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Em busca de momentos "ahá!"

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    Estamos em 1969, em Nova Iorque,
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    na aula de música do terceiro ano.
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    Nosso professor nos leva a uma sala
    com apenas um piano e cadeiras.
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    Um por vez, ele nos chama,
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    toca o dó central e pede para cantarmos.
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    ♪ Lá-lá-lá-lá ♪
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    Depois, você é mandado
    para o lado direito da sala
  • 0:28 - 0:30
    ou para o lado esquerdo da sala.
  • 0:30 - 0:32
    (Risos)
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    E quando todas as 35 crianças terminaram,
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    o lado esquerdo da sala, onde eu estava,
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    foi mandado de volta para a sala anterior.
  • 0:44 - 0:47
    (Risos)
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    E nenhum de nós teve
    aula de música novamente
  • 0:52 - 0:53
    no ensino fundamental.
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    Foi estabelecido quem estava
    dentro e fora do clube,
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    e eu nem sabia qual era
    o teste, naquele momento.
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    Alguns anos depois, na aula de inglês...
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    (Risos)
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    na primeira prova do semestre,
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    recebo a prova de volta;
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    tirei 7,5
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    e o comentário: "Dentro do esperado".
  • 1:23 - 1:25
    (Risos)
  • 1:27 - 1:30
    De verdade, não me importo com um 7,5.
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    Eu estava feliz por não ter sido
    um 7 ou um 6,5.
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    Mas o "dentro do esperado"...
  • 1:37 - 1:40
    ainda mais naquela idade,
    não me pareceu correto.
  • 1:41 - 1:43
    Me pareceu limitador.
  • 1:46 - 1:51
    Quantos de vocês já tiveram
    uma experiência similar
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    na escola ou no trabalho?
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    Não estamos sozinhos.
  • 1:59 - 2:03
    Acho irônico
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    minha vida ter me levado a uma carreira
  • 2:07 - 2:11
    de escrever e fazer música
    para o "Blue Man Group"
  • 2:11 - 2:13
    (Risos)
  • 2:13 - 2:14
    e criar uma escola.
  • 2:14 - 2:16
    (Risos)
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    Mas a escola foi uma tortura para mim.
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    Como alguém que não sentia
    uma inclinação acadêmica natural
  • 2:24 - 2:28
    e era incompreendido pelos professores,
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    eu não sabia lidar com as escolas
    e elas não sabiam o que fazer de mim.
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    Comecei a questionar, mesmo naquela época,
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    se esses ambientes sabiam
    mesmo o que fazer
  • 2:41 - 2:45
    com pessoas que não
    se encaixavam no modelo padrão;
  • 2:45 - 2:48
    e por que não remodelávamos os ambientes
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    para aproveitar as qualidades das pessoas?
  • 2:53 - 2:55
    Comecei a crer
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    que precisamos cultivar
    condições seguras e propícias
  • 3:01 - 3:06
    para que ideias novas e inovadoras
    cresçam e prosperem.
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    Sabemos que humanos
    são naturalmente inovadores,
  • 3:11 - 3:13
    pois, se não fôssemos,
  • 3:13 - 3:17
    ainda estaríamos usando as mesmas
    ferramentas de 10 mil anos atrás.
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    Uma das coisas que questionei foi:
  • 3:22 - 3:26
    há maneiras de inovar mais facilmente
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    e com mais frequência?
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    É possível pegar esses momentos "ahá!",
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    aquelas epifanias que parecem
    ocorrer aleatoriamente e ocasionalmente,
  • 3:38 - 3:42
    e fazer com que ocorram
    intencionalmente e frequentemente?
  • 3:43 - 3:46
    Em 1988, quando começamos
    o Blue Man Group,
  • 3:46 - 3:50
    nunca havíamos feito um espetáculo
    no "off-Broadway" antes.
  • 3:50 - 3:52
    Quase não nos envolvíamos com o teatro.
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    Mas sabíamos da nossa paixão
  • 3:56 - 4:00
    por várias coisas que nunca
    havíamos visto no palco antes:
  • 4:00 - 4:04
    arte, cultura pop, tecnologia, sociologia,
  • 4:04 - 4:10
    antropologia, percussão, comédia
    e busca da própria felicidade.
