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A história dos etruscos, contada por animais | Paolo Ajmone Marsan | TEDxLakeComo

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    Boa tarde a todos.
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    Hoje vamos viajar no tempo,
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    tentando lançar luz
    num episódio interessante
  • 0:17 - 0:21
    da história do Homem,
    a história do passado do nosso país.
  • 0:22 - 0:25
    Vamos usar uma máquina do tempo biológica:
  • 0:25 - 0:28
    em especial, vamos usar o ADN dos bovinos.
  • 0:30 - 0:34
    O ADN, como devem saber,
  • 0:34 - 0:38
    é o código da vida.
  • 0:38 - 0:40
    Contém todas as informações necessárias
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    para o funcionamento correto
    dos organismos vivos.
  • 0:46 - 0:50
    Os geneticistas representam-no
  • 0:50 - 0:53
    como um alfabeto, como letras.
  • 0:53 - 0:57
    São as bases químicas
    mas representadas por letras.
  • 0:57 - 1:01
    Essas letras, esse código,
    são transmitidas de pai e mãe
  • 1:01 - 1:04
    para a sua progenitura,
    ao longo de gerações.
  • 1:04 - 1:11
    Mas, durante esta passagem,
    a cópia do código não é perfeita.
  • 1:11 - 1:14
    Algumas letras, ao longo das gerações,
  • 1:14 - 1:17
    podem mudar, podem sofrer mutações.
  • 1:17 - 1:20
    Essas mutações têm implicações
    importantes,
  • 1:20 - 1:27
    porque esta variabilidade é a base
    sobre a qual age a evolução
  • 1:27 - 1:31
    para produzir, por exemplo,
    novas espécies.
  • 1:31 - 1:35
    Alguns desses erros de cópia
    têm consequências dramáticas
  • 1:36 - 1:39
    porque podem transmitir
    doenças muito graves.
  • 1:40 - 1:45
    Mas o estudo desses erros
    também permite
  • 1:45 - 1:49
    a reconstrução da genealogia
    das diversas espécies,
  • 1:49 - 1:51
    tanto do homem como dos animais,
  • 1:51 - 1:56
    reconstruindo assim a história
    evolutiva dos organismos.
  • 1:58 - 2:01
    O ADN está presente nos cromossomas
    contidos no núcleo das células.
  • 2:03 - 2:09
    Mas nem todos sabem que,
    dentro das células vivas,
  • 2:09 - 2:13
    há um segundo ADN,
    contido nas mitocôndrias
  • 2:13 - 2:16
    que são uma espécie
    de central energética da célula.
  • 2:16 - 2:19
    Este ADN tem características especiais.
  • 2:20 - 2:23
    Entre essas características,
    a que nos interessa hoje
  • 2:23 - 2:29
    é o facto de se transmitir unicamente
    da mãe para a sua progenitura.
  • 2:29 - 2:33
    Assim, analisando este ADN e estas letras,
  • 2:33 - 2:37
    podemos reconstruir
    a "história feminina" da espécie.
  • 2:38 - 2:42
    Falando dos bovinos — eu disse-vos
    que íamos falar do ADN dos bovinos —
  • 2:42 - 2:45
    não podemos deixar de falar
    da domesticação:
  • 2:45 - 2:47
    Quando é que começou
    a história dos bovinos domésticos?
  • 2:47 - 2:51
    Começou no início da agricultura,
    há cerca de 10 000 anos.
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    A agricultura marcou o início
    de uma nova era, o Neolítico,
  • 2:57 - 3:02
    e representou um passo fundamental
    na evolução da sociedade moderna,
  • 3:02 - 3:07
    transformou em agricultores
    os caçadores-recoletores.
  • 3:07 - 3:11
    Os agricultores criaram
    povoações estáveis.
