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Duas questões para descobrir sua paixão, e transformá-la em uma carreira

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    Quando você tem um emprego que paga
    o bastante para cobrir gastos básicos,
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    suas contas,
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    e ainda sobra um pouco para gastar,
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    se assume que você estaria feliz,
    ou, até melhor, realizado.
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    E parece inconcebível quando você
    acorda e diz que vai abandonar
  • 0:15 - 0:17
    um emprego como esse
    para seguir uma paixão.
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    E esse era o meu dilema seis anos atrás.
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    Eu tinha um emprego
    e uma vida confortáveis,
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    e as pessoas esperavam
    que me sentisse realizada,
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    mas eu não estava.
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    Havia algo em mim que queria mais.
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    Havia um desajuste entre
    o que eu fazia no meu dia a dia
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    e as coisas com as quais
    eu me importava profundamente.
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    Então, decidi me demitir
  • 0:41 - 0:45
    e explorar a possibilidade de trazer
    essa paixão à minha rotina diária.
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    Descobrir a sua paixão não é tão simples.
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    Mesmo pessoas com dinheiro e diplomas
    lutam para identificar suas paixões.
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    E aqui estava eu, com 30 anos,
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    falando sobre descobrir minha paixão
    e torná-la em uma carreira.
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    Literalmente, me disseram:
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    "Você não pode falar de paixão
    até ter ganhado dinheiro o suficiente
  • 1:09 - 1:10
    (Risos)
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    ou até, pelo menos,
    estar pronta para se aposentar".
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    Porque há uma noção
    de que olhar para dentro de nós
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    e achar o que nos dá prazer e realização
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    é um luxo que apenas
    os ricos podem desfrutar,
  • 1:23 - 1:27
    ou um prazer que somente
    os aposentados podem ter.
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    O que me faz pensar:
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    seria a paixão apenas para os ricos,
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    ou uma experiência que apenas
    os aposentados podem aproveitar?
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    Muito de nós fomos levados a acreditar
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    que a vida é uma corrida à sobrevivência.
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    Nós fomos condicionados
    a nos ver como sobreviventes,
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    que devem fazer tudo
    em nosso poder para sobreviver.
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    Na África, somos incentivados
    a ir à escola, estudar e passar,
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    na esperança de conseguirmos
    um emprego depois.
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    E se conseguimos, permanecemos nele,
    não importa o quanto ele seja horrível.
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    (Risos)
  • 2:01 - 2:05
    Até conseguirmos uma oferta melhor
    ou estejamos prontos para nos aposentar.
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    Como abandonei a escola,
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    eu sabia que não tinha direito a nada.
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    Toda oportunidade era um privilégio.
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    Então, quando pensei em me demitir,
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    foi um grande risco.
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    Me deram duas alternativas,
  • 2:21 - 2:23
    que são as mais populares na África.
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    A primeira era fazer qualquer curso
    em uma instituição profissional.
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    Minha segunda opção era aceitar
    qualquer oferta de emprego e fazê-lo,
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    não importando as condições de trabalho.
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    Isso provavelmente explica
    por que temos tantos jovens
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    sendo traficados em busca
    de oportunidades melhores.
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    Eu escolhi a primeira opção.
  • 2:45 - 2:47
    Procurei algumas
    instituições profissionais
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    na esperança de que acharia um curso
    que ressoasse com a minha pessoa,
  • 2:51 - 2:54
    meu sonho e minha aspiração.
  • 2:54 - 3:00
    Fiquei desapontada ao saber que não havia
    espaço para desajustados como eu ali.
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    O sistema educacional
    em muitas partes do mundo
  • 3:02 - 3:05
    tem sido projetado com base
    em opções pré-selecionadas,
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    nas quais jovens devem se encaixar
    ou arriscar se tornarem desajustados.
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    Passando pela escola,
    fui incentivada e condicionada
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    a pensar dentro da caixa
    e permanecer dentro dela.
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    Mas, quando abandonei a escola,
    descobri um mundo de possibilidades.
  • 3:20 - 3:24
    Eu sabia que poderia ser
    e estudar qualquer coisa,
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    então aproveitei
    os cursos on-line gratuitos.
