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A aurora da desextinção. Estão preparados?

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    A extinção é um tipo diferente de morte.
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    É maior.
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    Nós não nos apercebemos bem disso até 1914,
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    quando o último pombo-passageiro,
    uma fêmea chamada Martha,
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    morreu no jardim zoológico de Cincinnati.
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    Esta fora a ave mais abundante do mundo
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    tendo estado na América do Norte
    durante 6 milhões de anos.
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    De repente, já cá não existia.
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    Bandos com 1,5 km de largura e
    650 km de comprimento
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    costumavam tapar o sol.
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    Aldo Leopold disse que esta era
    uma tempestade biológica,
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    uma tempestade com penas.
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    E era, de facto, uma espécie fundamental
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    que enriquecia toda a floresta decídua ocidental,
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    desde o Mississippi até ao Atlântico,
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    desde o Canadá até ao Golfo.
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    Mas, em apenas algumas décadas,
    passámos de 5 mil milhões de pássaros para zero.
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    O que aconteceu?
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    Bem, aconteceu a caça comercial.
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    Estes pássaros eram caçados pela carne
    que era vendida às toneladas,
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    e era fácil fazê-lo porque
    quando estes bandos enormes
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    se aproximavam do solo, eram tão densos
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    que podiam aparecer centenas
    de caçadores e cercadores
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    e abatê-los às dezenas de milhares.
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    Era a fonte de proteína mais barata da América.
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    No final do século, já nada restava
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    a não ser as belíssimas peles
    em gavetas de espécies de museu.
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    Há um lado positivo nesta história.
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    Isto fez com que as pessoas percebessem
    que a mesma coisa
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    estava prestes a acontecer ao bisonte-americano,
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    e, portanto, estes pássaros salvaram os búfalos.
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    Mas muitos outros animais não foram salvos.
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    O periquito-da-Carolina era um psitaciforme
    que dava vida aos quintais em todo o lado.
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    Foi caçado até à extinção pelas suas penas.
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    Havia uma ave de que toda a gente gostava na
    Costa Oeste, chamada galinha-das-pradarias.
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    Era adorada. Tentaram protegê-la.
    Ela morreu na mesma.
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    Um jornal local escreveu: "Não há uma sobrevivente,
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    "não há futuro, não há vida que possa voltar
    a ser recriada nesta forma."
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    Há um sentimento de profunda tragédia
    a acompanhar estas coisas,
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    e isso aconteceu a muitas das aves
    de que as pessoas tanto gostavam.
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    Isso aconteceu a muitos mamíferos.
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    Outra espécie de importância especial
    é um famoso animal
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    chamado auroque europeu.
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    Houve um filme sobre ele, feito recentemente.
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    O auroque era como o bisonte.
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    Este era um animal que, basicamente,
    mantinha a floresta
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    misturada com pradarias,
    em toda a Europa e continente asiático,
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    da Espanha à Coreia.
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    Este animal está documentado
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    nas pinturas [rupestres] das cavernas de Lascaux.
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    As extinções ainda continuam.
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    Há um íbex na Espanha chamado "bucardo".
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    Tornou-se extinto em 2000.
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    Havia um animal maravilhoso,
    um lobo marsupial
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    chamado tilacino na Tasmânia,
    ao sul da Austrália,
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    chamado tigre-da-Tasmânia.
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    Foi caçado até restarem apenas alguns
    que morreram em jardins zoológicos.
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    Houve algumas pequenas filmagens.
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    Desgosto, ira, luto.
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    Não chorem, organizem.
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    E se vocês descobrissem que,
    usando o ADN de espécimes dos museus,
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    fósseis com até talvez 200 000 anos de idade,
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    podiam ser usados para se trazer
    as espécies de volta,
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    o que fariam?
    Por onde começavam?
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    Bem, vocês começariam por saber
    se temos a biotecnologia para isso.