  • 3:12 - 3:16
    A estabilidade e a disponibilidade
    de alimentos
  • 3:16 - 3:21
    promoveram uma expansão demográfica
    e isso levou ao que somos hoje,
  • 3:22 - 3:26
    uma sociedade complexa
    do tipo estratificado
  • 3:26 - 3:29
    em que há muitas classes sociais
  • 3:29 - 3:32
    que já não se dedicam
    à produção de alimentos,
  • 3:32 - 3:34
    mas fazem outras coisas.
  • 3:34 - 3:37
    Os registos arqueológicos
    e arqueobiológicos
  • 3:37 - 3:41
    indicam que os bovinos
    foram domesticados,
  • 3:41 - 3:46
    de certeza, em dois sítios do mundo,
    e, provavelmente, em quatro.
  • 3:46 - 3:53
    O sítio mais antigo
    é no Crescente Fértil, em 8500 a.C.
  • 3:54 - 3:59
    na fronteira entre o Iraque,
    o Irão e a Turquia.
  • 4:00 - 4:04
    Aí foi domesticado
    o "Bos primigenius",
  • 4:04 - 4:09
    um bovino selvagem,
    que era um animal muito perigoso,
  • 4:09 - 4:11
    e extremamente selvagem,
  • 4:12 - 4:16
    e que é hoje o "Bos taurus",
    o bovino do tipo taurino
  • 4:16 - 4:19
    que são os que vemos nas nossas quintas.
  • 4:19 - 4:22
    Um outro sítio muito importante
    é no Paquistão.
  • 4:22 - 4:28
    Os primeiros indícios domesticados
    aparecem 7000 anos a.C., no Vale do Indo
  • 4:28 - 4:32
    onde foi domesticado o "Bos Indicus"
    — o zebu, o boi de corcova
  • 4:32 - 4:35
    hoje amplamente espalhado
    no continente asiático,
  • 4:36 - 4:38
    no sul da Ásia e em África.
  • 4:38 - 4:43
    Dois outros sítios
    de possível domesticação
  • 4:43 - 4:46
    são o Norte de África
    e o Extremo Oriente.
  • 4:46 - 4:50
    Mas digamos que ainda
    se encontram em discussão.
  • 4:50 - 4:57
    O que diz o ADN mitocondrial
    dos bovinos sobre a domesticação?
  • 4:59 - 5:03
    Estas bolas coloridas
    que veem aqui representam animais.
  • 5:04 - 5:08
    Estão agrupados num mapa
    por áreas geográficas.
  • 5:08 - 5:12
    Reparem que é uma representação
  • 5:12 - 5:15
    de diversas áreas geográficas:
  • 5:15 - 5:19
    no Médio Oriente, na Anatólia,
    na Europa central, em África, etc.
  • 5:21 - 5:23
    Reparem também nas cores.
  • 5:24 - 5:27
    As cores representam grupos de bovinos
  • 5:28 - 5:31
    — porque uma bola não é um bovino,
    é um grupo de bovinos —
  • 5:31 - 5:36
    que têm uma certa sequência
    de ADN mitocondrial,
  • 5:37 - 5:39
    uma certa série de letras.
  • 5:39 - 5:42
    Cores diferentes indicam
    grupos de letras muito diferentes.
  • 5:42 - 5:44
    São como grandes famílias:
  • 5:44 - 5:48
    As vermelhas são uma grande família,
    uma grande genealogia;
  • 5:48 - 5:50
    a amarelo, são outra genealogia.
  • 5:50 - 5:53
    Há ramificações nas bolas da mesma cor,
  • 5:53 - 5:56
    que indicam a existência
    de outras bolas, ramificações.
  • 5:56 - 6:00
    Quanto maior for a ramificação,
    mais elevada é a variabilidade
  • 6:00 - 6:06
    na sequência do ADN mitocondrial
    dentro de uma família.
  • 6:08 - 6:11
    O que nos diz esta representação?
  • 6:11 - 6:16
    Diz-nos que a variabilidade genética
  • 6:16 - 6:19
    que existe no Médio Oriente e na Anatólia
  • 6:19 - 6:23
    é muito maior do que
    a que existe na Europa e em África.
