Assumam os dados do vosso corpo
-
0:01 - 0:04Quando eu era criança, adorava a informação
-
0:04 - 0:06que podia obter a partir de dados
-
0:06 - 0:09e das histórias que podiam
ser contadas com números. -
0:09 - 0:11Lembro-me de crescer frustrada
-
0:11 - 0:13com a maneira com que
os meus próprios pais -
0:13 - 0:17me mentiam, usando números:
-
0:18 - 0:21"Thalithia, já te disse isto
mais de mil vezes!" -
0:21 - 0:25"Não pai, só me disseste 17 vezes,
-
0:25 - 0:28"e em duas delas a culpa não foi minha."
-
0:28 - 0:29(Risos)
-
0:29 - 0:32Acho que foi uma das razões por que
fiz um doutoramento em estatística. -
0:32 - 0:33Sempre quis saber
-
0:33 - 0:36o que é que as pessoas tentam
esconder com os números? -
0:36 - 0:38Como perita em estatística,
-
0:38 - 0:41quero que as pessoas me mostrem os dados
-
0:41 - 0:43para eu poder decidir por mim mesma.
-
0:43 - 0:46Quando Donald e eu estávamos
à espera do nosso terceiro filho, -
0:46 - 0:49chegámos à semana 41 e meio,
-
0:49 - 0:53o que alguns de vocês provavelmente
chamam de estar para lá do tempo. -
0:53 - 0:55Os peritos em estatística chamam a isso
-
0:55 - 0:57estar no intervalo de confiança de 95%.
-
0:57 - 0:59(Risos)
-
0:59 - 1:01Nessa altura da gravidez
-
1:01 - 1:03tínhamos de fazer
um teste de esforço ao bebé -
1:03 - 1:05de dois em dois dias.
-
1:05 - 1:07É um processo normalíssimo
-
1:07 - 1:10que testa se o bebé sente
algum tipo de esforço indevido. -
1:11 - 1:14Quase nunca se é visto
pelo nosso médico, -
1:14 - 1:17apenas pela pessoa que está a trabalhar
no hospital naquele dia. -
1:17 - 1:20Fomos fazer um teste de esforço
e, 20 minutos depois, -
1:20 - 1:24o doutor sai e diz:
-
1:24 - 1:27"O seu bebé está em esforço,
precisamos de induzir o parto." -
1:29 - 1:34Claro, como perita em estatística,
qual é a minha resposta? -
1:35 - 1:38"Mostre-me os dados!"
-
1:38 - 1:39Ele diz-nos que
-
1:39 - 1:42o batimento cardíaco do bebé
-
1:42 - 1:45esteve durante 18 minutos
numa zona normal -
1:45 - 1:47e, durante dois minutos,
esteve no que parecia -
1:47 - 1:50coincidir com a minha frequência cardíaca.
-
1:50 - 1:51E eu disse:
-
1:51 - 1:54"Será possível que talvez fosse
o meu batimento cardíaco? -
1:54 - 1:56"Eu mexi-me um bocadinho,
-
1:56 - 1:58"com 41 semanas, é difícil estar de costas
-
1:58 - 2:00"sem nos mexermos, durante 20 minutos.
-
2:00 - 2:02"Se calhar mexi-me um pouco."
-
2:02 - 2:06Ele disse:
"Bem, não queremos correr riscos." -
2:07 - 2:09Eu disse: "Ok."
-
2:09 - 2:11"E se eu estivesse nas 36 semanas
-
2:11 - 2:13"com esta mesma informação?
-
2:13 - 2:15"A sua decisão seria induzir?"
-
2:17 - 2:18"Bem, não, nesse caso esperaria
-
2:18 - 2:20"até que tivesse pelo menos 38 semanas,
-
2:20 - 2:22"mas está quase nas 42.
-
2:22 - 2:24"Não há razão nenhuma para
deixar o bebé aí dentro, -
2:24 - 2:26"vamos arranjar-lhe um quarto."
-
2:26 - 2:29Eu disse:
-
2:31 - 2:32"Bem, porque não repete o teste?
-
2:32 - 2:34"Podemos adquirir mais dados.
-
2:34 - 2:37"Posso tentar não me mexer
durante 20 minutos. -
2:37 - 2:38"Podemos fazer a média dos valores
-
2:38 - 2:41"e ver o que sai daí."
-
2:41 - 2:43(Risos)
-
2:43 - 2:45E ele começa:
-
2:47 - 2:51"Minha senhora, só não quero que aborte."
