 - 4:46a seguir no ramo da tecnologia,
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4:46 - 4:48da computação,
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4:48 - 4:50pois, segundo ela,
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4:50 - 4:55via meu amor pela tecnologia
e tudo que eu poderia criar através dela. -
4:55 - 5:00E hoje agradeço de coração por isso tudo.
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5:02 - 5:04Eu também comecei a perceber.
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5:04 - 5:07Pra mim, a área com mais possibilidades
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5:07 - 5:10pra uma mente diversa
e inquieta como a minha, -
5:10 - 5:15e mais próxima ainda da emoção
de testar infinitas possibilidades -
5:15 - 5:19do imáginário e da ficção,
que não param de rodopiar na minha mente. -
5:21 - 5:26E à medida que as condições financeiras
da minha família foram melhorando, -
5:26 - 5:30meus pais, empenhados em me dar o melhor,
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5:30 - 5:35me colocavam em cursos e mais cursos
daquilo que eu tanto gostava de fazer: -
5:35 - 5:40coisas, coisas que se mexiam
e que faziam outras coisas, -
5:40 - 5:45coisas que hoje talvez sejam até
conhecidas como a internet das coisas. -
5:45 - 5:49Comecei a trabalhar
e vivenciar bem de perto -
5:49 - 5:53o que a indústria de TI vem fazendo,
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5:53 - 5:56os seus softwares,
seus hardwares, seus processos, -
5:56 - 6:01seus posicionamentos quanto à resolução
dos problemas dos clientes, -
6:01 - 6:04as necessidades desses clientes.
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6:04 - 6:07Passei por diversas empresas
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6:07 - 6:12onde o processo burocrático
e mal pensado no cliente -
6:12 - 6:16de se fazer tecnologia
me frustraram bastante. -
6:17 - 6:22Era uma visão a mais no lucro
e outra a menos no cliente, -
6:22 - 6:24na real possibilidade de solução.
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6:26 - 6:31Por vezes eu me perguntava
se era isso mesmo que eu queria. -
6:32 - 6:35Na época minha esposa estava
na graduação de psicologia -
6:35 - 6:37e eu a invejava quando ela chegava
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6:37 - 6:43contando sobre as inúmeras
teorias, práticas e dinâmicas -
6:43 - 6:47que poderiam ser feitas
com e para as pessoas. -
6:47 - 6:51Isso me inspirou a buscar
mais valor no meu trablaho. -
6:51 - 6:54E se você for olhar
pra o mercado atual bem de perto, -
6:54 - 6:58você vai ver que grandes empresas
adotam metodologias e processos -
6:58 - 6:59mais póximos aos clientes,
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6:59 - 7:02criando uma cultura
mais próxima das pessoas. -
7:02 - 7:06Também vendo o quanto é importante pessoas
diferentes, com backgrounds diferentes, -
7:06 - 7:10especialidades, conhecimentos
e até estilos de vida diferentes. -
7:10 - 7:16Humanas, exatas, saúde, psicólogos,
biólogos, engenheiros, cientistas, -
7:16 - 7:20todos juntos para a inovação,
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7:20 - 7:23para a chegada a um consenso
comum mais justo, -
7:23 - 7:26quando se avalia
as necessidades de um cliente. -
7:27 - 7:32Pois cada um de nós tem um ponto de vista,
e como já dizia o ditado, -
7:32 - 7:36todo ponto de vista é a vista de um ponto.
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7:36 - 7:39Então somos todos humanos,
passíveis ao erro. -
7:39 - 7:42Foi natural começar
a se envolver com o assunto. -
7:42 - 7:46Comecei então a procurar
e explorar isso na faculdade, -
7:46 - 7:48mudei de emprego,
pra um onde podia aprender mais -
7:48 - 7:52sobre esse bicho chamado
projetos de inovação, -
7:52 - 7:54que tanto me encantava
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7:54 - 7:57e me trazia animação de participar mais
daquele montão de coisas -
7:57 - 7:59que uma empresa moderna fazia.
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7:59 - 8:00Estar perto.
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8:01 - 8:05Fazer coisas de mais impacto,
esse foi o trampolim -
8:05 - 8:10pra começar a me envolver mais
com esse lado mais ciência, -
8:10 - 8:14com pesquisa de campo,
com projetos de impacto social, -
8:14 - 8:19e então, com tecnologias
de impacto, com propósito, -
8:19 - 8:21e chegar às tecnologias assistivas.
