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A intrincada economia do terrorismo

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    Vou mostrar-vos como o terrorismo
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    acaba por interagir
    com a nossa vida quotidiana.
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    Há 15 anos, recebi
    um telefonema de um amigo.
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    Na época, ele andava a defender
    os direitos dos prisioneiros políticos
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    nas cadeias italianas.
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    Perguntou-me se eu queria entrevistar
    as Brigadas Vermelhas.
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    Como muitos de vocês talvez se lembrem,
  • 0:22 - 0:26
    as Brigadas Vermelhas eram uma organização
    terrorista, uma organização marxista,
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    que era muito ativa na Itália
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    a partir dos anos 60
    até meados dos anos 80.
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    Como parte da estratégia deles,
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    as Brigadas Vermelhas
    nunca falavam com ninguém,
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    nem mesmo com os seus advogados.
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    Sentavam-se em silêncio
    durante os julgamentos,
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    acenando ocasionalmente
    para a família ou amigos.
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    Em 1993 , declararam o fim
    da luta armada.
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    E fizeram uma lista de pessoas
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    com quem queriam conversar
    e contar a sua história.
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    Eu era uma dessas pessoas.
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    Quando perguntei ao meu amigo
  • 1:00 - 1:03
    porque é que as Brigadas Vermelhas
    queriam falar comigo,
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    ele disse que os membros femininos
    da organização
  • 1:06 - 1:09
    tinham escolhido o meu nome.
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    Em particular, fora uma pessoa
    que me tinha indicado.
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    Era uma minha amiga de infância.
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    Tinha-se juntado às Brigadas Vermelhas
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    e tornara-se uma líder da organização.
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    Naturalmente, eu não sabia disso
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    até ao dia em que ela foi presa.
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    Na verdade, eu tinha lido isso no jornal.
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    Na altura em que recebi a chamada.
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    eu tinha acabado de ter um bebé.
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    Tinha conseguido comprar
    ações da companhia
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    em que estava a trabalhar,
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    e a última coisa que eu queria
    era voltar para casa
  • 1:41 - 1:43
    e fazer visitas a prisões
    de segurança máxima.
  • 1:43 - 1:46
    Mas foi exatamente isso que fiz,
  • 1:46 - 1:48
    porque queria saber
  • 1:48 - 1:52
    o que tinha transformado
    a minha melhor amiga numa terrorista,
  • 1:52 - 1:55
    e porque é que ela
    nunca tinha tentado recrutar-me.
  • 1:56 - 1:58
    (Risos)
  • 1:58 - 2:01
    (Aplausos)
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    Então, foi exatamente isso que fiz.
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    Obtive a minha resposta muito rapidamente.
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    Na verdade, eu não correspondia
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    ao perfil psicológico de um terrorista.
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    O comité central das Brigadas Vermelhas
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    tinha-me considerado muito determinada
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    e muito teimosa
    para ser uma boa terrorista.
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    A minha amiga, por outro lado,
    era uma boa terrorista
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    porque era muito boa a cumprir ordens.
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    E também aceitava a violência,
  • 2:32 - 2:34
    pois acreditava que a única maneira
  • 2:34 - 2:37
    de desbloquear o que, na época,
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    era considerada ser
    uma democracia bloqueada,
  • 2:40 - 2:43
    a Itália, um país governado
    pelo mesmo partido durante 35 anos,
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    era a luta armada.
  • 2:47 - 2:50
    Ao mesmo tempo, enquanto eu entrevistava
    as Brigadas Vermelhas,
  • 2:50 - 2:53
    também descobri que a vida deles
  • 2:53 - 2:56
    não era regida pela política
    ou pela ideologia
  • 2:56 - 2:59
    mas sim pela economia.
  • 2:59 - 3:02
    Estavam constantemente sem dinheiro.
  • 3:02 - 3:05
    Estavam sempre à procura de dinheiro.
