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Os jardineiros da floresta | Ian Redmond | TEDxSouthamptonUniversity

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    Sinto-me muito contente por falar
    de prosperidade no século XXI.
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    É uma perspetiva muito otimista
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    e penso que é uma boa lição
    para pensarmos na conservação.
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    Muitas vezes, quanto à conservação
  • 0:17 - 0:20
    as pessoas falam na sobrevivência
    das espécies ameaçadas.
  • 0:20 - 0:23
    Não queremos só que elas sobrevivam,
    queremos que elas prosperem.
  • 0:23 - 0:25
    Quando eu terminar,
    espero que concordem
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    que trazê-las connosco
    nesta viagem até ao século XXI
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    não é uma opção, é uma necessidade.
  • 0:32 - 0:34
    Tive a felicidade de trabalhar
  • 0:34 - 0:38
    com algumas das espécies
    mais espetaculares e carismáticas.
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    Este é Titus, o gorila da montanha
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    que vive nos vulcões de Virunga,
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    ou melhor, vivia nos vulcões de Virunga.
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    Infelizmente, morreu há uns anos,
    mas morreu de causas naturais,
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    depois de ser um dos líderes
    mais bem sucedidos jamais conhecido.
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    Podem ficar a conhecê-lo,
    vendo um documentário
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    sobre a vida dele, chamado
    "Titus, the Gorilla King."
  • 0:58 - 1:00
    Ter uma história sobre um indivíduo
  • 1:00 - 1:04
    é uma forma muito poderosa
    de transmitir importantes informações.
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    A minha história começou em 1976,
    neste contexto,
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    porque, em 1976,
    enquanto biólogo recém-formado,
  • 1:11 - 1:13
    tive a extraordinária sorte
  • 1:13 - 1:16
    de trabalhar com a falecida
    Dra. Dian Fossey,
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    visitando todos os dias
    famílias de gorilas da montanha,
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    observando-os e aprendendo
    a conhecê-los.
  • 1:23 - 1:25
    Pude fazer isso
  • 1:25 - 1:27
    porque Dian já ali andava há 10 anos.
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    Os gorilas tinham aprendido
    a confiar nela.
  • 1:30 - 1:32
    Ela desenvolvera métodos
    para conquistar essa confiança,
  • 1:32 - 1:35
    de tal forma que nos aceitavam
    quase como membros da família.
  • 1:35 - 1:38
    Podíamos observar o comportamento,
    estudar o que eles faziam,
  • 1:38 - 1:40
    estudar como interagiam
    com o seu ambiente
  • 1:40 - 1:43
    e como, por vezes, interagiam connosco.
  • 1:43 - 1:44
    Esta é Poppy,
  • 1:44 - 1:47
    na altura com 18 meses, mais ou menos,
  • 1:47 - 1:48
    a aproximar-se de Dian.
  • 1:48 - 1:50
    A mãe e o pai de Poppy
    estavam a metros de distância
  • 1:50 - 1:54
    e não se preocupavam porque
    conheciam Dian e confiavam nela.
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    Aquela confiança mútua
    é uma forma extraordinária
  • 1:57 - 1:59
    de estudar uma espécie ameaçada.
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    A outra fotografia
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    mostra o outro lado
    do trabalho de Dian Fossey,
  • 2:03 - 2:05
    que a tornou polémica.
  • 2:05 - 2:07
    Ela achava que — para a citar —
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    não podia fechar os olhos ou o espírito
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    ao que se estava a passar à sua volta,
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    ou seja, a caça furtiva.
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    Assim, todos os dias,
    íamos ao encontro dos gorilas
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    e, por vezes, encontrávamos armadilhas.
  • 2:19 - 2:21
    Aquelas armadilhas
    não eram para os gorilas,
  • 2:21 - 2:23
    eram para os antílopes.
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    Mas embora fossem
    destinadas aos antílopes,
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    podiam apanhar gorilas.
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    Vemos aqui uma de arame,
    por vezes são feitas de corda.
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    Mas se enfiarmos a mão,
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    ficarmos assustados e puxarmos,
  • 2:35 - 2:38
    criamos um torniquete
    e podemos ficar sem mão
  • 2:38 - 2:39
    ou podemos morrer.