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    Eu comecei com a minha mulher, Ryan Phelan,
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    que dirigia uma empresa de biotecnologia,
    chamada DNA Direct,
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    e através dela, um dos seus colegas,
    George Church,
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    um dos principais engenheiros genéticos
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    que, afinal, também era obcecado
    por pombos-passageiros
  • 3:41 - 3:42
    e com muita confiança
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    de que as metodologias em que estava a trabalhar
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    iriam realmente resultar.
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    Então ele e a Ryan organizaram um encontro
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    no Wyss Institute, em Harvard, que juntou
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    especialistas em pombos-passageiros,
    ornitólogos conservacionistas, bioeticistas
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    e, felizmente, o ADN do pombo-passageiro
    já tinha sido sequenciado
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    por uma bióloga molecular chamada Beth Shapiro.
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    Tudo o que ela precisava
    daqueles espécimes do Smithsonian
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    era um bocadinho do tecido
    da almofada do dedo da pata,
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    porque é lá que se encontra
    o que é chamado de antigo ADN
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    É ADN que se encontra muito fragmentado
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    mas com as boas técnicas de hoje,
    pode-se reconstituir todo o genoma.
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    Depois, a questão é:
    Podemos reconstituir
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    com esse genoma a ave inteira?
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    George Church pensa que sim.
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    No seu livro Regenesis, que eu recomendo,
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    ele tem um capítulo sobre a ciência
    de trazer de volta espécies extintas,
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    e tem uma máquina chamada
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    a máquina Multiplex de
    Engenharia Automatizada do Genoma.
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    É como uma máquina da evolução.
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    Experimentamos combinações
    de genes que escrevemos
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    a nível celular e depois em órgãos, num "chip",
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    e os que vencerem, colocamo-los
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    num organismo vivo. Funciona.
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    A exatidão disto, um dos famosos
    diapositivos ilegíveis do George,
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    salienta, no entanto, que há
    um nível de exatidão aqui
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    que chega ao par de bases.
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    O pombo-passageiro tem 1,3 mil milhões
    de pares de bases no seu genoma.
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    Portanto, o que obtemos agora é
    a capacidade atual
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    de substituirmos um gene
    pela variação desse gene.
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    É chamado de alelo.
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    Bem, de qualquer forma, isso é
    o que acontece na hibridização normal.
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    Esta é a forma da hibridização sintética do genoma
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    de uma espécie extinta
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    com o genoma do seu parente vivo mais próximo.
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    Ao longo do livro, George chama a atenção
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    de que a sua tecnologia,
    a tecnologia da biologia sintética,
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    está atualmente a acelerar a uma taxa
    4 vezes superior à Lei de Moore.
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    Está a fazer isso desde 2005 e
    é provável que continue.
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    Ok, o parente vivo mais próximo
    do pombo-passageiro
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    é a pomba-de-coleira-branca.
    Elas são abundantes. Há algumas por aqui.
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    Geneticamente, a pomba-de-coleira-branca já é
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    na sua maior parte, um pombo-passageiro vivo.
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    Só há alguns pedaços que são de
    pomba-de-coleira-branca.
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    Se substituirmos esses pedaços
    por pedaços de pombo-passageiro,
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    temos de volta o pássaro extinto,
    a arrulhar para nós.
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    Agora, há trabalho a fazer.
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    Temos de calcular exatamente
    que genes interessam.
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    Há genes para a cauda curta
    na pomba-de-coleira-branca,
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    genes para a cauda longa
    no pombo-passageiro,
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    e assim por diante, para os olhos vermelhos,
    peito cor de pêssego, voar em bando, etc.
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    Somem-nos todos e o resultado
    não sairá perfeito.
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    Mas será perfeito quanto baste,
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    porque a Natureza também não é perfeita.
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    Então, este encontro em Boston
    conduziu a três coisas.
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    Primeiro, Ryan e eu decidimos criar
    uma organização sem fins lucrativos,
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    chamada Revive and Restore
    para promover a desextinção em geral,
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    e tentar que isso decorra de forma responsável,
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    começando pelo pombo-passageiro.
