-
Eu tenho certeza que,
quando você era criança,
-
você já brincou
de telefone sem fio.
-
Você deve se lembrar que,
nesse processo de comunicação,
-
as mensagens sempre chegavam
bagunçadas no final da transmissão.
-
No cenário corporativo, é claro que não
falamos do contexto da brincadeira,
-
mas nós também
precisamos nos comunicar.
-
E o principal ativo da organização
são as pessoas.
-
Garantir uma clara comunicação
pode ser o fator decisivo
-
na hora do sucesso
da organização.
-
E é sobre isso que nós vamos falar
um pouco mais no podcast de hoje:
-
a comunicação empresarial.
-
E, para falar sobre esse assunto,
eu estou aqui com o André e com o Fabrício.
-
André, você pode começar se apresentando
um pouquinho para o pessoal?
-
Claro, Renato,
é um prazer.
-
Meu nome é André Arcas,
e eu sou coach de palco.
-
Meu trabalho é preparar pessoas
para fazerem apresentações fantásticas.
-
Eu atendo desde executivos
de grandes empresas,
-
força de vendas,
marketing e por aí vai.
-
Fabrício, você também
pode se apresentar um pouco?
-
Claro, eu agradeço o convite.
-
Meu nome é
Fabrício César Bastos,
-
trabalho com desenvolvimento
de liderança,
-
desenvolvimento
de equipes também,
-
principalmente na questão de conectar
pragmatismo com resultados,
-
e também autoconhecimento.
-
Meu nome é Renato Kimura,
sou coordenador aqui na FIAP,
-
e nós estamos hoje aqui para conversar
sobre processo comunicacional.
-
Eu queria começar
perguntando para vocês:
-
o que é a comunicação
na opinião de vocês?
-
Comunicação, ao meu ver,
é qualquer tipo de interação humana.
-
É, basicamente, o processo
que envolve a troca de ideias,
-
contatos, significados entre pessoas.
-
Comunicação não é
só verbal então, né?
-
Então, é o que nós
estávamos falando.
-
Quando você fez a pergunta,
nós nos olhamos aqui para começar.
-
Nesse processo, nós começamos
a identificar uma visão
-
que é impossível
nós não nos comunicarmos,
-
sejam nas nossas relações, seja
dentro do âmbito corporativo.
-
Por exemplo, se nós estamos numa reunião
e não falamos nada naquela reunião,
-
de certa forma nós
estamos comunicando algo.
-
Não significa que eu também preciso
falar e atropelar as outras pessoas,
-
mas perceber que essa
comunicação tem várias esferas,
-
geralmente a verbal
e a não verbal.
-
Então, todo esse processo,
-
que principalmente tem
na interação com outras pessoas
-
e até com nós mesmos,
é um processo de comunicação.
-
E quando nós falamos dessa
comunicação verbal e não verbal,
-
passamos sinais, seja gesticulando
ou deixando de gesticular.
-
A ausência da comunicação verbal também
acaba sendo um sinal que passamos.
-
André, você pode falar um pouquinho
dessa sua experiência como coach,
-
para as pessoas que precisam
falar em público?
-
Como isso acontece?
Nós temos que ajudar as pessoas
-
no processo comunicacional, na fala,
mas também há um trabalho,
-
um coaching para essa parte
não verbal da história?
-
Sim. Inclusive,
a parte não verbal
-
tem uma significância
muito grande na comunicação.
-
Tem um estudo famoso,
cujo nome eu esqueci agora,
-
mas, basicamente,
o escopo era para entender
-
qual era o efeito dos elementos
da comunicação na mensagem.
-
E o que se descobriu
nesse contexto específico
-
era que, para aquela mensagem,
55% da mensagem era passada
-
via comunicação não verbal,
38% era tom de voz,
-
e só 7% eram as palavras em si.
-
Então, surpreendentemente, o conteúdo
das palavras em alguns contextos
-
pode representar muito pouco.
-
E, de fato, quando
você para para pensar,
-
nós, como seres humanos, somos
excelentes detectores de incongruência.
-
É como música.
Você pode não ser músico,
-
mas você sabe quando
um instrumento está desafinado.
-
Quando você vê alguém
nervoso, gaguejando,
-
ou suando frio,
ou com o rosto tenso,
-
isso passa muito sobre
o significado da mensagem,
-
que vai muito além
das palavras.
