Como radiotelescópios nos mostram galáxias invisíveis
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0:01 - 0:04Espaço, a fronteira final.
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0:06 - 0:09Ouvi essas palavras quando
tinha apenas seis anos de idade, -
0:09 - 0:12e fui completamente inspirada.
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0:12 - 0:14Queria explorar novos mundos estranhos.
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0:14 - 0:16Queria procurar por vida nova.
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0:16 - 0:19Queria ver tudo que o universo
tinha a oferecer. -
0:20 - 0:24E esses sonhos, essas palavras,
guiaram-me em uma jornada, -
0:24 - 0:25uma jornada de descobrimento,
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0:25 - 0:27através da escola, da universidade,
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0:27 - 0:31a fazer um PhD e finalmente
a tornar-me astrônoma. -
0:32 - 0:35Bem, aprendi duas coisas incríveis,
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0:35 - 0:36uma um pouco infeliz
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0:37 - 0:39quando estava fazendo meu PhD.
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0:39 - 0:41Aprendi que a realidade era
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0:41 - 0:44que não iria pilotar
uma nave estelar tão cedo. -
0:45 - 0:50Mas também aprendi que o universo
é estranho, maravilhoso e vasto, -
0:50 - 0:53na realidade, vasto demais
para ser explorado por uma nave. -
0:54 - 0:57Assim, voltei a minha atenção
para a astronomia, no uso de telescópios. -
0:58 - 1:01Bem, essa é uma imagem do céu noturno.
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1:01 - 1:03É possível vê-lo em qualquer
lugar do mundo. -
1:03 - 1:07E todas essas estrelas fazem parte
da nossa galáxia, a Via Láctea. -
1:08 - 1:10Então, se você fosse para uma parte
mais escura do céu, -
1:10 - 1:13um bom local escuro, talvez no deserto,
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1:13 - 1:15poderia ver o centro da Via Láctea
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1:15 - 1:18espalhado diante de você,
centenas de bilhões de estrelas. -
1:19 - 1:20E é uma visão muito bonita.
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1:20 - 1:22É colorido.
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1:22 - 1:25E novamente, isso é apenas
um recanto do nosso universo. -
1:25 - 1:29Você pode ver que há uma espécie
de poeira escura estranha sobre ele. -
1:29 - 1:33Bem, isso é poeira local
obstruindo a luz das estrelas. -
1:33 - 1:35Mas podemos fazer um bom trabalho.
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1:35 - 1:38Só com nossos olhos, podemos explorar
nosso pequeno recanto do universo. -
1:39 - 1:40É possível fazer melhor.
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1:40 - 1:44Podemos usar telescópios maravilhosos
como o Telescópio Espacial Hubble. -
1:44 - 1:46Astrônomos juntaram essa imagem.
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1:46 - 1:48É chamada Campo Profundo do Hubble,
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1:48 - 1:53e passaram centenas de horas observando
apenas um minúsculo trecho do céu, -
1:53 - 1:55não maior do que a unha do seu polegar.
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1:56 - 1:57E nessa imagem
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1:57 - 1:58você pode ver milhares de galáxias
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1:58 - 2:02e nós sabemos que deve haver
centenas de milhões, bilhões de galáxias -
2:02 - 2:03em todo o universo,
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2:03 - 2:06algumas parecidas com a nossa
e outras muito diferentes. -
2:06 - 2:09Então você pensa: "Certo,
posso continuar essa jornada. -
2:09 - 2:11É fácil, posso apenas usar
um telescópio muito potente -
2:11 - 2:14e olhar para o céu, sem problemas".
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2:14 - 2:18Na verdade, algo estará
faltando se fizermos apenas isso. -
2:18 - 2:21Isso é porque tudo que falei até agora
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2:21 - 2:25é apenas usando o espectro visível,
só aquilo que seus olhos podem ver. -
2:25 - 2:30E isso é uma fatia muitíssimo minúscula
do que o universo tem a nos oferecer. -
2:30 - 2:35Existem também dois grandes
problemas em usar luz visível. -
2:35 - 2:38Não só estamos perdendo
todos os outros processos -
2:38 - 2:41que estão emitindo outros tipos de luz,
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2:41 - 2:42mas há duas questões.