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    Os caçadores furtivos
    também usam armas.
  • 2:41 - 2:44
    Naquela época,
    eram habitualmente lanças.
  • 2:44 - 2:46
    Encontrávamos
    aquelas pessoas na floresta,
  • 2:46 - 2:48
    que é um parque nacional,
  • 2:48 - 2:49
    sem direito para estar ali.
  • 2:49 - 2:53
    Nós não tínhamos o direito de intervir
    e obrigá-los a cumprir a lei,
  • 2:53 - 2:55
    mas intervínhamos
    e confiscávamos as lanças,
  • 2:55 - 2:59
    e fazíamos o possível para proteger
    aqueles animais fantásticos
  • 2:59 - 3:04
    e destruir as ferramentas
    e o equipamento dos caçadores furtivos.
  • 3:04 - 3:07
    Era assim a vida em Karisoke
    no final dos anos 70.
  • 3:07 - 3:09
    Karisoke é o centro de investigação
    que Dian Fossey fundou.
  • 3:09 - 3:11
    O trabalho continua
  • 3:11 - 3:13
    através da Dian Fossey
    Gorilla Fund International,
  • 3:13 - 3:15
    com sede nos EUA.
  • 3:15 - 3:18
    Todos os dias há cientistas
    que lá vão estudar os gorilas
  • 3:18 - 3:20
    mas já não vivem na floresta
  • 3:20 - 3:23
    porque as condições
    de segurança alteraram-se,
  • 3:23 - 3:25
    Este é o grupo de Titus.
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    Titus tornou-se neste poderoso patriarca
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    que viveu uma longa vida
    para um gorila líder.
  • 3:32 - 3:35
    Acontece que um gorila líder
    pode viver uns 35 anos.
  • 3:35 - 3:38
    Ele passou os seus dias
    alimentando-se na floresta,
  • 3:38 - 3:40
    cuidando da sua família.
  • 3:40 - 3:42
    Ao observar os gorilas a alimentarem-se,
  • 3:42 - 3:45
    vemos que eles preparam
    cada comida de forma diferente.
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    Geralmente, os cientistas
    observam o gorila a alimentar-se.
  • 3:49 - 3:52
    Pensem, por instantes,
    no que acontece às plantas
  • 3:52 - 3:54
    depois de o gorila acabar de se alimentar.
  • 3:54 - 3:57
    O gorila corta a ponta do caule da planta
  • 3:57 - 3:58
    e, se gostam de jardinagem,
  • 3:58 - 4:00
    sabem que, quando se corta a ponta,
  • 4:00 - 4:04
    aumenta o crescimento
    dos rebentos laterais.
  • 4:04 - 4:06
    Um gorila jovem está ao colo da mãe
  • 4:07 - 4:10
    a aprender a fazer isso, a escolher
    e preparar diferentes plantas para comer.
  • 4:11 - 4:14
    Isto transmite-se
    de geração em geração
  • 4:14 - 4:16
    e os gorilas causam impacto nas florestas.
  • 4:16 - 4:19
    É nisso que quero concentrar-me.
  • 4:19 - 4:20
    Fazem parte da floresta.
  • 4:20 - 4:23
    As pessoas pensam que há uma floresta
    e pomos lá animais.
  • 4:23 - 4:26
    Não. Os animais, as árvores e as bactérias
  • 4:26 - 4:28
    tudo faz parte desse
    ecossistema da floresta.
  • 4:28 - 4:31
    Uma das coisas que os gorilas
    fazem de modo espetacular
  • 4:31 - 4:33
    é produzir estrume.
  • 4:33 - 4:35
    Este é um gorila a defecar.
  • 4:35 - 4:37
    É preciso perceber
    a importância do estrume.
  • 4:37 - 4:40
    Um gorila come e produz
  • 4:40 - 4:43
    qualquer coisa entre 10 a 20 quilos
    de estrume por dia.
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    São cerca de 100 quilos por semana.
  • 4:46 - 4:48
    Em 10 semanas, é uma tonelada de estrume
  • 4:48 - 4:50
    espalhado pela floresta.
