Como as companhias de tecnologia podem combater a pandemia e remodelar a saúde pública

Karen DeSalvo, chefe do departamento de saúde da Google, explica a parceria entre a alta tecnologia e a saúde pública para abrandar a disseminação da COVID-19 — e analisa uma nova tecnologia de rastreamento de contactos recentemente lançada pela Google em parceria com a Apple, com o objetivo de aliviar a pressão sobre os trabalhadores da saúde e dotar os cientistas do tempo necessário para criarem uma vacina.
(Esta conversa virtual, apresentada pela atual curadora, Whitney Pennington Rodgers e pelo chefe do TED Chris Anderson, foi gravada a 27 de maio de 2020.)

Whitney Pennington Rodgers:
Antes de aprofundarmos

esta conversa sobre
o trabalho da Google

no rastreamento de contactos,

vamos primeiro definir a relação
entre saúde pública e tecnologia.

Eu acho que muitas pessoas,

ouvem "Google" e pensam
nesta grande empresa de tecnologia.

Pensam nela como
um motor de pesquisa.

Talvez surjam perguntas como:

"Porque é que a Google
tem uma especialista de saúde?"

Podes falar um pouco
sobre o teu trabalho

e o trabalho da tua equipa?

Karen DeSalvo: Sim, eu talvez
corporize a ideia

da ação conjunta
da saúde pública e da tecnologia.

O meu histórico é: Pratiquei
medicina durante 20 anos,

embora uma parte do meu trabalho
tenha sido sempre na saúde pública.

Na verdade, o meu primeiro trabalho
colocou-me numa faculdade,

a trabalhar no laboratório estatal
em Massachussetts.

Como a Joia Mukherjee referiu,
voltámos a relacionar-nos,

num assunto sobre Massachusetts

e ao longo do percurso do trabalho
que eu estava a realizar

para os meus pacientes

para lhes fornecer informações

e o tratamento correto e encontrar
os medicamente de que eles precisavam,

traduzido no trabalho que realizei

quando estive no Comissariado
da Saúde de Nova Orleães

e, depois, quando desempenhei outras
funções na saúde pública.

Tratava-se de pensar
nas pessoas e na comunidade,

no contexto em que vivem e como
fornecemos as melhores informações,

os melhores recursos,

os melhores serviços que sejam cultural
e linguisticamente adequados,

encontrá-los onde estiverem.

Quando surgiu a oportunidade
de me juntar à equipa da Google,

fiquei eufórica,

porque uma das coisas que aprendi
ao longo do meu percurso,

é que ter a informação certa
no tempo certo

pode fazer toda a diferença no mundo.

Pode literalmente salvar vidas.

Milhares de milhões de pessoas
recorrem ao Google diariamente,

procurando informações.

Por isso, é uma tremenda oportunidade
de oferecer as informações corretas

e os recursos para as pessoas
poderem tomar boas decisões,

para poderem ter as informações corretas,

e poderem participar na sua saúde.

E também, no contexto
desta pandemia histórica,

participarem na saúde da comunidade,

seja para achatar a curva

ou para a manter achatada
enquanto progredimos.

WPR: Então, parece que há
realmente uma ligação

entre a saúde pública
e o trabalho da Google

pensando em termos de educação pública
e de fornecimento de informações.

Podes falar-nos um pouco mais
sobre essa relação

entre saúde pública,
educação pública e Google?

KD: Certamente.

Os serviços essenciais de saúde pública

incluem a comunicação e os dados.

Estas são duas áreas em que a tecnologia
no geral, mas certamente a Google,

tem a oportunidade de fazer parceria
com o sistema de saúde pública

e com o público, para uma saúde
de forma mais abrangente.

Voltando aos primeiros
dias desta pandemia,

aproximadamente no final de janeiro,

a Google antecipou-se e começou
a divulgar informações ao público

sobre como encontrar recursos
nas suas comunidades locais,

do Centro de Controlo
e Prevenção de Doenças

ou de outras fontes oficiais.

Na página de pesquisa
colocámos "painéis de informações"

— é a forma como lhes chamamos —

e criámos um SOS de alerta,

uma coisa que já fizemos noutras crises.

Nesta crise histórica, em particular,

queríamos ter a certeza de que,
quando as pessoas pesquisassem,

encontravam informações fidedignas

que já ali se encontravam,
mas de forma bem destacada.