  • 6:23 - 6:27
    Vemos a presença de muitas cores,
    embora muito equilibradas
  • 6:27 - 6:31
    e uma grande ramificação,
    muitas bolas com ramificações.
  • 6:31 - 6:35
    Na Europa, essa variabilidade
    diminui muitíssimo
  • 6:35 - 6:39
    e quase só temos a representação
    da família vermelha,
  • 6:39 - 6:42
    enquanto em África,
    predomina a família amarela.
  • 6:43 - 6:45
    Porque é que se perdeu
    a variabilidade?
  • 6:45 - 6:49
    Porque a variabilidade captada
    na domesticação
  • 6:50 - 6:55
    perdeu-se durante a colonização
    feita pelos agricultores
  • 6:55 - 6:58
    na agricultura do resto da Europa.
  • 6:58 - 7:02
    Esta colonização ocorreu
    por migrações sucessivas.
  • 7:03 - 7:06
    Se representarmos
    a variabilidade genética original
  • 7:06 - 7:09
    capturada com a domesticação
  • 7:09 - 7:11
    por um cesto de bolas de diversas cores,
  • 7:12 - 7:15
    a cada migração
    — os agricultores primitivos
  • 7:15 - 7:18
    expandiram-se a uma velocidade
    de 1 km por ano —
  • 7:18 - 7:21
    a cada migração,
  • 7:21 - 7:26
    os agricultores levavam
    umas quantas bolas deste cesto,
  • 7:26 - 7:31
    afastavam-se, criavam uma povoação
    e multiplicavam as bolas.
  • 7:32 - 7:34
    Depois, na migração seguinte,
  • 7:34 - 7:36
    a progenitura destes agricultores migrava,
  • 7:36 - 7:39
    levando mais umas quantas bolas
    do segundo cesto
  • 7:39 - 7:42
    afastava-se e multiplicava de novo
    essas bolas.
  • 7:43 - 7:48
    Em cada nova migração, a porção de bolas
    não incluía todas as cores existentes
  • 7:48 - 7:50
    do centro de domesticação,
  • 7:50 - 7:53
    e isso provocou
    uma perda gradual de variabilidade.
  • 7:53 - 7:55
    O ADN mitocondrial diz-nos que,
  • 7:55 - 8:01
    de acordo com os dados
    arqueológicos e arqueobiológicos,
  • 8:01 - 8:04
    de qualquer parte
    na área do Crescente Fértil
  • 8:04 - 8:07
    ocorreu a domesticação do gado,
  • 8:07 - 8:10
    justamente porque é ali
    que está a variedade genética.
  • 8:12 - 8:16
    Usemos agora uma lente de aumentar
    no que acontece na Itália.
  • 8:16 - 8:19
    Repito: a Europa é vermelha;
  • 8:19 - 8:22
    no Médio Oriente em geral,
    há todas as cores.
  • 8:23 - 8:29
    Na Itália, há um padrão
    de diversidade dos bovinos
  • 8:29 - 8:31
    extremamente peculiar,
  • 8:32 - 8:36
    porque vemos,
    no sul e no norte da Itália,
  • 8:36 - 8:39
    uma situação muito semelhante
    à da Europa central,
  • 8:40 - 8:44
    enquanto no centro da Itália
    há muitas cores e muitas ramificações,
  • 8:44 - 8:47
    portanto, é mais semelhante
    à situação do Médio Oriente.
  • 8:48 - 8:54
    O que é estranho é que esta explosão
    de diversidade do centro da Itália,
  • 8:55 - 8:59
    está rodeada a norte e a sul
    por uma situação do tipo normal,
  • 9:01 - 9:04
    ou seja, a vermelha, conforme esperado,
  • 9:04 - 9:06
    porque sabemos, pelos dados arqueológicos
  • 9:06 - 9:08
    que os bovinos, depois da domesticação,
  • 9:08 - 9:14
    passavam pelos Balcãs
    e dirigiam-se para o norte da Europa,
  • 9:14 - 9:16
    ao longo do rio Danúbio,
  • 9:17 - 9:21
    ou para oeste,
    ao longo da costa do Mediterrâneo.