  • 4:50 - 4:52
    Nesse estrume há sementes.
  • 4:52 - 4:53
    Vemos ali duas espécies,
  • 4:53 - 4:55
    uma árvore e amoras.
  • 4:55 - 4:57
    Os gorilas gostam de amoras
  • 4:57 - 4:59
    mas nem sempre esperam
    que as amoras amadureçam.
  • 5:00 - 5:02
    Porque é que queremos conservá-los?
  • 5:02 - 5:05
    No meu caso, porque conheci
    alguns deles como amigos
  • 5:05 - 5:07
    e eles apareciam e sentavam-se comigo.
  • 5:07 - 5:08
    Era um caso de:
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    se alguém atacar os meus amigos
    claro que vou defendê-los.
  • 5:11 - 5:13
    É uma razão muito pessoal.
  • 5:13 - 5:15
    E também porque continuo
    empenhado na conservação.
  • 5:15 - 5:19
    Mas não é uma boa razão para querer
    proteger uma espécie inteira.
  • 5:19 - 5:21
    E os gorilas que eu não conheço?
  • 5:21 - 5:23
    Não são importantes? Claro que são.
  • 5:23 - 5:25
    A reação de Dian à caça furtiva
  • 5:25 - 5:27
    era organizar patrulhas anti caça furtiva.
  • 5:27 - 5:29
    Esta é uma delas, a atravessar
    a parte alpina
  • 5:30 - 5:31
    no cume de Karisimbi.
  • 5:32 - 5:34
    Estes homens arriscam a vida
  • 5:34 - 5:37
    para proteger a floresta,
    que é importante para eles
  • 5:38 - 5:39
    e para a comunidade vizinha
  • 5:39 - 5:41
    porque, em volta desta floresta
  • 5:41 - 5:43
    há a parte rural de África
    mais densamente povoada
  • 5:43 - 5:45
    e todos aqueles campos dependem da água
  • 5:45 - 5:47
    que provém da floresta.
  • 5:47 - 5:49
    Quando Dian foi assassinada,
  • 5:49 - 5:51
    muita gente pensou
    que seria o fim daquilo,
  • 5:51 - 5:53
    Mas ela tinha inspirado tanta gente
  • 5:53 - 5:55
    — por vezes de forma positiva,
    por vezes negativa —
  • 5:56 - 5:58
    tinha levado as pessoas a fazerem coisas
  • 5:58 - 6:00
    e agora os gorilas da montanha são o foco
  • 6:00 - 6:03
    de uma empresa de turismo
    com êxito
  • 6:03 - 6:05
    tanto no Ruanda como no Uganda,
  • 6:05 - 6:07
    quando há estabilidade
    na República do Congo.
  • 6:07 - 6:09
    As pessoas pagam centenas de dólares
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    para irem durante uma hora
  • 6:10 - 6:13
    observar a vida dos gorilas
    a uma curta distância,
  • 6:13 - 6:15
    mas já não se sentam ao pé deles,
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    para proteger a saúde deles.
  • 6:17 - 6:19
    Tentamos manter uma distância
    de sete metros.
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    para os nossos germes não os infetarem.
  • 6:21 - 6:22
    Mas é uma coisa maravilhosa.
  • 6:22 - 6:24
    As famílias de gorilas que visitamos,
  • 6:24 - 6:26
    quer sejam investigadores ou turistas,
  • 6:26 - 6:30
    têm crias com mais hipótese de sobreviver
  • 6:30 - 6:32
    do que as famílias que não
    estão habituadas a pessoas.
  • 6:33 - 6:34
    É uma história de êxito da conservação.
  • 6:35 - 6:37
    É bom para a economia da região,
    cria postos de trabalho
  • 6:37 - 6:40
    e o número de gorilas
    está a aumentar nesta área.
  • 6:41 - 6:43
    Mas os gorilas da montanha
    são o único tipo de grandes símios
  • 6:44 - 6:45
    cujo número está a aumentar.
  • 6:46 - 6:48
    Os orangotangos,
    os gorilas das terras baixas
  • 6:48 - 6:50
    ocidentais e orientais,
    os chimpanzés,
  • 6:50 - 6:52
    os bonobos, todos estão em declínio.