-
Perfeito. E nós também
temos algo, né?
-
As pessoas devem escutar.
-
Nós vemos bastante isso
quando falamos de liderança,
-
de feedback ativo.
-
Mas nós também temos
a escuta ativa,
-
que é realmente nós escutarmos
o que as pessoas têm para nos dizer,
-
o que elas quiseram
nos passar de mensagem.
-
Vocês acham que, de alguma forma, esse
processo da escuta, escutar as pessoas,
-
também faz parte
da comunicação?
-
Para mim, com certeza,
-
e uma vez mais vemos
elementos não verbais.
-
Uma coisa é você falar com alguém
que está mexendo no celular,
-
dizendo:
"Estou te ouvindo".
-
Outra coisa é você falar com alguém
que está olhando no seu olho,
-
que balança a cabeça
mostrando concordância,
-
que emite: "hã, nossa, interessante",
que interage com você.
-
São vários elementos
que demonstram a escuta ativa.
-
Faz muita diferença
no processo.
-
E, Fabrício, qual é a sua opinião
sobre a comunicação em si?
-
No âmbito empresarial,
é importante saber se comunicar?
-
Isso faz diferença?
-
Na minha visão,
hoje em dia é fundamental.
-
Muitas vezes, nós
vemos que as pessoas,
-
num processo de se apresentar
ou de vender algo,
-
no final do dia elas estão
vendendo uma ideia,
-
e muitas dessas ideias são vendidas
através da comunicação,
-
seja ela por meio de um relatório,
seja por meio de uma apresentação,
-
ou seja na comunicação oral.
-
E, nesse processo, conectando
com a questão anterior,
-
eu acho que um dos grandes
desafios na questão de liderança,
-
mais do que saber dar feedback,
que também eu vejo
-
como um processo de comunicação
e de aprendizado ao mesmo tempo,
-
muitas vezes vemos nos treinamentos
quando estamos com grupos
-
que é muito comum tanto
com líderes quanto com liderados...
-
Geralmente, os treinamentos
são separados para líderes e liderados.
-
Mas é muito comum ouvir,
principalmente de liderados,
-
que, quando eles vão receber feedbacks,
são sobre coisas negativas,
-
e não sobre coisas
que também foram boas.
-
Conectado a isso, tem esse
ponto que você perguntou,
-
do feedback,
da escuta ativa,
-
que, muitas vezes, as pessoas
estão conversando,
-
seja no âmbito corporativo
ou até na esfera pessoal,
-
e já estão pensando
no que elas vão responder
-
sobre aquilo
que a pessoa está falando.
-
Então, essa questão
de ter uma escuta ativa
-
não é necessariamente
só ouvir, mas é escutar,
-
é manter o estado
de presença.
-
Então, é como nós conseguimos
criar esse estado de presença,
-
de eu respirar,
de me conectar com a pessoa,
-
de ouvir, olhar para ela
e, ao mesmo tempo, de fato,
-
estar criando empatia e entendendo
o que a pessoa está falando.
-
Nós percebemos que isso faz muita
diferença no processo de comunicação.
-
Então, a comunicação não é somente
o receptor, o interlocutor da mensagem
-
e a mensagem em si, mas também
faz parte da pessoa que está falando,
-
do interlocutor, garantir que a mensagem
chegue da forma correta
-
para a pessoa
que vai escutar?
-
Vocês acham que nós
também temos essa missão,
-
que, quando eu transmito
algo para vocês,
-
garantir que vocês entenderam
o que eu queria dizer?
-
Para mim, com certeza.
-
Aliás, isso é um coisa que é muito
constante nos meus treinamentos
-
e que, para mim,
é a parte mais essencial.
-
É você entender com quem você está
falando para adequar a sua mensagem.
-
Eu gosto de dar o exemplo
da vendedora de maquiagem do Boticário.
-
Ela vende o mesmo rímel para uma menina
de 15 anos e para um homem de 50 anos.
-
Mas ela vende de maneira
totalmente diferente,
-
porque eles têm visões
diferentes de mundo,
-
eles têm compreensões diferentes,
-
e ela precisa conseguir
ajustar esse discurso,
-
senão, a mensagem não chega.
-
Perfeito.
E o feedback em si?
-
Nós estávamos falando
um pouco sobre esse tema,
-
que é bastante importante.