E fazer isso em parceria
com as entidades da saúde pública.

Começámos o nosso percurso
de forma muito informativa

para garantir que as pessoas sabiam
como adquirir as informações certas

na hora certa para salvar vidas.

Acho que o nosso percurso,
ao longo destes últimos meses,

tem sido continuarmos a estudar
como fornecer as informações

em parceria com as autoridades
da saúde pública, em áreas locais,

orientando as pessoas de um estado
para o seu departamento estatal de saúde,

e ajudando as pessoas a obterem
informações sobre os testes.

Mas também tem havido
um conjunto de recursos

que queríamos fornecer
à comunidade dos cuidados de saúde

quer fossem prestadores
de cuidados de saúde

que não tivessem acesso

a equipamentos de proteção
individual, por exemplo,

fizemos uma parceria
com a CDCFoundation.

Embora a dimensão da empresa

e a oportunidade de formarmos
parceria com a saúde pública

em coisas como ajudar
a saúde pública a perceber

se as políticas radicais de distanciamento
social para achatar a curva,

estavam a ter impacto
no comportamento da comunidade

— segundo os nossos relatórios
de mobilidade da comunidade.

Fomos abordados por agências
de saúde pública do mundo inteiro,

inclusive por alguns
dos meus colegas aqui nos EUA,

que nos pediam para os ajudar,
com base em evidências,

a perceber melhor as políticas
de distanciamento social

ou de confinamento.

Penso que falaremos disto mais adiante.

Para além deste tipo de trabalho,

também temos trabalhado
para apoiar a saúde pública

no trabalho essencial que estão
a fazer no rastreamento de contactos.

É um trabalho que envolve
muitos recursos humanos,

é muito complexo

e importantíssimo para
manter a curva achatada,

e evitar futuros surtos,

dando tempo e espaço
aos cuidados de saúde

e mais importante ainda, à ciência,

para continuarem o trabalho necessário
para a criação de tratamentos

e importantíssimo, para uma vacina.

O trabalho para fornecer
ferramentas digitais adicionais,

para a notificação de exposições

para a comunidade
de rastreamento de contactos,

é uma das outras áreas em que temos
apoiado a saúde pública.

À medida que analisamos esta pandemia,

pensamos que isso apoia os utilizadores,
ou seja, os consumidores.

Há também um sistema de saúde
e uma comunidade científica

com quem estamos a associar-nos

E, claro, com a saúde pública.

Digo para mim mesma: "Whitney,
esta é uma oportunidade maravilhosa

"para a Alta Tecnologia agir em conjunto
com as infraestruturas da saúde pública."

A saúde pública, como a Joia já disse,

é habitualmente
um herói desconhecido.

Salva-nos a vida todos os dias,
sem nos apercebermos disso.

É também uma parte
das infraestruturas da saúde,

com poucos recursos a nível mundial
mas, especialmente nos EUA.

É algo em que trabalhei muito
antes de vir para a Google.

Então, a oportunidade de parcerias

e de fazermos tudo o que podemos
enquanto empresa

e, neste caso, com o rastreamento
de contactos, em parceria com a Apple,

para criar um produto útil
que promove a privacidade

e que vai fazer parte
do mais amplo rastreamento de contactos

é algo de que estamos muito orgulhosos

e ansiosos para continuarmos
a trabalhar com a saúde pública.

Estivemos ao telefone esta manhã
com alguns grupos de saúde pública

de todo o país,

ouvindo novamente as perguntas
que fazem e que podem ser úteis.

Enquanto pensamos
no lançamento do sistema,

esta é a forma como têm sido
os últimos meses no Google,

E eu estou realmente...

Eu aterrei num lugar apenas há uns meses.

Comecei agora na Google,
onde podemos exercer impacto

naquilo que as pessoas sabem
no mundo inteiro.

E, enquanto profissional
da saúde pública e médica,

digo-te que isso é uma
das coisas mais críticas.

As pessoas precisam de ter
as informações corretas

para poderem navegar
no percurso da sua saúde,

mas também especificamente
nesta pandemia, porque vai salvar vidas.

WPR: Isso é ótimo. Obrigada.

Agora, fala-me mais sobre esse
sistema de rastreamento de contactos

e sobre a aplicação
de notificação de exposições.

Já lemos imenso sobre isso.

Podes descrever um pouco mais
como funciona a aplicação

o que é que os utilizadores veem,

que informações estão a ser colhidas?