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2:42 - 2:46Bem, a primeira é aquela poeira
que mencionei anteriormente. -
2:46 - 2:49Ela impede que a luz
visível chegue até nós. -
2:49 - 2:53Logo, quanto mais profundamente
olhamos o universo, vemos menos luz. -
2:53 - 2:55A poeira a detém.
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2:56 - 2:59Mas há um problema realmente
estranho em usar luz visível -
2:59 - 3:01a fim de tentar explorar o universo.
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3:02 - 3:04Agora, faça uma pausa por um minuto.
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3:04 - 3:07Digamos que você esteja na esquina
de uma rua movimentada. -
3:07 - 3:09Há carros circulando.
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3:09 - 3:10Uma ambulância se aproxima.
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3:11 - 3:12Ela possui uma sirene aguda.
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3:12 - 3:16(Imita som de uma sirene passando)
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3:16 - 3:21A sirene pareceu mudar de tom
enquanto passava e se afastava de você. -
3:21 - 3:25O motorista não mudou a sirene
para brincar com você. -
3:26 - 3:29Isso foi um produto da sua percepção.
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3:29 - 3:31As ondas sonoras, quando
a ambulância se aproximava, -
3:31 - 3:35foram comprimidas,
e tornaram-se mais agudas. -
3:35 - 3:37Com a ambulância recuando,
as ondas sonoras foram esticadas -
3:37 - 3:39e soaram mais graves.
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3:39 - 3:41O mesmo acontece com a luz.
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3:42 - 3:44Objetos movendo-se na nossa direção
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3:44 - 3:48têm suas ondas de luz comprimidas
e parecem mais azuis. -
3:48 - 3:50Objetos movendo-se para longe de nós
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3:50 - 3:53têm suas ondas esticadas,
e parecem mais vermelhos. -
3:53 - 3:55Chamamos esses efeitos
de desvio para o azul ou vermelho. -
3:56 - 3:59Bem, nosso universo está se expandindo,
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3:59 - 4:04então tudo está se afastando de tudo,
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4:04 - 4:06significando que tudo parece ser vermelho.
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4:07 - 4:11E por incrível que pareça, quando olhamos
mais profundamente no universo, -
4:11 - 4:15objetos distantes estão se afastando
ainda mais e mais rapidamente, -
4:15 - 4:17então eles aparecem mais vermelhos.
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4:18 - 4:20Assim, se voltássemos para
o Campo Profundo do Hubble -
4:21 - 4:23e se fôssemos continuar a observar
minuciosamente o universo -
4:23 - 4:25apenas usando o Hubble,
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4:25 - 4:27à medida em que chegamos
a uma certa distância, -
4:28 - 4:29tudo se torna vermelho
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4:30 - 4:32e isso constitui um problema.
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4:32 - 4:34Chegamos tão longe, por fim,
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4:34 - 4:37que tudo é deslocado para o infravermelho
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4:37 - 4:39e não podemos ver nada.
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4:40 - 4:43Deve haver um modo de contornar isso,
senão, fico limitada em minha jornada. -
4:43 - 4:45Eu queria explorar o universo inteiro,
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4:45 - 4:49não apenas o que posso ver,
antes do desvio para o vermelho aparecer. -
4:50 - 4:51Existe uma técnica.
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4:51 - 4:53É chamada radioastronomia.
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4:53 - 4:55Os astrônomos a vêm usando há décadas.
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4:55 - 4:56É uma técnica fantástica.
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4:57 - 5:00Este é o Radiotelescópio Parkes,
carinhosamente chamado de "A Antena"; -
5:00 - 5:02talvez tenham visto o filme.
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5:02 - 5:03E rádio é realmente brilhante.