-
O feedback tem um poder
comunicacional, é claro,
-
mas nós conseguimos
pensar outras formas
-
em que o feedback poderia sustentar
a comunicação dentro da organização?
-
Ou seja, quais outras formas nós temos
para garantir uma boa comunicação
-
entre liderado e líder?
-
Eu acho que esse papel, como também
foi mencionado anteriormente aqui,
-
o papel da comunicação,
na minha visão,
-
a responsabilidade
da comunicação,
-
é muito grande para quem está
fazendo a comunicação.
-
É claro que existe a outra
parte que está ouvindo,
-
só que, por exemplo, se tem
um líder que fala abacaxi
-
e todo mundo
entendeu laranja...
-
Tem algo errado.
-
Tem algo errado e o que ele
quis dizer mesmo
-
foi o que todo mundo ouviu.
-
Então, nesse sentido, o líder,
principalmente a liderança, eu acho,
-
quando ela consegue identificar uma forma
dela fazer a comunicação de forma clara
-
e que chegue aos ouvidos
das outras pessoas
-
aquilo que, de fato,
ele quer passar,
-
faz toda a diferença
no processo.
-
Eu lembro que uma colega,
quando eu estava na pós-graduação,
-
estava comentando de uma situação
muito parecida com essa.
-
Ela estava numa fábrica
-
e tinha um líder que estava dando
um recado para as pessoas,
-
e a ideia, inclusive, era
uma cultura de feedback,
-
ou seja, precisava
incentivar as pessoas
-
a fazerem feedback, a darem
feedback, e foi falando.
-
Depois de uns três minutos,
uma pessoa levanta a mão e pergunta:
-
"Feed quem?".
-
Ou seja, ele não adequou a linguagem
para o público que ele estava falando.
-
Então, talvez o feedback,
essa palavra, esse conceito,
-
em que, num contexto habitual,
as pessoas estavam acostumadas a ouvir,
-
talvez, num outro contexto,
quando ele falou feedback
-
e as pessoas não entenderam
o que aquilo significava,
-
elas pararam
de prestar atenção nele.
-
Elas entraram no processo
de tentar ver o significado,
-
como você falou, os significados,
os signos que estavam por trás disso.
-
Perfeito.
Então, uma dica superimportante,
-
que tanto o Fabrício
quanto o André trouxeram,
-
é a questão de entender
com quem você está falando.
-
Entenda o seu público,
adeque a sua linguagem
-
para que você não use termos técnicos
que a pessoa talvez não vá entender.
-
Então, você se fazer entender
também passa por isso, né,
-
você garantir que a pessoa
vai entender os termos técnicos.
-
Se ela não conhecer os termos,
você explicar durante a sua fala,
-
você deixar tudo
de uma forma adequada
-
para que a pessoa consiga captar
com clareza a sua mensagem,
-
não só com os signos
que você vai passar,
-
com toda a questão semiótica,
mas também a mensagem clara
-
que você quer deixar
ali para a pessoa.
-
E aí, André, eu só queria
entrar numa vereda
-
que não é tão organizacional assim,
mas a questão dos pitches.
-
Nós temos apresentações
que estão cada vez mais comuns
-
no mercado de trabalho.
-
São apresentações rápidas,
geralmente discursos de vendas
-
que são usados
para os mais diversos fins,
-
desde promover uma startup, você
conseguir passar uma mensagem de venda
-
para captar recursos financeiros,
ou mesmo vender um produto,
-
ou até mesmo em algumas competições
que vemos em organizações,
-
que são realmente pitches, que são
feitos para demonstrar o que foi construído.
-
E daí, o pitch, sendo algo que parece
com a palavra, um pouco mais informal,
-
tem uma grande diferença
da comunicação empresarial,
-
quando nós falamos
da estrutura,
-
de nós garantirmos que a pessoa
entenda a mensagem?
-
Existe alguma diferença
clara na sua opinião?
-
Existe em termos.
-
Quando eu vou estruturar
essas apresentações,
-
eu uso uma técnica
de Stanford chamada AIM,
-
que é o acrônimo para audiência,
intenção e mensagem.
-
Então, o primeiro passo é
entender com quem eu estou falando.
-
Quem é essa pessoa,
o que ela sabe, o que ela não sabe,
-
no que ela acredita,
como ela pode resistir,
-
qual a melhor forma de eu resolver
o problema que essa pessoa tem.
