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Não é só sobre tecnologias, é sobre pessoas! | Marcos Antonio Oliveira da Penha | TEDxBlumenau

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    Imagine um mundo totalmente acessível.
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    Um mundo onde todas as pessoas,
    independente de suas deficiências,
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    tivessem a mesma e justa
    oportunidade de ir e vir
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    sem enfrentar qualquer problema.
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    Um mundo sem preconceitos,
    com tratamentos iguais e honestos.
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    Um mundo pensado em todos
    e para o bem de todos.
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    Um mundo onde pessoas
    não são coagidas a sair de casa
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    por causa de possíveis maus olhados
    por suas deficiências,
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    e um mundo onde o preparo
    dos ambientes públicos e privados
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    para a inclusão dessas pessoas fosse real.
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    Um mundo sem reclusão.
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    Eu acredito que um mundo assim é possível.
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    E meu maior sonho, meu objetivo de vida,

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    é ajudar a criar esse mundo real,
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    esse mundo ideal.
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    E vocês?
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    Quando estive pensando
    no que poderia compartilhar,
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    nesse tema, com vocês aqui hoje,
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    eu fiz uma introspecção
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    no meu eu interior,
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    pra tentar entender
    por que eu me apaixonei
  • 1:21 - 1:25
    por criar um mundo melhor
    pra pessoas com deficiência.
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    E aí fiz uma viagem no tempo.
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    Lembrei de algumas coisas que eu fazia
    quando ainda era bem pequenininho.
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    E comecei a perceber que aquilo
    já estava dentro de mim há algum tempo.
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    E parte desse turbilhão
    de sentimentos e sensações,
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    de resgate interno,
    veio quando lembrei dos meus avós.
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    Sim, por muito tempo eu fui e sou,
    menino criado por "vô" e por "vó".
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    Esses são meus avós.
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    Na foto da esquerda
    é a minha vovó por parte de mãe.
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    Ela foi embora do mundo já faz dois anos.
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    Eu a amava e a amo muito.
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    Ela me faz uma falta muito grande.
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    Ela sofria com alguns problemas físicos,
    consequência de mal de Parkinson.
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    E isso fazia com que ela passasse
    muito tempo na rede de balanço.
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    Por passar tanto tempo ali,
    ela gostava muito que alguém a balançasse.
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    Mas nem sempre tinha alguém por perto.
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    Às vezes alguém estava trabalhando,
    ou não podia estar sempre em casa com ela.
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    Então eu tive uma ideia bem simples,
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    mas que, mal sabia eu,
    aquele poderia ser o meu início
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    nessa jornada sobre
    as tecnologias assistivas.
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    Eu fiz um puxador de rede.
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    Era uma corda com um elástico,
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    na parte onde segura
    tinha um pedaço de pano
  • 2:52 - 2:55
    pra ficar mais confortável,
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    e era amarrado no pé da cama,
    no quarto dela.
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    Ela puxava e conseguia se balançar.
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    E assim ela podia
    se balançar o quanto quisesse,
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    na hora em que quisesse.
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    E olha, não é que isso
    a ajudava até a se acalmar,
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    e inclusive aliviar alguns sintomas?
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    E esse senhor aí na foto da direita?
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    É o meu vovô por parte de pai.
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    Ele tem Alzheimer já faz mais de 15 anos
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    e, desde que ele começou a ficar doente,
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    eu quis muito ajudá-lo.
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    E por diversas vezes
    eu tentava contar diversas histórias
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    pra tentar fazer com que ele
    se relembrasse do passado dele,
  • 3:42 - 3:44
    de suas memórias.
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    Mas infelizmente essa doença é cruel
  • 3:48 - 3:49
    e ainda não consegui fazer muito.
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    Gosto de lembrar dele como meu vovô,
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    tranquilo, sorridente, brincalhão,
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    os óculos bonitões e estilosos,
  • 4:01 - 4:06
    e que sempre procurava fazer o bem,
    ajudar o próximo da melhor forma possível.
  • 4:06 - 4:10
    Eu costumo dizer que minha vida
    é feita de muitos altos e baixos,
  • 4:10 - 4:13
    e que cada momento desses
    tem um propósito:
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    me colocar em prova.