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    Outro resultado direto foi um jovem estudante universitário, chamado Ben Novak,
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    — que tem andado obcecado por
    os pombos-passageiros, desde os 14 anos,
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    e que também tinha aprendido a trabalhar
    com ADN antigo —
  • 6:52 - 6:55
    ter ele próprio sequenciado o pombo-passageiro,
  • 6:55 - 6:58
    usando dinheiro da família e dos amigos.
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    Nós empregámo-lo a tempo inteiro.
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    Nesta fotografia que lhe tirei no ano passado
    no Smithsonian,
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    ele está a olhar para a Martha,
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    o último pombo-passageiro vivo.
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    Portanto, se ele for bem sucedido,
    ela não será o último.
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    O terceiro resultado do encontro de Boston
    foi a compreensão
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    de que há cientistas em todo o mundo
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    a trabalhar em várias formas de desextinção,
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    mas que nunca se encontraram pessoalmente.
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    E a National Geographic ficou interessada
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    porque a National Geographic tem a teoria de que,
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    no século passado, a descoberta
    era encontrar coisas
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    e neste século, a descoberta é fazer coisas.
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    A desextinção encaixa nesta categoria.
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    Por isso, eles foram os anfitriões e patrocinadores deste encontro. E 35 cientistas,
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    biólogos conservacionistas e biólogos moleculares,
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    vieram ao encontro para ver se
    tinham trabalho para fazer em conjunto.
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    Alguns destes biólogos conservacionistas
    são muito radicais.
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    Há três deles que não estão apenas
    a recriar espécies antigas,
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    estão a recriar ecossistemas extintos,
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    no Norte da Sibéria, na Holanda e no Havaí.
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    Henri, da Holanda,
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    com um apelido holandês
    que não vou tentar pronunciar,
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    está a trabalhar no auroque.
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    O auroque é o antepassado de todo
    o gado doméstico,
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    por isso, o seu genoma está vivo,
    mas está distribuído de forma desigual.
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    Portanto, o que eles estão a fazer é
    trabalhar com sete raças
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    de gado de aparência primitiva e robusta,
    como o "Maremmana primitivo", ali em cima,
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    para reproduzirem, com o tempo,
    pela seleção genética inversa,
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    o auroque.
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    Agora, a reprimitivização está a avançar
    mais depressa na Coreia
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    do que nos E.U.A.,
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    por isso, o plano é, com estas áreas reprimitivizadas
    por toda a Europa,
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    reintroduzir o auroque para cumprir
    o seu antigo papel,
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    a sua antiga função ecológica,
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    de limpar a quase estéril floresta cerrada,
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    para que haja ali prados com biodiversidade.
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    Outra espantosa história
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    veio de Alberto Fernández-Arias.
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    Alberto trabalhou com o bucardo na Espanha.
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    O último bucardo foi uma fémea chamada Célia,
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    que ainda estava viva quando a capturaram,
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    e eles retiraram-lhe um pouco de
    tecido de uma orelha,
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    criopreservaram-no em nitrogénio líquido,
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    soltaram-na de novo na Natureza,
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    mas, alguns meses mais tarde, foi encontrada
    morta debaixo de uma árvore.
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    Eles extraíram ADN daquela orelha,
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    inseriram-no num óvulo e
    colocaram-no numa cabra,
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    a gravidez chegou ao seu termo
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    e um bebé bucardo vivo nasceu.
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    Foi a primeira desextinção da História.
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    (Aplausos)
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    Viveu pouco tempo.
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    Por vezes, os clones interespécies
    têm problemas respiratórios.
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    Este tinha um pulmão malformado
    e morreu dez minutos depois,
  • 9:40 - 9:43
    mas o Alberto estava confiante de que
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    a clonagem já tem avançado bastante desde então,
  • 9:45 - 9:47
    e isto vai avançar e, eventualmente,
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    vai haver uma população de bucardos
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    de volta às montanhas do Norte da Espanha.
  • 9:52 - 9:56
    O pioneiro da criopreservação a altas
    temperaturas negativas é Oliver Ryder.