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5:03 - 5:06Permite-nos olhar
muito mais profundamente. -
5:06 - 5:09Não é retido por poeira,
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5:09 - 5:11de tal forma que é possível
ver tudo no universo -
5:11 - 5:13e não se tem o desvio para o vermelho,
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5:13 - 5:16pois podemos construir receptores
que recebem em uma ampla faixa. -
5:17 - 5:21Então, o que o Parkes vê quando
o voltamos para o centro da Via Láctea? -
5:21 - 5:23Deveríamos ver algo fantástico, certo?
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5:23 - 5:26Bem, de fato vemos algo interessante.
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5:26 - 5:28Toda aquela poeira se foi.
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5:28 - 5:31Como mencionei, rádio passa
direto pela poeira, não é um problema. -
5:32 - 5:34Mas a visão é muito diferente.
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5:34 - 5:38Podemos ver que o centro
da Via Láctea é iluminado -
5:38 - 5:40e isso não é luz das estrelas.
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5:40 - 5:43Essa é uma luz chamada radiação síncrotron
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5:43 - 5:48e é formada por elétrons espiralando
em torno de campos magnéticos cósmicos. -
5:48 - 5:51Então, o plano é iluminado com essa luz.
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5:51 - 5:55E também podemos ver
estranhos tufos saindo dela -
5:55 - 6:00e objetos que não parecem se alinhar
com nada que podemos ver com nossos olhos. -
6:01 - 6:03Mas é difícil interpretar essa imagem,
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6:03 - 6:05porque, como pode ver,
possui baixa resolução. -
6:05 - 6:08Ondas de rádio têm
comprimento de onda longo -
6:08 - 6:10e isto faz sua resolução mais baixa.
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6:10 - 6:12Essa imagem também está em preto e branco,
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6:12 - 6:16então realmente não sabemos
qual é a cor de tudo aqui. -
6:17 - 6:18Bem, voltando para o agora,
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6:18 - 6:22podemos construir telescópios
que podem superar esses problemas. -
6:22 - 6:25Esta é uma imagem do Observatório
Radioastronômico de Murchison, -
6:26 - 6:28um lugar perfeito
para construir radiotelescópios. -
6:28 - 6:31É plano, seco
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6:31 - 6:34e mais importante, não há sinais de rádio.
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6:34 - 6:37Sem celulares, sem Wi-Fi, nada.
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6:37 - 6:39Sem sinal algum de rádio,
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6:39 - 6:43logo, um lugar perfeito
para construir um radiotelescópio. -
6:43 - 6:46O telescópio que tenho trabalhado
por alguns anos chama-se -
6:46 - 6:48Murchison Widefield Array (MWA)
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6:48 - 6:51e vou mostrar um vídeo
dele sendo construído. -
6:51 - 6:55Esse é um grupo de graduandos
e pós-graduandos localizado em Perth. -
6:55 - 6:57São chamados de Exército Estudantil
-
6:57 - 7:00e eles se voluntariaram
para construir o telescópio. -
7:00 - 7:02Não há crédito-aula para isso.
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7:02 - 7:05E eles estão colocando
esses dipolos para rádio. -
7:05 - 7:10Eles apenas recebem baixas frequências,
um pouco como o rádio e a televisão. -
7:11 - 7:14Aqui estamos posicionando-os pelo deserto.
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7:14 - 7:17O último telescópio cobre
dez quilômetros quadrados -
7:17 - 7:19do deserto australiano ocidental.
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7:19 - 7:22E o interessante é
que não há partes móveis. -
7:22 - 7:26Apenas posicionamos essas pequenas antenas
essencialmente em telas de arame. -
7:26 - 7:27É muito barato.
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7:27 - 7:31Os cabos capturam os sinais das antenas
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7:31 - 7:34e os trazem para unidades
centrais de processamento. -
7:34 - 7:36E é pelo tamanho do telescópio,
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7:36 - 7:38e o fato de ter sido construído
em todo o deserto, -
7:38 - 7:41que ele nos dá uma melhor
resolução do que o Parkes. -
7:42 - 7:45Por fim, todos esses cabos
são trazidos para uma unidade -
7:45 - 7:49que envia os dados
para um supercomputador aqui em Perth -
7:49 - 7:50e é aí que eu entro.
