Trans 101 - O Básico

Bem-vindos ao Trans 101, a nova série sobre Diversidade de Género. No vídeo um mergulhamos em ser Trans, Identidade de Género e do que é que tudo isto se trata.

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Digam lá mais uma vez.

Não-bi-ná-ri-o.

Desculpem.

3, 2, 1?

Quando pensamos na palavra género,
vêm-nos à cabeça imensas imagens.

Ensinaram-nos a quase todos

que as pessoas nascem
rapaz ou rapariga.

E esperam que nos comportemos
de certa maneira

com base no que temos entre as pernas

Mas isso nem sempre
é verdade para todos.

Ignora totalmente o enorme
e espantoso mundo das pessoas

que são trans e de género diverso.

É sobre isso que nos vamos
debruçar nesta série.

Ser trans, identidade de género,
e do que é que tudo isso se trata.

Bem-vindos ao Trans 101.

(Música hip-hop)

Tradicionalmente, pensamos em género

conforme decidido
pelo corpo com que nascemos.

As pessoas são classificadas à nascença
como femininas ou masculinas.

Mas os corpos e o género
são coisas separadas.

O género basicamente faz parte
do sentimento interior de si mesmo.

Pode ser masculino, feminino,
nenhum dos dois, uma mistura dos dois,

ou existir totalmente fora de tudo isso.

A relação duma pessoa com o seu género
também pode variar com o tempo.

O género que nos atribuem ao nascermos

habitualmente é reforçado
pelas pessoas que nos rodeiam.

Ouvir coisas como "Sê um homem!"
ou "És mesmo rapariga!"

é o mesmo que nos dizerem
o que esperam que sejamos.

Muita gente sente-se confortável
com o género que lhes é atribuído.

Mas para algumas pessoas,
esse rótulo não lhe assenta bem

e não o acham correto.

É a isso que se chama ser...

trans-género!

TRANSGÉNERO

Talvez já tenham ouvido o termo
transgénero ou até diversidade de género.

É quando o nosso género
não corresponde totalmente

ao que nos é atribuído quando nascemos.

Muita gente usa a abreviatura trans.

Isso significa que o género
que nos atribuíram não faz sentido,

é restritivo ou apenas não se encaixa bem.

Isso pode parecer
uma definição muito alargada

e é mesmo assim.

A coisa mais importante
que precisam de saber?

Não há uma forma única
de ser trans.

Há muitas formas diferentes
com que as pessoas se identificam.

Não se trata de conhecer
cada um.

Pelo contrário, estar aberto
à diferença, quando a encontrarmos.

E também ter em atenção
que o género e a sexualidade

são coisas totalmente separadas.

Lésbica, bissexual, assexual,
gay e heterossexual

são alguns exemplos diferentes.

Somos todas essas coisas
para além de sermos trans.

Mas não é a razão para ser trans.

Eu penso que se julga
que eu ter feito a transição

porque gosto de rapazes

e queria relacionar-me com eles
mais facilmente.

Na verdade, sou uma lésbica gay.

NÃO-BINÁRIO

Quando falamos sobre identidade de género

as pessoas pensam muitas vezes
em dois grupos opostos.

Um binário de feminino e masculino.

E que quando somos trans,
passamos de um para o outro,

mas é muito mais do que isso.

Em palavras simples,
não-binário é um termo abrangente

que as pessoas usam
para descrever o género

que não encaixa em masculino ou feminino.

Isto pode incluir pessoas que sentem
que o seu género é uma mistura dos dois,

muda com frequência,
ou é uma coisa totalmente diferente.

ou não tem nenhum sentido
de género que seja.

Pessoas diferentes podem usar
termos mais específicos

para descrever o seu género,
enquanto outras preferem o não-binário.

E as pessoas trans
que não são não-binárias

— que se identificam unicamente
como masculinas ou femininas —

podem descrever-se como binárias.

CISGÉNERO

Também há um termo para as pessoas
que não são trans, é o termo cisgénero.

Cisgénero é uma forma de dizer
"não trans".

Também podem ter ouvido
dizê-lo abreviadamente, como cis.

Ser cisgénero é quando o género
com que nos identificamos

corresponde inteiramente ao que
nos atribuíram quando nascemos.

O termo provém do latim e significa
"do mesmo lado que"

e usa-se em contraste com trans,
que significa "do lado contrário".