  • 4:12 - 4:14
    Tínhamos uma regra:
  • 4:14 - 4:18
    não faríamos nada do que já
    tínhamos visto num palco antes,
  • 4:19 - 4:22
    e queríamos inspirar
    criatividade e conectividade
  • 4:22 - 4:25
    entre nós mesmos e nosso público;
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    queríamos fazer um pouco de bem social,
  • 4:28 - 4:30
    e nos divertir enquanto isso.
  • 4:30 - 4:32
    E, no nosso escritório,
  • 4:32 - 4:35
    queríamos criar um ambiente
    em que as pessoas tratassem umas às outras
  • 4:35 - 4:37
    só um pouco melhor,
  • 4:37 - 4:41
    só com um pouco mais
    de respeito e consideração
  • 4:41 - 4:43
    do que no mundo lá fora.
  • 4:45 - 4:50
    E continuamos a iterar,
    colaborar e arranjar soluções
  • 4:50 - 4:53
    para criar coisas inéditas.
  • 4:55 - 5:00
    Com o tempo, consegui identificar
    que as condições ideais
  • 5:00 - 5:06
    para ambientes criativos e inovadores são:
  • 5:06 - 5:08
    objetivo, propósito e paixão claros:
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    trabalhar em algo maior do que nós mesmos.
  • 5:13 - 5:15
    Integridade pessoal:
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    fazer o que dizemos que iremos fazer.
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    É ser nosso eu autêntico
    em todas nossas interações.
  • 5:21 - 5:24
    Ter comunicação direta
    e expectativas claras,
  • 5:24 - 5:26
    mesmo quando o assunto é complicado.
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    Coragem e perseverança:
  • 5:29 - 5:32
    repetição, repetição, repetição.
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    Estabelecer times colaborativos.
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    Difundir a confiança profunda
    e o respeito mútuo.
  • 5:41 - 5:43
    Todos na sua equipe participam.
  • 5:43 - 5:45
    Não existe ficar fora do clube.
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    Crescemos e caímos como um time,
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    e decisões são decisões
    até que não sejam mais.
  • 5:52 - 5:54
    Incorporar múltiplas perspectivas.
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    Ou seja, todas as emoções
    e vozes são importantes.
  • 5:58 - 6:01
    Discutir as discordâncias logo de cara.
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    As pessoas devem se sentir
    vistas e escutadas.
  • 6:04 - 6:06
    Arriscar-se e celebrar os erros.
  • 6:07 - 6:10
    O compromisso de ter
    uma organização de aprendizado
  • 6:10 - 6:15
    tentando sempre manter a curva de inovação
    e aprendizado como uma espiral ascendente.
  • 6:16 - 6:18
    E falar numa só voz.
  • 6:19 - 6:23
    Essa talvez seja a cola que mantém
    todas essas condições juntas.
  • 6:24 - 6:30
    A ideia é falarmos da mesma maneira
    sobre alguém que não está na sala,
  • 6:31 - 6:32
    como se ele estivesse lá.
  • 6:33 - 6:39
    Parece simples,
    mas é uma prática ambiciosa
  • 6:39 - 6:44
    que ajuda a lidar com as situações
    difíceis com mais respeito.
  • 6:46 - 6:51
    Manter essa prática pode ter
    um efeito profundo em alcançar
  • 6:51 - 6:53
    a confiança, o respeito mútuo,
  • 6:53 - 6:58
    a redução de fofocas e politicagens
    no escritório e na sala de aula,
  • 6:58 - 7:03
    diminuindo assim o ruído
    que interrompe o processo inovador.
  • 7:04 - 7:09
    No Blue Man Group, a repetição era
    essencial para nosso processo criativo.
  • 7:09 - 7:10
    Estávamos escrevendo uma cena
  • 7:10 - 7:16
    em que tentávamos ilustrar
    o ciclo de consumo e desperdício
  • 7:16 - 7:22
    de uma forma engraçada, criativa
    e surpreendente para nosso público.
  • 7:23 - 7:28
    Se alguém aqui já pensou
    em fazer algo assim,
  • 7:29 - 7:32
    posso economizar bastante
    do seu tempo aqui e agora.