  • 6:52 - 6:55
    Como podemos usar as lições
    da conservação do gorila da montanha
  • 6:55 - 6:58
    para esses outros símios
    que não vivem em parques nacionais?
  • 6:58 - 7:01
    Muitos deles vivem
    fora de parques nacionais.
  • 7:01 - 7:03
    Por isso, não podemos usar
    os mesmo métodos.
  • 7:04 - 7:06
    E as pessoas que partilham a floresta
    com esses símios?
  • 7:07 - 7:09
    Esta senhora é casada
    com um caçador de carne.
  • 7:10 - 7:12
    O bem-estar dela e o futuro dos filhos
  • 7:12 - 7:14
    dependem da habilidade
    dele para matar animais.
  • 7:14 - 7:17
    Por isso, temos de arranjar forma
    de lhes dar uma forma de vida melhor
  • 7:17 - 7:20
    se queremos que eles deixem
    de matar espécies ameaçadas.
  • 7:20 - 7:22
    Trazê-los para o nosso lado.
  • 7:22 - 7:27
    Eu contrato-os quando saio
    à procura de gorilas, sem os matar.
  • 7:27 - 7:29
    Quero falar dos elefantes
  • 7:29 - 7:31
    porque eles ainda são mais importantes
  • 7:31 - 7:33
    enquanto jardineiros da floresta.
  • 7:33 - 7:35
    Se os gorilas são
    os jardineiros da floresta,
  • 7:35 - 7:38
    os elefantes são os megajardineiros,
    porque são muito grandes.
  • 7:38 - 7:40
    Os elefantes que estudei
    entram no subsolo.
  • 7:40 - 7:41
    É extraordinário.
  • 7:41 - 7:43
    Elefantes no subsolo.
  • 7:43 - 7:45
    Entram em grutas profundas
    para escavar a rocha.
  • 7:46 - 7:49
    Escavam a rocha
    porque ela é rica em minerais.
  • 7:49 - 7:52
    Vemos aqui um jovem elefante
    a quem eu chamei Charles,
  • 7:52 - 7:55
    a escavar numa pequena câmara
    lateral, numa escuridão total,
  • 7:55 - 7:56
    só o "flash" a iluminá-lo.
  • 7:56 - 8:00
    Foi suficientemente tolerante
    para me deixar tirar esta fotografia.
  • 8:01 - 8:03
    Tal como com os gorilas,
  • 8:03 - 8:06
    alguns dos gorilas que conhecemos
    como indivíduos e mesmo como amigos,
  • 8:06 - 8:08
    foram mortos por caçadores furtivos,
  • 8:08 - 8:10
    porque, no final dos anos 70,
  • 8:10 - 8:12
    os turistas compravam
    os crânios e as mãos deles
  • 8:12 - 8:14
    como lembranças macabras.
  • 8:14 - 8:15
    Voltando aos elefantes,
  • 8:15 - 8:18
    Charles foi morto por
    caçadores furtivos de elefantes.
  • 8:18 - 8:20
    Muita gente,
    quando olha para um elefante,
  • 8:20 - 8:24
    pensa que o valor de um elefante é isto.
  • 8:24 - 8:26
    Isto é uma escultura.
  • 8:26 - 8:29
    Quando as pessoas veem
    uma peça de marfim esculpida
  • 8:29 - 8:31
    ficam tão fascinadas
    com a habilidade do escultor
  • 8:31 - 8:34
    que se esquecem que isto
    foi outrora uma presa de um elefante.
  • 8:34 - 8:37
    Este elefante, em especial,
    devia ser um exemplar jovem
  • 8:37 - 8:38
    ainda incapaz de procriar
  • 8:38 - 8:41
    porque esta parte
    está encaixada no elefante,
  • 8:41 - 8:42
    só esta ponta está protuberante.
  • 8:42 - 8:45
    Foi morto antes de ter possibilidade
    de transmitir os seus genes
  • 8:46 - 8:47
    à geração seguinte.
  • 8:47 - 8:49
    Aquilo em que me queria concentrar
  • 8:49 - 8:51
    não é no valor do marfim
  • 8:51 - 8:54
    mas no valor do elefante vivo
  • 8:54 - 8:55
    e a viver na floresta.