-
2:54 - 2:56Já somos três.
-
2:56 - 2:57E depois ele diz:
-
2:57 - 3:02"A sua probabilidade
de ter um aborto duplica -
3:02 - 3:05"quando passa da data esperada.
Vamos arranjar-lhe um quarto." -
3:05 - 3:11Uau. Então, como perita em estatística,
qual é a minha resposta? -
3:11 - 3:12"Mostre-me os dados!"
-
3:12 - 3:14"Está a falar de probabilidades,
-
3:14 - 3:16"eu trabalho com probabilidades o dia todo.
-
3:16 - 3:17"Vamos falar de probabilidades."
-
3:17 - 3:18(Risos)
-
3:18 - 3:20Vamos falar de probabilidades.
-
3:20 - 3:21Então eu digo:
-
3:21 - 3:25"Ótimo. A probabilidade
sobe de 30 % para 60 %? -
3:25 - 3:27"Onde é que estamos nesta coisa do aborto?"
-
3:27 - 3:30E ele começa: "Não tanto, mas duplica.
-
3:30 - 3:33"Nós só queremos
o que é melhor para o bebé." -
3:35 - 3:38Destemida, tento uma aproximação
diferente e digo-lhe: -
3:38 - 3:44"Ok, de entre 1000 mulheres
grávidas no fim do tempo, -
3:44 - 3:46"quantas destas vão abortar
-
3:46 - 3:48"exatamente antes do fim da gravidez?"
-
3:48 - 3:51Ele olha para mim e para o Donald e diz:
-
3:51 - 3:54"Cerca de 1 em cada 1000".
-
3:55 - 3:58Eu digo-lhe: "Ok, e dessas 1000 mulheres,
-
3:58 - 4:01"quantas vão sofrer um aborto logo
após o termo da gravidez?" -
4:03 - 4:05"Cerca de duas."
-
4:05 - 4:06(Risos)
-
4:06 - 4:09"Ok, então está a dizer
que as minhas hipóteses -
4:09 - 4:14"vão de uma probabilidade
de 0,1 % para 0,2 %." -
4:14 - 4:16(Risos)
-
4:17 - 4:19Ok, neste momento
os dados não nos convencem -
4:19 - 4:21de que precisamos de induzir o parto,
-
4:21 - 4:23por isso encaminhamos a conversa
-
4:23 - 4:26para o facto de as induções
criarem uma maior taxa de cesarianas, -
4:26 - 4:29uma situação que
gostaríamos de evitar, se possível. -
4:29 - 4:31Então disse:
-
4:31 - 4:34"De qualquer maneira não acho que a
data provável do parto esteja correta." -
4:35 - 4:36(Risos)
-
4:36 - 4:38Isto deixou-o atordoado
-
4:38 - 4:41— parecia meio confuso — e eu disse:
-
4:41 - 4:43"Talvez não saiba isto,
-
4:43 - 4:44"mas a data provável do parto
-
4:44 - 4:47"é calculada assumindo
um ciclo normal de 28 dias, -
4:47 - 4:48"e o meu ciclo varia
-
4:48 - 4:52"— às vezes é de 27, às vezes vai até 38 —
-
4:52 - 4:54"e tenho estado a recolher dados
para o provar." -
4:55 - 4:57(Risos)
-
4:59 - 5:04Então acabámos por sair do hospital
nesse dia, sem induzir o parto. -
5:04 - 5:09Tivemos de assinar um termo de
responsabilidade para podermos sair. -
5:10 - 5:14Não estou a dizer que não devem
ouvir o que os vossos médicos dizem -
5:14 - 5:16porque, no caso da nossa primeira criança,
-
5:16 - 5:19induzimos o parto às 38 semanas,
porque o muco cervical não era suficiente. -
5:19 - 5:22Não sou contra intervenções médicas.
-
5:22 - 5:24Então porque é que estávamos confiantes
-
5:24 - 5:26para sair do hospital naquele dia?
-
5:26 - 5:28Bem, tínhamos dados que contavam
uma história diferente. -
5:28 - 5:33Tínhamos recolhido informação
durante seis anos. -
5:33 - 5:36Eu tinha dados sobre a temperatura
-
5:36 - 5:38que contavam uma história diferente.
-
5:38 - 5:45Provavelmente podíamos estimar
a data de conceção com bastante precisão. -
5:45 - 5:47Sim, é a história que todos querem contar
-
5:47 - 5:49no casamento dos nossos filhos.
-
5:49 - 5:50(Risos)
-
5:50 - 5:53"Lembro-me como se fosse ontem.
