-
Para além de uma vida insignificante: Uma carta aos jovens.
-
Quando atravessamos a juventude,
-
cada um de nós dispõe de um conjunto de alternativas
-
de nos tornamos uma pessoa. Imagine diversos
-
cursos de ações e de vida diferentes que podemos seguir.
-
Entretanto, nós não podemos ser tudo na vida,
-
temos de escolher um caminho e descartar os outros.
-
Este descarte, indispensável para o nosso desenvolvimento pessoal,
-
é, também, uma mutilação.
-
O dever de escolher nos priva
-
de muitos aspectos de nossa humanidade.
-
Se, no entanto, nos privamos desses aspectos por completo,
-
não nos tornaremos humanos no sentido pleno.
-
De alguma forma, nós devemos continuar sentindo
-
os movimentos dos membros
-
que cortamos.
-
Aprender a como senti-los é o primeiro grande trabalho
-
da imaginação.
-
Mais tarde, como adultos,
-
Nós lutamos no mundo e contra ele.
-
Nós estabelecemos um modo de viver e fazer.
-
Uma múmia começa a se formar ao redor de cada um de nós
-
Diminuindo nosso alcance e visão,
-
Acomodando-os às circunstâncias.
-
Começamos a morrer muitas pequenas mortes.
-
Nosso objetivo deve ser morrer apenas uma vez.
-
Podemos continuar vivendo apenas escapando da múmia.
-
Nós só podemos escapar dela, rejeitando
-
algumas das garantias
-
com o qual nos protegemos
-
contra a frustação dos nossos desejos
-
E a derrota das nossas ambições.
-
A vida vem antes do bem,
-
porque a vitalidade é a condição de
-
compaixão sustentada e magnânima.
-
Estamos submersos em uma grande e misteriosa escuridão
-
que nossas mentes são capaz de penetrar apenas em seus contornos.
-
Sorte e infelicidade, começando com o acaso
-
de nosso nascimento em uma classe particular, nação
-
ou comunidade
-
moldam a maior parte do que acontece conosco.
-
Nós não seríamos quase nada, se não lutássemos
-
contra as consequências do nosso destino,
-
e reconhecêssemos em nós mesmos
-
o espírito irracional e incontrolável
-
que todos nós somos.
-
Rebelando-se contra o menosprezo
-
da aliança entre o acaso e a sociedade,
-
nós deixamos de ser pequenos,
-
nos tornamos grandes, inabaláveis, indomáveis,
-
impávidos.
-
Nossa luta, que é condição da grandeza,
-
também poderia ser a causa da nossa perversão,
-
se não fosse transformada pelo amor.
-
Amar outra pessoa e deixar-se guiar
-
pela visão de uma tarefa,
-
são os dois eventos decisivos que uma pessoa
-
é capaz de experimentar.
-
Eles nos fazem divinos, não apenas como o Deus criador,
-
mas também como o Deus que sofre e morre.
-
Porque através deles nós, também, nos tornamos reféns
-
dos outros, que podem desafiar nosso amor
-
ou destruir nosso trabalho.
-
Esta dependência dos outros,
-
não é nossa maldição;
-
é nossa salvação.
-
Tudo isso é causado pela felicidade.
-
Neste momento estamos ambos vivos;
-
Melhor não pensarmos muito,
-
a respeito deste fato,
-
pois podemos ficar impressionados
-
e paralisados, pela felicidade.