Dá-nos uma ampla noção
do que essa aplicação faz.

KD: OK. Deixa-me só começar
por explicar o que isso é.

Na verdade, nem se trata de uma aplicação

é apenas uma API — Interface
de Programação de Aplicações.

É um sistema que permite
que uma agência de saúde pública

crie uma aplicação,

e a API, essa porta
para o sistema do telefone,

está disponível na saúde pública.

Não foi concebida com
nenhum outro objetivo

senão apoiar a saúde pública
e o trabalho que realizam

no rastreamento de contactos da Covid-19.

A segunda parte é que
queríamos construir um sistema

que salvaguardasse a privacidade,

que colocasse os utilizadores
em primeiro lugar,

e lhes desse a oportunidade
de optarem por entrar no sistema

ou optarem por saírem
quando quisessem,

e assim também têm um certo controlo
sobre a forma como estão envolvidos

e como estão a usar os telefones,

colaborando em manter a curva
achatada em todo o mundo.

O sistema foi concebido em resposta
aos pedidos que recebemos

sobre como a tecnologia,
e, em especial, os "smartphones",

podiam ser úteis
no rastreamento de contactos.

À medida que pensávamos nisso

conversávamos com especialistas
da saúde pública,

com académicos e com especialistas
de privacidade,

e ficou bem claro que o rastreamento
de contactos é um esforço complexo

que exige recursos humanos.

Há muitas coisas particulares

que é preciso fazer,
conversando com as pessoas,

e fazem parte do rastreamento
de contactos.

Por outro lado,

há oportunidades de informar melhor
os investigadores de contactos

quanto a coisas como, por exemplo,
um registo de exposição.

Uma das coisas que acontece
quando o rastreador de contactos

nos liga ou nos visita,
é que nos pede:

"Nos últimos x dias"

— e, no caso da Covid-19,

seriam uns dias antes
de os sintomas se manifestarem —

"conte-nos o que andou a fazer,

"para podermos imaginar
onde você provavelmente esteve,

"se foi na mercearia, na igreja
ou em qualquer outra atividade,

"com quem talvez tenha
entrado em contacto."

Todos temos certos lapsos de memória,

como esquecermo-nos onde estivemos,

e também há uma quantidade
de contactos anónimos.

Às vezes, andamos por aí,

num autocarro ou numa loja,

e talvez tenhamos tido um contacto
prolongado e próximo com alguém

e não sabemos dizer quem era.

Então a contribuição que o sistema

de notificação de exposições proporciona

é o preenchimento dessas lacunas

e acelerar a notificação
para a saúde pública

de quem teve um teste positivo,

porque a pessoa será notificada,

Eles acionam uma coisa
que alerta a saúde pública,

e preenchem algumas dessas lacunas
na exposição anterior.

Mas não utiliza o GPS ou a localização
para rastrear pessoas.

O sistema usa uma coisa diferente,

chamada Bluetooth de Baixa Energia,

que preserva a privacidade,

não esgota a bateria

e também torna mais funcional
o funcionamento

entre a Apple e o sistema Android.

Portanto, é mais útil,
não só no contexto dos EUA,

mas a nível mundial.

Construímos este sistema
para satisfazer alguns pedidos

e ajudar a aumentar os sistemas
de rastreamento de contactos.

Quisemos fazer isso de forma
a ser controlado pelo utilizador,

a salvaguardar a privacidade

e a ter características tecnológicas

que permitam à saúde pública
aumentar o registo de exposições

de uma forma que acelere
o trabalho necessário

para interromper a transmissão
— manter o R zero inferior a um —

e fazer isso de uma forma
em que também conseguíssemos,

de parceria com a saúde pública,
pensar na avaliação de risco.

Podemos falar mais
destas áreas, se quiseres,

mas uma das coisas mais importantes

que quero dizer, Whitney,

é até que ponto a Apple e a Google
estão agradecidas.

Vou aproveitar para falar
em nome dos meus colegas da Apple

quanto à ótima parceria com a saúde
pública do mundo inteiro,

aos académicos e a outros

que nos ajudaram a pensar
em como isto pode ser,

como o sistema de notificação
de exposições se encaixa

no amplo portfólio
de rastreamento de contactos,

e como isso ocorre de forma
a respeitar e proteger a privacidade

e também a ser útil para a saúde pública.