  • 4:18 - 4:20
    Então eu cresci,
  • 4:20 - 4:24
    e apesar de ter pensado
    em inúmeros rumos diferentes,
  • 4:24 - 4:27
    não tinha outro caminho a seguir
    senão o da tecnologia.
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    Apesar disso não estar
    tão claro pra mim na época,
  • 4:32 - 4:36
    mas minha esposa, namorada na época,
  • 4:36 - 4:41
    quando eu estava nesse processo
    de indecisão, ela me sugeriu,
  • 4:41 - 4:44
    na verdade ela praticamente me obrigou,
  • 4:44 - 4:46
    a seguir no ramo da tecnologia,
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    da computação,
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    pois, segundo ela,
  • 4:50 - 4:55
    via meu amor pela tecnologia
    e tudo que eu poderia criar através dela.
  • 4:55 - 5:00
    E hoje agradeço de coração por isso tudo.
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    Eu também comecei a perceber.
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    Pra mim, a área com mais possibilidades
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    pra uma mente diversa
    e inquieta como a minha,
  • 5:10 - 5:15
    e mais próxima ainda da emoção
    de testar infinitas possibilidades
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    do imáginário e da ficção,
    que não param de rodopiar na minha mente.
  • 5:21 - 5:26
    E à medida que as condições financeiras
    da minha família foram melhorando,
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    meus pais, empenhados em me dar o melhor,
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    me colocavam em cursos e mais cursos
    daquilo que eu tanto gostava de fazer:
  • 5:35 - 5:40
    coisas, coisas que se mexiam
    e que faziam outras coisas,
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    coisas que hoje talvez sejam até
    conhecidas como a internet das coisas.
  • 5:45 - 5:49
    Comecei a trabalhar
    e vivenciar bem de perto
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    o que a indústria de TI vem fazendo,
  • 5:53 - 5:56
    os seus softwares,
    seus hardwares, seus processos,
  • 5:56 - 6:01
    seus posicionamentos quanto à resolução
    dos problemas dos clientes,
  • 6:01 - 6:04
    as necessidades desses clientes.
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    Passei por diversas empresas
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    onde o processo burocrático
    e mal pensado no cliente
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    de se fazer tecnologia
    me frustraram bastante.
  • 6:17 - 6:22
    Era uma visão a mais no lucro
    e outra a menos no cliente,
  • 6:22 - 6:24
    na real possibilidade de solução.
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    Por vezes eu me perguntava
    se era isso mesmo que eu queria.
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    Na época minha esposa estava
    na graduação de psicologia
  • 6:35 - 6:37
    e eu a invejava quando ela chegava
  • 6:37 - 6:43
    contando sobre as inúmeras
    teorias, práticas e dinâmicas
  • 6:43 - 6:47
    que poderiam ser feitas
    com e para as pessoas.
  • 6:47 - 6:51
    Isso me inspirou a buscar
    mais valor no meu trablaho.
  • 6:51 - 6:54
    E se você for olhar
    pra o mercado atual bem de perto,
  • 6:54 - 6:58
    você vai ver que grandes empresas
    adotam metodologias e processos
  • 6:58 - 6:59
    mais póximos aos clientes,
  • 6:59 - 7:02
    criando uma cultura
    mais próxima das pessoas.
  • 7:02 - 7:06
    Também vendo o quanto é importante pessoas
    diferentes, com backgrounds diferentes,
  • 7:06 - 7:10
    especialidades, conhecimentos
    e até estilos de vida diferentes.
  • 7:10 - 7:16
    Humanas, exatas, saúde, psicólogos,
    biólogos, engenheiros, cientistas,
  • 7:16 - 7:20
    todos juntos para a inovação,
  • 7:20 - 7:23
    para a chegada a um consenso
    comum mais justo,
  • 7:23 - 7:26
    quando se avalia
    as necessidades de um cliente.
  • 7:27 - 7:32
    Pois cada um de nós tem um ponto de vista,
    e como já dizia o ditado,
  • 7:32 - 7:36
    todo ponto de vista é a vista de um ponto.