-
5:53 - 5:56"A minha temperatura era de uns
esfuziantes 36,5 graus -
5:56 - 5:59"quando olhei o teu pai nos olhos."
-
5:59 - 6:01(Risos)
-
6:01 - 6:06Oh, sim. Daqui a 22 anos,
estamos a contar essa história. -
6:07 - 6:10Estávamos confiantes para vir embora
porque tínhamos recolhido dados. -
6:10 - 6:12Com o que é que se parecem estes dados?
-
6:12 - 6:15Aqui está um gráfico normal
-
6:15 - 6:18da temperatura de uma mulher ao acordar,
-
6:18 - 6:19durante o curso de um ciclo.
-
6:19 - 6:22Desde o início de um ciclo menstrual
até ao início do seguinte. -
6:22 - 6:25Podem verificar que
as temperaturas não são aleatórias. -
6:25 - 6:27Há claramente um padrão baixo
-
6:27 - 6:29no início do ciclo.
-
6:29 - 6:31Depois regista-se um salto e, em seguida,
-
6:31 - 6:34um conjunto de temperaturas mais altas
durante o fim do ciclo. -
6:34 - 6:36Que está a acontecer?
-
6:36 - 6:38O que é que os dados nos dizem?
-
6:39 - 6:41Bem, no início do nosso ciclo,
-
6:41 - 6:43a hormona estrogénio é dominante.
-
6:43 - 6:46Esse estrogénio causa uma descida
-
6:46 - 6:48da temperatura corporal.
-
6:48 - 6:51Na ovulação, o nosso corpo liberta um ovo
-
6:51 - 6:56e a progesterona assume o controlo,
favorecendo a gestação. -
6:56 - 6:58Então o nosso corpo aquece
-
6:58 - 7:02à espera de alojar
este novo ovo fertilizado. -
7:02 - 7:05Porquê o salto na temperatura?
-
7:05 - 7:09Pensem numa ave a chocar os ovos.
-
7:09 - 7:10Porque é que se senta em cima deles?
-
7:10 - 7:12Quer mantê-los quentes,
-
7:12 - 7:14protegê-los e mantê-los quentes.
-
7:14 - 7:16Isso é o que os nossos corpos
fazem mensalmente, -
7:16 - 7:18aquecem na expetativa
-
7:18 - 7:21de manter quente uma nova vida.
-
7:21 - 7:24E, se nada acontece
e não estiverem grávidas, -
7:24 - 7:28então o estrogénio volta a tomar conta
da situação e o ciclo recomeça. -
7:29 - 7:30Mas se engravidarem,
-
7:30 - 7:33às vezes nota-se uma outra
mudança nas temperaturas -
7:33 - 7:37que ficam elevadas durante os nove meses.
-
7:37 - 7:40É por isso que se veem mulheres grávidas
a suar e com calor -
7:40 - 7:43porque as suas temperaturas estão elevadas.
-
7:43 - 7:48Aqui está um gráfico de há três
ou quatro anos atrás. -
7:48 - 7:50Estávamos mesmo entusiasmados
com este gráfico. -
7:50 - 7:52Podem ver que
o nível de temperatura é baixo. -
7:52 - 7:55Depois muda e,
durante cerca de cinco dias, -
7:55 - 7:58que é mais ou menos o tempo
que um ovo leva a viajar -
7:58 - 8:00pelas trompas de Falópio e a implantar-se,
-
8:00 - 8:03vê-se que essas temperaturas
sobem um pouco. -
8:04 - 8:07De facto, temos uma segunda
mudança das temperaturas, -
8:07 - 8:09que um teste de gravidez confirmou
-
8:09 - 8:12tratar-se de facto da gravidez
do nosso primeiro filho. -
8:12 - 8:14Estávamos mesmo felizes.
-
8:14 - 8:16Até que alguns dias mais tarde
-
8:16 - 8:21notei algum sangramento,
seguido de um fluxo grande de sangue. -
8:21 - 8:24Tratava-se de facto de
um aborto espontâneo. -
8:26 - 8:29Se não tivesse medido a minha temperatura
-
8:29 - 8:33teria pensado que o meu período
estava atrasado esse mês, -
8:33 - 8:35mas nós tínhamos informação
-
8:35 - 8:38que mostrava que
tínhamos perdido esse bebé. -
8:38 - 8:39Apesar de estes dados revelarem
-
8:39 - 8:42um evento infeliz nas nossas vidas,
-
8:42 - 8:44podíamos partilhá-los com o médico.