  • 9:26 - 9:31
    É possível calcular
    a distância genética entre animais,
  • 9:31 - 9:35
    comparando as letras do ADN
    e contando quantas vezes
  • 9:35 - 9:37
    dois animais têm a mesma letra
    na mesma posição
  • 9:37 - 9:39
    e quantas vezes têm uma letra diferente.
  • 9:39 - 9:43
    É possível, comparando-as,
    calcular uma distância
  • 9:43 - 9:45
    que se chama distância genética
  • 9:45 - 9:48
    e isso pode ser feito entre animais
    ou entre grupos de animais.
  • 9:48 - 9:53
    Confirmando as distâncias genéticas
    do ADN materno, do ADN mitocondrial,
  • 9:53 - 9:57
    confirma-se a situação
    que vimos anteriormente:
  • 9:57 - 10:01
    o norte e o sul da Itália
    estão próximos da Europa
  • 10:02 - 10:07
    enquanto o centro da Itália
    está com a Anatólia e o Médio Oriente.
  • 10:07 - 10:12
    Olhando apenas para as famílias vermelhas,
  • 10:13 - 10:16
    os bovinos do centro da Itália
    estão com o Médio Oriente,
  • 10:16 - 10:20
    os vermelhos do norte e do sul da Itália
    estão com a Europa.
  • 10:20 - 10:23
    Então, alguma coisa aconteceu
    em especial:
  • 10:23 - 10:27
    estes animais, rodeados
    por outros animais "normais",
  • 10:27 - 10:31
    não chegaram à Toscânia
    e ao centro da Itália
  • 10:32 - 10:37
    pela via terrestre normal,
    mas chegaram por via marítima.
  • 10:40 - 10:45
    Apresento-vos estes animais:
    o primeiro é o Maremmana.
  • 10:45 - 10:50
    Vemos aqui uma fêmea,
    com os cornos típicos em forma de lira.
  • 10:50 - 10:53
    Os machos têm cornos
    em forma de crescente.
  • 10:53 - 10:58
    O Chianina, o maior bovino do mundo:
    o famoso touro Donetto
  • 10:58 - 11:01
    que chegou a pesar 1700 kg,
  • 11:02 - 11:06
    Os colegas americanos
    roem-se de inveja
  • 11:06 - 11:09
    porque, desta vez, somos nós
    que temos a primazia...
  • 11:09 - 11:12
    O Calvana, que é outra raça bovina
  • 11:12 - 11:16
    e o Cabannina, uma raça leiteira
    de pequeno porte.
  • 11:16 - 11:19
    O que aconteceu então?
  • 11:19 - 11:23
    Tínhamos uma grande diversidade
    no Médio Oriente e pouca na Europa.
  • 11:24 - 11:28
    A mesma coisa no norte e no sul
    da Itália, igual à da Europa;
  • 11:29 - 11:32
    No centro da Itália, uma grande variação
  • 11:32 - 11:34
    e animais parecidos
    com os do Médio Oriente.
  • 11:34 - 11:39
    Chegaram por via marítima,
    mas não podiam navegar sozinhos,
  • 11:39 - 11:41
    portanto, alguém os trouxe.
  • 11:43 - 11:48
    Para descobrir quem os terão trazido,
    era muito importante saber
  • 11:48 - 11:51
    quando é que eles chegaram.
  • 11:52 - 11:56
    Os registos históricos
    falam-nos dos bovinos
  • 11:56 - 11:59
    existentes no centro da Itália.
  • 12:00 - 12:06
    Columella, o agrónomo dos romanos,
    descreve-os no século I a.C.
  • 12:06 - 12:11
    Há outros dados históricos
    que dizem que Numa Pompílio
  • 12:11 - 12:16
    um século antes, usava estes bois brancos
    em sacrifícios aos deuses.
  • 12:17 - 12:21
    Assim, podemos dizer que estes bovinos
    já existiam antes dos romanos.