  • 7:36 - 7:39
    Então somos todos humanos,
    passíveis ao erro.
  • 7:39 - 7:42
    Foi natural começar
    a se envolver com o assunto.
  • 7:42 - 7:46
    Comecei então a procurar
    e explorar isso na faculdade,
  • 7:46 - 7:48
    mudei de emprego,
    pra um onde podia aprender mais
  • 7:48 - 7:52
    sobre esse bicho chamado
    projetos de inovação,
  • 7:52 - 7:54
    que tanto me encantava
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    e me trazia animação de participar mais
    daquele montão de coisas
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    que uma empresa moderna fazia.
  • 7:59 - 8:00
    Estar perto.
  • 8:01 - 8:05
    Fazer coisas de mais impacto,
    esse foi o trampolim
  • 8:05 - 8:10
    pra começar a me envolver mais
    com esse lado mais ciência,
  • 8:10 - 8:14
    com pesquisa de campo,
    com projetos de impacto social,
  • 8:14 - 8:19
    e então, com tecnologias
    de impacto, com propósito,
  • 8:19 - 8:21
    e chegar às tecnologias assistivas.
  • 8:21 - 8:24
    E foi nesse momento que tudo começou
    a fazer mais sentido pra mim.
  • 8:25 - 8:31
    Pois o menino amoroso, que gostava tanto
    de abraços e de fazer o bem,
  • 8:32 - 8:37
    também pode ser despertado
    a ajudar o próximo através da tecnologia.
  • 8:37 - 8:41
    E como aquilo me encantava,
    e muitas vezes me incomodava,
  • 8:41 - 8:43
    pois eram coisas simples
    que poderiam ser feitas
  • 8:43 - 8:46
    pra melhorar a vida de uma pessoa
  • 8:46 - 8:50
    e eu não conseguia entender
    como aquilo ainda não tinha sido feito.
  • 8:50 - 8:55
    Tanto podia ser feito usando recursos
    tecnológicos tão facilmente acessíveis,
  • 8:55 - 8:58
    disponibilizados na web,
  • 8:58 - 9:01
    como API de processamento de imagens,
  • 9:01 - 9:06
    maps on-line, GPS, plataforma
    de prototipação rápida de hardware,
  • 9:06 - 9:10
    tudo simples de ser usado, se você já tem
    um mínimo de conhecimento na área.
  • 9:10 - 9:14
    Mas até saindo
    pra um contexto mais externo,
  • 9:14 - 9:17
    indo até pra um contexto
    sem muita eletrônica envolvida,
  • 9:17 - 9:19
    ainda tinha muito que podia ser feito,
  • 9:19 - 9:24
    de forma simples e direta,
    e resolver o problema de alguém.
  • 9:24 - 9:29
    Meti a cara, mergulhei no assunto,
    e à medida que fui me envolvendo,
  • 9:29 - 9:34
    conheci pessoas fascinantes,
    com lindas histórias de superação.
  • 9:34 - 9:39
    E o amor envolvido no fazer
    daquelas pessoas era massa, era recíproco.
  • 9:39 - 9:43
    E aí eu vivenciei tanta coisa
    que a minha mente fez um "tchan":
  • 9:44 - 9:47
    "Puxa, quanta coisa simples
    a gente pode fazer
  • 9:47 - 9:54
    pra tornar o mundo um lugar
    um pouquinho melhor pra essas pessoas.
  • 9:54 - 9:56
    Eu tenho que me envolver com isso".
  • 9:56 - 9:59
    Por mais encantador que isso pareça,
    nem todo mundo me entendia na época.
  • 9:59 - 10:04
    Aliás, muita gente não me entendia.
    Quando chegava com a ideia de um projeto
  • 10:04 - 10:06
    com intuito de ajudar
    uma minoria de pessoas,
  • 10:06 - 10:11
    ouvia diversas vezes que eu poderia
    fazer melhor, ganhar mais dinheiro,
  • 10:11 - 10:14
    alcançar mais gente e ter mais lucro.
