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O que estamos a aprender a partir de 5000 cérebros

  • 0:01 - 0:03
    Os outros. Toda a gente
    se interessa pelos outros.
  • 0:03 - 0:06
    Toda a gente se relaciona
    com outras pessoas
  • 0:06 - 0:09
    e tem interesse nessas relações,
    por diversas razões.
  • 0:09 - 0:11
    Boas relações, más relações,
  • 0:11 - 0:14
    relações chatas,
    relações agnósticas.
  • 0:15 - 0:18
    Vou concentrar-me nos aspetos centrais
  • 0:18 - 0:21
    da interação que ocorre numa relação.
  • 0:21 - 0:23
    Vou usar como fonte
    de inspiração o facto de que
  • 0:23 - 0:26
    todos temos interesse em interagir
    com outras pessoas,
  • 0:26 - 0:30
    Vou abstrair-me por completo
    dos detalhes mais complicados
  • 0:30 - 0:33
    vou transformar esse objeto simplificado
  • 0:33 - 0:37
    numa amostragem científica
    e fornecerei as etapas iniciais,
  • 0:37 - 0:40
    as etapas embrionárias
    das novas perspetivas
  • 0:40 - 0:41
    sobre o que ocorre em dois cérebros
  • 0:41 - 0:44
    enquanto interagem ao mesmo tempo.
  • 0:44 - 0:46
    Mas, antes de fazê-lo,
    vou dizer-vos algumas coisas
  • 0:46 - 0:48
    que tornaram isso fosse possível.
  • 0:48 - 0:51
    A primeira é que agora podemos
    auscultar com segurança
  • 0:51 - 0:53
    a atividade de um cérebro saudável,
  • 0:53 - 0:56
    sem agulhas, sem radioatividade,
  • 0:56 - 0:59
    sem qualquer tipo de justificação clínica,
    podemos andar pela rua
  • 0:59 - 1:02
    e registar a atividade cerebral
    dos nossos amigos e vizinhos
  • 1:02 - 1:04
    enquanto executam uma série
    de tarefas cognitivas.
  • 1:04 - 1:06
    Usamos um método chamado
  • 1:06 - 1:08
    Imagiologia de Ressonância
    Magnética functional [IRMf]
  • 1:08 - 1:11
    É provável que já tenham
    lido ou ouvido falar nele.
  • 1:12 - 1:15
    Vou apresentá-lo numa versão resumida.
  • 1:15 - 1:16
    Já todos ouvimos falar em IRMf.
  • 1:16 - 1:18
    Essas imagens usam campos magnéticos
  • 1:18 - 1:20
    e ondas de rádio
    para fotografar o cérebro,
  • 1:20 - 1:22
    os joelhos ou o estômago.
  • 1:22 - 1:25
    São imagens a preto e branco
    paradas no tempo.
  • 1:25 - 1:27
    Nos anos 90, descobriu-se
    que podíamos usar
  • 1:27 - 1:29
    os mesmos aparelhos de um modo diferente.
  • 1:29 - 1:32
    Era possível fazer filmes microscópicos
    da circulação sanguínea
  • 1:32 - 1:36
    a partir de centenas de milhares
    de zonas independentes no cérebro.
  • 1:36 - 1:38
    Pois bem. E daí?
  • 1:38 - 1:40
    Daí que no cérebro,
    as alterações na atividade neural
  • 1:40 - 1:42
    — aquilo que faz
    o nosso cérebro funcionar,
  • 1:42 - 1:44
    o que ativa o "software" cerebral —
  • 1:44 - 1:47
    estão ligadas às alterações
    na circulação sanguínea.
  • 1:47 - 1:49
    Ao filmar a circulação sanguínea,
  • 1:49 - 1:51
    ficamos com o registo independente
    da atividade cerebral.
  • 1:51 - 1:54
    Isto veio revolucionar
    as ciências cognitivas.
  • 1:54 - 1:56
    Em qualquer domínio cognitivo:
  • 1:56 - 1:59
    a memória, o planeamento motor,
    um pensamento sobre a sogra,
  • 1:59 - 2:03
    uma zanga com outros,
    uma resposta emocional, etc.,
  • 2:03 - 2:05
    pomos as pessoas em aparelhos
    de IRM funcional
  • 2:05 - 2:09
    e vemos como este tipo de variáveis
    desenham um mapa da atividade cerebral.