Nós ainda estamos com eles neste percurso

e eu acredito que conseguiremos ajudar

e estou ansiosa para
fazer parte deste ótimo trabalho

que a saúde pública tem feito
diariamente nas linhas de frente,

tem realizado, francamente,

mas que precisa de continuar a melhorar.

WPR: Isso é ótimo e obrigada
por esta explicação tão detalhada.

O Chris está aqui com algumas dúvidas
da nossa comunidade,

Vamos dar-lhe um pouco de atenção.

Chris Anderson: Sim. As perguntas
estão a chover, Karen.

Aqui vai uma de Vishal Gurbuxani.

Hum... Gurbu...

Pronunciei isto muito mal,
mas decidam-se por si mesmas.

Vishal, eu depois ligo-lhe mais tarde
e pode ensinar-me a dizer isto.

KD: O último nome é fabuloso. Adorei.
É uma palavra do Scrabble.

CA: "Dada a nossa situação atual,

"como é que os trabalhadores
pensam em voltar ao trabalho,

"com tantas mensagens conflituosas?"

KD: Esta tem sido uma parte importante
do meu trabalho nos últimos meses.

Juntei-me à Google em dezembro
antes de tudo isto começar a acontecer.

A pandemia no mundo teve
início em novembro

mas agravou-se em muitas partes do mundo.

Nos últimos meses,

fartámo-nos de pensar
em como proteger os Googlers,

mas também em como
proteger a comunidade.

Eu fartei-me de pensar
no que realizamos externamente.

Internamente, a Google
cedo tomou a decisão

de trabalhar à distância.

Acreditámos que era possível.

Acreditámos que, em todos os locais
do mundo em que temos escritórios,

pudéssemos não só sermos modelos

e contribuirmos para
o achatamento da curva,

mas sermos bons cidadãos.

Então temos sido razoavelmente...

não sei se a palavra certa é
conservadores ou assertivos,

porque queríamos ter a certeza
de que estávamos a fazer todo o possível

para manter as pessoas em casa
e manter o distanciamento social.

Várias outras empresas têm feito o mesmo,

e eu acho que as escolhas
que as pessoas estão a fazer

serão pressupostos numa
matriz inteira de fatores:

as taxas de transmissão locais;

as expetativas governamentais;

a capacidade de trabalhar em casa;

as características individuais
dos próprios trabalhadores,

qual o risco que eles correm

ou qual o risco se eles voltarem
para os seus familiares.

Se eles têm pessoas
a viver na mesma casa,

quem correrá um risco maior
de morbilidade, de mortalidade,

de sofrerem e morrerem de COVID.

Estas são considerações
locais e individuais.

Eu acho que, para nós,
enquanto empresa, o que queremos,

é continuar a fazer parte
da solução da saúde pública

em termos de distanciamento social.

Isso para nós significa continuar
a encorajar o trabalho em casa

para os nossos colaboradores

e que só estejam no local do trabalho
aqueles para quem isso seja essencial.

Dissemos publicamente
que vamos fazer isso

durante muitos meses no futuro.

Agora, há uma coisa que eu queria dizer,

e que é:

O trabalhar em casa
tem benefícios óbvios,

não só para a pandemia,

mas para algumas pessoas:

tempo poupado em transportes, etc.

Acho que já descobrimos
que há alguns inconvenientes,

e há inconvenientes genéricos,

não apenas para o trabalho em casa,
mas para a escola em casa

e por ficar em casa.

O isolamento social é real,
causa depressão,

causa um impacto físico
no corpo das pessoas;

a ciência já estudou isso.

Enquanto o mundo está a avaliar,

mesmo para além da pandemia,

quando alcançarmos
a imunidade de grupo,

porque já conseguimos
vacinar o mundo

com uma vacina funcional
que cria imunidade,

acho que, provavelmente,
muitos locais de trabalho

quererão encorajar
o teletrabalho.

Mas eu quero lembrar também
que parte da humanidade é comunidade,

e, por isso, temos pensado em como
equilibrar estas atividades.

CA: E, claro, há enormes
áreas da economia

em que não se consegue
trabalhar em casa.

Nós somos alguns dos poucos
que têm a sorte de poder.

Por falar nisso, aqui vai
uma pergunta de Otho Kerr:

"Segundo parece, as comunidades
vulneráveis estão a receber

"uma quantidade enorme
de desinformação.