-
Segundo, o que eu quero
com essa apresentação?
-
Então, se eu vou fazer
uma apresentação de...
-
Sei lá, para apresentar
os resultados para o meu diretor,
-
eu tenho uma intenção que é diferente
de uma apresentação tipo pitch,
-
mas que, nessa estrutura,
permanece a mesma coisa.
-
E nós chegamos na parte de mensagem,
que é como você estrutura essa mensagem
-
de forma que você consiga
atingir a sua intenção.
-
E aí sim eu acho
que o pitch acaba tendo
-
um formato
um pouco mais especial,
-
porque, quando estamos falando
especialmente de levantamento de recursos,
-
uma das coisas que se espera é que você
vá justificar retorno sobre investimento,
-
você precisa mostrar que está endereçando
uma dor real, um problema real,
-
clareza sobre a sua proposta de valor,
diferenciais competitivos.
-
E aí, claro, quanto maior o contexto
de levantamento de recursos...
-
Uma coisa é eu pedir, por exemplo, 50 mil reais
para o meu chefe para bancar um projeto.
-
Uma outra coisa, por exemplo,
é eu levantar um Series C de 500 bilhões,
-
500 bilhões de dólares,
num valuation de 1 bi.
-
Então, é muito
diferente o contexto,
-
e aí vai estressar
um pouco mais essa estrutura.
-
Mas, no fundo, eu acho
que a estrutura é uma só.
-
Entenda com quem
você está falando,
-
entenda o que você quer,
e monte uma estrutura
-
que vai te levar mais
perto do seu objetivo.
-
Daí eu entendo que implica,
quando nós falamos de um pitch,
-
de uma startup fazendo um pitch
para levantar uma rodada de investimento,
-
existe, é claro, uma carga emocional
um pouco maior nessa comunicação,
-
porque o empreendedor
está colocando em jogo ali
-
talvez o futuro da empresa dele,
que ele tanto objetiva e sonha,
-
e dele mesmo
como empreendedor.
-
E daí, Fabrício,
eu tenho essa dúvida:
-
nos treinamentos
que você faz,
-
nesse coaching todo que você também dá
eventualmente para as pessoas,
-
para as pessoas que estão em organizações
inseridas nesse contexto,
-
essa parte emocional precisa ser
trabalhada com as pessoas?
-
Ou é só a parte da comunicação,
são só as técnicas?
-
Em algum momento
você tem que entrar
-
nessa vereda mais
emocional da comunicação?
-
Essa pergunta é
uma pergunta muito boa.
-
No meu ponto de vista,
a emoção vem primeiro,
-
e depois a questão
da comunicação,
-
porque nós começamos
a olhar um pouco do processo.
-
Até analisando
um pouco dos sistemas,
-
olhando para o nosso cérebro,
sistema límbico, reptiliano e por aí vai,
-
nós percebemos que, muitas vezes,
se a pessoa não estiver preparada
-
para lidar
com a parte emocional,
-
falando um pouco não só
do processo de inteligência emocional,
-
mas em saber ter uma resiliência,
lidar bem com pressões,
-
a tendência, muitas vezes,
é que a emoção vem à frente
-
de várias questões
que a pessoa está fazendo.
-
Por exemplo, se a pessoa se deixa
levar pela emoção no feedback,
-
por mais que ela entenda
e conheça uma fórmula,
-
às vezes ela pode ser
extremamente agressiva.
-
Essa pessoa às vezes tem
medo de dar feedback.
-
Pode ser que ela fale,
fale e fale, e não fale nada.
-
Então, falando de uma apresentação,
como você acabou de trazer o exemplo,
-
pensando num pitch,
seja para um empreendedor,
-
seja numa apresentação de resultados
como o André tinha mencionado,
-
às vezes o processo
de entender
-
como funciona o corpo e as emoções
é muito interessante,
-
porque um dos aspectos que as pessoas
às vezes não conseguem evitar,
-
quando elas vão
passar a mensagem,
-
além da mensagem não estar clara
e não ter uma estrutura,
-
é elas se deixarem levar
por uma ansiedade,
-
que é muito comum
muitas vezes.
-
Pode ser que a pessoa trave, pode ser
que a pessoa comece a gaguejar,
-
e pode ser que ela não consiga
passar a informação
-
que ela está querendo dizer
de uma forma bem objetiva.