  • 2:09 - 2:11
    Ainda está no início
    e é de algum modo incipiente,
  • 2:11 - 2:14
    mas há 20 anos não tínhamos nada.
  • 2:14 - 2:16
    Não podíamos analisar
    as pessoas saudáveis.
  • 2:16 - 2:18
    Isto causou uma verdadeira revolução
  • 2:18 - 2:21
    e abriu-nos para uma nova
    preparação experimental.
  • 2:21 - 2:25
    Os neurobiologistas, como sabem,
    fazem muitas preparações experimentais,
  • 2:25 - 2:29
    com larvas, roedores,
    moscas da fruta e coisas do género.
  • 2:29 - 2:32
    Mas agora temos uma nova preparação
    experimental com seres humanos.
  • 2:32 - 2:34
    Podemos usar seres humanos
    para estudar
  • 2:34 - 2:38
    e criar modelos
    do "software" dos seres humanos
  • 2:38 - 2:41
    e temos algumas medidas biológicas
    em florescimento.
  • 2:41 - 2:45
    Muito bem, vou dar-vos um exemplo
    dos tipos de experiências que se fazem
  • 2:45 - 2:48
    na área a que chamamos de avaliação.
  • 2:48 - 2:50
    A avaliação é justamente aquilo
    que vocês acham que é.
  • 2:50 - 2:53
    Se avaliarmos duas empresas
    em comparação uma com a outra,
  • 2:53 - 2:56
    desejamos saber qual é a mais valiosa.
  • 2:56 - 3:00
    As culturas descobriram há milhares de anos
    o aspeto mais importante da avaliação
  • 3:00 - 3:02
    Para comparar laranjas
    com para-brisas, como fazemos?
  • 3:02 - 3:05
    Não podemos comparar
    laranjas com para-brisas.
  • 3:05 - 3:07
    São imiscíveis.
    Não se podem misturar entre si.
  • 3:07 - 3:09
    Assim, convertemo-los
    à escala de uma moeda comum,
  • 3:09 - 3:12
    e avaliamo-los de acordo com essa escala.
  • 3:12 - 3:15
    O cérebro também tem de fazer
    algo parecido com isso.
  • 3:15 - 3:18
    Estamos agora a começar
    a entender e a identificar
  • 3:18 - 3:20
    os sistemas cerebrais
    envolvidos na avaliação.
  • 3:20 - 3:23
    Um deles inclui
    um sistema neurotransmissor,
  • 3:23 - 3:25
    cujas células estão situadas
    no tronco encefálico
  • 3:25 - 3:28
    e que distribui a dopamina química
    pelo resto do cérebro.
  • 3:28 - 3:31
    Não vou entrar em detalhes,
    mas foi uma descoberta importante
  • 3:31 - 3:33
    e agora sabemos
    um bom bocado do assunto.
  • 3:33 - 3:35
    É apenas uma parte, mas é importante
  • 3:35 - 3:38
    porque são os neurónios que perdemos,
    se tivermos a doença de Parkinson
  • 3:38 - 3:41
    e são também os neurónios
    que são sequestrados
  • 3:41 - 3:43
    pels drogas ilícitas e isso faz sentido.
  • 3:43 - 3:46
    As drogas ilícitas vieram transformar
    a forma de avaliarmos o mundo.
  • 3:46 - 3:48
    Mudam a forma como avaliamos
  • 3:48 - 3:50
    os símbolos associados
    à nossa droga de eleição
  • 3:50 - 3:53
    e levam-nos a valorizar isso
    acima de todas as coisas.
  • 3:53 - 3:55
    Mas o aspeto central é o seguinte.
  • 3:55 - 3:57
    Estes neurónios também estão envolvidos
  • 3:57 - 3:59
    na forma como podemos
    atribuir valor a ideias abstratas.
  • 3:59 - 4:02
    Coloquei aqui alguns símbolos
    a que atribuímos valor,
  • 4:02 - 4:04
    por diversas razões.
  • 4:04 - 4:07
    Possuímos uma superpotência
    comportamental no cérebro,
  • 4:07 - 4:09
    que envolve, pelo menos em parte,
    a dopamina.
  • 4:09 - 4:12
    Podemos negar todo o instinto
    de sobrevivência por causa de uma ideia.
  • 4:13 - 4:16
    Nenhuma outra espécie o consegue fazer.
