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Como estamos a usar a IA para descobrir novos antibióticos

  • 0:01 - 0:04
    Então, como é que vamos vencer
    o novo coronavírus?
  • 0:04 - 0:07
    Utilizando os nossos
    melhores instrumentos:
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    a nossa ciência e tecnologia.
  • 0:10 - 0:13
    No meu laboratório, usamos ferramentas
    de inteligência artificial
  • 0:13 - 0:15
    e a biologia sintética,
  • 0:15 - 0:18
    para acelerar a luta contra esta pandemia.
  • 0:18 - 0:20
    O nosso trabalho foi
    originalmente projetado
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    para abordar a crise
    de resistência aos antibióticos.
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    O nosso projeto procura aproveitar
    o poder de aprendizagem da máquina
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    para reabastecer
    o nosso arsenal antibiótico
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    e evitar uma devastadora era
    pós-antibiótica a nível global.
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    Principalmente,
    a mesma tecnologia pode ser usada
  • 0:37 - 0:39
    para procurar compostos antivirais
  • 0:39 - 0:42
    que possam ajudar-nos
    a combater a pandemia atual.
  • 0:42 - 0:45
    A aprendizagem de máquina
    está a mudar de forma radical
  • 0:45 - 0:47
    o modelo tradicional
    de descoberta de drogas.
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    Com esta abordagem,
  • 0:49 - 0:53
    em vez de testar meticulosamente
    milhares de moléculas existentes
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    uma a uma, num laboratório
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    para determinar a eficácia delas,
  • 0:56 - 1:00
    podemos treinar um computador
    para explorar um espaço muitíssimo maior
  • 1:00 - 1:04
    de todas as moléculas possíveis
    que possamos sintetizar,
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    e, assim, em vez de procurar
    uma agulha no palheiro,
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    podemos usar o íman gigante
    do poder da informática
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    para encontrar muitas agulhas
    em muitos palheiros, simultaneamente.
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    Já tivemos algum sucesso inicial.
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    Recentemente, usámos
    a aprendizagem de máquina
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    para descobrir novos antibióticos
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    que podem ajudar-nos a lutar
    contra as infeções bacterianas
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    que podem ocorrer juntamente
    com infeções de SARS-CoV-2 .
  • 1:33 - 1:37
    Há dois meses, o Audacious Project do TED
    aprovou o nosso financiamento,
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    para ampliar maciçamente o nosso trabalho
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    com o objetivo de descobrir
    sete novas classes de antibióticos,
  • 1:44 - 1:48
    contra sete dos patógenos
    bacterianos mais mortais do mundo
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    durante os próximos sete anos.
  • 1:50 - 1:52
    Para contextualizar:
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    o número de novas classes de antibióticos
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    que foram descobertas durante
    as três últimas décadas, é zero.
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    Enquanto a procura de novos antibióticos
    é para um futuro a médio prazo,
  • 2:02 - 2:06
    o novo coronavírus representa
    uma ameaça mortal imediata.
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    Estou feliz por informar que achamos
    poder usar a mesma tecnologia
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    para procurar terapêuticas
    para combater este vírus.
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    Então como é que vamos fazer isso?
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    Estamos a criar uma biblioteca
    de formação composta
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    com colaboradores
    que aplicam essas moléculas
  • 2:22 - 2:24
    a células infetadas de SARS-CoV-2
  • 2:24 - 2:27
    para ver quais delas exibem
    uma atividade eficaz.
  • 2:28 - 2:32
    Esses dados serão usados para treinar
    um modelo de aprendizagem de máquina
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    que será aplicado
    numa biblioteca "in silico"
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    de mais de mil milhões de moléculas
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    para procurar eventuais
    novos compostos antivirais.
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    Vamos sintetizar e testar
    as principais previsões
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    e apresentar às clínicas
    os candidatos mais promissores.
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    Soa bom demais para ser verdade?
    Bom, não devia.
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    O projeto Antibiotics AI baseia-se
    na nossa pesquisa de prova de conceito
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    que levou à descoberta
    de um novo antibiótico
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    de amplo espetro chamado Halicin.
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    O Halicin tem uma atividade
    antibacteriana potente
  • 3:01 - 3:05
    contra quase todos as bactérias
    patogénicas resistentes a antibióticos.
  • 3:06 - 3:09
    incluindo infeções
    pan-resistentes intratáveis.
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    Mais importante, em contraste
    com os antibióticos atuais
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    a frequência com que cada bactéria
    desenvolve resistência contra o Halicin
  • 3:16 - 3:18
    é notavelmente baixa.
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    Nós testámos a capacidade de as bactérias
    desenvolverem resistência contra o Halicin
  • 3:23 - 3:25
    em comparação com o Cipro no laboratório.
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    No caso do Cipro,
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    ao fim de um dia apenas,
    detetámos resistência.
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    No caso do Halicin,
  • 3:32 - 3:34
    ao fim de um dia, não detetámos
    nenhuma resistência.
  • 3:35 - 3:38
    Incrivelmente, ao fim de 30 dias,
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    não detetámos
    nenhuma resistência ao Halicin.
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    Nesse projeto inicial, primeiro testámos