  • 3:06 - 3:08
    Ao contrário do que muita gente acredita,
  • 3:08 - 3:11
    o terrorismo é um negócio muito caro.
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    Só para vos dar uma ideia:
  • 3:13 - 3:20
    nos anos 70, o volume anual
    de negócios das Brigadas Vermelhas,
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    era de sete milhões de dólares.
  • 3:22 - 3:24
    Isto corresponde, aproximadamente,
  • 3:24 - 3:27
    a 100 ou 150 milhões, nos dias de hoje.
  • 3:27 - 3:30
    E vocês sabem que,
    quando se vive clandestinamente,
  • 3:30 - 3:33
    é muito difícil arranjar
    essa quantidade de dinheiro.
  • 3:34 - 3:38
    Isso explica porque,
    quando entrevistei as Brigadas Vermelhas,
  • 3:38 - 3:41
    e, mais tarde,
    outras organizações armadas,
  • 3:41 - 3:46
    incluindo membros do grupo
    de al-Zarqawi no Médio Oriente,
  • 3:46 - 3:49
    todos se mostravam fortemente relutantes
  • 3:49 - 3:52
    em falar sobre ideologia ou política.
  • 3:52 - 3:55
    Era porque não tinham a menor ideia
    sobre esses assuntos.
  • 3:55 - 3:58
    A visão política
    de uma organização terrorista
  • 3:58 - 4:01
    é decidida pela liderança
  • 4:01 - 4:04
    que, geralmente, não inclui mais
    que cinco a sete pessoas.
  • 4:04 - 4:07
    Tudo o que os outros fazem,
    dia após dia,
  • 4:07 - 4:09
    é procurar dinheiro.
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    Uma vez, por exemplo,
    eu estava a entrevistar
  • 4:11 - 4:14
    um colaborador a tempo parcial
    das Brigadas Vermelhas.
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    Era um psiquiatra que adorava velejar.
  • 4:17 - 4:20
    Era um marinheiro bem treinado
    e tinha um barco bonito.
  • 4:20 - 4:23
    Contou-me que a melhor época da sua vida
  • 4:23 - 4:25
    fora quando era membro
    das Brigadas Vermelhas
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    e ele navegava, todos os verões,
    ida e volta, para o Líbano,
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    onde ia buscar armas soviéticas à OLP.
  • 4:32 - 4:34
    De seguida, levava-as para a Sardenha
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    onde as outras organizações
    armadas da Europa
  • 4:37 - 4:40
    iam buscar a sua parte das armas.
  • 4:40 - 4:44
    Por este serviço, as Brigadas Vermelhas
    recebiam uma comissão
  • 4:44 - 4:47
    que servia para financiar a organização.
  • 4:47 - 4:50
    Como tenho formação de economista
  • 4:50 - 4:52
    e penso em termos económicos,
  • 4:52 - 4:54
    de repente, pensei:
  • 4:54 - 4:56
    Talvez haja aqui qualquer coisa.
  • 4:56 - 4:59
    Talvez haja uma ligação,
    uma ligação comercial,
  • 4:59 - 5:02
    entre uma organização e outra.
  • 5:02 - 5:06
    Mas foi só quando
    entrevistei Mario Moretti,
  • 5:06 - 5:09
    o cabeça das Brigadas Vermelhas,
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    o homem que sequestrou e matou Aldo Moro,
  • 5:12 - 5:15
    o ex-primeiro ministro italiano,
  • 5:15 - 5:17
    que me dei conta, finalmente,
  • 5:17 - 5:20
    que o terrorismo é um negócio.
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    Eu estava a almoçar com ele,
  • 5:22 - 5:25
    numa prisão de segurança máxima na Itália.
  • 5:25 - 5:27
    Enquanto comíamos,
  • 5:27 - 5:29
    tive a nítida sensação
  • 5:29 - 5:32
    de que eu tinha voltado
    à cidade de Londres,
  • 5:32 - 5:36
    a almoçar com um colega banqueiro
    ou com um economista.