  • 4:16 - 4:21
    Em 1997, a seita do Heaven's Gate
    perpetrou um suicídio coletivo
  • 4:21 - 4:23
    com base na ideia de que havia
    uma nave espacial
  • 4:23 - 4:26
    escondida na cauda do então visível
    cometa Hale-Bopp,
  • 4:26 - 4:28
    à espera de levá-los
    para o nível seguinte.
  • 4:28 - 4:31
    Foi um acontecimento
    incrivelmente trágico.
  • 4:31 - 4:34
    Mais de dois terços deles
    possuíam graus académicos.
  • 4:34 - 4:39
    Mas o que interessa é que foram capazes
    de negar os seus instintos de sobrevivência
  • 4:39 - 4:40
    usando os mesmos sistemas
  • 4:40 - 4:42
    que lá foram colocados
    para os fazer sobreviver.
  • 4:42 - 4:44
    É um enorme poder de controlo.
  • 4:44 - 4:47
    Deixei de fora desta narrativa o óbvio
  • 4:47 - 4:50
    — o foco do resto
    da minha pequena palestra —
  • 4:50 - 4:51
    que é: as outras pessoas.
  • 4:51 - 4:54
    Estes mesmos sistemas de
    avaliação são transferidos
  • 4:54 - 4:57
    quando avaliamos as interações
    com outras pessoas.
  • 4:57 - 5:00
    Assim, o mesmo sistema de
    dopamina que se vicia em drogas,
  • 5:00 - 5:02
    que nos congela quando
    temos a doença de Parkinson
  • 5:02 - 5:05
    que contribui para diversas
    formas de psicose,
  • 5:05 - 5:09
    é igualmente transferido para
    a avaliação das interações com outros
  • 5:09 - 5:12
    e para atribuir valor
    aos gestos que fazemos
  • 5:12 - 5:14
    quando interagimos com alguém.
  • 5:15 - 5:17
    Vou dar-vos um exemplo disto.
  • 5:17 - 5:20
    Trazemos para cima da mesa
    um tal poder de processamento
  • 5:20 - 5:23
    neste domínio, que quase nem notamos.
  • 5:23 - 5:25
    Eis uns exemplos.
    Temos aqui um bebé.
  • 5:25 - 5:28
    Tem três meses. Faz cocó na fralda
    e não sabe efetuar cálculos.
  • 5:29 - 5:32
    Ela é da minha família. Vão ficar
    contentes por ela aarecer aqui.
  • 5:32 - 5:33
    Podemos tapar-lhe um olho
  • 5:33 - 5:35
    e continuar a ler algo no outro.
  • 5:35 - 5:40
    Estou a ver alguma curiosidade num olho
    e talvez um pouco de surpresa, no outro.
  • 5:41 - 5:43
    Este casal está a partilhar
    um momento.
  • 5:43 - 5:47
    Fizemos uma experiência
    em que cortámos pedaços desta foto
  • 5:47 - 5:49
    e continuamos
    a ver que eles o estão a partilhar
  • 5:49 - 5:50
    mais ou menos, em paralelo.
  • 5:50 - 5:53
    Os elementos da cena
    também nos comunicam isso,
  • 5:53 - 5:56
    mas podemos lê-lo nos seus rostos.
  • 5:56 - 5:59
    Se os compararmos com rostos normais,
    é uma pista muito subtil.
  • 5:59 - 6:01
    Aqui está outro casal.
  • 6:01 - 6:02
    Ele está a projetar-se para nós
  • 6:02 - 6:06
    e ela está claramente a projetar
    amor e admiração em relação a ele.
  • 6:07 - 6:08
    Este é outro par.
  • 6:08 - 6:10
    (Risos)
  • 6:11 - 6:13
    No vejo amor nem admiração,
    do lado esquerdo.
  • 6:14 - 6:16
    (Risos)
  • 6:16 - 6:19
    Sei que ela é irmã dele
    e o que vemos na cara dele é:
  • 6:19 - 6:22
    "Estamos a fazer isto para a fotografia,
  • 6:22 - 6:25
    "mas depois roubas-me os doces
    e dás-me uma chapada na cara."
  • 6:25 - 6:26
    (Risos)
  • 6:27 - 6:29
    Ele vai matar-me por mostrar isto.