-
8:44 - 8:46Se houvesse problemas
de fertilidade ou outros problemas, -
8:46 - 8:48tínhamos dados para dizer:
-
8:48 - 8:50"Nós engravidámos,
a nossa temperatura mudou -
8:50 - 8:52"e, por alguma razão, perdemos este bebé.
-
8:52 - 8:55"O que é que podemos fazer
para prevenir este problema?" -
8:55 - 8:59E não é só sobre temperaturas
-
8:59 - 9:01e não é só sobre fertilidade;
-
9:01 - 9:05podemos usar os dados sobre o nosso corpo
para saber muitas coisas. -
9:05 - 9:09Por exemplo, sabiam que
medir a temperatura pode-nos dizer muito -
9:09 - 9:11sobre o estado da nossa tiroide?
-
9:11 - 9:15A nossa tiroide é como se fosse
o termostato numa casa. -
9:15 - 9:17Há uma temperatura ótima
que queremos em casa -
9:17 - 9:19e programamos o termostato.
-
9:19 - 9:22Quando a casa arrefece,
o termostato liga-se e diz: -
9:22 - 9:24"É melhor aquecer o ar."
-
9:24 - 9:27E se fica demasiado quente,
o termostato diz: -
9:27 - 9:30"Liga o ar condicionado. Arrefece-nos."
-
9:30 - 9:34É exatamente assim que a tiroide funciona.
-
9:34 - 9:36A tiroide tenta manter
uma temperatura ótima -
9:36 - 9:37para o nosso corpo.
-
9:37 - 9:41Se fica demasiado frio, a tiroide diz:
"Precisamos de aquecer." -
9:41 - 9:43Se fica demasiado quente,
a tiroide arrefece-nos. -
9:43 - 9:47Mas o que é que acontece
quando a tiroide não funciona bem? -
9:47 - 9:49Quando não funciona,
-
9:49 - 9:51nota-se nas nossas temperaturas corporais,
-
9:51 - 9:54que tendem a ser mais baixas que
o normal ou muito irregulares. -
9:54 - 9:55Ao recolher esta informação,
-
9:55 - 9:58podemos saber mais sobre a nossa tiroide.
-
9:58 - 10:01Se tivermos um problema de tiroide
e formos ao médico, -
10:01 - 10:06ele irá medir a quantidade de hormona
estimulante da tiroide no sangue. -
10:08 - 10:11Ótimo. Mas o problema com esse teste
-
10:11 - 10:14é que não nos diz quão ativa
a hormona está no nosso corpo. -
10:14 - 10:16Pode existir uma grande
quantidade da hormona -
10:16 - 10:17que não está a trabalhar ativamente
-
10:17 - 10:19para regular a temperatura corporal.
-
10:19 - 10:21Por isso, ao medir a temperatura
todos os dias, -
10:21 - 10:23recolhemos informação
sobre o estado da tiroide. -
10:25 - 10:27E se não quiserem medir
a temperatura todos os dias? -
10:27 - 10:28Eu defendo que o façam,
-
10:28 - 10:30mas há muitas outras coisas
que podemos fazer. -
10:30 - 10:33Podemos medir a nossa pressão arterial,
pesarmo-nos. -
10:33 - 10:35Quem é que não gosta da perspetiva
-
10:35 - 10:37de se pesar todos os dias?
-
10:37 - 10:38(Risos)
-
10:38 - 10:43Pouco tempo depois de nos casarmos,
o Donald tinha o nariz entupido -
10:43 - 10:46e tinha estado a tomar uma quantidade
enorme de medicação -
10:46 - 10:50para tentar aliviar o nariz entupido,
mas sem sucesso. -
10:50 - 10:54Naquela noite acorda-me e diz:
-
10:54 - 10:58"Querida, não consigo respirar pelo nariz."
-
10:58 - 11:01Eu viro-me, olho para ele e digo:
-
11:01 - 11:03"Consegues respirar pela boca?"
-
11:03 - 11:04(Risos)
-
11:04 - 11:06E ele diz:
-
11:07 - 11:11"Sim... mas não consigo
respirar pelo nariz!" -
11:12 - 11:13Então, como qualquer boa esposa,
-
11:13 - 11:16levo-o imediatamente às urgências,
-
11:16 - 11:18às 2 da manhã.
-
11:18 - 11:22Enquanto conduzo,
não consigo parar de pensar: -
11:22 - 11:25"Não podes morrer agora.