É uma nova palavra
a que temos de nos habituar,

mas ajuda a evitar um contraste
entre "pessoas trans" e "pessoas normais".

Em vez disso, apenas reconhece
que ser trans ou cis

são apenas formas diferentes de ser.

Portanto, se vocês forem cisgénero,

esta é uma ótima palavra
para acrescentar ao vosso vocabulário.

TRANSIÇÃO

Fazer a transição é quando
alguém toma medidas

para, socialmente ou fisicamente,

se sentir mais alinhada
com a sua identidade de género.

Primeiro, há uma transição social.

A transição social envolve
como interagimos com as pessoas.

Tal como revelar-se como transgénero.

Pedir às pessoas para usar

palavras e pronomes diferentes
para os descreverem.

Ou mudar a forma como interagem
com espaços específicos

como a casa de banho que usam.

A transição física envolve muitas vezes
a alteração do aspeto duma pessoa

para aquele que lhe parece adequado,

como a roupa, a maquilhagem, o cabelo,

ou procurar apoio médico

que pode envolver hormonas ou cirurgia.

A transição não se refere
a agradar a outras pessoas

nem necessariamente para tentar
parecer uma pessoa cisgénero.

Trata-se de uma pessoa trans
fazer o que acha adequado para si mesma.

O que isso significa
para cada pessoa é diferente.

Também é importante saber
que a transição não é instantânea.

Há a tendência a pensar na transição
como uma coisa automática,

como uma madrinha de conto de fadas

que aparece e magicamente
muda tudo!

A transição é uma coisa gradual.

E é diferente para cada um.

Não há duas pessoas
que fazem a transição da mesma forma.

A identidade duma pessoa trans
não é definida

pela forma como fazem ou não a transição.

Portanto, se alguém acha
que a transição não lhe agrada,

isso é perfeitamente possível.

DISFORIA DE GÉNERO

A disforia de género
é o intenso desconforto

que uma pessoa trans pode sentir

quanto ais atributos físicos ou à forma
como os outros classificam o seu género.

A disforia de género pode ser
a nível social, a nível físico,

ou mesmo apenas a nível emocional.

A disforia pode, por vezes,
ser muito insuportável.

Ter de viver com um corpo ou expressão
com que não nos sentimos confortáveis

pode ter impacto
na forma como vivemos.

As pessoas trans encontram formas
diferentes de minimizar a disforia

e o possível impacto
que pode ter é enorme.

Tal como a transição, ter disforia
não torna uma pessoa mais ou menos trans.

E não é uma coisa
que todas as pessoas trans experimentam.

LINGUAGEM

Vai haver muitas novas palavras.

Ouvimos muitas vezes coisas como:
"Isso é gramaticalmente incorreto".

"Essa palavra existe?"

Ótimo! Vocês percebem-nos!

Não encontramos nenhuma loja
onde comprar novas palavras,

por isso tivemos de avançar
com palavras "cultivadas na nossa horta".

São duas vezes mais nutritivas!

Na realidade, todas as línguas
evoluem a nível da comunidade.

Todas as palavras.

Para as pessoas trans,
desenvolvemos uma linguagem

que descreve quem nós somos.

Porque, no passado, ou ainda não existiam
muitas destas palavras

e as que existiam, tinham sido criadas
por pessoas fora da comunidade trans.

E nem sempre refletiam
as nossas experiências.

Quando falamos de género e de corpos,

falamos sobre o que queremos dizer.

"Pessoas que têm útero",
em vez de "mulheres",

quando falamos de corpos.

Porque há pessoas trans e não-binárias
que também os têm.

Ou, se falamos de ser uma mulher

evitamos coisas como "pessoas com vaginas"
e dizemos apenas "mulheres",

porque nem todas as mulheres as têm.

Também não há necessidade
de dizer "ele/ela"

quando falamos de um grupo de pessoas,

"Eles" [they] serve perfeitamente!

É mais curto, menos tosco
e mais inclusivo.

Usar a linguagem correta

faz com que as pessoas trans
se sintam incluídas.

E também é mais rigoroso.

Aprender esta matéria
para estarem mais informados

é uma coisa importante a fazer.

Portanto, se acharem
que este vídeo é útil,

partilhem-no online para ele
chegar a mais pessoas,

E se quiserem saber mais,
vejam o resto de Trans 101

cheio de mais vídeos fantásticos
sobre a diversidade de género.

Tradução de Margarida Mariz
(dezembro-2022)