Vamos tentar ser emocionalmente corretos

"Está na hora de liberais e conservadores ultrapassarem suas diferenças políticas e, de fato, ouvirem uns aos outros", diz a estudiosa política Sally Kohn. Nesta palestra otimista, Kohn compartilha o que aprendeu como comentarista lésbica progressista, na Fox News. "Não se trata de sermos politicamente corretos", ela diz, "mas de sermos emocionalmente corretos".

Quando faço o meu trabalho,
as pessoas me odeiam.

Na verdade, quanto melhor
eu faço o meu trabalho,

mais as pessoas me odeiam.

E não, não sou fiscal de trânsito,

e não sou agente funerária.

Eu sou uma comentarista
lésbica progressista.

na Fox News. (Aplausos)

Então, vocês ouviram, certo?
Só para ter certeza, certo?

Eu sou uma comentarista gay na Fox News.

Eu vou lhes dizer como eu faço isso

e a coisa mais importante que aprendi.

Então, eu apareço na televisão.

Eu debato com pessoas
que, literalmente, querem destruir

tudo em que acredito e, em alguns casos,

não querem que eu
ou pessoas como eu existam.

É mais ou menos como o dia de
Ação de Graças com seu tio conservador,

só que muito pior,

com milhões de espectadores
nos assistindo ao vivo.

É quase exatamente assim.

E isso é só no ar.

As mensagens de ódio
que recebo são inacreditáveis.

Só na semana passada,
recebi 238 e-mails sórdidos,

e mais tuítes de ódio
do que consigo contar.

Fui chamada de idiota,
de traidora, de praga,

de vadia e de homem feio,

e isso foi apenas em um e-mail.

(Risos)

Então, o que foi que percebi,

ao receber toda essa agressão?

Bem, minha maior lição
é que, ao longo de décadas,

temos focado
o que é politicamente correto,

mas o que mais importa
é ser emocionalmente correto.

Vou dar um pequeno exemplo.

Não me importo se me chamarem
de sapatão. Realmente não me importo.

Eu me importo com duas coisas.

Primeiro, que você saiba escrever direito.

(Risos) (Aplausos)

Só para lembrar, é S-A-P-A-T-Ã-O.

Seria uma surpresa total.

Em segundo lugar,
eu não me importo com a palavra.

O que importa é com como você a usa.

Você está sendo amigável?
Está apenas sendo ingênuo?

Ou você realmente quer me machucar?

Ser emocionalmente correto
tem a ver com o tom, com o sentimento,

com a forma como dizemos
o que dizemos,

com o respeito e a compaixão
que mostramos uns aos outros.

O que eu percebi
é que a persuasão política

não começa com ideias, fatos ou dados.

A persuasão política começa
com ser emocionalmente correto.

Então, quando fui trabalhar
pela primeira na Fox News,

eu confesso, de verdade,

que eu esperava que houvesse
marcas no tapete

de tanta idiotice.

Aliás, se vocês estiverem prestando
atenção, isso não é emocionalmente correto.

Mas os liberais do meu lado,

podemos ser moralistas,
podemos ser condescendentes,

podemos desconsiderar qualquer um
que não concorde conosco.

Em outras palavras,
podemos ser politicamente corretos,

mas emocionalmente incorretos.

A propósito, isso significa

que as pessoas
não gostam de nós. Certo?

Bem, eis a bomba.

Os conservadores são muito legais.

Quero dizer, não todos,

e não os que me enviam
mensagens de ódio,

mas vocês ficariam surpresos.

Sean Hannity é um dos caras
mais amáveis

que eu já conheci.

Ele passa seu tempo livre

tentando acompanhar sua equipe
em encontros às cegas,

e eu sei que se eu tiver
qualquer problema,

ele faria qualquer coisa
que pudesse para ajudar.

Eu acho que Sean Hannity

é 99% politicamente incorreto,

mas o fato de ser emocionalmente correto
é extremamente impressionante,

e é por isso que as pessoas o escutam.

Porque ninguém pode concordar contigo,

sem sequer te ouvirem primeiro.

Nós passamos tanto tempo
falando por cima dos outros

e não tenho tempo suficiente para discutir
sobre nossas divergências,

e se pudermos começar a ter
compaixão uns pelos outros,

teremos uma chance
de construir uma base comum.

Na verdade, soa muito brega

dizer isso aqui na frente,

mas quando se tenta
colocar isso em prática,

é realmente poderoso.

Então, quando alguém diz
que odeia imigrantes,

eu tento imaginar
o quanto devem temer

que sua comunidade esteja mudando,
ficando diferente do que conhecem.

Ou quando alguém diz que não gosta
do sindicato dos professores,

aposto que ficam arrasados ao ver

a escola de seus filhos
indo por água abaixo,

e só estão buscando um culpado.

Nosso desafio é encontrar
a mesma compaixão pelos outros

que queremos que tenham para conosco.

Isso é ser emocionalmente correto.

Não estou dizendo que é fácil.

Uma média, digamos, de 5,6 vezes por dia

tenho que me segurar para não responder

todas as mensagens de ódio que recebo
com uma enxurrada de palavrões.

Toda essa coisa de busca pela compaixão

e uma base comum com seus inimigos

é como uma prática
político-espiritual para mim,

e eu não sou o Dalai Lama.

Não sou perfeita, mas sou otimista,

porque não recebo somente
mensagens de ódio.

Recebo um monte
de cartas amigáveis, muitas.

E uma das minhas favoritas começa assim:

"Não sou um grande fã
das suas visões políticas

ou, às vezes, da sua lógica retorcida,

mas sou um grande fã seu,
como pessoa".

Bom, esse cara não concorda
comigo, ainda.

(Risos)

Mas ele me escuta,
e não pelo que eu disse,

mas pelo jeito como eu disse.

De alguma forma, apesar de nunca
termos nos encontrado,

conseguimos criar uma conexão.

Isso é ser emocionalmente correto,

e é assim que começamos as conversas

que realmente conduzem a mudanças.

Obrigada.

(Aplausos)