  • 10:14 - 10:17
    O famoso: "Desista,
    isso não vai dar certo".
  • 10:17 - 10:22
    Eu ouvi, ouvi, ouvi e ouvi.
  • 10:23 - 10:25
    Por muitas vezes me perguntei
  • 10:25 - 10:30
    por que tem pessoas no mundo
    que são tão negativas.
  • 10:30 - 10:33
    Por que tanta gente é tão competitiva,
  • 10:33 - 10:35
    só pensando no lucro
  • 10:35 - 10:39
    e esquecendo dos problemas da sociedade
    que temos pra resolver?
  • 10:39 - 10:42
    E eu entendi que isso é até natural,
  • 10:42 - 10:47
    talvez seja algo
    que está nos deteriorando,
  • 10:47 - 10:53
    que venha junto com esse sangue
    capitalista e competitivo em demasia.
  • 10:53 - 10:58
    Mas gosto de imaginar
    a linha do tempo de nossas vidas
  • 10:58 - 11:01
    como bits de um computador.
  • 11:01 - 11:03
    Vocês sabem como funciona?
  • 11:04 - 11:06
    Em computação utilizamos
    a abstração de zeros e uns
  • 11:06 - 11:10
    pra indicar o sinal
    de ligado ou desligado.
  • 11:11 - 11:14
    É mais ou menos o que ocorre
    num osciloscópio,
  • 11:14 - 11:20
    aquele instrumento do hospital
    que faz bip-bip-bip
  • 11:20 - 11:23
    e indica como está a situação
    da vida de uma pessoa.
  • 11:24 - 11:27
    Então a linha do tempo
    das nossas vidas é como bits.
  • 11:27 - 11:30
    Vivemos oscilando entre momentos altos
  • 11:30 - 11:32
    e momentos baixos.
  • 11:32 - 11:36
    Por muitas vezes, quando eu iniciava
    um projeto totalmente estimulado,
  • 11:36 - 11:39
    pessoas chegavam a mim
    e me diziam coisas negativas.
  • 11:39 - 11:42
    "Ah, esse projeto não vai dar certo."
  • 11:42 - 11:45
    "Já tem muita coisa similar
    no mercado, desista."
  • 11:45 - 11:47
    E ouvir tudo isso, eu confesso,
    me desestimulava a continuar,
  • 11:47 - 11:51
    e aos poucos me tirava
    forças pra seguir adiante,
  • 11:51 - 11:54
    porque me tirava o sentimento
    de que eu realmente estava fazendo o bem,
  • 11:54 - 11:57
    algo que iria mudar
    a vida de alguma pessoa,
  • 11:57 - 12:01
    de uma comunidade, de um país
    e, quem sabe, do mundo.
  • 12:02 - 12:04
    Mas eu vou contar uma coisa pra vocês.
  • 12:05 - 12:08
    Quando a gente ouve não apenas os elogios,
  • 12:08 - 12:11
    mas também aquelas críticas
    que derrubam a gente,
  • 12:11 - 12:13
    o segredo é não desistir.
  • 12:15 - 12:18
    Mesmo nos momentos de bit zero,
  • 12:18 - 12:22
    temos que tentar pensar como um bit um.
  • 12:22 - 12:23
    Manter o bit ligado.
  • 12:25 - 12:27
    Ouvir e seguir em frente.
  • 12:27 - 12:30
    Ser realmente um bit um.
  • 12:32 - 12:34
    Infelizmente temos que ouvir de tudo,
  • 12:34 - 12:40
    da crítica vamos reter tudo aquilo
    que podemos melhorar
  • 12:40 - 12:43
    e do elogio, aquilo que temos
    que melhorar ainda mais.
  • 12:44 - 12:49
    Isso foi um grande aprendizado que tive,
    e que é o de ouvir, simplesmente ouvir.
  • 12:49 - 12:51
    Às vezes é necessário
    ser humilde o suficiente
  • 12:51 - 12:56
    pra ouvir, aceitar, acreditar,
  • 12:56 - 12:58
    dar forças pro seu próximo,
  • 12:58 - 13:02
    e ser aquele bit um no momento
    em que ele mais precisa.