"O que é que a Google está a fazer

"para garantir que estas comunidades

"recebem notícias oficiais
em vez de falsas?"

KD: Tenho passado
a maior parte da minha carreira

virada para comunidades vulneráveis.

Acho que muitas das coisas que aprendemos,
enquanto sociedade, nesta pandemia,

são coisas que, sinceramente,
devíamos saber.

E antes de falar das informações,
vou só falar do acesso a serviços,

o que é o mesmo que falar e elogiar
a minha cidade natal de Nova Orleães.

Uma das coisas que Nova Orleães
depressa aprendeu,

ou recordou, seja como for,

foi que o teste de condução
só funciona se tivermos carro.

Assim, precisamos de um teste
de caminhada e tem de ser feito no bairro.

Precisamos de ir ter
com as pessoas onde elas estão.

Foi assim todo o trabalho que
fizemos depois do Furacão Katrina

em Nova Orleães:

reconstruir o centro de cuidados de saúde

e as infraestruturas de saúde pública
orientadas para a comunidade,

construídas com a comunidade.

De todas as coisas que eu espero
que durem para além desta pandemia,

uma delas é que estamos
a ser muito mais conscientes

construindo especialmente
com as comunidades vulneráveis

criando políticas e procedimentos

que são o mais inclusivos possível.

Para as informações no Google,
por exemplo,

comecámos na plataforma de pesquisa

adicionando painéis de informação,
aos quais dedicamos tempo

garantindo que sejam linguística
e culturalmente apropriados.

Tendemos a começar, a nível mundial,

com entidades mundiais, como
a Organização Mundial da Saúde,

o Serviço Nacional de Saúde

ou o Centro de Prevenção
e Controlo de Doenças

e depois, começamos a contactar
jurisdições mais focadas.

Noutras plataformas que temos,
como no YouTube,

criámos canais especiais

onde, como é uma plataforma
que recebe conteúdos,

formámos uma parceria com criativos

— chamamos-lhes assim,
não sei, é algo novo para mim,

porque sou médica —

mas formámos uma parceria
com criativos e influenciadores

que têm efeito nas comunidades.

Tivemos uma programação especial,
para idosos, para afro-americanos.

Assim, "vulnerabilidade"
significa muito para nós

a nível mundial e no contexto dos EUA.

O nosso trabalho não acabou

e nós todos os dias pensamos
no que mais podemos fazer

para ver se a informação está acessível,

se é correta

e, também, se é interessante,
para que as pessoas desejem envolver-se.

CA: Sim.

Obrigado, Karen.

Eu voltarei em breve
com mais algumas perguntas.

WPR: Obrigada, Chris.

É realmente maravilhoso
falar mais alargadamente

sobre o que observamos
com a tecnologia e a saúde pública

e, especificamente, falar sobre essas
comunidades vulneráveis.

E eu acho uma coisa,
mesmo para além da Google,

seria interessante ouvir as tuas ideias

sobre como vês a tecnologia em geral
servindo melhor a saúde pública,

se achas que há espaços

onde, qualquer que seja a empresa
de tecnologia de que estamos a falar,

nos pudéssemos unir,
para servir melhor a comunidade.

Qual é a tua opinião sobre isso?

KD: Eu podia passar horas e horas
a falar contigo sobre isso,

mas talvez comece apenas por dizer

que eu vim parar à tecnologia

diretamente por via
dos cuidados ao paciente

e do serviço de saúde pública
na comunidade local,

e acabei com um cargo
no governo federal

como coordenadora nacional
para a saúde TI,

o que, pelo meu histórico,
foi muito estranho para mim,

Estou a ser sincera.

E pensei: "Eu não sou
uma pessoa muito tecnológica",

mas a secretária naquela época disse:

"Precisamos de si exatamente
para aplicar a nossa tecnologia."

E teve a infeliz experiência
de me ouvir a palrar

sobre como a saúde pública
precisava de dados atualizados

para fazer uma política

baseada em evidências a favor
da comunidade e com a comunidade.

Sentia-me frustrada,
enquanto funcionária de saúde pública.

por, às vezes, os dados
em que eu estava a trabalhar,

apesar de serem ótimos,
estavam ultrapassados no tempo.

Eu precisava de tomar decisões
sobre intervenções em doenças crónicas,

questões de saúde mental
ou de violência doméstica

na minha comunidade.