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7:51 - 7:53(Suspiro)
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7:53 - 7:54Dados de rádio.
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7:54 - 7:56Passei os últimos cinco anos
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7:56 - 7:58trabalhando com dados
bem difíceis e interessantes -
7:59 - 8:00que ninguém havia visto anteriormente.
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8:01 - 8:03Passei um longo tempo calibrando-os,
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8:03 - 8:07executando milhões de horas
em supercomputadores -
8:07 - 8:09e realmente tentando entender esses dados.
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8:09 - 8:13E com esse telescópio, esses dados,
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8:13 - 8:17temos realizado uma pesquisa
de todo o céu do Sul, -
8:17 - 8:22o Rastreio Galáctico e Extragaláctico
de todo o céu pelo MWA -
8:22 - 8:24ou GLEAM, como eu o chamo.
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8:24 - 8:26E estou muito empolgada.
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8:26 - 8:29Essa pesquisa está prestes a ser
publicada, mas ainda nada foi mostrado, -
8:29 - 8:31então vocês serão os primeiros
-
8:31 - 8:34a ver essa pesquisa de todo o céu do Sul.
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8:35 - 8:38Estou encantada de compartilhar
algumas imagens dessa pesquisa. -
8:39 - 8:43Imagine que você foi a Murchison,
acampou debaixo das estrelas -
8:43 - 8:45e olhou para o Sul.
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8:45 - 8:47Você viu o polo celeste do Sul,
o amanhecer da galáxia. -
8:47 - 8:50Se mudarmos para a luz de rádio,
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8:50 - 8:53isso é o que observamos
com nossa pesquisa. -
8:53 - 8:56O plano galáctico não está
mais obstruído com poeira. -
8:56 - 9:01Está radiante com a radiação síncrotron
e milhares de pontos estão no céu. -
9:01 - 9:04Nossa Grande Nuvem de Magalhães,
nossa vizinha galáctica mais próxima, -
9:04 - 9:07está laranja em vez de seu
familiar branco azulado. -
9:07 - 9:11Então, há muito acontecendo nisso;
vamos olhar mais de perto. -
9:11 - 9:13Se olharmos em direção
ao centro galáctico, -
9:13 - 9:16onde nós, originalmente, vimos
as imagens de Parkes que mostrei, -
9:16 - 9:19baixa resolução, preto e branco,
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9:19 - 9:21e mudarmos para a visão GLEAM,
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9:22 - 9:26podemos ver que a resolução
melhorou por um fator de 100. -
9:26 - 9:29Temos agora uma visão colorida do céu,
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9:29 - 9:30uma visão multicolorida.
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9:30 - 9:33Veja, isso não são cores falsas.
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9:33 - 9:36Estas são cores reais de rádio.
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9:37 - 9:41Colori as baixas frequências em vermelho,
e as altas frequências em azul -
9:41 - 9:43e frequências medianas em verde.
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9:43 - 9:45E isso nos dá essa visão do arco-íris.
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9:45 - 9:47E isso não é apenas cor falsa.
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9:47 - 9:51As cores nessa imagem nos mostram
processos físicos acontecendo no universo. -
9:52 - 9:55Por exemplo, se olharmos
ao longo do plano da galáxia, -
9:55 - 9:56está radiante com síncrotron,
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9:56 - 9:59que é principalmente laranja avermelhado,
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9:59 - 10:02mas se olharmos atentamente,
vemos pontos azuis. -
10:02 - 10:04Agora, se dermos um zoom,
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10:04 - 10:08esses pontos azuis são plasma ionizado
ao redor de estrelas muito brilhantes, -
10:09 - 10:13e eles bloqueiam a luz vermelha,
então eles aparecem azuis. -
10:14 - 10:18E isso nos diz sobre essas regiões
formadoras de estrelas em nossa galáxia. -
10:18 - 10:20E nós os vemos imediatamente.