  • 9:56 - 9:58
    No Zoológico de San Diego,
    o seu zoológico congelado
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    recolheu tecidos de mais de 1000 espécies
  • 10:02 - 10:05
    nos últimos 35 anos.
  • 10:05 - 10:07
    Quando se congela
    a temperaturas negativas tão altas,
  • 10:07 - 10:10
    a - 196º Celsius,
  • 10:10 - 10:12
    as células estão intactas e o ADN está intacto.
  • 10:12 - 10:14
    Elas são, basicamente, células viáveis,
  • 10:14 - 10:18
    portanto, alguém como Bob Lanza,
    em Tecnologia Celular Avançada,
  • 10:18 - 10:20
    retirou um pouco do tecido de um animal
    em perigo de extinção,
  • 10:22 - 10:23
    chamado "Javan banteng", inseriu-o numa vaca,
  • 10:23 - 10:27
    a gravidez chegou ao seu termo, e o que nasceu,
  • 10:27 - 10:32
    foi um "Javan banteng" bebé, vivo e saudável,
  • 10:32 - 10:35
    que prosperou e ainda está vivo.
  • 10:35 - 10:38
    O mais excitante para Bob Lanza,
  • 10:38 - 10:40
    é a capacidade atual de se pegar
    em qualquer tipo de célula
  • 10:40 - 10:43
    com células estaminais pluripotentes induzidas
  • 10:43 - 10:47
    e torná-la uma célula germinativa,
    como o esperma e os óvulos.
  • 10:47 - 10:49
    Agora vamos ao Mike McGrew,
  • 10:49 - 10:53
    que é cientista no Rosling Institute na Escócia,
  • 10:53 - 10:55
    e o Mike está a fazer milagres com pássaros.
  • 10:55 - 10:59
    Ele pega, digamos, em células
    de pele de falcão, fibroblastos,
  • 10:59 - 11:01
    torna-as em células estaminais
    pluripotentes induzidas.
  • 11:01 - 11:05
    Como são tão pluripotentes,
    podem tornar-se plasma germinativo.
  • 11:05 - 11:07
    Depois, ele tem uma forma de introduzir
    o plasma germinativo
  • 11:07 - 11:11
    no embrião de um ovo de galinha,
  • 11:11 - 11:14
    de forma que aquele frango vai ter, basicamente,
  • 11:14 - 11:16
    as gónadas de um falcão.
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    Obtemos um macho e uma fêmea
    de cada uma delas,
  • 11:18 - 11:20
    e deles saem falcões.
  • 11:20 - 11:22
    (Risos)
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    Falcões verdadeiros a partir de galinhas
    ligeiramente adulteradas.
  • 11:27 - 11:30
    Ben Novak era o cientista mais jovem no encontro.
  • 11:30 - 11:33
    Ele mostrou como tudo isto pode ser construído.
  • 11:33 - 11:35
    A sequência dos acontecimentos:
    ele vai juntar os genomas
  • 11:35 - 11:38
    da pomba-de-coleira-branca
    e do pombo-passageiro,
  • 11:38 - 11:40
    com as técnicas de George Church,
  • 11:40 - 11:43
    e obtém ADN de pombo-passageiro,
  • 11:43 - 11:45
    com as técnicas de Robert Lanza e
    de Mike McGrew,
  • 11:45 - 11:48
    introduz o ADN nas gónadas de uma galinha,
  • 11:48 - 11:52
    e das gónadas de uma galinha
    saem ovos de pombo-passageiro, borrachos,
  • 11:52 - 11:55
    e então começamos a obter uma população
    de pombos-passageiros.
  • 11:55 - 11:57
    Isto suscita o problema
  • 11:57 - 11:59
    de eles não irem ter pais pombos-passageiros
  • 11:59 - 12:02
    para os ensinarem a ser pombos-passageiros.
  • 12:02 - 12:04
    Então, o que fazer quanto a isso?