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    Foi assim que eu construí meu currículo,
  • 3:28 - 3:31
    consegui um emprego
    e trabalhei por oito anos.
  • 3:31 - 3:35
    E depois disso, disse a mim mesma
    que deveria haver mais a ser vivido
  • 3:35 - 3:38
    do que apenas a rotina da vida.
  • 3:38 - 3:39
    Então em 2014,
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    comecei uma organização chamada Kyusa,
  • 3:42 - 3:44
    na qual trabalhamos com jovens
    que não estão na escola,
  • 3:44 - 3:46
    incentivando-os a tornar suas paixões
  • 3:46 - 3:50
    em negócios lucrativos,
    escalonáveis e sustentáveis.
  • 3:50 - 3:52
    Quando falamos sobre paixão,
  • 3:52 - 3:56
    uma das perguntas mais comuns
    que me fazem é: "O que é paixão?
  • 3:56 - 3:58
    Como eu a descubro?"
  • 3:58 - 4:00
    E na definição mais simples,
  • 4:00 - 4:03
    paixão é uma coleção
    de nossas experiências de vida
  • 4:03 - 4:06
    que nos dá a mais profunda
    sensação de realização.
  • 4:06 - 4:10
    E para identificar essa paixão,
    precisamos olhar para dentro de nós.
  • 4:10 - 4:13
    Então usamos duas questões reflexivas.
  • 4:13 - 4:15
    A primeira questão que perguntamos é:
  • 4:15 - 4:18
    "Se você tivesse todo o tempo
    e dinheiro do mundo,
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    o que gastaria o seu tempo fazendo?"
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    Parece uma questão muito simples,
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    mas muitas pessoas lutam para respondê-la,
  • 4:25 - 4:28
    porque elas nunca pensaram sobre isso.
  • 4:28 - 4:32
    A segunda pergunta é:
    "O que faz você feliz
  • 4:32 - 4:35
    ou dá a você a mais profunda
    sensação de realização?"
  • 4:35 - 4:38
    Assumiríamos que todos nós
    sabemos o que nos faz felizes,
  • 4:38 - 4:43
    mas também é interessante notar
    que muitas pessoas não têm a menor ideia.
  • 4:44 - 4:50
    Elas estão tão ocupadas com a rotina
    delas, que não param para se observar.
  • 4:50 - 4:56
    Identificar o que nos dá uma profunda
    sensação de realização e de alegria
  • 4:56 - 4:59
    são pensamentos que começam
    a nos guiar em direção à nossa paixão.
  • 4:59 - 5:03
    E caso estejam se perguntando quais são
    suas respostas para essas duas questões,
  • 5:03 - 5:07
    convido vocês a pararem e refletirem
    sobre elas mais tarde.
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    No entanto, também estou ciente
  • 5:10 - 5:14
    de que apenas ter uma paixão
    não garante sucesso na vida.
  • 5:15 - 5:16
    E devo destacar
  • 5:16 - 5:19
    que nem toda paixão
    pode se tornar uma carreira.
  • 5:20 - 5:25
    Para que isso aconteça, a paixão deve ser
    associada ao grupo certo de habilidades,
  • 5:25 - 5:27
    condicionamento e posicionamento.
  • 5:27 - 5:30
    Quando pedimos aos nossos jovens
    que olhem para dentro de si,
  • 5:30 - 5:36
    também perguntamos qual habilidades,
    talentos e experiências eles têm
  • 5:36 - 5:40
    que possam ser usados para construir
    um nicho no mercado de trabalho.
  • 5:40 - 5:43
    Mas mais que isso, também observamos
    as tendências do mercado,
  • 5:43 - 5:46
    pois não importa o quanto
    você ama e aprecia algo,
  • 5:46 - 5:50
    se ninguém quer ou está disposto a pagar
    por isso, não pode ser uma carreira.
  • 5:50 - 5:52
    É apenas um hobby.
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    E a terceira coisa que observamos é:
    "Como você se posiciona?
  • 5:58 - 6:00
    Quem você quer alcançar?
