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Eu me coloco na posição dessas figuras
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neste penhasco e eu quase sinto o vento
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forte a minha volta e minha instabilidade
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no penhasco como resultado.
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Eu consigo ouvir o tecido
da minha blusa batendo.
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Acho que estamos prontos para
os efeitos sonoros agora.
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[vento soprando]
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Não é uma boa ideia.
Monet não precisa disso.
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Temos esse brilhante dia de verão,
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estamos em um passeio no penhasco
em um refúgio no litoral
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no noroeste da França, no Canal da Mancha,
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vemos essas duas mulheres
Essa é uma adorável
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imagem de pessoas andando
em um caminho na natureza.
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Bom, acho que o fato de
imediatamente dizermos,
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"eu sei como é esse momento"
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é indicativo do fato que
Monet está fazendo
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algo que ainda fazemos hoje.
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Passamos férias no litoral
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É fascinante caminhar nos penhascos
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e sentir o vento e olhar para o mar.
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Somos parte do mundo moderno,
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em que ele vivia e há uma noção
de iminência
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e isso aparece nas pinceladas.
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Então é a mão dele se movendo pela tela,
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mas também é o vento movendo a grama
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no topo do penhasco.
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Ainda assim, tudo isso é rodeado por
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estas duas características verticais
que vemos das rochas
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que imitam a verticalidade das figuras.
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E olha como ele usa essas
faces do penhasco
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para criar uma sensação
de brilho para o dia.
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Estão em sombra profunda.
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O contraste é tão forte
que nos lembra de quando
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há uma espécie de luz do sol.
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Mas mesmo a pintura parecendo
completamente
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espontânea, ela foi
cuidadosamente trabalhada,
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sabemos, das cartas de Monet, que quando
ele pintava essas imagens,
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e ele pintou umas cem delas...
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Dessas cenas da costa da Normandia
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no início dos anos 1880.
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Ele voltava e voltava e voltava
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para elas, dez, quinze, até vinte vezes.
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Então há camadas de pintura
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e quando você se aproxima,
você pode ver essas camadas.
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Há esse conflito entre a espontaneidade,
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a momentariedade dessa cena
e o modo que ele
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trabalhou para atingir esse efeito.
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Vamos avançar. Vejamos isso de perto.
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Algumas vezes, você vê áreas onde
a tinta ainda está muito fresca.
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Lembre que isso é óleo.
Não seca rapidamente
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e pode-se ver como ele pinta tinta fresca
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acima de tinta fresca.
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Se você pinta tinta fresca sobre fresca,
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você vai borrar a camada de baixo.
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Pode-se ver isso olhando
especificamente
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para as mulheres no topo do penhasco.
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Olha os vestidos delas.
Você vê, por exemplo,
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na mulher perto de nós, o modo em que
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há esse branco na parte de baixo
de seu vestido,
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olha como o sino do vestido é empurrado
contra suas pernas,
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dando uma sensação do vento.
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E as pinceladas estão se movendo
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naquela direção, também, mas olha como
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o branco se empurra no vermelho
e pega um pouco dele.
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Isso é a tinta fresca que está espalhando
outra tinta fresca
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pela superfície.
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Podemos ver isso na figura
no fundo também,
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onde o branco que ele acrescentou
no topo da
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cor vermelha do guarda-sol
a borra na camada.
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Correto, e isso é muito diferente da
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linha do horizonte, por exemplo.
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Você vai perceber que tem um verde jade,
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e você vai perceber
que tem áreas onde
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a tinta parece pular uma camada de baixo
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e essa camada de verde mais pálido
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estava seca e tinha saliências
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e quando ele desenhou o arbusto ,
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ele pegou essas saliências.
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Então isso é tinta fresca acima de seca.
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É apenas esse conhecimento incrível
dos seus materiais
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e o que ele precisa fazer
com esses materiais
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para atingir o que ele quer atingir.
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Correto. Acho que ele está ali
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para prestar atenção no que está vendo.
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Esta é uma pintura sobre o prazer de ver.
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É uma atração turística.
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As figuras estão aproveitando
sua caminhada no penhasco.
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Elas estão olhando essa adorável paisagem
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pitoresca de penhascos e mar e céu
e nuvens em movimento.
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Temos esse prazer visual
e eles estão experimentando
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o prazer visual.
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É sobre olhar o mundo moderno,
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um tipo de experiência de ser
uma pessoa de classe média
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em seu lazer nas férias, algo que
podemos nos relacionar.
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Mas pintada de forma que
nos leva para dentro,
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de um modo incrivelmente íntimo e direto,
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então também sentimos o vento.
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[vento soprando]
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[Legendado por Raysa Valentim]