  • 12:04 - 12:07
    Bem, acontece que as aves
    são muito bem projetadas,
  • 12:07 - 12:09
    portanto, a maior parte disso já está no seu ADN,
  • 12:09 - 12:12
    mas, para completar isso, parte da ideia do Ben
  • 12:12 - 12:14
    é usar pombos domésticos
  • 12:14 - 12:17
    para ajudarem os jovens pombos-passageiros
    a saber voar em bando,
  • 12:17 - 12:19
    e como descobrirem o caminho de volta
    aos seus locais de nidificação,
  • 12:19 - 12:23
    e de alimentação.
  • 12:23 - 12:24
    Houve alguns conservacionistas,
  • 12:24 - 12:27
    conservacionistas mesmo famosos
    como o Stanley Temple,
  • 12:27 - 12:30
    que é um dos fundadores
    da biologia conservacionista,
  • 12:30 - 12:35
    e Kate Jones, do IUCN, que elabora a
    Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas
  • 12:35 - 12:37
    Eles estão entusiasmados com tudo isto,
  • 12:37 - 12:39
    mas estão igualmente preocupados
    por isto poder competir
  • 12:39 - 12:42
    com os esforços extremamente
    importantes para se proteger
  • 12:42 - 12:44
    espécies ameaçadas que ainda estão vivas,
  • 12:44 - 12:46
    que ainda não se extinguiram.
  • 12:46 - 12:49
    Queremos trabalhar na proteção
    dos animais na Natureza.
  • 12:49 - 12:53
    Queremos acabar com
    o mercado asiático de marfim
  • 12:53 - 12:57
    para não se usarem 25 000 elefantes por ano.
  • 12:57 - 13:00
    Mas, ao mesmo tempo, os biólogos
    conservacionistas estão a aperceber-se
  • 13:00 - 13:02
    de que as más notícias afastam as pessoas.
  • 13:02 - 13:05
    E, portanto, a Lista Vermelha
    é muito importante para nos manter a par
  • 13:05 - 13:08
    do que está ameaçado e
    criticamente ameaçado, etc.
  • 13:08 - 13:11
    Mas eles estão prestes a criar
    o que chamam de Lista Verde,
  • 13:11 - 13:16
    e a Lista Verde vai conter espécies que
    estão bem, muito obrigado,
  • 13:16 - 13:18
    espécies que estavam ameaçadas,
    como a águia americana,
  • 13:18 - 13:22
    mas que agora estão muito melhor,
    graças ao bom trabalho de todos,
  • 13:22 - 13:24
    e áreas protegidas à volta do mundo,
  • 13:24 - 13:26
    que são muito, muito bem geridas.
  • 13:26 - 13:30
    Então, eles estão a aprender a construir
    sobre boas notícias.
  • 13:30 - 13:33
    E eles veem o reviver de espécies extintas
  • 13:33 - 13:36
    como o tipo de boas notícias
    sobre as quais se pode construir.
  • 13:36 - 13:39
    Eis alguns exemplos relacionados.
  • 13:39 - 13:42
    A reprodução em cativeiro vai contribuir na
    maior parte para trazer essas espécies de volta.
  • 13:42 - 13:46
    O condor da Califórnia
    estava reduzido a 22 aves em 1987.
  • 13:46 - 13:47
    Toda a gente pensava que era o seu fim.
  • 13:47 - 13:50
    Graças à reprodução em cativeiro
    no Zoológico de San Diego,
  • 13:50 - 13:54
    há hoje 405 condores, dos quais
    226 soltos na Natureza.
  • 13:54 - 13:58
    Essa tecnologia vai ser usada
    em animais desextintos.
  • 13:58 - 14:02
    Outra história de sucesso é
    o gorila-das-montanhas na África Central.
  • 14:02 - 14:05
    Em 1981, Dian Fossey tinha a certeza
    de que eles se iriam extinguir.
  • 14:05 - 14:07
    Só restavam 254.
  • 14:07 - 14:11
    Agora são 880.
    Estão a aumentar em população
  • 14:11 - 14:13
    3% por ano.