    cerca de 2500 compostos contra o E. coli.
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    Essa parte do treino incluía
    antibióticos conhecidos,
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    como o Cipro e a penicilina,
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    assim como muitas drogas
    que não são antibióticos.
  • 3:55 - 3:58
    Usámos esses dados para treinar um modelo
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    para saber as características moleculares
    associadas à atividade antibacteriana.
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    Depois, aplicámos esse modelo
    numa biblioteca de drogas reutilizadas
  • 4:05 - 4:08
    formada por vários milhares de moléculas
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    e pedimos ao modelo
    para identificar moléculas
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    que, previsivelmente,
    têm propriedades antibacterianas
  • 4:13 - 4:16
    mas não se parecem
    com os antibióticos existentes.
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    Curiosamente, somente
    uma molécula nessa biblioteca
  • 4:20 - 4:24
    encaixava nesses critérios,
    e essa molécula era o Halicin.
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    Considerando que o Halicin não se parece
    com nenhum antibiótico existente,
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    teria sido impossível que uma pessoa,
    mesmo um especialista em antibióticos,
  • 4:32 - 4:34
    identificasse o Halicin dessa maneira.
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    Imaginem agora o que podemos
    fazer com esta tecnologia
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    contra a SARS-CoV-2.
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    E isto não é tudo.
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    Também vamos usar as ferramentas
    da biologia sintética,
  • 4:44 - 4:47
    ajustando com o ADN
    e outros maquinismos celulares,
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    para fins humanos
    como combater a COVID-19,
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    e, de notar, estamos a trabalhar
    para desenvolver uma máscara protetora
  • 4:54 - 4:58
    que também serve
    como um rápido teste de diagnóstico.
  • 4:58 - 5:00
    Então, como isso funciona?
  • 5:00 - 5:04
    Bom, nós mostrámos que podemos retirar
    o maquinismo celular de uma célula viva
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    e liofilizá-lo juntamente
    com sensores de ARN, em papel,
  • 5:08 - 5:13
    para criar diagnósticos
    de baixo custo para o Ébola e o Zika.
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    Os sensores são ativados quando são
    reidratados por uma amostra do paciente
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    que pode consistir em sangue
    ou saliva, por exemplo.
  • 5:22 - 5:25
    Acontece que essa tecnologia
    não se limita ao papel
  • 5:25 - 5:28
    e pode ser aplicada a outros
    materiais, incluindo o pano.
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    Para a pandemia de COVID-19,
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    estamos a desenvolver sensores
    de ARN para detetar o vírus
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    e liofilizar esses sensores juntamente
    com o maquinismo celular necessário
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    no tecido de uma máscara facial,
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    onde o simples ato de respirar,
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    juntamente com o vapor de água
    que acompanha a respiração
  • 5:46 - 5:48
    pode ativar o teste.
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    Portanto, se um paciente
    está infetado com SARS-CoV-2,
  • 5:52 - 5:55
    a máscara produzirá
    um sinal fluorescente
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    que pode ser detetado por um simples
    dispositivo portátil barato.
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    Em uma hora ou duas, o paciente
    pode ser diagnosticado com segurança,
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    à distância e com rigor.
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    Também estamos a usar
    a biologia sintética
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    para desenvolver uma possível
    vacina para a COVID-19.
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    Estamos a redirecionar a vacina BCG
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    que foi usada contra a tuberculose
    durante quase um século.
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    É uma vacina viva atenuada
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    e estamos a modificá-la
    para conseguir antigenes SARS-CoV-2,
  • 6:25 - 6:28
    que deverão desencadear
    a produção de anticorpos protetores
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    pelo sistema imunológico.
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    Melhor ainda, a BCG
    pode ser produzida em grande quantidade
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    e tem um dos melhores perfis de segurança
    de qualquer vacina já conhecida.
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    Com estas ferramentas da biologia
    sintética e da inteligência artificial,
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    podemos vencer a luta
    contra o novo coronavírus.
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    Este trabalho está nas etapas iniciais,
    mas a promessa é real.
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    A ciência e a tecnologia podem dar-nos
    uma importante vantagem
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    na batalha da inteligência humana
    contra os genes das superbactérias,
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    uma batalha que podemos vencer.
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    Obrigado.
Title:
Como estamos a usar a IA para descobrir novos antibióticos
Speaker:
Jim Collins
Description:

Antes da pandemia do coronavírus, o bioengenheiro Jim Collins e a sua equipa combinaram o poder da IA com a biologia sintética, num esforço para combater uma diferente crise eminente: superbactérias resistentes a antibióticos. Collins explica como articularam os seus esforços para começarem a desenvolver uma série de ferramentas e componentes antivirais para ajudar a combater a COVID-19 — e revela os seus planos para descobrir sete novas classes de antibióticos durante os próximos sete anos.
(Esse plano ambicioso faz parte do Audacious Project, iniciativa do TED para inspirar e gerar mudanças globais.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
07:15

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