    Para quem você quer vender?
  • 6:00 - 6:03
    Por que as pessoas iriam querer
    comprar de você?"
  • 6:03 - 6:06
    Então a combinação dos três é
    o que nos permite transformar
  • 6:06 - 6:09
    uma paixão em um negócio.
  • 6:10 - 6:14
    E muitos jovens conseguiram tornar
    as ideias e desejos ardentes deles
  • 6:14 - 6:15
    em negócios lucrativos
  • 6:15 - 6:17
    ou empresas sociais,
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    e eles não estão apenas criando empregos,
    mas também resolvendo desafios sociais.
  • 6:23 - 6:25
    Compartilharei dois exemplos com vocês.
  • 6:25 - 6:27
    Um deles é Esther.
  • 6:27 - 6:29
    Eu a conheci dois anos atrás.
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    Ela havia abandonado
    a escola há dois anos,
  • 6:31 - 6:34
    e estava profundamente
    afetada por ter desistido.
  • 6:34 - 6:37
    Como resultado,
    ela desenvolveu depressão severa
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    a ponto de tentar tirar
    sua vida diversas vezes.
  • 6:41 - 6:44
    Seus amigos e familiares
    não sabiam o que fazer por ela.
  • 6:44 - 6:46
    Eles simplesmente rezavam por ela.
  • 6:47 - 6:49
    Quando conheci Esther
    e começamos a conversar,
  • 6:49 - 6:51
    eu a fiz uma pergunta simples:
  • 6:51 - 6:55
    "Se você tivesse todo o tempo
    e dinheiro do mundo, o que você faria?"
  • 6:56 - 6:58
    Sem pensar ou hesitar,
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    os olhos dela brilharam e ela me disse
    o quanto queria mudar a vida de jovens.
  • 7:02 - 7:06
    Ela queria trazer de volta a esperança
    e dignidade a outros adolescentes,
  • 7:06 - 7:09
    ajudando-os a tomar decisões
    informadas sobre a vida deles.
  • 7:11 - 7:16
    Percebi que esse era
    um desejo ardente insaciável nela.
  • 7:16 - 7:19
    Então trabalhamos com Esther para criar
    uma estrutura para esse desejo.
  • 7:19 - 7:22
    Hoje, ela comanda uma empresa
    social no vilarejo dela,
  • 7:22 - 7:27
    aumentando a conscientização sobre uso
    de drogas, saúde mental, saúde sexual,
  • 7:27 - 7:29
    ajudando outros jovens
    que abandonaram a escola
  • 7:29 - 7:33
    a adquirir habilidades profissionais
    para que consigam se sustentar.
  • 7:34 - 7:36
    Esther fez 20 anos esse ano,
  • 7:38 - 7:42
    e, nos últimos 2 anos, ela tem organizado
    um festival anual para adolescentes
  • 7:42 - 7:45
    que reúne mais de 500 participantes.
  • 7:46 - 7:48
    (Aplausos)
  • 7:51 - 7:55
    Jovens que têm a chance de interagir
    e colaborar em diferentes projetos,
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    mas mais importante, têm a chance
    de falar com profissionais
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    que, de outra forma,
    nunca teriam conhecido.
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    Isso tudo foi feito por uma garota
    que acreditava que o mundo
  • 8:03 - 8:05
    não tinha lugar para ela;
  • 8:05 - 8:08
    que sem educação,
    ela nunca chegaria a nada.
  • 8:08 - 8:11
    Mas olhando para dentro de si
    e explorando um desejo ardente,
  • 8:11 - 8:13
    colocando uma estrutura em torno dele,
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    isso se tornou um modelo
    que mudou não apenas a vida dela,
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    mas está transformando a vida
    de centenas de jovens todo ano.
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    Meu outro exemplo é Musa,
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    um artista nato.
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    Ele olha para qualquer imagem
    e a reproduz com facilidade.
  • 8:29 - 8:33
    Então ele procura reconhecer
    essa habilidade nele.
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    Quando conheci Musa,
    ele fazia todo tipo de artesanato:
  • 8:36 - 8:37
    bolsas, cintos, carteiras,
  • 8:37 - 8:40
    mas era mais um trabalho de meio período.