  • 5:36 - 5:40
    O tipo pensava da mesma forma que eu.
  • 5:40 - 5:46
    Foi aí que decidi investigar
    a economia do terrorismo.
  • 5:47 - 5:50
    Naturalmente, ninguém queria
    financiar a minha pesquisa.
  • 5:50 - 5:53
    Acho que muitas pessoas
    pensaram que eu estava um pouco maluca.
  • 5:53 - 5:56
    Eu era uma mulher que ia às fundações,
  • 5:56 - 5:59
    a pedir dinheiro, e a pensar
    na economia do terrorismo.
  • 5:59 - 6:02
    Assim, no final, eu tomei uma decisão
  • 6:02 - 6:05
    que, em retrospetiva, mudou a minha vida.
  • 6:05 - 6:07
    Vendi a minha empresa
  • 6:07 - 6:09
    e financiei a pesquisa eu mesma.
  • 6:10 - 6:14
    Descobri essa realidade paralela,
  • 6:14 - 6:18
    um outro sistema económico internacional,
  • 6:18 - 6:21
    que funciona em paralelo com o nosso,
  • 6:21 - 6:23
    que tinha sido criado
    por organizações armadas
  • 6:23 - 6:26
    após o fim da Segunda Guerra Mundial.
  • 6:26 - 6:28
    E o que é mais surpreendente
  • 6:28 - 6:31
    é que esse sistema
  • 6:31 - 6:33
    tem seguido, passo a passo,
  • 6:33 - 6:36
    a evolução do nosso sistema,
  • 6:36 - 6:38
    do nosso capitalismo ocidental.
  • 6:38 - 6:41
    Há três etapas principais.
  • 6:42 - 6:44
    A primeira é o Estado
    que patrocina o terrorismo.
  • 6:45 - 6:47
    A segunda é a privatização do terrorismo.
  • 6:48 - 6:51
    E a terceira, claro,
    é a globalização do terrorismo.
  • 6:51 - 6:54
    O Estado que patrocina o terrorismo
  • 6:54 - 6:56
    é uma característica da Guerra Fria.
  • 6:56 - 6:58
    Foi o período
    em que as duas superpotências
  • 6:58 - 7:01
    estavam a travar uma guerra indireta
  • 7:01 - 7:04
    na periferia
    das suas esferas de influência,
  • 7:04 - 7:06
    financiando totalmente
    organizações armadas.
  • 7:06 - 7:09
    Utilizavam uma mistura
    de atividades legais e ilegais.
  • 7:10 - 7:12
    Assim, a ligação
    entre o crime e o terrorismo
  • 7:12 - 7:15
    fica estabelecida desde muito cedo.
  • 7:15 - 7:17
    Este é o exemplo mais claro:
  • 7:17 - 7:20
    os Contras na Nicarágua, criados pela CIA,
  • 7:20 - 7:24
    legalmente financiados
    pelo Congresso dos EUA,
  • 7:24 - 7:26
    ilegalmente financiados
    pela administração Reagan
  • 7:26 - 7:31
    através de operações secretas,
    como por exemplo, o caso Irão-Contras.
  • 7:32 - 7:35
    Depois, chega o final dos anos 70
    e o início dos anos 80
  • 7:35 - 7:38
    e alguns grupos conseguem executar
  • 7:38 - 7:40
    a privatização do terrorismo.
  • 7:41 - 7:43
    Tornam-se independentes
    dos seus patrocinadores
  • 7:43 - 7:47
    e começam a autofinanciar-se.
  • 7:47 - 7:52
    Novamente, vemos uma mistura
    de atividades legais e ilegais.
  • 7:52 - 7:55
    É assim que Arafat
    recebia uma percentagem
  • 7:55 - 7:59
    do contrabando de haxixe
    do Vale de Bekáa,
  • 7:59 - 8:02
    que é o vale que fica
    entre o Líbano e a Síria.