  • 14:13 - 14:16
    O segredo é eles terem
    um programa de ecoturismo
  • 14:16 - 14:18
    que é absolutamente brilhante.
  • 14:18 - 14:21
    Esta fotografia foi tirada
    no mês passado pela Ryan
  • 14:21 - 14:23
    com um iPhone.
  • 14:23 - 14:28
    Vejam como estes gorilas selvagens
    estão à vontade com os visitantes.
  • 14:28 - 14:31
    Outro projeto interessante, embora vá precisar
    de alguma ajuda,
  • 14:31 - 14:33
    é o rinoceronte branco do Norte.
  • 14:33 - 14:35
    Não restam pares para a reprodução.
  • 14:35 - 14:37
    Mas este é o tipo de coisa que...
  • 14:37 - 14:42
    Uma grande variedade de ADN deste animal
    encontra-se disponível no Zoológico congelado.
  • 14:42 - 14:44
    Com um pouco de clonagem e temo-los de volta.
  • 14:44 - 14:46
    Para onde vamos a partir daqui?
  • 14:46 - 14:48
    Estes encontros têm sido privados até agora.
  • 14:48 - 14:51
    Acho que está na hora do assunto vir a público.
  • 14:51 - 14:52
    O que é que as pessoas pensam disto?
  • 14:52 - 14:54
    Então, querem ter as espécies extintas de volta?
  • 14:54 - 14:57
    Querem ter as espécies extintas de volta?
  • 14:57 - 15:03
    (Aplausos)
  • 15:03 - 15:05
    A Sininho vai descer a esvoaçar.
  • 15:05 - 15:06
    É o momento da Sininho,
  • 15:06 - 15:09
    porque, o que é que faz com que as pessoas
    se entusiasmem com isto?
  • 15:09 - 15:11
    Com o que é que elas se preocupam?
  • 15:11 - 15:13
    Vamos também avançar com o pombo-passageiro.
  • 15:13 - 15:17
    Então, Ben Novak está agora mesmo
    a juntar-se ao grupo
  • 15:17 - 15:20
    que a Beth Shapiro tem,
    na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz.
  • 15:20 - 15:22
    Eles vão trabalhar nos genomas
  • 15:22 - 15:24
    do pombo-passageiro e da pomba-de-coleira-branca.
  • 15:24 - 15:28
    À medida que os dados amadurecerem,
    vão enviá-los para George Church,
  • 15:28 - 15:32
    que vai fazer a sua magia, extraindo deles
    o ADN de pombo-passageiro.
  • 15:32 - 15:35
    Vamos ter a ajuda de Bob Lanza e de Mike McGrew,
  • 15:35 - 15:38
    para o introduzir em plasma germinativo
    e introduzir este em galinhas
  • 15:38 - 15:40
    para que possam produzir borrachos de
    pombos-passageiros,
  • 15:40 - 15:43
    para que sejam criados por
    pais pombas-de-coleira-branca,
  • 15:43 - 15:45
    e daí em diante, são pombos-passageiros
    de cabo a rabo,
  • 15:45 - 15:48
    talvez para os próximos seis milhões de anos.
  • 15:48 - 15:50
    Vocês podem fazer o mesmo,
    à medida que baixarem os custos,
  • 15:50 - 15:54
    para o periquito-da-Carolina,
    para o arau-gigante,
  • 15:54 - 15:56
    para a galinha-das-pradarias,
    para o pica-pau-bico-de-marfim,
  • 15:56 - 15:59
    para o maçarico-esquimó,
    para a foca-monge-das-Caraíbas,
  • 15:59 - 16:01
    para o mamute-lanoso.
  • 16:01 - 16:04
    Porque, o facto é que os humanos
    fizeram um buraco enorme
  • 16:04 - 16:07
    na Natureza, nos últimos 10 000 anos.
  • 16:07 - 16:09
    Temos agora a capacidade
  • 16:09 - 16:14
    e, talvez, a obrigação moral de
    reparar parte dos estragos.