-
11:25 - 11:27"Acabamos de nos casar,
-
11:27 - 11:29"as pessoas vão pensar que te matei!"
-
11:29 - 11:32(Risos)
-
11:32 - 11:35Chegamos às urgências,
somos vistos pela enfermeira, -
11:35 - 11:37ele não consegue respirar pelo nariz,
-
11:37 - 11:40leva-nos lá para trás e o médico diz:
-
11:40 - 11:42"Então o que é que se passa?"
e ele responde: -
11:42 - 11:43"Não consigo respirar pelo nariz."
-
11:43 - 11:45O médico diz:
"Não consegue respirar pelo nariz?" -
11:45 - 11:48Não, mas consegue respirar pela boca.
-
11:48 - 11:51(Risos)
-
11:51 - 11:55Ele dá um passo atrás,
olha para nós ambos e diz: -
11:55 - 11:58"Acho que sei qual é o problema.
-
11:58 - 11:59"Está a ter um ataque cardíaco.
-
11:59 - 12:01"Vou pedir-lhe um ECG e uma TAC
-
12:01 - 12:03"imediatamente."
-
12:05 - 12:06E nós a pensar:
-
12:06 - 12:08"Não, não, não. Não é um ataque cardíaco.
-
12:08 - 12:14"Ele consegue respirar, mas só pela boca.
Não, não, não, não, não." -
12:14 - 12:16Continuamos a discutir com esse doutor
-
12:16 - 12:20porque achamos que ele fez
um diagnóstico incorreto e ele diz: -
12:20 - 12:23"Não se preocupem,
vai correr tudo bem, acalmem-se." -
12:23 - 12:24E eu a pensar:
"Como quer que nos acalmemos? -
12:24 - 12:27"Não acho que ele esteja
a ter um ataque cardíaco." -
12:27 - 12:30Por sorte, este médico
estava no fim do turno. -
12:30 - 12:34Entretanto chega o novo doutor,
vê-nos claramente atordoados, -
12:34 - 12:37com um marido que não consegue
respirar pelo nariz. -
12:37 - 12:39(Risos)
-
12:39 - 12:41E começa a fazer-nos perguntas:
-
12:42 - 12:45"Faz exercício físico?"
-
12:46 - 12:53"Andamos de bicicleta,
vamos ao ginásio... de vez em quando. -
12:53 - 12:55(Risos)
-
12:55 - 12:57"Mexemo-nos".
-
12:58 - 13:01"O que é que estavam a fazer
antes de virem para o hospital?" -
13:01 - 13:03E eu penso, sinceramente,
eu estava a dormir. -
13:03 - 13:06Mas ok, o que é o Donald
estava a fazer antes de vir? -
13:06 - 13:09Então o Donald conta a
e medicação que estava a tomar: -
13:09 - 13:13"Tomei este descongestionante
e depois tomei este 'spray' nasal," -
13:13 - 13:15De repente, faz-se luz e o médico diz:
-
13:15 - 13:19"Oh! Nunca se deve misturar esse
descongestionante com esse "spray" nasal. -
13:19 - 13:21"É obstrução certa.
Tome este em vez desse." -
13:21 - 13:23E dá-nos uma receita.
-
13:23 - 13:26Olhámos um para o outro,
eu olhei para o médico e disse: -
13:26 - 13:28"Porque é que você foi capaz
-
13:28 - 13:31"de nos dar um diagnóstico
correto para o problema, -
13:31 - 13:32"e o doutor anterior queria
-
13:32 - 13:35"que fizéssemos um ECG e uma TAC?"
-
13:35 - 13:38Ele olhou para nós e disse:
-
13:38 - 13:40"Quando um homem de 158 kg
entra nas urgências -
13:40 - 13:42"e diz que não consegue respirar,
-
13:42 - 13:43"assumimos que está a ter
um ataque cardíaco -
13:43 - 13:46"e guardamos as perguntas para mais tarde."
-
13:47 - 13:53Os médicos das urgências estão treinados
para tomar decisões rápidas, -
13:53 - 13:55mas nem sempre as certas.
-
13:55 - 13:57Se tivéssemos tido alguma informação
-
13:57 - 13:59sobre a nossa condição cardíaca
para lhe transmitir, -
13:59 - 14:03talvez tivéssemos tido
um melhor diagnóstico à primeira tentativa. -
14:03 - 14:05Quero que observem o seguinte gráfico,
-
14:05 - 14:07com os resultados da pressão arterial
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14:07 - 14:11de outubro 2010 a julho 2012.