  • 13:03 - 13:06
    Foi através do ouvir que eu descobri
    a maravilha que é esse mundo
  • 13:06 - 13:09
    e as coisas boas
    que podemos fazer pra ele.
  • 13:09 - 13:13
    Foram histórias como estas,
    que eu vou contar pra vocês,
  • 13:13 - 13:16
    que me fizeram levantar,
    botar as mãos à obra,
  • 13:16 - 13:18
    pra ser esse bit um,
  • 13:18 - 13:22
    pra, quem sabe, mudar a vida
    nem que seja de uma pessoa.
  • 13:22 - 13:24
    Uma dessas pessoas foi o Washington,
  • 13:24 - 13:27
    cego desde pequeno,
    desde seus quatro anos,
  • 13:27 - 13:31
    ele enfrentava alguns problemas
    quando o assunto era jogar futebol.
  • 13:31 - 13:35
    Muitos diziam que não era possível,
    que ele devia se contentar com isso,
  • 13:35 - 13:41
    mas o irmão dele um dia pegou uma bola
    e envolveu-a com uma sacola de pão.
  • 13:41 - 13:45
    E, ao chutar a bola, o som reproduzido
    permitia que ele jogasse.
  • 13:46 - 13:51
    Eis uma simples tecnologia assistiva
    que mudou o mundo de Washington.
  • 13:51 - 13:56
    Outra vez ele também
    me contou que por ser cego
  • 13:56 - 13:59
    muitos não acreditavam
    nas suas capacidades;
  • 13:59 - 14:03
    que, por exemplo, ele não poderia
    andar de bicicleta.
  • 14:04 - 14:09
    Mas o seu pai acreditou nele.
  • 14:10 - 14:13
    Deu todas as forças
    pra que isso se tornasse realidade.
  • 14:13 - 14:19
    Comprou uma bicicleta e logo, com o tempo,
    conseguia seguir o som de seu coração
  • 14:19 - 14:21
    e aprender a andar de bicicleta.
  • 14:21 - 14:25
    Às vezes a gente não tem
    que mudar o mundo todo.
  • 14:26 - 14:29
    Basta a gente mudar o mundo de uma pessoa,
  • 14:29 - 14:33
    acreditar nela, ajudá-la, dar apoio.
  • 14:33 - 14:37
    Outra história que eu quero compartilhar
    aqui com vocês é a de André Damião.
  • 14:37 - 14:39
    Quando ele saía, que voltava de casa,
  • 14:39 - 14:43
    sempre tinha um caminhão
    que estacionava de maneira diferente.
  • 14:43 - 14:46
    Ele botava a caçamba pra cima da calçada,
  • 14:46 - 14:50
    e com isso por vezes ele se acidentava,
    chegou uma vez a cortar o supercílio.
  • 14:50 - 14:56
    Imagine a dificuldade dele de enfrentar
    problemas como esse em seu dia a dia,
  • 14:56 - 14:59
    em sua mobilidade, sem saber o que fazer.
  • 14:59 - 15:03
    Histórias como essas me motivaram
    a desenvolver o projeto AnnuitWalk,
  • 15:03 - 15:05
    que se trata de um óculos inteligente
  • 15:05 - 15:08
    com detecção de obstáculos
    para deficientes visuais
  • 15:08 - 15:12
    que foi se desdobrando,
    junto com muitos outros amigos,
  • 15:12 - 15:17
    em vários outros serviços, como GPS,
    aplicativos de recomendação de rota,
  • 15:17 - 15:21
    descrição de ambientes,
    reconhecimento de objetos,
  • 15:21 - 15:25
    tudo com o propósito de tornar o mundo
    mais acessível para as pessoas cegas.
  • 15:25 - 15:28
    E deste também vieram muitos outros,
  • 15:28 - 15:31
    para pessoas com diferentes
    tipos de deficiência.
  • 15:33 - 15:37
    Afinal de contas, todos nós
    somos humanos e imperfeitos.