  • 8:55 - 8:59
    Isto é o real valor dos elefantes,
    os seus dejetos.
  • 8:59 - 9:01
    Esta fotografia mostra-nos
  • 9:01 - 9:04
    os dejetos do elefante na floresta,
    cheios de plântulas.
  • 9:06 - 9:10
    Um elefante come cerca
    de 4% do seu peso corporal, por dia.
  • 9:10 - 9:15
    o que significa qualquer coisa
    como mais de 200 kg de vegetação,
  • 9:15 - 9:18
    e produz cerca de 200 kg de dejetos.
  • 9:19 - 9:20
    Multipliquem isso.
  • 9:20 - 9:23
    É uma tonelada de estrume por semana.
  • 9:24 - 9:26
    Os elefantes têm um enorme impacto
  • 9:26 - 9:29
    e, contudo, durante
    duas gerações passadas,
  • 9:29 - 9:32
    no início e em meados do século XIX,
  • 9:32 - 9:34
    quando as armas de fogo
    entraram em África,
  • 9:34 - 9:36
    o número dos elefantes
    começou a diminuir.
  • 9:36 - 9:38
    Pensa-se que, nessa altura,
  • 9:38 - 9:40
    haveria dez milhões
    de elefantes em África.
  • 9:40 - 9:41
    Hoje, há menos de meio milhão.
  • 9:41 - 9:45
    Perdemos 95%
    da força de trabalho da floresta
  • 9:46 - 9:48
    que recicla nutrientes,
    dispersa sementes
  • 9:48 - 9:51
    e cria as florestas de amanhã.
  • 9:51 - 9:53
    Contudo, estes animais
    são grandes e poderosos.
  • 9:53 - 9:55
    Ficamos tão surpreendidos
    por eles serem tão poderosos
  • 9:55 - 9:57
    que pensamos que eles são indestrutíveis.
  • 9:57 - 10:00
    Este é o líder que vive
    no Parque Nacional Kahusi-Biega.
  • 10:00 - 10:03
    O pai dele, o tio dele
    foram mortos pela carne.
  • 10:03 - 10:05
    Foram mortos pela carne
  • 10:05 - 10:08
    porque, durante a guerra,
    os guardas-florestais não podiam ajudar.
  • 10:08 - 10:11
    As ONG como The Born Free Foundation,
    The Gorilla Organisation,
  • 10:11 - 10:14
    que ajudaram a financiar
    as atividades de conservação
  • 10:14 - 10:16
    não podiam fazer nada
    por causa da insegurança
  • 10:16 - 10:20
    e também porque nós,
    no mundo desenvolvido,
  • 10:20 - 10:23
    temos aparelhos eletrónicos
    móveis no bolso
  • 10:23 - 10:27
    e os nossos telemóveis e portáteis
    precisam de tântalo
  • 10:28 - 10:30
    e um dos locais na Terra
    onde podemos encontrar tântalo
  • 10:30 - 10:34
    é no subsolo na República
    Democrática do Congo.
  • 10:34 - 10:36
    Estas crianças estão a raspar,
  • 10:36 - 10:37
    a tentar ganhar dinheiro.
  • 10:37 - 10:41
    Nas minas ilegais que são
    controladas pelos rebeldes,
  • 10:42 - 10:44
    alimentam os trabalhadores
    com carne de caça.
  • 10:44 - 10:49
    Se perdermos os gorilas da floresta,
    não perdemos só os gorilas.
  • 10:49 - 10:52
    Ficamos surpreendidos
    com a semelhança connosco,
  • 10:52 - 10:54
    por partilharem grande parte
    do ADN connosco,
  • 10:54 - 10:56
    se lerem a literatura de conservação.
  • 10:56 - 10:59
    É por isso que temos de os proteger,
    porque partilham ADN connosco
  • 10:59 - 11:01
    ou porque queremos
    que os nossos filhos os vejam
  • 11:01 - 11:04
    quando crescerem
    e, claro, isso seria giro.