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10:20 - 10:23Olhamos para a galáxia e a cor
nos diz que eles estão lá. -
10:23 - 10:24Vemos pequenas bolhas de sabão,
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10:24 - 10:28pequenas imagens circulares
em torno do plano galáctico -
10:28 - 10:30e esses são restos de supernovas.
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10:31 - 10:32Quando uma estrela explode,
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10:32 - 10:35sua camada externa é arremessada
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10:35 - 10:38e viaja para fora do espaço
recolhendo material, -
10:38 - 10:40produzindo uma pequena camada.
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10:41 - 10:44Tem sido um mistério
de longa data para os astrônomos -
10:44 - 10:46a localização dos restos de supernovas.
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10:47 - 10:51Sabemos que devem existir muitos
elétrons de alta energia no plano -
10:51 - 10:54para produzir a radiação
de síncrotron que vemos -
10:54 - 10:57e cremos que sejam produzidos
por restos de supernovas, -
10:57 - 10:58mas não parece ser o suficiente.
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10:58 - 11:02Felizmente, o GLEAM é muito bom
em detectar os restos de supernovas, -
11:02 - 11:05e esperamos ter um novo
artigo sobre isso logo. -
11:07 - 11:09Exploramos nosso pequeno universo local,
-
11:09 - 11:12porém eu queria ir
mais a fundo e mais longe. -
11:12 - 11:14Queria ir além da Via Láctea.
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11:15 - 11:18Bem, por acaso, há um objeto
muito interessante no canto direito -
11:18 - 11:21e isso é uma radiogaláxia local,
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11:21 - 11:22a Centauro A.
-
11:22 - 11:23Se dermos um zoom,
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11:24 - 11:27podemos ver que há duas
plumas saindo para o espaço. -
11:28 - 11:30E se você olhar bem no centro,
entre essas duas plumas, -
11:31 - 11:33verá uma galáxia parecida com a nossa.
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11:33 - 11:35É uma espiral e possui um faixa de poeira.
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11:35 - 11:37É uma galáxia normal.
-
11:37 - 11:41Mas esses jatos são
apenas visíveis no rádio. -
11:41 - 11:44Se olhássemos no visível,
nem saberíamos que estão lá -
11:44 - 11:47e são milhares de vezes maiores
do que a galáxia hospedeira. -
11:47 - 11:50O que está acontecendo
e produzindo esses jatos? -
11:51 - 11:55No centro de cada galáxia que conhecemos
-
11:55 - 11:57está um buraco negro supermassivo.
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11:57 - 12:00Buracos negros são invisíveis,
por isso são chamados assim. -
12:00 - 12:03Tudo que podemos ver
é o desvio da luz em torno deles -
12:03 - 12:08e às vezes, quando uma estrela
ou uma nuvem de gás entra em sua órbita, -
12:08 - 12:11são destruídas por forças de marés,
-
12:11 - 12:13formando o que chamamos
de disco de acreção. -
12:14 - 12:17Esse disco brilha intensamente nos raios-x
-
12:17 - 12:21e enormes campos magnéticos
podem lançar o material no espaço -
12:21 - 12:23próximo à velocidade da luz.
-
12:24 - 12:27Esses jatos são visíveis no rádio
-
12:27 - 12:29e isso é o que descobrimos
com nossa pesquisa. -
12:30 - 12:32Bem, então vimos uma radiogaláxia.
-
12:33 - 12:34Isso é bom.
-
12:34 - 12:38Mas se olharmos no topo da imagem,
veremos outra radiogaláxia. -
12:38 - 12:41É um pouco menor porque está mais longe.
-
12:42 - 12:44Certo: duas radiogaláxias.
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12:44 - 12:46Podemos vê-las e isso é bom.
-
12:46 - 12:48Bem, e todos os outros pontos?
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12:48 - 12:50Supõe-se que sejam apenas estrelas.