  • 6:29 - 6:32
    Muito bem, então o que quer isto dizer?
  • 6:32 - 6:35
    Quer dizer que inserimos
    muito poder de processamento na questão
  • 6:35 - 6:39
    que relaciona sistemas nas profundezas
    do cérebro com sistemas dopaminérgicos
  • 6:39 - 6:42
    que existem para nós irmos
    atrás de sexo, comida e sal.
  • 6:42 - 6:43
    Mantêm-nos vivos.
  • 6:43 - 6:46
    Dão-lhe o alimento, dão-lhe
    o tipo de impulso comportamental
  • 6:46 - 6:48
    a que chamamos superpotência.
  • 6:48 - 6:51
    Como é que podemos pegar nisto
    e fazer uma espécie de encenação
  • 6:51 - 6:53
    e transformá-lo
    numa amostragem científica?
  • 6:53 - 6:55
    A resposta mais curta é: Jogos.
  • 6:56 - 6:58
    Jogos económicos.
  • 6:58 - 7:01
    Divididos em duas áreas.
  • 7:01 - 7:04
    Um é a economia experimental.
    A outra é a economia comportamental.
  • 7:04 - 7:08
    Roubamos-lhes os jogos e concebemo-los
    de acordo com os nossos objetivos.
  • 7:08 - 7:11
    Isto mostra-nos um jogo em especial,
    chamado o Jogo do Ultimato.
  • 7:11 - 7:14
    A pessoa vermelha recebe cem dólares
    e pode dar uma parte à azul.
  • 7:14 - 7:18
    Digamos que a vermelha quer ficar com 70
    e oferece 30 à azul.
  • 7:18 - 7:21
    Então propõe uma divisão de 70-30 à azul.
  • 7:21 - 7:23
    É dado o controlo à azul que diz "Aceito",
  • 7:23 - 7:25
    caso em que recebe o dinheiro
  • 7:25 - 7:28
    ou a azul diz "Rejeito",
    caso em que ninguém recebe nada.
  • 7:30 - 7:33
    Um economista que escolhesse
    de forma racional, diria:
  • 7:33 - 7:35
    "Devíamos optar pelas ofertas
    em que ninguém fica com nada".
  • 7:35 - 7:39
    O que fazem as pessoas?
    Não aceitam uma proposta de 80-20.
  • 7:39 - 7:42
    Numa de 80-20, lança-se uma moeda
    ao ar para decidir se aceitamos ou não.
  • 7:42 - 7:45
    Porquê? Porque estamos irritados.
  • 7:45 - 7:49
    Estamos zangados. Trata-se de uma
    oferta injusta e nós sabemos disso.
  • 7:49 - 7:52
    É o tipo de jogos
    que o meu laboratório faz.
  • 7:52 - 7:55
    Isto dá-nos um exemplo do tipo de coisas
    que estes jogos atestam.
  • 7:56 - 7:58
    O que é interessante é que estes jogos
  • 7:58 - 8:01
    exigem que tenhamos um enorme
    aparato cognitivo em linha.
  • 8:01 - 8:05
    Temos de nos sentar à mesa
    com um modelo adequado da outra pessoa.
  • 8:05 - 8:08
    Temos de nos lembrar do que fizemos.
  • 8:08 - 8:09
    Temos de nos erguer para o fazermos.
  • 8:09 - 8:13
    Temos de atualizar o nosso modelo
    com base nos sinais que nos são devolvidos
  • 8:13 - 8:15
    e temos de fazer algo interessante,
  • 8:15 - 8:19
    que é uma espécie de avaliação
    da profundidade do pensamento.
  • 8:19 - 8:21
    Temos de pensar no que
    qa outra pessoa espera de nós.
  • 8:21 - 8:25
    Temos de enviar-lhe sinais para
    gerir a nossa imagem na sua cabeça.
  • 8:25 - 8:26
    Como numa entrevista de emprego.
  • 8:26 - 8:29
    Estamos diante de alguém
    que tem uma imagem a nosso respeito,
  • 8:29 - 8:31
    enviamos-lhe sinais para
    deslocar essa imagem
  • 8:31 - 8:36
    a nosso respeito de um ponto
    para o ponto em que queremos que fique.
  • 8:36 - 8:39
    Somos tão bons nisto
    que nem sequer notamos.
  • 8:39 - 8:41
    Estes tipos de testes exploram isso.