  • 7:33 - 7:35
    Posso definitivamente lhes dizer
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    que mingau de aveia,
    gelatina, molho branco,
  • 7:41 - 7:47
    pudim, argila, tapioca,
    massinha de modelar e extrato de tomate
  • 7:47 - 7:53
    não deslizam por um tubo enrolado
    por baixo de suas fantasias
  • 7:53 - 7:57
    para sair por um orifício no seu peito
  • 7:57 - 7:59
    e respingar no público.
  • 8:00 - 8:01
    Nem tentem.
  • 8:01 - 8:03
    (Risos)
  • 8:03 - 8:10
    Depois de meses de repetição,
    finalmente conseguimos com bananas.
  • 8:10 - 8:11
    (Risos)
  • 8:11 - 8:15
    Quem diria que bananas
    teriam as propriedades perfeitas
  • 8:15 - 8:20
    para se manterem sólidas mesmo
    sendo empurradas por um tubo,
  • 8:20 - 8:26
    mas ainda seriam escorregadias o bastante
    para terem o dramático efeito gosmento
  • 8:27 - 8:28
    que tanto queríamos.
  • 8:28 - 8:30
    (Risos)
  • 8:30 - 8:34
    Esta cena virou um clássico
    do espetáculo do Blue Man.
  • 8:35 - 8:39
    Mas não jogamos fora
    todas as regras do teatro.
  • 8:39 - 8:43
    Tínhamos projeto de cenário,
    de iluminação.
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    Tínhamos um diretor de palco
    dirigindo os shows.
  • 8:46 - 8:50
    Mas tenho quase certeza que fomos
    um dos primeiros espetáculos
  • 8:50 - 8:54
    a conectar-se respeitosamente
    com seu público
  • 8:54 - 8:56
    pendurando-os de cabeça para baixo,
  • 8:56 - 8:59
    (Risos)
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    mergulhando-os em tinta,
  • 9:01 - 9:04
    lançando-os contra uma lona,
  • 9:04 - 9:05
    (Risos)
  • 9:05 - 9:09
    enfiando sua cabeça
    em 30 litros de gelatina
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    e depois transformando-os
    em um dos heróis do espetáculo.
  • 9:15 - 9:18
    (Risos)
  • 9:18 - 9:22
    Além disso, não reinventamos
    o que não precisava ser reinventado.
  • 9:24 - 9:27
    (Risos)
  • 9:29 - 9:35
    Anos depois, pegamos todo
    esse aprendizado e criamos uma escola...
  • 9:37 - 9:41
    uma escola para nossas crianças,
    que nós queríamos ter frequentado.
  • 9:42 - 9:49
    Uma escola em que o que acontece nos
    corredores no intervalo é tão importante
  • 9:49 - 9:52
    quanto o que acontece nas aulas.
  • 9:53 - 9:59
    Um lugar em que, mesmo não conseguindo
    cantar um dó, pode-se ter aula de música.
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    Na Blue School, pais,
    professores e estudantes
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    colaboram igualmente nas decisões,
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    criando intencionalmente um espaço seguro,
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    onde poderão desenvolver uma paixão
    eterna e alegre pelo aprendizado.
  • 10:14 - 10:18
    Novamente, não tentamos reinventar
    a roda quando não é necessário.
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    Não evitamos os métodos mais tradicionais,
  • 10:21 - 10:25
    como a instrução direta, quando
    eles são a melhor maneira de aprender.
  • 10:25 - 10:32
    Mas nós os equilibramos com um aprendizado
    integrado com todas as abordagens,
  • 10:32 - 10:33
    e o equilíbrio é a chave.
  • 10:34 - 10:37
    Na realidade, a Blue School é baseada
  • 10:37 - 10:43
    no equilíbrio entre o domínio
    acadêmico, o pensamento criativo
  • 10:43 - 10:46
    e a inteligência emocional e social.
  • 10:47 - 10:50
    Eu sei que isso parece ser senso comum,
  • 10:50 - 10:54
    mas, em alguns lugares, isso é radical.
  • 10:54 - 10:56
    (Risos)
  • 10:56 - 11:01
    Essas qualidades trouxeram bastante
    atenção para a Blue School
  • 11:01 - 11:03
    como uma escola realmente inovadora.