  • 8:02 - 8:07
    E o IRA, que controla o sistema
    de transportes privados
  • 8:07 - 8:10
    na Irlanda do Norte,
    fazia exatamente a mesma coisa.
  • 8:10 - 8:11
    Dessa maneira,
  • 8:11 - 8:15
    sempre que alguém
    apanhava um táxi em Belfast,
  • 8:15 - 8:18
    sem o saber, estava, na realidade,
    a financiar o IRA.
  • 8:19 - 8:22
    Mas, claro, a grande mudança aconteceu,
  • 8:22 - 8:24
    com a globalização e a desregulamentação.
  • 8:24 - 8:26
    Foi no período em que
    as organizações armadas
  • 8:26 - 8:29
    conseguiram interligar-se
    financeiramente, umas com as outras.
  • 8:29 - 8:32
    Mas, acima de tudo,
    elas começaram a negociar
  • 8:32 - 8:35
    seriamente com o mundo
    do crime organizado.
  • 8:35 - 8:38
    E juntos lavavam o dinheiro
    dos seus negócios sujos,
  • 8:38 - 8:40
    usando o mesmo canal.
  • 8:40 - 8:43
    É neste momento que vemos o nascimento
  • 8:43 - 8:46
    da organização armada
    transnacional Al Qaeda.
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    É uma organização capaz de arrecadar
    dinheiro para além das suas fronteiras.
  • 8:50 - 8:52
    Mas também é capaz de realizar ataques
  • 8:52 - 8:55
    em mais de um país.
  • 8:56 - 8:58
    Uma coisa que a desregulamentação
    trouxe de volta
  • 8:58 - 9:00
    foi a economia clandestina.
  • 9:00 - 9:02
    O que é a economia clandestina?
  • 9:02 - 9:04
    A economia clandestina é uma força
  • 9:04 - 9:08
    que constantemente se oculta
    nos bastidores da história.
  • 9:08 - 9:11
    Reaparece em momentos
    de grande transformação
  • 9:11 - 9:14
    e a globalização é um desses momentos
    de transformação.
  • 9:14 - 9:16
    É em momentos como esses
  • 9:16 - 9:20
    que a política perde
    o controlo da economia
  • 9:20 - 9:23
    e a economia se torna
    uma força clandestina
  • 9:23 - 9:25
    que trabalha contra nós.
  • 9:25 - 9:27
    Isso já aconteceu
    noutros momentos da história.
  • 9:27 - 9:30
    Aconteceu com a queda do Império Romano.
  • 9:30 - 9:32
    Aconteceu com a Revolução Industrial.
  • 9:32 - 9:36
    E aconteceu novamente
    com a queda do muro de Berlim.
  • 9:38 - 9:42
    Eu calculei quão grande era esse
    sistema económico internacional
  • 9:42 - 9:44
    composto pelo crime organizado,
  • 9:44 - 9:47
    pelo terrorismo e pela economia ilegal
  • 9:47 - 9:49
    antes dos ataques de 11 de setembro.
  • 9:49 - 9:54
    Correspondia à impressionante quantia
    de 1,5 biliões de dólares.
  • 9:54 - 9:56
    São biliões, não são milhares de milhões.
  • 9:56 - 9:59
    Isso equivale ao dobro
    do PIB do Reino Unido
  • 9:59 - 10:01
    e, em breve, vai ser mais,
  • 10:01 - 10:03
    dada a maneira como este país vai.
  • 10:03 - 10:06
    (Risos)
  • 10:06 - 10:08
    Até ao 11 de setembro,
  • 10:08 - 10:10
    a maior parte desse dinheiro
  • 10:10 - 10:12
    entrava na economia norte-americana
  • 10:12 - 10:16
    porque a maior parte do dinheiro
    estava denominada em dólares americanos
  • 10:16 - 10:21
    e a lavagem de dinheiro
    ocorria dentro dos EUA.