  • 8:42 - 8:44
    Ao fazê-lo, descobrimos que os homens
  • 8:44 - 8:47
    são autênticos canários
    nos intercâmbios sociais.
  • 8:47 - 8:50
    Os canários eram usados como
    uma espécie de biossensores nas minas.
  • 8:50 - 8:53
    Quando o metano ou
    o dióxido de carbono se concentravam
  • 8:53 - 8:58
    ou o oxigénio diminuía, os pássaros
    desmaiavam antes das pessoas
  • 8:58 - 9:00
    — era um sistema de aviso prévio:
  • 9:00 - 9:03
    "Olhem, saiam da mina.
    As coisas não estão muito bem".
  • 9:04 - 9:08
    As pessoas sentam-se à mesa e, até para
    estas bruscas interações sociais encenadas
  • 9:08 - 9:12
    em que só existem números a passar
    de uma pessoa para outra,
  • 9:12 - 9:14
    elas contribuem com enorme sensibilidade.
  • 9:14 - 9:17
    Então, percebemos que podíamos
    explorar isso e, de facto,
  • 9:17 - 9:18
    enquanto o fizemos
  • 9:18 - 9:20
    — já o fizemos com
    milhares de pessoas,
  • 9:20 - 9:23
    penso que na ordem
    dos cinco ou seis milhares.
  • 9:23 - 9:26
    Para transformar isto
    numa amostra biológica,
  • 9:26 - 9:28
    necessitamos de números
    muito maiores que esses.
  • 9:28 - 9:30
    Mas de qualquer modo,
  • 9:30 - 9:33
    há padrões que emergem e
    somos capazes de pegar nesses padrões,
  • 9:33 - 9:36
    convertê-los em modelos matemáticos
  • 9:36 - 9:40
    e usá-los para ganharmos
    novas perspetivas sobre essas alterações.
  • 9:40 - 9:41
    Pois bem. E daí?
  • 9:41 - 9:44
    Trata-se de uma bela
    forma de medir comportamentos,
  • 9:44 - 9:47
    os jogos económicos trazem-nos
    conceitos de interação ideal.
  • 9:47 - 9:50
    Podemos computá-los durante um jogo.
  • 9:50 - 9:53
    E podemos usar isso para
    dissecar um comportamento.
  • 9:54 - 9:58
    Há seis ou sete anos, formámos uma equipa.
  • 9:58 - 10:01
    Na altura, em Houston, no Texas.
    Está agora na Virgínia e em Londres.
  • 10:02 - 10:05
    Desenvolvemos programas que ligarão
  • 10:05 - 10:08
    os aparelhos de IRM funcional,
    através da Internet.
  • 10:08 - 10:11
    Penso que fizemos
    cerca de seis máquinas de cada vez,
  • 10:11 - 10:13
    mas foquemo-nos apenas em duas.
  • 10:13 - 10:15
    Sincronizam-se máquinas
    em qualquer parte do mundo.
  • 10:15 - 10:20
    Sincronizamos as máquinas, ligamo-las
    a estas interações sociais improvisadas
  • 10:20 - 10:22
    e auscultamos ambos
    os cérebros interativos.
  • 10:22 - 10:25
    Assim, na primeira vez, não temos
    de olhar para as médias dos indivíduos
  • 10:25 - 10:30
    ou colocá-los a jogar no computador
    ou tentar interferir desse modo.
  • 10:30 - 10:32
    Podemos estudar os pares de indivíduos,
  • 10:32 - 10:34
    estudar a forma como
    uma pessoa interage com a outra,
  • 10:34 - 10:37
    revirar os números e começar
    a ganhar novas perspetivas
  • 10:37 - 10:40
    sobre os limites da cognição normal,
  • 10:40 - 10:43
    mas o mais importante é que
    podemos pôr pessoas
  • 10:43 - 10:46
    com doenças definidas
    como mentais ou com danos cerebrais
  • 10:46 - 10:49
    nestas interações sociais e
    usá-las como amostras disso.
  • 10:49 - 10:51
    Iniciámos este esforço.
    Alcançámos alguns êxitos.
  • 10:51 - 10:54
    Penso que fizemos algumas
    descobertas embrionárias.
  • 10:54 - 10:56
    Pensamos que isto tem futuro.
