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Receptáculos Espirituais de Heidi Lau | Art21 "New York Close Up”

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    (música harmoniosa)
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    (Heidi) Às vezes sinto
    que a argila diz o que devo fazer
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    e apenas me submeto
    a essa mestra tão cruel.
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    É como se, na verdade,
    eu fosse o material.
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    Alguma coisa atravessa minhas mãos,
    ou a mim mesma, dirigida pela argila.
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    Ao invés de eu esculpir a argila,
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    é como se ela estivesse
    me esculpindo
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    (Heidi ri)
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    É uma espécie de condutor de espíritos.
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    Meu nome é Heidi Lau, sou escultora,
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    e trabalho primariamente com argila.
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    (pássaros piando)
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    [Receptáculos de Espíritos de Heidi Lau]
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    [Cemitério Green-Wood, Brooklyn]
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    [Heidi Lau é a primeira artista residente
    no cemitério de 184 anos de idade]
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    No trabalho com argila,
    o toque mais leve
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    que você faz fica assimilado ao material.
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    Fico fazendo camadas
    e mais camadas continuamente.
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    Aprendi tudo sozinha.
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    Acho que a única técnica que uso
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    é somente arranhar a argila,
    aplicar a porcelana líquida
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    e depois montar a peça.
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    Mãos são provavelmente
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    (Heidi ri)
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    o elemento mais antigo e presente
    no meu trabalho.
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    Eu nunca esculpo uma mão realista.
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    Todas são meio fantasmagóricas
    e alongadas,
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    para significar que elas
    vêm de outro mundo.
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    Isto é um esboço preliminar
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    do meu projeto para a catacumba.
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    Isto aqui é o arco, e a peça ficaria
    pendurada do céu em direção ao chão.
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    (música tranquila)
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    Há muitas urnas com drapeados em cima.
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    É um símbolo para o luto,
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    tenho tentado capturar isso.
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    (música calma)
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    Cresci em Macau.
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    Minha infância oscilou
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    entre uma educação tradicional
    chinesa muito rigorosa
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    e minhas aventuras e escapadas
    do ambiente doméstico
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    por entre as ruínas, enquanto Macau
    ainda era uma colônia portuguesa.
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    Os portugueses construíram
    muitas catedrais
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    e há muitas casas no estilo colonial.
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    Eu passava muito tempo
    perambulando nessas estruturas.
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    Tento capturar a essência
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    daquelas estruturas onde você
    pode se perder.
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    (música tranquila)
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    (ressoar de sinos)
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    (buzina de carro)
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    (Mei) Oi!
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    (Heidi) Wing on Wo é uma loja de cerâmica
    em Chinatown,
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    e é, na verdade, um dos negócios
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    mais antigos ainda funcionando
    em Manhattan.
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    Tornei-me amiga da dona, Mei,
    há cinco anos.
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    Assim que entrei na loja,
    me senti em casa,
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    pois cresci em um ambiente muito parecido.
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    Encaro a diáspora chinesa
    de um jeito parecido
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    como encaro a administração
    que Mei faz da loja.
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    Repensar como a cerâmica
    pode ser interpretada
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    ou reintroduzida
    na contemporaneidade.
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    Se fechar os olhos, posso ver até
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    quais livros meu avô tinha na estante,
    ou o jardim dele.
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    Por um lado, é um olhar do passado,
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    mas também me dá muito impulso
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    para criar peças, tanto para o agora
    quanto para o futuro.
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    Foi por esse motivo que eu queria
    trazer isto aqui para você,
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    (voz diminuindo) pois eu queria
    os próprios elementos, uma referência...
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    (música calma)
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    Comecei a pensar em usar argila
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    para criar um traje funerário
    após minha mãe falecer.
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    Como uma forma de luto,
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    comecei a observar
    vários objetos funerários
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    das dinastias Han e Qin,
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    e também a assistir
    vários filmes de zumbi chineses.
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    (Heidi ri)
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    (música harmoniosa)
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    Parece-me ser a coisa certa,
    viver o luto através das minhas mãos.
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    É um processo muito trabalhoso,
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    a coisa mais inviável que você
    puder pensar em fazer com argila,
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    esse trabalho todo equivale ao luto.
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    (música calma)
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    (pássaros piando)
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    Comecei a fazer caminhadas bem longas
    durante a residência,
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    e foi assim que, aos poucos,
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    o projeto na catacumba
    começou a tomar forma,
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    durante essas caminhadas
    sem propósito e meditativas.
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    É um exercício diário para mim
    de esvaziar o meu ego.
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    Quando consigo chegar a esse estado,
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    nesse momento posso
    acessar uma dimensão ancestral
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    e encontrar o caminho do lado de cá.
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    (música calma)
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    (barulho de correntes)
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    Consegui.
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    (barulho de correntes)
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    Penso que meu trabalho apresenta
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    pontos de contato entre ideias contrárias.
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    Entre o humano
    e o mistério espiritual.
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    (música harmoniosa)
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    Acredito que, lá no fundo,
    meu trabalho sobre luto
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    consiste em colocar emoções na argila,
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    e ficar realmente atento ao que vem.
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    Ela se torna algo familiar, algo bonito.
  • 7:38 - 7:41
    (música harmoniosa)
Title:
Receptáculos Espirituais de Heidi Lau | Art21 "New York Close Up”
Description:

Primeira artista residente do famoso cemitério Green-Wood no Brooklyn, em Nova York, a escultora Heidi Lau canaliza história pessoal, cultura colonial e o mundo espiritual através de suas mãos para dentro de suas peças de cerâmica sobrenaturais. Apreciando a chance e a improvisação, Lau modela todas as suas esculturas de argila à mão e aplica camadas sobrepostas de esmalte para criar peças iridescentes que se assemelham a formas arquitetônicas, vasos ou trajes funerários. "Ao invés de eu esculpi-la, é como se ela estivesse me esculpindo", diz Lau a respeito de seu material de preferência. Situado no terreno e nas catacumbas de Green-Wood, este filme explora a relação singularmente tátil e ao mesmo tempo espiritual entre a artista e o seu material.

Lau cresceu em Macau, onde explorava as ruínas coloniais deixadas pelo domínio português, ao passo que também estava mergulhada na cultura e história chinesa original da cidade. As esculturas posteriores de Lau remetem a essas influências díspares, conjugando elementos arquitetônicos chineses e portugueses ao mesmo tempo em que extrair motivos das mitologias taoístas. Em Nova York, onde Lau hoje mora, ela frequenta a Wing On Wo, uma loja de 130 anos em Chinatown, onde se sente reconfortada e inspirada pelas cerâmicas em exibição. Lá a artista conversa com a proprietária, Mei Lum, sobre suas esculturas mais recentes, trajes em malha de ferro e urnas inspiradas em objetos funerários das dinastias Han e Qin, sobre os quais Lau começou a pesquisar após a morte de sua mãe. Trabalhoso e, nas palavras da artista, intencionalmente pouco prático, o processo criativo autodidata de Lau permite à artista fazer o trabalho de luto "através das mãos". Essas e outras peças compõe a última exibição de Lau, Jarins como Terrenos Cósmicos, localizada dentro das catacumbas em Green-Wood. Lau vê seus trabalho como uma ponte entre mundos opostos, o humano e o não-humano, o conhecido e o desconhecido, e esculpe em argila para criar "resquícios de memória que irão eventualmente reconstruir algo".

Aprenda mais sobre a artista em: https://art21.org/artist/heidi-lau

CRÉDITOS| Produtor da série “New York Close Up”: Nick Ravich. Diretor: Bryan Chang. Editor: Leah Galant. Cinematografia: Sean Hanley, Sana A. Malik, Eric Phillips-Horst, Jeff Sterrenberg. Produção: Meerkat Media. Correção de cor: Sean Hanley. Desenho de som: Bryan Chang. Design & Graphics: Chips. Música: APM Music. Cortesia das obras: Heidi Lau. Agradecimentos: Mei Lum, Cemitério Green-Wood , The Metropolitan Museum of Art, Wing on Wo. © Art21, Inc. 2022. Todos os direitos preservados.

"New York Close Up" recebe apoio da Andy Warhol Foundation for the Arts; e, em parte, verbas públicas do Departamento de Assuntos Culturais da Cidade de Nova York em parceria com o Conselho Municipal; bem como de doadores particulares.

A exibição digital de filmes "New York Close Up" é possibilitada em parte pelo Conselho Estadual das Artes de Nova York.

TRADUÇÕES
Legendas traduzidas são contribuições generosas da nossa comunidade de tradutores voluntários

#HeidiLau #Art21 #NewYorkCloseUp

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"New York Close Up" series
Duration:
08:03

Portuguese, Brazilian subtitles

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