-
Se ela está olhando para a platéia
ou para a audiência,
-
e alguém começa a olhar no celular
ou alguém começa a abrir a boca,
-
se a pessoa não estiver
muito segura, ela fala:
-
"Ih, será que eu
estou agradando?".
-
E aí, só essa questão dessa dúvida
pode gerar uma aceleração,
-
a pessoa começa a correr
em sua apresentação.
-
Então, saber lidar com esse
aspecto emocional
-
é um grande desafio
na apresentação.
-
Uma técnica que eu tenho
trabalhado muito com líderes etc.,
-
não só para isso,
mas também para isso,
-
é como nós criamos conexão
com a nossa emoção,
-
e, ao mesmo tempo, como
lidamos com exercícios de respiração
-
que ajudam a direcionar
essa questão,
-
principalmente de ansiedade,
se a pessoa tem algum medo,
-
algum receio
de falar em público,
-
ou de uma apresentação
que ela sabe que vai ser avaliada.
-
Então, nós já falamos
um pouco sobre a mensagem,
-
falamos um pouco do receptor e de conhecer
um pouco quem é a sua audiência,
-
e agora estamos
falando aqui dos entraves,
-
ou dos problemas que nós
temos na comunicação,
-
que, inclusive, pode ser
o medo de falar em público.
-
Isso é muito
comum acontecer.
-
Ainda falando de mensagem,
mas falando agora um pouco mais
-
da parte de problemas,
vocês veem algum problema,
-
seja num pitch ou numa
comunicação mais empresarial,
-
independentemente do contexto,
em uma comunicação não clara?
-
Nós podemos pensar
em vários exemplos, né?
-
Mas, enfim, a comunicação é importante
nesse âmbito empresarial ou empreendedor
-
porque é realmente importante
conseguirmos passar a nossa mensagem.
-
Mas vocês conseguem ver
alguma problemática
-
em uma mensagem não clara
ou em uma comunicação não efetiva,
-
para conseguirmos tangibilizar
num exemplo aqui?
-
Só o tempo todo.
-
Eu acho que o maior
problema que eu vejo
-
é que, as pessoas, quando
vão fazer uma apresentação,
-
elas sempre vão com a ideia
de "vamos começar do começo".
-
Aí você vai construindo
de uma forma meio interativa,
-
até que você chegue
em algum lugar.
-
O problema é que, normalmente,
quando você faz isso,
-
você acaba chegando
numa apresentação
-
que tem os conteúdos
que você considera relevantes.
-
E aí você pode escolher
o desdobramento disso.
-
O pessoal de produto faz
uma apresentação pensada em produto,
-
o pessoal do financeiro faz
uma apresentação pensada em financeiro.
-
E aí, quando você tem uma reunião
interdepartamental, por exemplo, é o caos,
-
porque cada um vai apresentar
sobre o que lhe interessa,
-
e o negócio acaba se estendendo
por horas e horas, sem necessidade.
-
Uma coisa que poderia ter
durado duas horas, dura cinco,
-
e todo mundo sai pensando que aquilo
foi uma enorme perda de tempo.
-
Nós falamos de problemática
da comunicação agora.
-
Vocês têm traçado, de cabeça,
qual é o público de vocês
-
que tem maior demanda
por treinamento comunicacional?
-
Tem um perfil específico?
-
São mais os liderados ou são
mais os líderes realmente?
-
Ou são pessoas que têm que fazer
apresentações para times?
-
Tem algum perfil
de cabeça assim?
-
O que eu vejo é
que um dos maiores problemas
-
que existem nas empresas
é a comunicação,
-
e talvez nas relações,
de uma forma geral.
-
Ainda pegando um pouco
o que foi mencionado pelo André aqui,
-
eu vejo dois
grandes problemas,
-
e talvez por isso várias audiências
possam ser trabalhadas,
-
vários públicos
diferentes nesse tema,
-
mas, talvez,
com objetivos diferentes.
-
O primeiro é
uma questão de óbvio.
-
Muitas vezes, as pessoas
partem que o óbvio é óbvio.
-
Só que o óbvio,
na minha visão, não existe.
-
Então, quando ela parte
que o óbvio é óbvio,
-
ela faz uma comunicação
e acredita que a outra pessoa
-
vai entender de qualquer jeito,
porque aquilo é óbvio.
-
Só que ela está olhando a obviedade
a partir do ponto de vista dela.