  • 12:22 - 12:26
    Mas a agricultura também chegou
    a Itália muito antes dos romanos.
  • 12:27 - 12:31
    O período Neolítico na Itália
    ocorreu por volta de 6000 anos a.C.
  • 12:32 - 12:37
    Era importante tentar reduzir a data,
  • 12:37 - 12:41
    perceber melhor quando é que
    estes animais teriam chegado.
  • 12:42 - 12:45
    O ADN mitocondrial,
    a nossa máquina do tempo,
  • 12:45 - 12:48
    também nos veio ajudar neste caso.
  • 12:48 - 12:52
    Porquê? Porque é possível,
    reconstruindo a genealogia,
  • 12:52 - 12:57
    saber quando viveram
  • 12:57 - 12:59
    os progenitores comuns
  • 12:59 - 13:04
    dos bovinos atuais da Toscânia
    e dos bovinos atuais do Médio Oriente.
  • 13:04 - 13:08
    Esses progenitores não podiam
    estar em dois locais diversos;
  • 13:08 - 13:10
    estavam ainda no Médio Oriente.
  • 13:10 - 13:15
    São a progenitura destes animais
    que depois migraram.
  • 13:15 - 13:20
    E foi possível com o relógio molecular,
  • 13:21 - 13:24
    chegar a dizer que estes animais
  • 13:24 - 13:27
    chegaram ao centro da Itália
    por volta de 2000 anos a.C.
  • 13:28 - 13:30
    Portanto, temos três indícios
  • 13:30 - 13:34
    — a época, a área geográfica
    e a via marítima —
  • 13:34 - 13:40
    que apontavam para uma ligação
    de qualquer tipo
  • 13:40 - 13:42
    com a civilização etrusca
  • 13:42 - 13:48
    que terá chegado àquela área geográfica
    no primeiro milénio a.C.
  • 13:52 - 13:55
    Encontrámos uma prova irrefutável disso.
  • 13:55 - 13:59
    Estou a brincar, nenhuma revista
    científica aceitaria isto como prova,
  • 13:59 - 14:04
    mas encontrámos uma fíbula etrusca,
    parte de um conjunto funerário,
  • 14:04 - 14:07
    que representa um boi
    muito semelhante
  • 14:07 - 14:09
    ao Maremmana macho,
    o touro macho.
  • 14:10 - 14:12
    Reparem, a vaca tem os cornos de lira
  • 14:12 - 14:16
    e estes são os touros que têm cornos
    com a forma de um crescente.
  • 14:18 - 14:22
    A origem dos etruscos
    ainda está em discussão.
  • 14:22 - 14:27
    Em Itália há uma escola que sustenta
    que os etruscos são autóctones,
  • 14:27 - 14:32
    apesar de se reconhecer
    uma forte influência oriental
  • 14:32 - 14:35
    de tal modo que o período de maior fulgor
  • 14:35 - 14:40
    é referido como o Período Oriental,
    mas são uma civilização autóctone.
  • 14:41 - 14:46
    Entretanto, a escola europeia
    é mais probabilista
  • 14:46 - 14:50
    e diz: "Não se sabe se são
    autóctones, com influências,
  • 14:51 - 14:53
    "ou se têm uma origem real
    no Médio Oriente",
  • 14:54 - 14:56
    Assim, os arqueólogos
    têm opiniões diferentes,
  • 14:57 - 15:01
    os linguistas também
    têm opiniões diferentes,
  • 15:01 - 15:05
    porque só percebemos
    algumas palavras da língua etrusca
  • 15:05 - 15:07
    e conhecemos o alfabeto etrusco.
  • 15:07 - 15:10
    Mas nunca se encontrou nada parecido
    com a Pedra Rosetta
  • 15:10 - 15:13
    que nos permitiu
    compreender os hieróglifos.
  • 15:14 - 15:19
    Algumas palavras da língua etrusca
    parecem fazer mais sentido
  • 15:19 - 15:22
    utilizando o semítico
    que é uma língua oriental
  • 15:22 - 15:24
    em vez das línguas indo-europeias.