  • 16:14 - 16:18
    A maior parte disso far-se-á através da
    expansão e proteção de terras selvagens,
  • 16:18 - 16:20
    através da expansão e proteção
  • 16:20 - 16:25
    das populações de espécies ameaçadas.
  • 16:25 - 16:27
    Mas algumas espécies
  • 16:27 - 16:32
    que aniquilámos totalmente,
  • 16:32 - 16:35
    podemos considerar em fazê-las voltar
  • 16:35 - 16:38
    para um mundo que sente a falta delas.
  • 16:38 - 16:41
    Obrigado.
  • 16:41 - 16:52
    (Aplausos)
  • 16:52 - 16:54
    Chris Anderson: Obrigado.
  • 16:54 - 16:55
    Tenho uma pergunta.
  • 16:55 - 17:00
    Este é um tema emotivo.
    Algumas pessoas estão de pé.
  • 17:00 - 17:03
    Suspeito que há por aí algumas pessoas sentadas
  • 17:03 - 17:06
    a fazer perguntas atormentadas quase, acerca de,
  • 17:06 - 17:08
    "Bem, esperem, esperem, esperem,
    esperem um instante,
  • 17:08 - 17:11
    "há qualquer coisa de errado com a Humanidade
  • 17:11 - 17:15
    "a interferir com a Natureza desta forma.
  • 17:15 - 17:18
    "Vai haver consequências indesejadas.
  • 17:18 - 17:21
    "O Stewart vai abrir uma espécie de
    caixa de Pandora
  • 17:21 - 17:25
    "de quem-sabe-o quê."
    Eles têm razão?
  • 17:25 - 17:26
    Stewart Brand: Bem, a questão anterior é que
  • 17:26 - 17:30
    interferimos massivamente ao levar
    estes animais à extinção,
  • 17:30 - 17:32
    e muitos deles eram espécies fundamentais
  • 17:32 - 17:35
    e alterámos todo o ecossistema
    em que eles se encontravam
  • 17:35 - 17:37
    ao deixá-los desaparecer.
  • 17:37 - 17:39
    Há o problema de base da alteração,
  • 17:39 - 17:41
    quando elas voltarem,
  • 17:41 - 17:43
    podem substituir alguns pássaros que existem
  • 17:43 - 17:46
    que as pessoas realmente conhecem e amam.
  • 17:46 - 17:48
    Sabe, penso que isso é parte
    da forma como vai funcionar.
  • 17:48 - 17:51
    Este é um longo e demorado processo...
  • 17:51 - 17:53
    Uma das coisas de que gosto nisso é a multigeração.
  • 17:53 - 17:55
    Vamos ter os mamutes-lanosos de volta.
  • 17:55 - 17:57
    CA: Bem, parece que tanto a conversa
  • 17:57 - 18:00
    como o potencial aqui são bastante empolgantes.
  • 18:00 - 18:01
    Muito obrigado pela apresentação.
    SB: Obrigado.
  • 18:01 - 18:04
    CA: Obrigado.
    (Aplausos)
Title:
A aurora da desextinção. Estão preparados?
Speaker:
Stewart Brand
Description:

Ao longo da história da Humanidade, levámos espécie atrás de espécie à extinção: o pombo-passageiro, o puma-de-leste, o dodó... Mas agora, diz Stewart Brand, temos a tecnologia (e a biologia) para trazer de volta espécies que a humanidade fez desaparecer. Então... devemos fazê-lo? Quais delas? Ele coloca uma grande questão cuja resposta está mais próxima do que se pensa.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:24
  • Isabel, ficarei contente de fazer a revisão! ;) Amanhã mando-te e-mail. Obrigado por tudo!! Tens sido incansável, imparável... O OTP Portugal vive de ti!

  • Rafael, terei todo o gosto em que faças a revisão desta fascinante palestra! Quanto ao mais... obrigada, mas este é um trabalho de equipa e que excelente equipa de Coordenação e de Tradução a nossa! O TED OTP Portugal vive da generosa colaboração, trabalho e empenho de todos nós! :D

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