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8:21 - 8:24E foi nesse momento que tudo começou
a fazer mais sentido pra mim. -
8:25 - 8:31Pois o menino amoroso, que gostava tanto
de abraços e de fazer o bem, -
8:32 - 8:37também pode ser despertado
a ajudar o próximo através da tecnologia. -
8:37 - 8:41E como aquilo me encantava,
e muitas vezes me incomodava, -
8:41 - 8:43pois eram coisas simples
que poderiam ser feitas -
8:43 - 8:46pra melhorar a vida de uma pessoa
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8:46 - 8:50e eu não conseguia entender
como aquilo ainda não tinha sido feito. -
8:50 - 8:55Tanto podia ser feito usando recursos
tecnológicos tão facilmente acessíveis, -
8:55 - 8:58disponibilizados na web,
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8:58 - 9:01como API de processamento de imagens,
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9:01 - 9:06maps on-line, GPS, plataforma
de prototipação rápida de hardware, -
9:06 - 9:10tudo simples de ser usado, se você já tem
um mínimo de conhecimento na área. -
9:10 - 9:14Mas até saindo
pra um contexto mais externo, -
9:14 - 9:17indo até pra um contexto
sem muita eletrônica envolvida, -
9:17 - 9:19ainda tinha muito que podia ser feito,
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9:19 - 9:24de forma simples e direta,
e resolver o problema de alguém. -
9:24 - 9:29Meti a cara, mergulhei no assunto,
e à medida que fui me envolvendo, -
9:29 - 9:34conheci pessoas fascinantes,
com lindas histórias de superação. -
9:34 - 9:39E o amor envolvido no fazer
daquelas pessoas era massa, era recíproco. -
9:39 - 9:43E aí eu vivenciei tanta coisa
que a minha mente fez um "tchan": -
9:44 - 9:47"Puxa, quanta coisa simples
a gente pode fazer -
9:47 - 9:54pra tornar o mundo um lugar
um pouquinho melhor pra essas pessoas. -
9:54 - 9:56Eu tenho que me envolver com isso".
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9:56 - 9:59Por mais encantador que isso pareça,
nem todo mundo me entendia na época. -
9:59 - 10:04Aliás, muita gente não me entendia.
Quando chegava com a ideia de um projeto -
10:04 - 10:06com intuito de ajudar
uma minoria de pessoas, -
10:06 - 10:11ouvia diversas vezes que eu poderia
fazer melhor, ganhar mais dinheiro, -
10:11 - 10:14alcançar mais gente e ter mais lucro.
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10:14 - 10:17O famoso: "Desista,
isso não vai dar certo". -
10:17 - 10:22Eu ouvi, ouvi, ouvi e ouvi.
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10:23 - 10:25Por muitas vezes me perguntei
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10:25 - 10:30por que tem pessoas no mundo
que são tão negativas. -
10:30 - 10:33Por que tanta gente é tão competitiva,
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10:33 - 10:35só pensando no lucro
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10:35 - 10:39e esquecendo dos problemas da sociedade
que temos pra resolver? -
10:39 - 10:42E eu entendi que isso é até natural,
-
10:42 - 10:47talvez seja algo
que está nos deteriorando, -
10:47 - 10:53que venha junto com esse sangue
capitalista e competitivo em demasia. -
10:53 - 10:58Mas gosto de imaginar
a linha do tempo de nossas vidas -
10:58 - 11:01como bits de um computador.
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11:01 - 11:03Vocês sabem como funciona?
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11:04 - 11:06Em computação utilizamos
a abstração de zeros e uns -
11:06 - 11:10pra indicar o sinal
de ligado ou desligado. -
11:11 - 11:14É mais ou menos o que ocorre
num osciloscópio, -
11:14 - 11:20aquele instrumento do hospital
que faz bip-bip-bip -
11:20 - 11:23e indica como está a situação
da vida de uma pessoa. -
11:24 - 11:27Então a linha do tempo
das nossas vidas é como bits. -
11:27 - 11:30Vivemos oscilando entre momentos altos
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11:30 - 11:32e momentos baixos.
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11:32 - 11:36Por muitas vezes, quando eu iniciava
um projeto totalmente estimulado, -
11:36 - 11:39pessoas chegavam a mim
e me diziam coisas negativas. -
11:39 - 11:42"Ah, esse projeto não vai dar certo."