  • 15:37 - 15:44
    Todos nós temos uma constante
    batalha dentro de nós mesmos
  • 15:44 - 15:47
    pra tentarmos melhorar, encarar barreiras,
  • 15:47 - 15:50
    e talvez a minha maior deficiência,
  • 15:51 - 15:55
    a maior barreira que eu enfrento,
  • 15:59 - 16:03
    que eu esteja enfrentando aqui hoje,
    seja a barreira da comunicação.
  • 16:07 - 16:10
    A outra pessoa que muito
    me fez refletir e me motivou
  • 16:11 - 16:13
    é Stephen Hawking.
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    Eu não o conheço pessoalmente.
  • 16:16 - 16:19
    Só de livros, filmes, televisão,
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    mas você já imaginou se Hawking
    e muitas outras pessoas como ele
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    não tivessem acesso
    à sua tecnologia assistiva?
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    Aquilo impediria a exposição
    da sua comunicação,
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    a exposição da sua genialidade.
  • 16:34 - 16:38
    Quanto impacto ele já não teve no mundo?
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    Quanto impacto Hawking
    já não teve no mundo?
  • 16:43 - 16:47
    Quantas pessoas podem estar
    escondidas em reclusão,
  • 16:47 - 16:50
    com medo do mundo, pela falta da inclusão?
  • 16:52 - 16:55
    Não podemos deixar essas pessoas de fora.
  • 16:55 - 16:58
    Precisamos evitar essa reclusão ao máximo.
  • 16:58 - 17:02
    Ouça o seu próximo e assim
    você vai conseguir fazer tecnologias
  • 17:02 - 17:04
    que realmente impactam a vida dele.
  • 17:04 - 17:08
    Você vai conseguir ajudar
    o seu amigo, o seu companheiro,
  • 17:08 - 17:12
    uma pessoa que você conheceu
    que tem algum problema.
  • 17:12 - 17:16
    Precisamos criar tecnologias
    e fazer o que for preciso,
  • 17:16 - 17:19
    o que for necessário,
    para a inclusão de todos.
  • 17:22 - 17:23
    E, sabem?
  • 17:24 - 17:28
    Você também acredita
    naquele mundo de que falei no início,
  • 17:29 - 17:34
    um mundo para todas as pessoas,
    independente de suas limitações humanas,
  • 17:34 - 17:39
    de suas condições físicas,
    motoras, psíquicas,
  • 17:39 - 17:42
    um mundo para todas as pessoas, todas,
  • 17:42 - 17:45
    um mundo justo, com tratamentos
    iguais e honestos,
  • 17:45 - 17:50
    no qual a inclusão não é só uma questão
    de sonho, e sim uma realidade?
  • 17:51 - 17:55
    Se você acredita, está aqui
    um papel em branco
  • 17:55 - 18:00
    para que você também possa começar,
    junto comigo, a criá-lo,
  • 18:00 - 18:06
    e ser também um bit positivo, um bit um,
    na vida de outras pessoas.
  • 18:06 - 18:07
    Obrigado.
  • 18:07 - 18:10
    (Aplausos)
Title:
Não é só sobre tecnologias, é sobre pessoas! | Marcos Antonio Oliveira da Penha | TEDxBlumenau
Description:

Essa palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Em uma breve retrospectiva de sua vida, Marcos vê o impacto das pessoas em sua trajetória profissional no campo da tecnologia. A partir daí ele foca no que as pessoas podem nos trazer de inovador e o que podemos fazer por elas, sempre com o intuito de transformar nosso mundo em um lugar mais acessível, justo, inclusivo e melhor para todos. Assim, podemos acreditar que um mundo melhor é possível, a partir de nossas ações para e com os outros.

Marcos acredita que a tecnologia pode e deve transformar nosso mundo em um lugar melhor, mais inclusivo e justo para todos. Encarando o potencial inovador das tecnologias assistivas, da computação vestível e da internet das coisas, e fascinado pela cultura da criação, ele é co-fundador da AnnuitWalk, uma "startup" reconhecida internacionalmente por vários prêmios e pela ONU em 2015, por suas soluções para mobilidade e inclusão social para deficientes visuais.

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:18

Portuguese, Brazilian subtitles

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