  • 11:04 - 11:07
    Mas a verdadeira razão por que
    precisamos de os proteger,
  • 11:07 - 11:09
    não só os gorilas habituados,
    mas todos os gorilas
  • 11:09 - 11:12
    e todos os elefantes,
    onde quer que vivam,
  • 11:12 - 11:14
    é porque, todos os dias,
    andam a espalhar sementes
  • 11:14 - 11:16
    e a semear a próxima geração de árvores.
  • 11:17 - 11:19
    Neste momento, estamos
    a descobrir, de repente,
  • 11:19 - 11:22
    que as florestas tropicais
    não são só ornamentais.
  • 11:22 - 11:24
    Portanto, a saúde do planeta
  • 11:24 - 11:27
    — e este é o programa da ONU
    para a Redução de Emissões
  • 11:27 - 11:30
    contra a Desflorestação e a Degradação —
  • 11:30 - 11:32
    para ajudar a biodiversidade
    e o desenvolvimento,
  • 11:32 - 11:33
    está em cima da mesa.
  • 11:33 - 11:36
    Será que os dólares que ligamos ao carbono
  • 11:36 - 11:38
    ajudarão a financiar a conservação?
  • 11:39 - 11:41
    Mas não se trata apenas do carbono.
  • 11:41 - 11:44
    Este é um mapa meteorológico animado
    das chuvas em todo o mundo.
  • 11:44 - 11:46
    O branco é vapor de água,
  • 11:46 - 11:48
    as manchas laranja são tempestades.
  • 11:48 - 11:49
    Vamos acelerar,
  • 11:49 - 11:52
    vemos o relógio no canto
    superior direito
  • 11:52 - 11:54
    que está a andar à roda,
    um dia por segundo.
  • 11:54 - 11:56
    Todos os dias chove na bacia do Congo.
  • 11:56 - 12:00
    Aquela grande pulsação no meio de África,
    são as chuvas diárias.
  • 12:00 - 12:02
    Mas não chove só na floresta.
  • 12:02 - 12:06
    Estes sistemas climáticos movem-se
    para ocidente, através do Atlântico
  • 12:06 - 12:07
    e chegam à bomba da Amazónia
  • 12:07 - 12:10
    que empurra e envia esse clima
    para a América do Norte
  • 12:10 - 12:13
    e rapidamente, atravessa o Atlântico
    até à Grã-Bretanha e à Europa.
  • 12:13 - 12:16
    Todos beneficiamos
    dos serviços do ecossistema
  • 12:16 - 12:19
    proporcionados
    por estas florestas nos trópicos.
  • 12:19 - 12:23
    Os animais que desempenham um papel
    fundamental nessas florestas
  • 12:23 - 12:24
    precisam da nossa proteção
  • 12:24 - 12:26
    porque queremos continuar a ter
  • 12:26 - 12:30
    este sistema global
    de distribuição da água
  • 12:30 - 12:33
    atuando como uma espécie
    de bomba biótica.
  • 12:35 - 12:36
    As crianças em África
  • 12:36 - 12:39
    que vivem ao lado destas florestas
    ou nessas florestas
  • 12:39 - 12:40
    têm pouco entendimento sobre isto.
  • 12:40 - 12:42
    Como podemos educá-las?
  • 12:42 - 12:45
    Um método, a Ape Alliance,
    que é uma coligação de ONG
  • 12:45 - 12:47
    a que tenho o privilégio de presidir.
  • 12:47 - 12:50
    Um dos nossos membros
    é a Great Ape Film Initiative.
  • 12:50 - 12:52
    Com a Gorilla Organisation, no Uganda,
  • 12:52 - 12:54
    estamos a projetar filmes,
    movidos a pedais.
  • 12:54 - 12:58
    Isto é uma sala cheia de crianças,
    cerca de mil crianças
  • 12:58 - 13:00
    que nunca viram filmes.
  • 13:00 - 13:02
    Estão a pedalar,
  • 13:02 - 13:04
    para gerar energia para verem o filme.
  • 13:04 - 13:07
    São as crianças que geram a energia
  • 13:07 - 13:10
    e estão a aprender a importância
    dos símios e dos ecossistemas,
  • 13:10 - 13:13
    a importância da floresta
    na vida delas.