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11:42 - 11:45"Já tem muita coisa similar
no mercado, desista." -
11:45 - 11:47E ouvir tudo isso, eu confesso,
me desestimulava a continuar, -
11:47 - 11:51e aos poucos me tirava
forças pra seguir adiante, -
11:51 - 11:54porque me tirava o sentimento
de que eu realmente estava fazendo o bem, -
11:54 - 11:57algo que iria mudar
a vida de alguma pessoa, -
11:57 - 12:01de uma comunidade, de um país
e, quem sabe, do mundo. -
12:02 - 12:04Mas eu vou contar uma coisa pra vocês.
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12:05 - 12:08Quando a gente ouve não apenas os elogios,
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12:08 - 12:11mas também aquelas críticas
que derrubam a gente, -
12:11 - 12:13o segredo é não desistir.
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12:15 - 12:18Mesmo nos momentos de bit zero,
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12:18 - 12:22temos que tentar pensar como um bit um.
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12:22 - 12:23Manter o bit ligado.
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12:25 - 12:27Ouvir e seguir em frente.
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12:27 - 12:30Ser realmente um bit um.
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12:32 - 12:34Infelizmente temos que ouvir de tudo,
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12:34 - 12:40da crítica vamos reter tudo aquilo
que podemos melhorar -
12:40 - 12:43e do elogio, aquilo que temos
que melhorar ainda mais. -
12:44 - 12:49Isso foi um grande aprendizado que tive,
e que é o de ouvir, simplesmente ouvir. -
12:49 - 12:51Às vezes é necessário
ser humilde o suficiente -
12:51 - 12:56pra ouvir, aceitar, acreditar,
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12:56 - 12:58dar forças pro seu próximo,
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12:58 - 13:02e ser aquele bit um no momento
em que ele mais precisa. -
13:03 - 13:06Foi através do ouvir que eu descobri
a maravilha que é esse mundo -
13:06 - 13:09e as coisas boas
que podemos fazer pra ele. -
13:09 - 13:13Foram histórias como estas,
que eu vou contar pra vocês, -
13:13 - 13:16que me fizeram levantar,
botar as mãos à obra, -
13:16 - 13:18pra ser esse bit um,
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13:18 - 13:22pra, quem sabe, mudar a vida
nem que seja de uma pessoa. -
13:22 - 13:24Uma dessas pessoas foi o Washington,
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13:24 - 13:27cego desde pequeno,
desde seus quatro anos, -
13:27 - 13:31ele enfrentava alguns problemas
quando o assunto era jogar futebol. -
13:31 - 13:35Muitos diziam que não era possível,
que ele devia se contentar com isso, -
13:35 - 13:41mas o irmão dele um dia pegou uma bola
e envolveu-a com uma sacola de pão. -
13:41 - 13:45E, ao chutar a bola, o som reproduzido
permitia que ele jogasse. -
13:46 - 13:51Eis uma simples tecnologia assistiva
que mudou o mundo de Washington. -
13:51 - 13:56Outra vez ele também
me contou que por ser cego -
13:56 - 13:59muitos não acreditavam
nas suas capacidades; -
13:59 - 14:03que, por exemplo, ele não poderia
andar de bicicleta. -
14:04 - 14:09Mas o seu pai acreditou nele.
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14:10 - 14:13Deu todas as forças
pra que isso se tornasse realidade. -
14:13 - 14:19Comprou uma bicicleta e logo, com o tempo,
conseguia seguir o som de seu coração -
14:19 - 14:21e aprender a andar de bicicleta.
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14:21 - 14:25Às vezes a gente não tem
que mudar o mundo todo. -
14:26 - 14:29Basta a gente mudar o mundo de uma pessoa,
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14:29 - 14:33acreditar nela, ajudá-la, dar apoio.
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14:33 - 14:37Outra história que eu quero compartilhar
aqui com vocês é a de André Damião. -
14:37 - 14:39Quando ele saía, que voltava de casa,
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14:39 - 14:43sempre tinha um caminhão
que estacionava de maneira diferente. -
14:43 - 14:46Ele botava a caçamba pra cima da calçada,
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14:46 - 14:50e com isso por vezes ele se acidentava,
chegou uma vez a cortar o supercílio. -
14:50 - 14:56Imagine a dificuldade dele de enfrentar
problemas como esse em seu dia a dia, -
14:56 - 14:59em sua mobilidade, sem saber o que fazer.