-
E aí vem o segundo problema,
que é a questão de mindset.
-
Qual é o mindset da pessoa,
qual o mindset do público,
-
qual o mindset daquelas pessoas
com as quais eu vou falar.
-
Então, eu acho
que um dos grandes desafios
-
dentro das organizações,
das relações,
-
é nós podermos
ampliar o mindset
-
e deixar um pouco o nosso
mindset em standby,
-
deixar um pouco
a nossa visão de mundo,
-
as nossas crenças, aquilo
que é óbvio para nós, de lado,
-
e procurar entender mais
do mundo do outro,
-
do mundo das outras pessoas.
-
Então, nesse sentido, nós podemos
começar a fazer um direcionamento
-
do processo de comunicação,
de focar menos em quem está falando
-
e centrar mais nas pessoas
para as quais eu vou falar.
-
Então, nesse sentido,
na sua pergunta,
-
dá para trabalhar
de uma forma muito grande.
-
Por exemplo, eu já tenho feito
muitos treinamentos de feedback
-
que muitas empresas pediam,
de como dar feedback.
-
Tem até um livro que chama
"Obrigado pelo Feedback",
-
que é o seguinte: às vezes não é
só dar o feedback especificamente,
-
mas se as pessoas estão preparadas
para receber o feedback.
-
Então, às vezes, se nós só treinarmos
as pessoas para darem o feedback
-
e elas estiverem dando
o feedback perfeitamente,
-
mas as pessoas estiverem vendo
que o feedback é algo que poder ser,
-
entre aspas, só negativo
na percepção delas,
-
não necessariamente é,
-
mas na percepção
do que chega para a pessoa,
-
ela pode se fechar
para aquele processo.
-
E a partir do momento que ela
se fecha para aquele processo,
-
não adianta a fórmula
perfeita do feedback
-
se a pessoa não
está aberta para isso.
-
Então, às vezes é comum trabalhar
o mesmo tema com públicos diferentes,
-
só que com abordagens
diferentes,
-
olhando a partir dessa
perspectiva de mindset
-
para ter uma coisa
mais ampliada,
-
para as pessoas tomarem
mais consciência disso.
-
André, você tem
uma outra opinião?
-
Tenho, direcionando
um pouco mais
-
para a sua pergunta de público,
quem é a pessoa.
-
Eu penso muito...
Eu sou amante do Pareto,
-
eu acho que esse negócio
de 80/20, 20/80,
-
você gerar 80% de resultado
com 20% de esforço é o que há.
-
E eu...
-
Assim, todo mundo
precisa falar bem.
-
Comunicação é um problema
em qualquer nível de uma organização.
-
Eu comecei a me perguntar
onde isso dói mais
-
e onde isso tem
maior valor agregado.
-
E depois de alguns testes,
eu cheguei, basicamente,
-
em três tipos de público.
-
Um deles é um público
de executivos.
-
A camada hierárquica mais alta,
são pessoas extremamente competentes,
-
mas que não necessariamente
-
acompanham essa competência
de fazer boas apresentações.
-
Isso é particularmente importante
-
em organizações que exploram
bastante a imagem do executivo.
-
Então, você pega
um SpaceX, por exemplo.
-
O Elon Musk, apesar de ser
um engenheiro de formação,
-
é uma pessoa
que se expressa muito bem,
-
e eles usam isso como ativo
para conseguir explorar a imagem dele.
-
Então, esse é
um caso que eu pego.
-
Tem um segundo caso, que vem
para mim com uma certa frequência,
-
que é preparação
de forças de vendas,
-
especialmente as que trabalham
com vendas complexas.
-
Quando você tem um ciclo de vendas
que dura 8 meses, 1 ano,
-
uma boa apresentação
pode ser um fator determinante
-
para, primeiro, acabar
com esse ciclo inteiro de vendas.
-
Às vezes você demorou 9 meses
para chegar numa reunião com o diretor,
-
e uma apresentação malfeita
destrói todo aquele trabalho.
-
Segundo, uma apresentação malfeita
pode alongar esse ciclo de vendas
-
de maneira desnecessária.
-
E se você tem um portfólio muito
amplo de produtos para oferecer,
-
uma boa apresentação também
pode aumentar ticket médio.
-
Então, a força de vendas acaba
sendo um negócio bem interessante.
-
E a terceira linha é
a pessoa de marketing.