  • 13:13 - 13:16
    Queremos transmitir esta mensagem
    por todo o mundo,
  • 13:16 - 13:19
    Agora é possível visitar
    os gorilas, virtualmente,
  • 13:19 - 13:21
    visitando vEcotourism.org
  • 13:21 - 13:25
    e vivendo a experiência espantosa
    de ouvir os sons da floresta,
  • 13:25 - 13:29
    ver os gorilas, o seu comportamento,
    a sua interação com a floresta
  • 13:29 - 13:31
    e percebendo, segundo espero,
  • 13:31 - 13:34
    que a floresta nunca mais
    será a mesma, se os perdermos.
  • 13:34 - 13:37
    Estamos a proteger os gorilas,
    os elefantes,
  • 13:37 - 13:39
    tentamos proteger os orangotangos,
    mas estamos a perdê-los,
  • 13:39 - 13:42
    porque, o dinheiro que arranjamos
    para as organizações
  • 13:42 - 13:45
    que apoiam os esforços
    das organizações governamentais
  • 13:45 - 13:47
    que estão a tentar proteger
    estas florestas,
  • 13:47 - 13:51
    são dezenas ou centenas de milhares
  • 13:51 - 13:53
    — as ONG maiores talvez alguns milhões.
  • 13:53 - 13:55
    Mas, as empresas de exploração de minas
  • 13:55 - 13:57
    as explorações agrícolas
  • 13:57 - 14:00
    estão a gastar milhares
    de milhões de dólares
  • 14:00 - 14:02
    para explorarem essas mesmas terras.
  • 14:02 - 14:05
    Os ministros que vêm às reuniões da ONU
  • 14:05 - 14:07
    e assinam acordos para proteger os símios
  • 14:07 - 14:10
    são ultrapassados
    pelos ministros mais poderosos
  • 14:10 - 14:13
    da Agricultura e Desenvolvimento
  • 14:13 - 14:15
    que querem explorar as minas
  • 14:15 - 14:17
    ou querem abrir estradas pela floresta,
  • 14:17 - 14:19
    apesar de a abertura da floresta
  • 14:19 - 14:22
    iniciar uma degradação
    que resulta na extinção.
  • 14:23 - 14:25
    A minha mensagem ao mundo é:
  • 14:25 - 14:27
    manter os gorilas e os elefantes
  • 14:27 - 14:30
    na nossa companhia até ao século XXI
    não é uma opção.
  • 14:30 - 14:32
    Não é opcional.
  • 14:32 - 14:34
    Eles não são ornamentos,
  • 14:34 - 14:36
    não são coisas que vamos
    ver numas férias.
  • 14:36 - 14:38
    Mesmo que não os vejamos nas férias,
  • 14:38 - 14:40
    cada gorila, cada elefante,
  • 14:40 - 14:43
    cada macaco-bugio
    na América Latina, cada anta
  • 14:43 - 14:45
    estão a trabalhar para nós,
  • 14:45 - 14:47
    espalhando sementes
    para as árvores de amanhã.
  • 14:47 - 14:50
    Se queremos que esses armazéns de carbono
  • 14:50 - 14:53
    e que essas florestas que geram chuvas
  • 14:53 - 14:55
    continuem no próximo século,
  • 14:55 - 14:56
    temos de garantir que as sementes
  • 14:56 - 14:59
    continuam a ser semeadas hoje
    para fazer essa tarefa.
  • 14:59 - 15:00
    A mensagem é esta.
  • 15:00 - 15:03
    Se dão valor à floresta,
    protejam os jardineiros da floresta.
  • 15:03 - 15:04
    Obrigado.
  • 15:04 - 15:08
    (Aplausos)
Title:
Os jardineiros da floresta | Ian Redmond | TEDxSouthamptonUniversity
Description:

Apoiando-se em 40 anos de investigação com gorilas, iniciados como assistente de Dian Fossey, Ian Redmond defende apaixonadamente porque é que temos de proteger espécies como os gorilas e os elefantes, por causa do seu importante impacto nos processos do ecossistema de que nós, mesmo nos países industrializados do norte, dependemos.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:12

Portuguese subtitles

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