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14:59 - 15:03Histórias como essas me motivaram
a desenvolver o projeto AnnuitWalk, -
15:03 - 15:05que se trata de um óculos inteligente
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15:05 - 15:08com detecção de obstáculos
para deficientes visuais -
15:08 - 15:12que foi se desdobrando,
junto com muitos outros amigos, -
15:12 - 15:17em vários outros serviços, como GPS,
aplicativos de recomendação de rota, -
15:17 - 15:21descrição de ambientes,
reconhecimento de objetos, -
15:21 - 15:25tudo com o propósito de tornar o mundo
mais acessível para as pessoas cegas. -
15:25 - 15:28E deste também vieram muitos outros,
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15:28 - 15:31para pessoas com diferentes
tipos de deficiência. -
15:33 - 15:37Afinal de contas, todos nós
somos humanos e imperfeitos. -
15:37 - 15:44Todos nós temos uma constante
batalha dentro de nós mesmos -
15:44 - 15:47pra tentarmos melhorar, encarar barreiras,
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15:47 - 15:50e talvez a minha maior deficiência,
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15:51 - 15:55a maior barreira que eu enfrento,
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15:59 - 16:03que eu esteja enfrentando aqui hoje,
seja a barreira da comunicação. -
16:07 - 16:10A outra pessoa que muito
me fez refletir e me motivou -
16:11 - 16:13é Stephen Hawking.
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16:14 - 16:16Eu não o conheço pessoalmente.
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16:16 - 16:19Só de livros, filmes, televisão,
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16:19 - 16:23mas você já imaginou se Hawking
e muitas outras pessoas como ele -
16:23 - 16:26não tivessem acesso
à sua tecnologia assistiva? -
16:26 - 16:32Aquilo impediria a exposição
da sua comunicação, -
16:32 - 16:34a exposição da sua genialidade.
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16:34 - 16:38Quanto impacto ele já não teve no mundo?
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16:39 - 16:42Quanto impacto Hawking
já não teve no mundo? -
16:43 - 16:47Quantas pessoas podem estar
escondidas em reclusão, -
16:47 - 16:50com medo do mundo, pela falta da inclusão?
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16:52 - 16:55Não podemos deixar essas pessoas de fora.
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16:55 - 16:58Precisamos evitar essa reclusão ao máximo.
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16:58 - 17:02Ouça o seu próximo e assim
você vai conseguir fazer tecnologias -
17:02 - 17:04que realmente impactam a vida dele.
-
17:04 - 17:08Você vai conseguir ajudar
o seu amigo, o seu companheiro, -
17:08 - 17:12uma pessoa que você conheceu
que tem algum problema. -
17:12 - 17:16Precisamos criar tecnologias
e fazer o que for preciso, -
17:16 - 17:19o que for necessário,
para a inclusão de todos. -
17:22 - 17:23E, sabem?
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17:24 - 17:28Você também acredita
naquele mundo de que falei no início, -
17:29 - 17:34um mundo para todas as pessoas,
independente de suas limitações humanas, -
17:34 - 17:39de suas condições físicas,
motoras, psíquicas, -
17:39 - 17:42um mundo para todas as pessoas, todas,
-
17:42 - 17:45um mundo justo, com tratamentos
iguais e honestos, -
17:45 - 17:50no qual a inclusão não é só uma questão
de sonho, e sim uma realidade? -
17:51 - 17:55Se você acredita, está aqui
um papel em branco -
17:55 - 18:00para que você também possa começar,
junto comigo, a criá-lo, -
18:00 - 18:06e ser também um bit positivo, um bit um,
na vida de outras pessoas. -
18:06 - 18:07Obrigado.
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18:07 - 18:10(Aplausos)
- Title:
- Não é só sobre tecnologias, é sobre pessoas! | Marcos Antonio Oliveira da Penha | TEDxBlumenau
- Description:
-
Essa palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
Em uma breve retrospectiva de sua vida, Marcos vê o impacto das pessoas em sua trajetória profissional no campo da tecnologia. A partir daí ele foca no que as pessoas podem nos trazer de inovador e o que podemos fazer por elas, sempre com o intuito de transformar nosso mundo em um lugar mais acessível, justo, inclusivo e melhor para todos. Assim, podemos acreditar que um mundo melhor é possível, a partir de nossas ações para e com os outros.
Marcos acredita que a tecnologia pode e deve transformar nosso mundo em um lugar melhor, mais inclusivo e justo para todos. Encarando o potencial inovador das tecnologias assistivas, da computação vestível e da internet das coisas, e fascinado pela cultura da criação, ele é co-fundador da AnnuitWalk, uma "startup" reconhecida internacionalmente por vários prêmios e pela ONU em 2015, por suas soluções para mobilidade e inclusão social para deficientes visuais.
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:18