  • 10:21 - 10:24
    A porta de entrada de todo esse dinheiro,
  • 10:24 - 10:27
    eram instituições financeiras
    baseadas no exterior.
  • 10:27 - 10:31
    E era uma injeção de fundos vital
  • 10:31 - 10:33
    para a economia norte-americana.
  • 10:34 - 10:38
    Quando examinei os números
    da liquidez dos EUA
  • 10:38 - 10:42
    — a liquidez dos EUA
    é a quantidade de dólares
  • 10:42 - 10:45
    que o Federal Reserve
    imprime todos os anos
  • 10:45 - 10:47
    para satisfazer
  • 10:47 - 10:50
    o aumento da procura de dólares,
  • 10:50 - 10:54
    o que, obviamente, reflete
    o crescimento da economia.
  • 10:54 - 10:59
    Assim, quando examinei esses números,
    notei que, desde o fim dos anos 60,
  • 10:59 - 11:02
    uma parcela crescente desses dólares
  • 11:02 - 11:05
    estava a sair dos EUA,
  • 11:05 - 11:07
    para nunca mais voltar.
  • 11:07 - 11:10
    Era o dinheiro levado em maletas
  • 11:10 - 11:13
    ou contentores, dinheiro vivo, claro.
  • 11:13 - 11:17
    Era o dinheiro levado por criminosos
    e lavadores de dinheiro.
  • 11:17 - 11:19
    Era o dinheiro levado para financiar
  • 11:19 - 11:22
    o crescimento do terrorismo
  • 11:22 - 11:24
    e da economia ilegal e criminosa.
  • 11:25 - 11:29
    Percebem, agora, qual é a relação?
  • 11:30 - 11:33
    Os EUA são, na verdade, o país
  • 11:33 - 11:37
    que é a reserve mundial de moeda.
  • 11:37 - 11:39
    O que é que isso significa?
  • 11:39 - 11:42
    Significa que possuem um privilégio
    que outros países não têm.
  • 11:43 - 11:46
    Podem arranjar empréstimos
    pelo total de dólares
  • 11:46 - 11:48
    em circulação no mundo.
  • 11:49 - 11:51
    Chama-se a este privilégio "senhoriagem".
  • 11:51 - 11:54
    Nenhum outro país pode fazer o mesmo.
  • 11:54 - 11:57
    Todos os outros países,
    o Reino Unido por exemplo,
  • 11:57 - 12:00
    somente podem arranjar empréstimos
  • 12:00 - 12:04
    pela quantidade de dinheiro
    em circulação dentro das suas fronteiras.
  • 12:04 - 12:09
    Então, são estas as implicações
    das relações entre os mundos do crime,
  • 12:09 - 12:12
    do terror e da economia ilegal,
    e a nossa própria economia.
  • 12:12 - 12:14
    Os EUA, nos anos 90,
  • 12:14 - 12:16
    estavam a obter empréstimos
    sustentados pelo crescimento
  • 12:16 - 12:20
    do terrorismo e da economia
    ilegal e criminosa.
  • 12:20 - 12:23
    É esta a proximidade
    a que estamos deste mundo.
  • 12:25 - 12:28
    A situação modificou-se.
    depois dos ataques de 11 de setembro,
  • 12:28 - 12:31
    porque George Bush
    lançou a guerra contra o terrorismo.
  • 12:31 - 12:33
    Parte da guerra contra o terrorismo
  • 12:33 - 12:35
    foi a introdução da Lei Patriótica.
  • 12:35 - 12:38
    Muitos de vocês sabem que a Lei Patriótica
  • 12:38 - 12:40
    é a legislação que reduz consideravelmente
  • 12:40 - 12:44
    as liberdades dos norte-americanos
    com o pretexto de protegê-los
  • 12:44 - 12:45
    do terrorismo.
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    Mas há uma secção da Lei Patriótica
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    que se refere especificamente à finança.
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    Trata-se, de facto, de uma legislação
    contra a lavagem de dinheiro.