Então, o desejo de obter
dados úteis e acessíveis

para apoiar as pessoas nas comunidades

é uma coisa arde em mim há muito tempo.

O que eu aprendi,
desde que saí de Silicon Valley

é que este desejo arde
nas entranhas de muita gente

que trabalha na Google,
na Apple e noutras empresas

e tem sido maravilhoso ver,

durante este tempo horrível da pandemia,

a engenharia incrivelmente brilhante,

dos programadores e de outras mentes
numa empresa como a Google

a prestarem atenção a como podemos
formar parcerias com os consumidores

e com a saúde pública
para fazermos a coisa certa,

para trazer os recursos
com que temos de lidar.

Eu disse que podia falar
sobre isso o dia todo

porque tenho muitos exemplos
do trabalho que realizei na Google.

Posso referir alguns.

Um deles é dizer que queríamos,
desde muito cedo,

encontrar uma forma clara
de as pessoas entenderem

o que podiam fazer para se protegerem
a si mesmas e à comunidade,

para achatarem a curva,
garantir o R zero inferior a um.

Esse trabalho "Faz as Cinco Coisas"
que as nossas equipas

— sobretudo as de "marketing"
e também muitas outras a contribuir —

exigiu muito talento

para aparecer na nossa página
de entrada, na pesquisa,

e depois desdobrar isso
de forma mais ampla.

Fizemos isso com
a Organização Mundial da Saúde,

com o Centro de Prevenção
e Controlo de Doenças

e com países de todo o mundo

para passar uma mensagem simples:
ficar em casa, se pudermos;

tossir no côncavo do braço
e lavar as mãos.

Estas são as mensagens básicas
de saúde pública

com que a saúde pública tem tentado,
mesmo na estação da gripe,

proteger o planeta.

Mas isso tornou-se nos recursos
duma empresa como a Google.

ao alcance de milhares de milhões.

É uma plataforma
e um acervo de talentos

que nem sequer são o tipo
de uma visão técnica ou informática

em que habitualmente pensaríamos.

Muitas outras empresas em Silicon Valley
têm agido da mesma forma.

Eu acho que, do mesmo modo,
temos pensado

em como podemos usar ferramentas

como os relatórios
de mobilidade comunitária.

É qualquer coisa.

um apoio empresarial
como o que temos para os restaurantes.

Os engenheiros e cientistas disseram:

"Que tal se aplicássemos isso
nas lojas de retalho,

nas mercearias e nos transportes,

para obter um novo cenário
na comunidade

seja em áreas que as pessoas
estão a utilizar menos,

seja onde as pessoas estavam a aderir
a expetativas locais de saúde pública

e permanecendo em casa

e passar estas informações
não só para a saúde pública

mas para o público,

para ajudá-los a fazerem mais
pelas suas comunidades

assim como para si mesmos.

Então, acho que o que
estou a tentar dizer, Whitney,

é que eu acho que é um casamento natural.

A COVID tem sido um caso de aceleração
para demonstrar como isso pode funcionar,

e eu tenho a expetativa de que
empresas como a Google

— que já faz parte do nosso ADN —
se envolvam com a saúde,

continuem a querer trabalhar
no seu desenvolvimento,

porque não é só bom para
o que precisamos de fazer nesta pandemia

mas para a saúde pública e a prevenção

fazem parte e são uma parcela
de como criamos oportunidades

e a igualdade em todas as comunidades
no mundo inteiro.

Eu sou apaixonada pelo trabalho
na saúde pública

e muito apaixonada pelas parcerias.

Posso só dizer mais uma coisa?

WPR: Claro.

KD: Quero dizer que uma
das primeiras coisas que fiz

antes de a pandemia começar

— comecei só em dezembro —

e em janeiro, fiz uma sessão
de auscultação aos consumidores

quanto ao que eles queriam.

Eles disseram uma coisa
parecida com o que disseste,

e que eu quero realçar.

Eles disseram

que queriam uma parceria,
queriam transparência

e sentiam que havia muita coisa

que a tecnologia podia fazer

para ajudá-los no seu percurso de saúde.

Mas o pedido deles era que o
fizéssemos de forma transparente

e nós fizemos isso
numa parceria direta com eles.

Assim que sairmos da pandemia

e estivermos a pensar mais
nos consumidores,

eu quero também manter
um pouco deste espírito

de prevenção, de ajuda e de transparência

no mundo que continuaremos
a construir para as pessoas todos os dias.