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14:11 - 14:13Reparem que estes resultados
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14:13 - 14:17começam na zona de
pré-hipertensão/hipertensão -
14:17 - 14:19mas, ao longo de um ano e meio,
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14:19 - 14:22deslocam-se para a zona normal.
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14:22 - 14:26Esta é a pressão arterial
de um rapaz saudável de 16 anos. -
14:26 - 14:30Que história é que estes dados nos contam?
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14:30 - 14:33Obviamente, são os dados de alguém
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14:33 - 14:36que sofreu uma transformação dramática.
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14:36 - 14:40Felizmente para nós,
essa pessoa está aqui connosco hoje. -
14:41 - 14:45O tipo de 158 kg que entrou
nas urgências comigo -
14:45 - 14:51é agora um tipo ainda mais "sexy"
e saudável, com 102 kg. -
14:53 - 14:55Esta é a sua pressão arterial.
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14:55 - 14:58Ao longo de um ano e meio
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14:58 - 15:00Donald mudou a maneira de comer
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15:00 - 15:02e os nossos hábitos de exercício mudaram.
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15:02 - 15:04O seu coração respondeu
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15:04 - 15:06e a sua pressão arterial
respondeu à mudança -
15:06 - 15:08que ele fez no seu corpo.
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15:08 - 15:10Então qual é a mensagem
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15:10 - 15:12que eu quero que levem para casa hoje?
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15:14 - 15:18Ao assumirem o controlo
dos vossos dados, tal como nós fizemos, -
15:18 - 15:22simplesmente fazendo estas
simples automedições, -
15:22 - 15:25transformam-se em peritos
sobre o vosso corpo. -
15:25 - 15:27Vocês são os especialistas.
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15:27 - 15:29Não é difícil.
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15:29 - 15:31Não é preciso um doutoramento
em estatística -
15:31 - 15:32para serem peritos de vocês.
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15:32 - 15:34Não é preciso um curso de medicina
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15:34 - 15:36para serem especialistas do vosso corpo.
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15:36 - 15:39Os médicos são peritos na população
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15:39 - 15:42mas vocês são peritos em vocês mesmos.
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15:42 - 15:44E quando os dois se juntam,
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15:44 - 15:46quando dois peritos se juntam,
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15:46 - 15:48os dois em conjunto são capazes
de tomar uma melhor decisão -
15:48 - 15:50do que o vosso médico sozinho.
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15:50 - 15:54Agora que percebem o poder da informação,
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15:54 - 15:56o que podem ganhar com a recolha
de informações pessoais, -
15:56 - 15:59gostaria que se levantassem
e levantassem a mão direita. -
15:59 - 16:02(Risos)
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16:02 - 16:04Sim, levantem-se.
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16:07 - 16:14Eu desafio-vos a assumirem o
controlo dos vossos dados. -
16:14 - 16:18E hoje, tenho a honra de vos conceder
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16:18 - 16:22um diploma TEDx de Introdução à Estatística
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16:22 - 16:26com o foco em análise de dados temporais
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16:26 - 16:29com todos os direitos e privilégios
que isso implica. -
16:30 - 16:33Por isso, da próxima vez
que estiverem no consultório médico -
16:33 - 16:37como recém-peritos em estatística,
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16:37 - 16:39qual deve ser sempre a vossa resposta?
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16:39 - 16:40Público: Mostre-me os dados!
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16:40 - 16:41TW: Não consigo ouvi-los!
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16:41 - 16:43Público: Mostre-me os dados!
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16:43 - 16:44TW: Mais uma vez!
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16:44 - 16:46Público: Mostre-me os dados!
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16:46 - 16:47TW: Mostre-me os dados.
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16:47 - 16:48Obrigada.
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16:48 - 16:50(Aplausos)
- Title:
- Assumam os dados do vosso corpo
- Speaker:
- Talithia Williams
- Description:
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A nova geração de sofisticados medidores de acividade (que medem a frequência cardíaca, o sono, os passos por dia) podem parecer ter como público alvo os atletas de alta competição. Mas Talithia Williams, perita em estatística, argumenta que todos nós devíamos medir e registar dados simples sobre o nosso corpo todos os dias — porque os nossos dados podem revelar mais sobre nós do que aquilo que os médicos sabem.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:07
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Ana Campos
Confesso que foi complicado traduzir o título "Own your body's data".
No fim, achei que "assumir" representava melhor a ideia de nos encarregar-mos e tomarmos a responsabilidade sobre esta informação.
Ana Campos
Errr.... encarregarmos! :)