< Return to Video

Por que devemos ler "Os Filhos da Meia-Noite"? - Iseult Gillespie

  • 0:10 - 0:13
    Começa com uma contagem regressiva.
  • 0:13 - 0:16
    Em 14 de agosto de 1947,
  • 0:16 - 0:19
    uma mulher em Mumbai
    entra em trabalho de parto
  • 0:19 - 0:22
    quando o relógio
    se aproxima da meia-noite.
  • 0:22 - 0:27
    Em toda a Índia, as pessoas esperam
    pela declaração de independência
  • 0:27 - 0:31
    após quase dois séculos
    de ocupação e domínio britânicos.
  • 0:31 - 0:34
    À meia-noite,
  • 0:34 - 0:37
    um bebê inquieto e duas nações novas
  • 0:37 - 0:40
    nascem em perfeita sincronia.
  • 0:41 - 0:46
    Esses acontecimentos formam a base
    de "Os Filhos da Meia-Noite",
  • 0:46 - 0:51
    um romance deslumbrante do escritor
    anglo-indiano Salman Rushdie.
  • 0:51 - 0:55
    O bebê, que tem exatamente
    a mesma idade da nação,
  • 0:55 - 0:58
    é Saleem Sinai, o protagonista do romance.
  • 0:58 - 1:02
    A narrativa dele estende-se
    por mais de 30 anos de sua vida,
  • 1:02 - 1:04
    recuando e avançando no tempo
  • 1:04 - 1:09
    para especular sobre segredos
    e mistérios arraigados da família,
  • 1:09 - 1:12
    que incluem o maior enigma de todos:
  • 1:12 - 1:14
    Saleem tem poderes mágicos
    que, de algum modo,
  • 1:14 - 1:17
    estão relacionados à época
    de seu nascimento.
  • 1:17 - 1:19
    E ele não é o único.
  • 1:19 - 1:23
    Todas as crianças nascidas à meia-noite
    e próximo a esse horário
  • 1:23 - 1:25
    são imbuídas de poderes extraordinários;
  • 1:25 - 1:30
    como Parvati, a Bruxa,
    uma ilusionista espetacular;
  • 1:30 - 1:34
    e o adversário de Saleem, Shiva,
    um guerreiro talentoso.
  • 1:34 - 1:36
    Com seus poderes de telepatia,
  • 1:36 - 1:42
    Saleem cria conexões com uma vasta
    rede de filhos da meia-noite,
  • 1:42 - 1:46
    inclusive um personagem que pode
    atravessar o tempo e os espelhos,
  • 1:46 - 1:49
    uma criança que muda de gênero
    quando imersa na água
  • 1:49 - 1:52
    e gêmeos siameses multilíngues.
  • 1:52 - 1:56
    Saleem atua como um guia agradável
    tanto para acontecimentos mágicos
  • 1:56 - 1:59
    quanto para contexto histórico.
  • 2:00 - 2:03
    Embora o aniversário dele
    seja um dia de comemoração,
  • 2:03 - 2:06
    também marca um período
    turbulento da história indiana.
  • 2:07 - 2:10
    Em 1948, o líder do movimento
    de independência da Índia,
  • 2:10 - 2:13
    Mahatma Gandhi, foi assassinado.
  • 2:13 - 2:17
    A independência também
    coincidiu com a Partição,
  • 2:17 - 2:19
    que dividiu a Índia
    controlada pelos britânicos
  • 2:19 - 2:23
    nas duas nações da Índia e do Paquistão.
  • 2:23 - 2:27
    Isso contribuiu para o início
    das guerras indo-paquistanesas,
  • 2:27 - 2:31
    em 1965 e 1971.
  • 2:31 - 2:34
    Saleem aborda tudo isso e mais,
  • 2:34 - 2:38
    investigando a criação
    de Bangladesh em 1971
  • 2:38 - 2:41
    e o governo de emergência
    de Indira Gandhi.
  • 2:41 - 2:44
    Esse vasto quadro histórico
  • 2:44 - 2:47
    é uma das razões pelas quais
    "Os Filhos da Meia-Noite" é considerada
  • 2:47 - 2:50
    uma das obras mais esclarecedoras
    da literatura pós-colonial
  • 2:50 - 2:52
    já escrita.
  • 2:52 - 2:55
    Esse gênero aborda geralmente
    a experiência de pessoas
  • 2:55 - 2:59
    que vivem em países colonizados
    e países que conquistaram a independência
  • 2:59 - 3:01
    e explora as consequências
  • 3:01 - 3:05
    por meio de temas como revolução,
    migração e identidade.
  • 3:06 - 3:10
    Rushdie, que, como Saleem, nasceu em 1947,
  • 3:10 - 3:13