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    Ou, às vezes, se ele estava sem dinheiro,
    ele criava um design e o vendia.
  • 8:46 - 8:48
    Mas ele nunca pensou nisso
    como um negócio.
  • 8:49 - 8:51
    Então começamos a trabalhar com Musa,
  • 8:51 - 8:54
    ajudando-o a mudar sua mentalidade
    de um hobby para um negócio,
  • 8:54 - 8:58
    começando a repensar como ele poderia
    fazer produtos que pudesse vender
  • 8:58 - 9:01
    e ainda conseguir se expandir.
  • 9:01 - 9:04
    Musa faz algumas das bolsas
    mais incríveis que eu já vi.
  • 9:04 - 9:07
    E, nesse último ano,
    o negócio dele tem crescido.
  • 9:07 - 9:09
    Ele tem sido reconhecido
    em diferentes lugares.
  • 9:09 - 9:13
    Atualmente, está pensando em exportar
    para países desenvolvidos.
  • 9:13 - 9:15
    Musa, como qualquer um
    que abandonou a escola,
  • 9:15 - 9:17
    acreditava que sem credenciais acadêmicas
  • 9:17 - 9:20
    ele chegaria a lugar nenhum.
  • 9:20 - 9:22
    Ele achava que o talento
    que tinha era nada,
  • 9:22 - 9:26
    simplesmente porque ele não tinha
    um diploma que o definia.
  • 9:27 - 9:32
    Olhando para dentro de si e descobrindo
    que o que tinha era seu maior talento
  • 9:32 - 9:34
    e incentivando-o a transformar isso
    em um negócio,
  • 9:34 - 9:37
    ele não está apenas vivendo,
    mas prosperando.
  • 9:37 - 9:41
    Olhar para dentro de si
    pode ser assustador,
  • 9:41 - 9:44
    especialmente se estivermos
    fazendo isso pela primeira vez.
  • 9:44 - 9:47
    Mas a verdade é que nunca
    realmente começamos a viver
  • 9:47 - 9:51
    até que aprendamos a viver
    de dentro para fora.
  • 9:52 - 9:56
    E para liberar esse potencial, precisamos
    olhar para dentro de nós para identificar,
  • 9:56 - 10:01
    o que nos dá uma profunda
    sensação de realização e alegria,
  • 10:01 - 10:04
    e então tecê-las nos padrões
    de nossa rotina diária.
  • 10:04 - 10:09
    E fazendo isso, paramos de trabalhar
    e começamos a viver.
  • 10:09 - 10:14
    E o bom do viver é que você nunca
    precisa se aposentar ou se demitir.
  • 10:14 - 10:16
    (Risos)
  • 10:16 - 10:18
    (Aplausos)
  • 10:21 - 10:24
    E enquanto pensam em liberar
    potencial para vocês mesmos,
  • 10:24 - 10:27
    para nossos jovens, nossas crianças,
  • 10:27 - 10:30
    não vamos condicioná-los a olhar pra fora,
  • 10:30 - 10:31
    mas sim olharem para dentro,
  • 10:31 - 10:37
    para explorar quem eles são e trazer
    esse "eu" no que eles fazem todos os dias.
  • 10:37 - 10:39
    Quando você para de trabalhar e vive,
  • 10:39 - 10:41
    quando a paixão vira uma carreira,
  • 10:41 - 10:43
    você não apenas se destaca,
  • 10:43 - 10:46
    você se torna incansável.
  • 10:46 - 10:47
    Obrigada.
  • 10:47 - 10:50
    (Aplausos)
Title:
Duas questões para descobrir sua paixão, e transformá-la em uma carreira
Speaker:
Noeline Kirabo
Description:

Qual é a sua paixão? A empreendedora social Noeline Kirabo reflete sobre seu trabalho ajudando jovens que abandonaram a escola em Uganda a transformar as paixões deles em negócios lucrativos, e compartilha as duas questões que você pode se perguntar para começar a fazer o mesmo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:06

Portuguese, Brazilian subtitles

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