  • 10:56 - 10:59
    É a nossa forma de penetrar e redefinir
    através de um novo léxico,
  • 10:59 - 11:03
    um léxico matemático,
    oposto às formas padronizadas
  • 11:03 - 11:06
    como pensamos nas doenças mentais,
  • 11:06 - 11:08
    caraterizando estas doenças,
    utilizando pessoas
  • 11:08 - 11:10
    como as aves nos intercâmbios.
  • 11:10 - 11:13
    Isto é, exploramos o facto
    de que o parceiro saudável,
  • 11:13 - 11:15
    ao representar alguém com depressão major
  • 11:15 - 11:19
    ou ao representar alguém com
    perturbações do espetro autista
  • 11:19 - 11:22
    ou alguém com distúrbio
    da hiperatividade com défice de atenção,
  • 11:22 - 11:24
    é usado como uma espécie de biossensor.
  • 11:24 - 11:27
    Utilizamos os programas informáticos
    como modelos dessa pessoa
  • 11:27 - 11:30
    e eles dão-nos uma espécie
    de análise disso.
  • 11:30 - 11:34
    Ainda estamos no princípio,
    a construir "sites" à volta do mundo.
  • 11:34 - 11:36
    Temos aqui alguns dos "sites"
    que colaboram connosco.
  • 11:36 - 11:38
    A rede, ironicamente,
  • 11:38 - 11:41
    tem um centro
    na pequena Roanoke, na Virgínia.
  • 11:41 - 11:45
    Temos agora outro centro, em Londres
    e o resto ainda está em construção.
  • 11:45 - 11:48
    Esperamos dar mais dados em algum momento.
  • 11:49 - 11:51
    É um assunto complicado
  • 11:51 - 11:54
    no que toca à sua disponibilização
    para o resto do mundo.
  • 11:54 - 11:56
    Mas também estamos a
    estudar uma pequena parte
  • 11:56 - 11:58
    do que nos torna interessantes
    como seres humanos
  • 11:58 - 12:00
    e convido outras pessoas
    interessadas nisto,
  • 12:00 - 12:03
    a colocarem-nos questões
    sobre os programas
  • 12:03 - 12:04
    ou a pedirem-nos orientação
  • 12:04 - 12:05
    sobre como avançar com isso.
  • 12:05 - 12:07
    Um pensamento, para concluir.
  • 12:07 - 12:09
    O interessante no estudo da cognição
  • 12:09 - 12:13
    é que temos estado limitados,
    de certo modo.
  • 12:13 - 12:16
    Não temos tido as ferramentas
    para observar cérebros interativos,
  • 12:16 - 12:17
    em simultâneo.
  • 12:17 - 12:21
    Mesmo quando estamos sozinhos,
    somos criaturas profundamente sociais.
  • 12:21 - 12:27
    Não somos uma mente solitária
    construída a partir de propriedades
  • 12:27 - 12:30
    que a mantiveram viva num mundo
    independente de outras pessoas.
  • 12:31 - 12:34
    De facto, a nossa mente
    depende das outras pessoas
  • 12:34 - 12:36
    e está expressa noutras pessoas,
  • 12:36 - 12:40
    por isso é que não temos normalmente
    noção de quem somos
  • 12:40 - 12:42
    até nos vermos
    numa interação com pessoas
  • 12:42 - 12:46
    que nos são próximas,
    que são nossas inimigas,
  • 12:46 - 12:48
    que são agnósticas em relação a nós.
  • 12:48 - 12:52
    Isto é uma espécie de primeiro passo
    para utilizar esta perspetiva
  • 12:52 - 12:54
    sobre o que faz de nós seres humanos,
    como uma ferramenta
  • 12:54 - 12:57
    para adquirir novas perspetivas
    sobre as doenças mentais.
  • 12:57 - 12:59
    Obrigado por me convidarem.
  • 12:59 - 13:02
    (Aplausos)
Title:
O que estamos a aprender a partir de 5000 cérebros
Speaker:
Read Montague
Description:

Ratos, insetos e hamsters já não são a única forma de estudar o cérebro. A Imagiologia por Ressonância Magnética funcional (IRMf) permite aos cientistas mapear a atividade cerebral em seres humanos vivos, capazes de respirar e tomar decisões. Read Montague dá-nos uma visão global sobre como esta tecnologia nos está a ajudar a compreender as formas complicadas de como interagimos uns com os outros.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:23

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