-
No marketing, eles
entendem um pouco
-
da necessidade de você
conversar sobre a mesma coisa
-
para diferentes públicos.
-
Especialmente o pessoal de trade,
que acaba tendo um papel
-
um pouco mais estratégico,
-
vão passar de uma forma
a apresentação para a força de vendas,
-
de uma outra forma
para o financeiro,
-
de uma outra forma
para o pessoal de gestão.
-
Então, eles sentem essa dor:
-
"Eu sinto que não dá certo.
Eu preciso adaptar melhor".
-
Se eles têm estratégia para captação
off-line, como eventos e congressos,
-
também funciona muito bem.
-
Então, são normalmente
esses três públicos.
-
Olhe que interessante!
Então, nós entendemos
-
que comunicação é
algo que a empresa toda
-
tem que saber, e saber
fazer bem-feito, né?
-
É muito importante que todo
mundo saiba se comunicar,
-
mas que todo mundo também
consiga receber um feedback,
-
consiga entender
as mensagens de forma clara.
-
Mas nós também conseguimos
afunilar um pouquinho
-
e pensar em alguns públicos
que podem se beneficiar ainda mais,
-
pensando em máquina de vendas
e pensando na empresa como um todo,
-
de uma boa comunicação,
como o André também trouxe,
-
complementando
a fala do Fabrício.
-
Então, bem interessante.
-
E também muito legal o exemplo
que o André trouxe quanto ao Elon Musk,
-
assim como sabemos
que o Steve Jobs, ex-CEO da Apple,
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também tinha um poder
comunicacional muito grande.
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Nós sabemos que algumas pessoas
se destacam para esse poder comunicacional,
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assim como o Barack Obama
fazia e faz até hoje.
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Então, eu queria
encerrar esse podcast
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falando um pouco
para as pessoas aqui
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sobre algo que citamos
na nossa fala inclusive,
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que é o medo do palco.
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As pessoas têm muito medo.
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Tem alguns estudos, inclusive,
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que falam que as pessoas têm
mais medo de falar em público
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do que da própria morte.
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Então, as pessoas
realmente tremem na base
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na hora de fazer
uma comunicação efetiva.
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Então, eu queria saber se vocês
têm alguma dica, bem rápida mesmo,
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para quem tem
medo do palco.
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Eu sei que vocês já falaram
de alguns pontos aqui,
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mas se vocês puderem
elencar um ponto de atenção
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para uma comunicação
mais efetiva,
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para as pessoas terem menos medo
desse momento da comunicação em público,
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esse contexto mais aberto,
vocês conseguiriam elencar um ponto?
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Consigo te dar três.
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Olhe só!
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A primeira coisa é que o medo do palco
é uma coisa que vem para mim,
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especialmente com o B2C,
da pessoa fazer uma apresentação TED,
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e falar: "Meu Deus, André,
pelo amor de Deus,
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isso aqui vai ficar gravado
pela eternidade
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e eu não posso passar
vergonha, me ajude".
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Já está suando frio.
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E a primeira coisa
que eu percebi é treino.
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Treino é fundamental.
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Quanto mais treinado
você estiver, melhor.
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Então, não tem como
você não treinar,
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subir no palco e pensar
que você vai arrasar.
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O Steve Jobs,
que você mencionou,
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era superfamoso por ensaiar dezenas,
quiçá centenas de vezes uma apresentação
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até chegar à perfeição.
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Então, se dava certo para ele,
dá certo para você também.
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A segunda coisa é: tenha clareza
sobre o que você vai dizer.
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Isso se conecta um pouco
com o treino.
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Muitas vezes, chegam para mim e falam:
"Ah, André, morro de medo do palco".
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Mas a pessoa não tem
clareza do discurso,
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e esse que é o problema.
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Quando você está
em cima de um palco,
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você não vai necessariamente
ter o feedback individual,
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como conversando
com uma pessoa.
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A pessoa fez uma cara de dúvida,
você se aprofunda um pouco, pergunta.
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No palco você
não tem isso.
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Então, se você não tem uma linha
de roteiro bastante clara na sua cabeça,
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dificilmente você vai conseguir
fazer o negócio fluir bem.
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E a terceira dica que eu dou
é: esteja no momento presente.
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O medo do palco nada mais é
do que uma projeção no futuro
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de que vai dar ruim,
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que você vai travar,
que você vai gaguejar,
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que você vai... "Meu Deus,
esqueci tudo, deu branco".