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12:50 - 12:51Eles não são.
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12:51 - 12:53Todos são radiogaláxias.
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12:53 - 12:56Cada um dos pontos nesta imagem
-
12:56 - 12:58é uma galáxia distante,
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12:58 - 13:01milhões a bilhões de anos-luz de distância
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13:01 - 13:03com um buraco negro supermassivo no centro
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13:04 - 13:07empurrando material para o espaço
próximo à velocidade da luz. -
13:07 - 13:09É impressionante.
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13:10 - 13:13E essa pesquisa é ainda maior
do que mostrei aqui. -
13:13 - 13:16Se olharmos para toda
a extensão da pesquisa, -
13:16 - 13:20veremos que encontrei
300 mil radiogaláxias. -
13:20 - 13:23Então, realmente é uma jornada épica.
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13:23 - 13:26Descobrimos todas essas galáxias
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13:26 - 13:29de volta aos primeiros
buracos negros supermassivos. -
13:30 - 13:33Estou muito orgulhosa e isso
será publicado semana que vem. -
13:33 - 13:36Bem, isso não é tudo.
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13:36 - 13:40Explorei os alcances mais distantes
da galáxia com essa pesquisa, -
13:40 - 13:43mas há algo a mais nesta imagem.
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13:44 - 13:48Agora, vou levá-lo de volta
à aurora dos tempos. -
13:48 - 13:51Quando o universo se formou,
houve um grande estrondo, -
13:51 - 13:57o qual deixou o universo
como um mar de hidrogênio neutro. -
13:57 - 14:00E quando as primeiras estrelas
e galáxias se acenderam, -
14:00 - 14:02elas ionizaram aquele hidrogênio.
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14:02 - 14:05Assim, o universo passou
de neutro a ionizado. -
14:06 - 14:09Isso marcou um sinal ao nosso redor.
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14:09 - 14:11Por toda parte, ela nos invade,
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14:11 - 14:13como a Força.
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14:13 - 14:16Como isso aconteceu há muito tempo,
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14:17 - 14:19o sinal foi desviado para o vermelho,
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14:20 - 14:23então agora aquele sinal
está em frequências muito baixas, -
14:23 - 14:25na mesma frequência que minha pesquisa,
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14:25 - 14:27mas está muito fraco.
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14:27 - 14:31É um bilionésimo do tamanho
de quaisquer objetos em minha pesquisa. -
14:31 - 14:36Assim, nosso telescópio pode não ser
sensível o bastante pra captar esse sinal. -
14:36 - 14:39No entanto, há um novo radiotelescópio.
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14:39 - 14:41Então, não posso ter uma nave estelar,
-
14:41 - 14:44mas espero ter um dos maiores
radiotelescópios do mundo. -
14:45 - 14:48Estamos construindo um novo
telescópio, o Square Kilometer Array -
14:48 - 14:51e será mil vezes maior do que o MWA,
-
14:51 - 14:54mil vezes mais sensível e terá
uma resolução ainda melhor. -
14:54 - 14:56Encontraremos dezenas
de milhões de galáxias. -
14:56 - 14:59E talvez, no fundo desse sinal,
-
14:59 - 15:03vou conseguir olhar para as primeiras
estrelas e galáxias se acendendo, -
15:03 - 15:05o começo do próprio tempo.
-
15:06 - 15:07Obrigada.
-
15:07 - 15:09(Aplausos)
- Title:
- Como radiotelescópios nos mostram galáxias invisíveis
- Speaker:
- Natasha Hurley-Walker
- Description:
-
Nosso universo é estranho, maravilhoso e vasto, diz a astrônoma Natasha Hurley-Walker. Uma nave espacial não pode levá-lo em suas profundidades (ainda), mas um radiotelescópio pode. Nesta palestra hipnotizante e cheia de imagens, Hurley-Walker mostra como ela investiga os mistérios do universo usando tecnologia especial que revela espectros de luz que não podemos ver.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:25
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for How radio telescopes show us unseen galaxies | ||
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