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    O que a Lei Patriótica fez
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    foi proibir os bancos norte-americanos
  • 12:57 - 13:00
    e bancos estrangeiros
    registados nos EUA.
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    de negociar com instituições financeiras
    baseadas no exterior.
  • 13:03 - 13:07
    Fechou a passagem
    entre a lavagem de dinheiro em dólares
  • 13:07 - 13:09
    e a economia norte-americana.
  • 13:09 - 13:14
    Também deu às autoridades
    monetárias norte-americanas
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    o direito de monitorar
    qualquer transação em dólares,
  • 13:17 - 13:20
    que ocorresse em qualquer lugar do mundo.
  • 13:21 - 13:23
    Agora, imaginem a reação
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    do sistema financeiro
    e bancário internacional.
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    Todos os banqueiros
    disseram aos seus clientes:
  • 13:28 - 13:31
    "Deixem o dólar e invistam noutro lugar."
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    O Euro, uma divisa recém-criada,
  • 13:35 - 13:38
    era uma ótima oportunidade para negócios
    e, claro, para investimento.
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    Foi isso que as pessoas fizeram.
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    Ninguém quer que as autoridades
    monetárias norte-americanas
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    analisem as suas relações,
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    analisem a sua relação com os clientes.
  • 13:48 - 13:50
    O mesmo aconteceu
  • 13:50 - 13:54
    com o mundo do crime e do terrorismo.
  • 13:54 - 14:00
    As pessoas transferiram
    as suas atividades de lavagem de dinheiro
  • 14:00 - 14:02
    para fora dos EUA,
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    para a Europa.
  • 14:05 - 14:07
    Porque é que isto ocorreu?
  • 14:07 - 14:10
    Porque a Lei Patriótica
    foi uma legislação unilateral.
  • 14:10 - 14:12
    Foi introduzida somente nos EUA.
  • 14:12 - 14:15
    Foi introduzida somente
    para o dólar americano.
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    Na Europa, não foi introduzida
    uma legislação semelhante.
  • 14:19 - 14:21
    Por isso, num prazo de seis meses
  • 14:21 - 14:24
    a Europa tornou-se o epicentro
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    das atividades mundiais
    de lavagem de dinheiro.
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    Então, é esta a incrível relação
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    entre o mundo do crime,
  • 14:35 - 14:37
    o mundo do terrorismo
  • 14:37 - 14:40
    e a nossa própria vida.
  • 14:40 - 14:42
    Porque é que vos contei esta história?
  • 14:42 - 14:44
    Contei-vos esta história
  • 14:44 - 14:48
    porque vocês precisam de entender
    que existe um mundo
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    que vai muito para além
    dos cabeçalhos de jornal,
  • 14:51 - 14:53
    incluindo as relações pessoais
  • 14:53 - 14:56
    que vocês têm com amigos e familiares.
  • 14:56 - 14:59
    Vocês precisam de questionar
    tudo que vos dizem,
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    inclusive o que acabei de vos contar hoje.
  • 15:01 - 15:03
    (Risos)
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    Essa é a única maneira
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    de vocês conseguirem entrar
    no lado obscuro para observá-lo.
  • 15:09 - 15:10
    E acreditem,
  • 15:10 - 15:12
    vai ser assustador.
  • 15:12 - 15:16
    Vai ser terrível,
    mas também vai ser esclarecedor.
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    E, acima de tudo, não vai ser aborrecido!
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    (Risos)
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    (Aplausos)
Title:
A intrincada economia do terrorismo
Speaker:
Loretta Napoleoni
Description:

Loretta Napoleoni detalha a rara oportunidade que teve de falar com a misteriosa Brigada Vermelha italiana — uma experiência que desencadeou um interesse infindável pelo terrorismo. Apresenta um olhar pelos bastidores da sua economia complexa, revelando uma ligação surpreendente entre a lavagem de dinheiro e a Lei Patriótica norte-americana.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:24

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