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Phyllida Barlow: Feito em casa | Art21 "Extended Play"

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    Tradutora: Andreia Frazão
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    [Phyllida Barlow: Feito em casa]
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    A minha mãe era muito criativa:
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    fazia tricô, vestidos, costura.
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    Adoro a forma como ela me ensinava
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    a fazer móveis para a casa das bonecas
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    com caixas de fósforos descartadas.
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    Formas simples e próprias
    de fazer as coisas.
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    Era a antítese da loja de brinquedos.
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    Tinha tudo a ver com arranjar
    recursos dentro de casa.
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    Quando estava na escola de arte,
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    havia muitas coisas certas e erradas
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    quanto a técnicas, processos, formas,
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    e até ideias.
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    E muitas coisas eram tabu,
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    como a domesticidade,
    ou certos artesanatos
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    que talvez estivessem
    associados às mulheres,
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    como tricotar ou costurar.
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    Eram as grandes,
    fortes tradições da escultura
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    que era importante aprender,
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    e eu não tinha muito lá jeito para isso.
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    Anos depois, o meu ensino
    foi muito influenciado
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    por não seguir a abordagem
    do certo e errado,
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    mas antes por tentar encontrar coisas
    que poderiam realmente
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    revelar algo bastante
    idiossincrático aos estudantes.
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    Quais eram as suas aspirações?
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    O que se passava nas suas cabeças?
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    E depois poder convidá-los
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    a começar a pensar nos processos
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    que refletiriam esses desejos e ambições.
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    O meu ensino tinha muito a ver
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    com o que eu sentia que
    me faltara na escola de arte.
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    Tenho cinco filhos.
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    Já estão quase todos na casa dos quarenta.
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    E eu acho que queria dar continuidade
    a esse sentido positivo
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    que a minha mãe tinha,
    de que poderiam ter vidas felizes
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    e fazer o que queriam fazer,
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    que não eram obrigados a cumprir
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    uma expetativa maior.
    [RISO]
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    Todos fazem arte.
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    A nossa terceira filha é enfermeira
    em Londres, especializada em VIH.
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    Portanto, tem um trabalho delicado,
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    mas pinta bastante, o que é incrível.
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    Há muitos artistas
    que não têm exposições.
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    Há muita arte que nunca se viu.
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    E penso que isto me intriga.
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    Fazer obras que não têm um destino
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    tem algo de solitário e de triste.
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    E muitos artistas passam
    por isto a vida inteira,
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    e é heróico.
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    O romance que nunca é publicado,
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    será que não deveria ter sido escrito?
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    Claro que devia.
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    Isso é fazer uma contribuição fantástica
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    para a cultura do momento,
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    porque esse indivíduo tem
    uma enorme vontade de o fazer
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    sem quaisquer outras pressões
    de qualificações.
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    São estas as minhas reflexões privadas.
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    Penso que há muito no mundo da arte
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    e a forma como vivenciamos a arte
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    que é fantástico, mas
    penso que há muita coisa
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    que não é totalmente falada
    nem reconhecida,
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    que é o invisível e o desconhecido
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    e o ato criativo como experiência
    profundamente privada.
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    Há um grande e poderoso desejo
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    apenas de criar algo.
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    E será que isso se limita
    a sofrer os efeitos da erosão?
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    Espero que não.
    [RISOS]
Title:
Phyllida Barlow: Feito em casa | Art21 "Extended Play"
Description:

Episódio 276: A escultora Phyllida Barlow discute a sua abordagem idiossincrática à criação, aprendizagem e ensino de arte, e à construção de uma carreira como artista. A partir do seu estúdio, em Londres, Barlow recorda a infância, onde testemunhou a forma própria da sua mãe de fazer roupa e brinquedos para os filhos. A mãe dela tratou os materiais da vida doméstica quotidiana como recursos com potencial infinito, uma atitude que tem afetado a produção artística de Barlow. Exibida numa exposição na @Haus der Kunst em Munique, Alemanha, as esculturas anti-monumentais de Barlow, mas enormes esculturas basculantes e teetering, são compostas por materiais não tradicionais como cartão, contraplacado, e tecido colorido.

Enquanto estudante de arte em Londres, na década de 60, Barlow debateu-se contra as técnicas, processos e formas que eram esperadas da escultura. "Muitas coisas eram tabu, como a domesticidade ou certos artesanatos que talvez estivessem mais associados às mulheres", diz a artista. "Eram as grandes e fortes tradições da escultura que era importante aprender e eu não tinha lá muito jeito para isso". Contudo, esta experiência moldou mais tarde a abordagem de Barlow como professora, contexto no qual encorajou os alunos a desenvolverem práticas que desvendassem as suas personalidades, aspirações e desejos, em vez de seguirem uma determinada tradição.

Para Barlow, a arte e os artistas existem independentemente de serem vistos por um público. "Há muitos artistas que não têm exposições, há muita arte que nunca foi vista", afirma Barlow. "Muitos artistas suportam isso durante toda a vida e isso é heróico". Intrigada com o invisível e o desconhecido, Barlow reafirma a sua crença no "ato criativo como uma experiência profundamente privada".

Phyllida Barlow nasceu em Newcastle upon Tyne, Inglaterra, em 1944. Inspiradas pelo ambiente urbano, as esculturas de Barlow casam materiais não convencionais como cartão, contraplacado, gesso e cimento com tintas e tecidos de cores vibrantes. As suas formas inventadas são criadas através de processos em camadas de acumulação, remoção e justaposição-gesturas que Barlow descreve como "mais funcionais do que artísticas". As obras maciças resultantes desafiam as experiências de espaço físico dos espectadores, esticando os limites de massa, volume e altura à medida que se elevam, bloqueiam, e interrompem o espaço. No entanto, estas obras permanecem distintamente anti-monumentais; o artista deixa expostas as costuras inacabadas, revelando os meios de realização das obras e brincando com as tensões entre dureza e suavidade, o imperioso e o cómico, e o pintor e o escultórico.

Saiba mais sobre o artista em:
https://art21.org/artist/phyllida-barlow/

Este filme está entre uma colecção que inclui a participação do Art21 na iniciativa multi-institucional da Coligação Feminista de Arte. A Feminist Art Coalition (FAC) é uma plataforma para projectos de arte informados pelos feminismos, promovendo colaborações entre instituições artísticas que visam tornar público o seu compromisso com a justiça social e a mudança estrutural.

CRÉDITOS | Produtor da série: Ian Forster. Diretor: Ian Forster. Editor: Drigan Lee. Câmara: Andrew Kemp e Anne Misselwitz. Som: Sean Millar. Assistente de Câmara: Clemens Rosenow e Charlie Stoddart. Colorista: Jonah Greenstein. Mistura de som: Adam Boese. Música: Joel Pickard. Cortesia: Joel Pickard: Phyllida Barlow, Haus der Kunst e Hauser & Wirth. Imagens de arquivo: Phyllida Barlow e Fabian Peake. Agradecimentos especiais: Elena Heitsch, Damian Lentini e Lucy Wilkinson.

"Extended Play" é apoiado pela The Andy Warhol Foundation for the Arts; e, em parte, por fundos públicos do Departamento de Assuntos Culturais de Nova Iorque em parceria com a Câmara Municipal; Dawn e Chris Fleischner; o Art21 Contemporary Council; e por contribuintes individuais.

Art21 #PhyllidaBarlow #Art21 #Art21ExtendedPlay

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Extended Play" series
Duration:
04:51

Portuguese subtitles

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