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E quando você está imerso
no agora, nada disso importa.
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Quando você está imerso no agora, você
está totalmente imbuído de uma tarefa,
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e ela simplesmente flui.
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Então, as três dicas
que eu dou são:
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treine bastante, tenha clareza
sobre o que você vai dizer
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e esteja no momento presente.
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Perfeito.
Quer complementar, Fabrício?
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Complemento.
Vou em três também.
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Daí fica no tripé aí.
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Perfeito.
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Complementando então, e conectando
com o que o André trouxe,
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a primeira, além de praticar,
que também seria uma dica,
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receber feedback da prática.
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Então, se puder
treinar sozinho é bom,
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e também se puder
reunir algumas pessoas,
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treinar e pedir feedback,
é excelente.
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Vários treinamentos que eu trabalho
e que eu também já participei
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quando tem pessoas
olhando, elas falam:
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"Ah, o seu gestual, o seu olhar,
você está olhando muito para baixo,
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você fez uma cara
assim, assado".
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Isso ajuda muito
a pessoa a se perceber
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quando não estamos nos
olhando numa apresentação.
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Então, treinar e ter feedback
eu acho que é uma das questões.
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A segunda, além de ter toda a ideia
do roteiro do que você vai falar,
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mais ou menos estruturado
ou bem estruturado,
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é ter espaço
para improviso.
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Porque, muitas vezes, a pessoa
está com o roteiro estruturado,
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mas ela esquece alguma coisa
e às vezes a platéia nem percebeu,
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mas ela demonstra.
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Às vezes até falando:
"Esqueci..."
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- Deu branco.
- Deu branco.
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A pessoa avisa a platéia
que deu branco.
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E, às vezes, se deu branco,
são questões de segundos.
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Então, até nisso, estar preparado
no treino para improvisos,
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para alguma coisa que você pode ir
por um caminho e aí você desvia um pouco,
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sem perder o foco, obviamente.
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E o terceiro, para também conectar
com a ideia de estar presente...
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Você citou várias pessoas que são ótimas,
conhecidas como ótimos comunicadores.
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Uma das dicas é procurar
identificar um arquétipo,
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que seria uma imagem,
ou pode ser uma pessoa
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com a qual a pessoa que vai fazer
a apresentação se identifique,
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como se naquele momento
que ela entrasse no palco
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ela estivesse pegando emprestado
aquela habilidade da pessoa.
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Isso é muito comum.
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O Tony Robbins, que é uma pessoa
que trabalha com treinamentos
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e é superconhecido, até na Netflix
tem um documentário dele,
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"Eu não sou seu guru",
fala como ele entra em palco.
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Ele entra em palco para duas,
três mil pessoas.
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Ele faz isso há anos,
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e ele tem um ritual
para entrar em palco.
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Então, ele tem uma cama elástica
que ele fica pulando.
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É sério! Ele coloca
a música, fica loucão,
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dá um giro e entra.
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Então, até ele que já está
acostumado com isso,
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superbem reconhecido,
sempre que vai entrar no palco...
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Às vezes, três dias,
quatro dias de treinamento,
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quando ele sai do palco,
antes dele entrar de novo,
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ele sempre faz isso.
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Então, ter um arquétipo, né,
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como você falou do Obama.
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Não é para copiar, obviamente.
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Cada um vai ter a sua
essência no processo.
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Mas pegar as coisas do Obama,
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pegar as coisas do Steve Jobs,
por exemplo, e de outros comunicadores
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ou comunicadoras
que a pessoa se identifique,
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como se naquele momento que ela entrasse
no palco, fosse fazer aquela apresentação,
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estivesse pegando
aquilo emprestado.
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Perfeito.
Dicas muito importantes aqui.
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Nós falamos um pouco mais
sobre comunicação humana.
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Queria agradecer
ao Fabrício pela presença.
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Fabrício, obrigado
por estar conosco hoje.
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Eu que agradeço
o convite, obrigado.
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André, obrigado também
pela sua presença.
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É muito bom ter os comentários
de vocês conosco hoje.
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É um prazer.
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Nós esperamos que,
com essas dicas,
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você consiga
se comunicar ainda melhor,
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seja na empresa
ou no âmbito pessoal.
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Nós nos vemos na próxima.
Tchau, tchau.