  • 15:25 - 15:30
    Heródoto, nas "Histórias"
    relata que os etruscos
  • 15:30 - 15:34
    eram da Lídia, na costa da atual Turquia,
  • 15:34 - 15:39
    que desembarcaram na Toscânia
    e fundaram a civilização etrusca.
  • 15:41 - 15:45
    A genética humana, durante muito tempo,
  • 15:45 - 15:51
    não nos deu grandes informações.
  • 15:51 - 15:55
    Foi feito um estudo do ADN
    mitocondrial dos etruscos
  • 15:55 - 15:59
    que só indicou que os toscanos atuais
    são a população mais próxima dos etruscos
  • 15:59 - 16:02
    e a população da Anatólia,
    um pouco mais distante.
  • 16:03 - 16:06
    Em qualquer caso, com estes dados
    devíamos procurar ajuda
  • 16:06 - 16:09
    dos geneticistas humanos de renome,
  • 16:09 - 16:12
    porque já não estávamos
    a falar de animais,
  • 16:12 - 16:13
    mas do povo etrusco.
  • 16:14 - 16:17
    Fomos ter com Cavalli Sforza
    e os seus colegas.
  • 16:17 - 16:21
    Antonio Torroni, na altura,
    estava a analisar o ADN humano
  • 16:21 - 16:25
    de pessoas de pequenas aldeias
    pequenos enclaves etruscos.
  • 16:25 - 16:29
    Isto, porque analisar pessoas
    em grandes cidades da Toscânia,
  • 16:29 - 16:36
    provavelmente era uma população
    já misturada com muitas outras populações
  • 16:36 - 16:40
    com uma diluição de possíveis
    traços orientais.
  • 16:41 - 16:43
    Moral da história:
  • 16:43 - 16:48
    Juntando os dados dos bovinos
    e os dados dos seres humanos
  • 16:49 - 16:52
    foi possível demonstrar
  • 16:52 - 16:56
    — vejam à direita Casentino e Murlo —
  • 16:56 - 16:59
    que estas duas pequenas aldeias,
  • 16:59 - 17:00
    outrora povoações etruscas,
  • 17:00 - 17:04
    estão muito mais perto
    do Médio Oriente do que da Europa,
  • 17:04 - 17:06
    enquanto em Volterra
  • 17:06 - 17:09
    este sinal está totalmente diluído.
  • 17:10 - 17:15
    Assim, os bovinos e os seres humanos
    indicam que a civilização etrusca
  • 17:15 - 17:22
    e os bovinos toscanos chegaram
    juntos vindos do Médio Oriente.
  • 17:22 - 17:28
    Isso também sublinha como
    o ditado italiano que diz:
  • 17:29 - 17:31
    "A mulher e o boi só os do teu país"
  • 17:31 - 17:34
    neste caso, se aplica plenamente.
  • 17:35 - 17:39
    Para terminar, da domesticação em diante,
  • 17:39 - 17:44
    os animais sempre acompanharam
    os seres humanos,
  • 17:45 - 17:49
    durante as migrações, guerras e conquistas.
  • 17:49 - 17:52
    Foram testemunhas silenciosas
    da história do Homem
  • 17:52 - 17:55
    mas, até há pouco tempo,
    tem sido impossível interrogá-los.
  • 17:55 - 18:00
    Agora, graças ao ADN, finalmente,
    podem contar-nos o seu ponto de vista.
  • 18:00 - 18:02
    Obrigado pela vossa atenção.
  • 18:02 - 18:05
    (Aplausos)
Title:
A história dos etruscos, contada por animais | Paolo Ajmone Marsan | TEDxLakeComo
Description:

Paolo Ajmone Marsan é professor de Melhoramento Genético na Faculdade de Agronomia da Universidade Católica de Piacenza, na Itália. Nesta palestra reescreve uma história original da civilização etrusca, a começar pelo ADN de algumas raças bovinas italianas.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Italian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:07

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