  • 11:06 - 11:08
    Quase dez anos depois,
  • 11:09 - 11:12
    anunciamos a expansão
    do nosso ensino fundamental.
  • 11:12 - 11:15
    Nosso corpo docente quis
    que os estudantes do sexto ano
  • 11:15 - 11:18
    participassem no desenvolvimento
    dos valores do ensino fundamental.
  • 11:19 - 11:21
    O processo começou com um questionamento:
  • 11:21 - 11:28
    "O que você precisa da nossa comunidade
    para ser feliz e produtivo na escola?"
  • 11:29 - 11:31
    Os alunos passaram
    por um processo de seis semanas
  • 11:31 - 11:34
    de trabalhos individuais e colaborativos,
  • 11:34 - 11:36
    refinamento e consenso,
  • 11:36 - 11:42
    e geraram uma lista muito incrível.
  • 11:44 - 11:47
    Seja presente e se envolva com o próximo.
  • 11:49 - 11:55
    Respeite e apoie o que o outro
    precisa para aprender.
  • 11:57 - 12:00
    Seja inclusivo na nossa diversidade,
  • 12:00 - 12:03
    na forma como olhamos, pensamos e agimos.
  • 12:06 - 12:11
    Cultive a prática de autoconsciência
    e consciência dos outros.
  • 12:12 - 12:15
    Arranje e honre o tempo para se divertir.
  • 12:16 - 12:19
    Desafiem-se,
  • 12:19 - 12:21
    pratiquem sentir-se bem
  • 12:21 - 12:23
    cometendo erros
  • 12:23 - 12:25
    e apoiando uns aos outros em seus erros.
  • 12:27 - 12:32
    Lembrem-se de que essas crianças
    tinham 11 anos quando fizeram a lista.
  • 12:33 - 12:39
    Elas articularam o que levamos
    20 anos para identificar.
  • 12:42 - 12:47
    Um grande subproduto de criar
    essas comunidades vibrantes
  • 12:48 - 12:55
    é tornar-se atrativos para pessoas
    que queiram priorizar esses valores.
  • 12:58 - 13:04
    Elas querem priorizá-los acima de coisas
    como dinheiro, prestígio e tradição.
  • 13:04 - 13:08
    Podemos estar todos juntos nessa estrada,
  • 13:08 - 13:11
    vocês com seus próprios
    valores e companhia,
  • 13:11 - 13:14
    na sua própria comunidade e famílias.
  • 13:14 - 13:20
    Para mim, o importante
    era priorizar a voz das crianças
  • 13:20 - 13:26
    para dar-lhes ferramentas que as ajudarão
    a criar um mundo harmonioso e sustentável.
  • 13:27 - 13:32
    Convido vocês a estarem nessa emocionante,
  • 13:32 - 13:36
    apaixonante e alegre jornada, juntos.
  • 13:37 - 13:42
    E unidos, o "dentro do esperado"
    não tem limites,
  • 13:43 - 13:49
    quando a expectativa é que,
    ao remodelar nossos ambientes,
  • 13:49 - 13:51
    podemos mudar o mundo.
  • 13:52 - 13:53
    Obrigado.
  • 13:53 - 13:56
    (Aplausos)
Title:
Em busca de momentos "ahá!"
Speaker:
Matt Goldman
Description:

Em 1988, Matt Goldmen foi o cofundador do "Blue Man Group", uma produção "off-Broadway" que se tornou um fenômeno, conhecido pelo seu humor, corpos pintados de azul e acrobacias loucas. A premissa do espetáculo é que certas condições podem criar "momentos ahá!", instantes de surpresa, aprendizado e exuberância, frequentes e intencionais, em vez de aleatórios e ocasionais. Agora, Goldman quer aplicar as lições aprendidas com o Blue Man Group na educação, criando a Blue School, uma escola que equilibra o domínio acadêmico, o pensamento criativo e a inteligência emocional e social. "Precisamos cultivar condições seguras e propícias para que ideias novas e inovadoras cresçam e prosperem", diz Goldman.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:11

Portuguese, Brazilian subtitles

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