    foi educado na Índia e na Grã-Bretanha
  • 3:13 - 3:17
    e é conhecido por suas histórias
    intercontinentais, comentários políticos
  • 3:17 - 3:19
    e realismo mágico.
  • 3:19 - 3:21
    Ele enriquece "Os Filhos da Meia-Noite"
  • 3:21 - 3:26
    com uma infinidade de referências
    culturais indianas e paquistanesas,
  • 3:26 - 3:32
    de tradições familiares a alimentação,
    religião e contos populares.
  • 3:32 - 3:37
    Rabiscando à noite, sob os olhos atentos
    de seu amante Padma,
  • 3:37 - 3:42
    a narrativa estrutural de Saleem
    repete a de "1001 Noites",
  • 3:42 - 3:44
    na qual uma mulher chamada Sherazade
  • 3:44 - 3:49
    conta ao rei uma série de histórias
    para se manter viva.
  • 3:49 - 3:50
    Na visão de Saleem,
  • 3:50 - 3:57
    1001 é "o número da noite, da magia,
    das realidades alternativas".
  • 3:57 - 3:59
    Ao longo do romance,
  • 3:59 - 4:03
    Rushdie nos deslumbra
    com várias versões da realidade.
  • 4:03 - 4:06
    Às vezes, é como ler uma montanha-russa.
  • 4:06 - 4:08
    Saleem narra:
  • 4:08 - 4:11
    “Quem, o que, sou?
  • 4:11 - 4:12
    Minha resposta:
  • 4:12 - 4:14
    sou todos,
  • 4:14 - 4:17
    tudo cujo ser no mundo afetado
  • 4:17 - 4:19
    foi afetado pelo meu.
  • 4:20 - 4:23
    Sou tudo o que acontece depois que parti,
  • 4:23 - 4:26
    o que não teria acontecido
    se eu não tivesse vindo.
  • 4:26 - 4:29
    Também não sou particularmente
    excepcional nesse assunto;
  • 4:29 - 4:34
    cada 'eu', cada um dos mais
    de 600 milhões de nós agora,
  • 4:34 - 4:36
    contém uma multidão semelhante.
  • 4:36 - 4:39
    Repito pela última vez:
  • 4:39 - 4:43
    para me entender, você terá
    que engolir um mundo”.
  • 4:44 - 4:47
    A narrativa de Saleem geralmente
    tem uma qualidade emocionante
  • 4:47 - 4:51
    e, mesmo quando Rushdie retrata
    as consequências cosmológicas de uma vida,
  • 4:51 - 4:57
    ele questiona a ideia de que podemos
    condensar a história numa única narrativa.
  • 4:57 - 5:01
    O enredo alucinante
    e os personagens transformadores dele
  • 5:01 - 5:04
    conquistaram fascínio e elogios contínuos.
  • 5:04 - 5:09
    Além de "Os Filhos da Meia-Noite"
    ganhar o prestigioso Prêmio Man Booker
  • 5:09 - 5:11
    no ano em que foi publicado,
  • 5:11 - 5:16
    em uma competição de 2008
    entre todos os 39 ganhadores,
  • 5:16 - 5:19
    o livro foi considerado o melhor de todos.
  • 5:19 - 5:22
    Numa obra-prima de proporções épicas,
  • 5:22 - 5:26
    Rushdie revela que não há
    verdades singulares.
  • 5:26 - 5:27
    Em vez disso,
  • 5:27 - 5:30
    é mais sábio acreditar em várias versões
    da realidade imediatamente,
  • 5:30 - 5:34
    manter muitas vidas nas palmas das mãos
  • 5:34 - 5:40
    e vivenciar vários momentos
    numa única batida do relógio.
Title:
Por que devemos ler "Os Filhos da Meia-Noite"? - Iseult Gillespie
Speaker:
Iseult Gillespie
Description:

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/why-should-you-read-midnight-s-children-isuelt-gillespie

Começa com uma contagem regressiva. Uma mulher entra em trabalho de parto quando o relógio se aproxima da meia-noite. Em toda a Índia, as pessoas esperam pela declaração de independência após quase 200 anos de domínio britânico. À meia-noite, uma criança e duas nações novas nascem em perfeita sincronia. Esses acontecimentos formam a base de "Os Filhos da Meia-Noite". Iseult Gillespie explora o romance deslumbrante de Salman Rushdie.

Lição de Iseult Gillespie, direção de Tomás Pichardo-Espaillat.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:51

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions