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O iPad de Arquimedes | Christian Carman | TEDxRíodelaPlata

  • 0:25 - 0:31
    Havia corridas, gritos,
    fogo, lanças por todo o lado.
  • 0:32 - 0:34
    Estavam a invadir a cidade.
  • 0:34 - 0:38
    Mas, para ele, parecia
    que nada lhe interessava.
  • 0:39 - 0:44
    Continuava sentado, a desenhar
    na areia figuras matemáticas.
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    Até que um soldado romano
    o ameaçou com a sua espada
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    e quis fazê-lo prisioneiro.
  • 0:50 - 0:56
    O ancião, tranquilo, levantou os olhos,
    olhou-o nos olhos
  • 0:57 - 1:00
    e disse-lhe que, primeiro,
    tinha de acabar a sua demonstração.
  • 1:00 - 1:04
    Baixou os olhos e continuou
    a desenhar na areia.
  • 1:06 - 1:10
    Quando os romanos invadiram a Sicília,
    Siracusa parecia um alvo fácil.
  • 1:11 - 1:15
    Mas levaram mais de dois anos
    a conquistá-la.
  • 1:16 - 1:19
    Foi a primeira batalha em que
    a tecnologia fez a diferença:
  • 1:19 - 1:22
    utilizaram-se catapultas,
    grandes gruas
  • 1:22 - 1:24
    que atiravam os barcos ao ar
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    e muitas outras inovações.
  • 1:27 - 1:32
    Conta Plutarco que os romanos
    estavam tão aterrorizados
  • 1:32 - 1:36
    que, quando viam uma corda
    ou uma roldana, fugiam a correr.
  • 1:36 - 1:41
    Todas essas invenções eram obra
    de um único homem.
  • 1:42 - 1:44
    Quem era esse gigante
    que, com as suas invenções,
  • 1:44 - 1:47
    fazia tremer o exército romano?
  • 1:47 - 1:51
    Nada mais nada menos do que Arquimedes,
  • 1:51 - 1:56
    o matemático mais importante
    de toda a Antiguidade.
  • 1:57 - 2:00
    Por fim, os romanos
    conquistaram a cidade.
  • 2:00 - 2:04
    Claro que a atitude de Arquimedes
    irritou o soldado
  • 2:04 - 2:06
    que o atravessou com a sua espada.
  • 2:07 - 2:11
    Um erro terrível
    que teve de pagar muito caro
  • 2:11 - 2:15
    porque o general
    Marco Cláudio Marcelo
  • 2:15 - 2:18
    admirava profundamente Arquimedes.
  • 2:19 - 2:23
    Na verdade, Marco Cláudio,
    podendo levar todos os tesouros da cidade,
  • 2:23 - 2:27
    só escolheu um único
    que cabia em qualquer bolso,
  • 2:29 - 2:32
    um aparelho que Arquimedes tinha feito.
  • 2:33 - 2:38
    Cícero conta-nos que era
    uma espécie de planetário portátil
  • 2:38 - 2:42
    que mostrava a posição do Sol,
    da Lua, das estrelas
  • 2:42 - 2:45
    e que, quando o pôs a funcionar,
    previa eclipses.
  • 2:49 - 2:52
    Como seria esse planetário portátil?
  • 2:54 - 2:56
    Cícero diz que nunca pensou
    que um ser humano
  • 2:56 - 2:59
    pudesse ser tão genial
    para fazer uma coisa daquelas.
  • 3:01 - 3:05
    O general romano preferiu-o
    a qualquer outro tesouro.
  • 3:06 - 3:07
    Como terá sido?
  • 3:08 - 3:11
    Imaginam como seria
    tê-lo nas nossas mãos?
  • 3:12 - 3:15
    Poder estudá-lo, investigá-lo,
    poder tocar-lhe?
  • 3:17 - 3:21
    Mas, tal como tantas outras
    maravilhas da Antiguidade,
  • 3:21 - 3:23
    perdera-se para sempre.
  • 3:24 - 3:25
    Ou, pelo menos, assim parecia
  • 3:26 - 3:28
    porque, em 1900,
    encontrou-se um barco afundado,
  • 3:28 - 3:32
    no fundo do Mediterrâneo,
    perto da ilha de Anticitera,
  • 3:32 - 3:34
    cheio de tesouros da época dos gregos:
  • 3:34 - 3:40
    estátuas impressionantes, joias,
    moedas e uma coisa muito curiosa.
  • 3:40 - 3:44
    Isto: um monte de fragmentos
  • 3:44 - 3:49
    do que parecia ser um relógio antigo,
    cheio de engrenagens.
  • 3:51 - 3:53
    Isto já era tremendamente revolucionário
  • 3:53 - 3:57
    porque aparelhos daqueles
    aparecem em finais da Idade Média,
  • 3:57 - 4:00
    1500 anos depois.
  • 4:03 - 4:07
    Estaríamos em frente dos restos
    do aparelho de Arquimedes?
  • 4:08 - 4:11
    Para responder a esta pergunta
    primeiro tínhamos de reconstruir
  • 4:11 - 4:15
    o aparelho original, a partir
    dos fragmentos e pô-lo a funcionar.
  • 4:15 - 4:19
    Uma tarefa quixotesca
    que já tem mais de um século.
  • 4:20 - 4:24
    Nos anos 50, trabalhou nela
    um norte-americano, Solla Price.
  • 4:24 - 4:28
    Depois, dois britânicos:
    Michael Wright, a partir dos anos 90
  • 4:28 - 4:31
    e Tony Freeth e a sua equipa
    que arrancou em 2000.
  • 4:31 - 4:37
    Foi a equipa de Freeth que fez
    umas tomografias de altíssima resolução
  • 4:37 - 4:40
    que nos permitem ver
    o interior dos fragmentos.
  • 4:40 - 4:41
    Reparem.
  • 4:42 - 4:43
    (Vídeo)
  • 4:43 - 4:44
    Começamos pelo lado de fora
  • 4:44 - 4:47
    e, pouco a pouco,
    vamos entrando no fragmento.
  • 4:47 - 4:50
    Isto é importantíssimo
    porque, no Museu,
  • 4:50 - 4:54
    não nos permitem partir o mecanismo
    para ver o que está lá dentro.
  • 4:54 - 4:56
    Reparem como estão estes dentes,
  • 4:56 - 5:00
    reparem como se conservaram
    2000 anos debaixo de água.
  • 5:00 - 5:04
    Agora estão a fazer publicidade
    aos primeiros "tablets" submergíveis.
  • 5:04 - 5:07
    Isto está submerso
    debaixo de água há 2000 anos!
  • 5:07 - 5:10
    Reparem como está: é uma loucura!
  • 5:14 - 5:16
    Segundo o que temos podido
    reconstruir até agora,
  • 5:17 - 5:20
    o mecanismo estava protegido
    por uma caixa de madeira
  • 5:20 - 5:23
    e tinha uma tampa à frente
    e uma tampa atrás.
  • 5:23 - 5:28
    Na parte dianteira tinha
    duas escalas concêntricas:
  • 5:28 - 5:31
    uma estava dividida
    nos 12 signos do zodíaco
  • 5:31 - 5:35
    e a outra nos 365 dias do ano.
  • 5:35 - 5:39
    Sobre essas escalas gira uma agulha
    que mostra, simultaneamente,
  • 5:39 - 5:43
    a posição do Sol no céu
    e no dia do ano.
  • 5:44 - 5:46
    Mas sobre essas escalas
    também gira outra agulha
  • 5:46 - 5:49
    que mostra a posição da Lua no céu.
  • 5:51 - 5:55
    O erro dessa agulha,
    segundo os valores atuais,
  • 5:56 - 6:02
    é de 0,0002 dias por volta.
  • 6:03 - 6:05
    Mas isso não é tudo.
  • 6:05 - 6:08
    A Lua, no seu percurso,
    não mantém uma velocidade constante,
  • 6:08 - 6:12
    por vezes acelera e por vezes desacelera.
  • 6:12 - 6:15
    Estes tipos tinham conseguido
    que a agulha da Lua
  • 6:15 - 6:18
    não andasse a uma velocidade constante,
  • 6:18 - 6:21
    mas acelerava quando a Lua
    anda mais depressa
  • 6:21 - 6:24
    e desacelerava quando a Lua
    anda mais devagar.
  • 6:25 - 6:29
    Como se isto não bastasse,
    a agulha da Lua
  • 6:29 - 6:32
    tinha uma bolinha pintada
    metade de preto e metade de branco
  • 6:32 - 6:35
    que girava, mostrando as fases da Lua,
  • 6:39 - 6:41
    Se me perguntarem,
  • 6:41 - 6:44
    só Arquimedes pode ter feito
    uma coisa destas.
  • 6:47 - 6:52
    Na parte de trás, temos
    dois grandes relógios em forma de espiral.
  • 6:54 - 6:59
    O de baixo é um previsor de eclipses.
  • 6:59 - 7:03
    Lembram-se que Cícero disse
    que o de Arquimedes previa eclipses?
  • 7:04 - 7:07
    Os eclipses repetem-se
    em cada 223 meses.
  • 7:07 - 7:11
    Para cada um há uma célula,
    a maioria delas estão vazias
  • 7:11 - 7:16
    mas, quando há um eclipse,
    a célula informa se será solar ou lunar,
  • 7:16 - 7:21
    se se poderá observar ou não,
    e até a que hora ocorrerá.
  • 7:24 - 7:28
    O relógio de cima tem
    dois pequenos relógios lá dentro.
  • 7:28 - 7:31
    Um deles dá uma volta
    de quatro em quatro anos
  • 7:31 - 7:35
    e informa o utilizador
    quando ocorrerão as Olimpíadas.
  • 7:36 - 7:38
    (Risos)
  • 7:40 - 7:44
    A espiral grande
    é um calendário lunissolar
  • 7:44 - 7:48
    que reparte 235 meses em 19 anos.
  • 7:48 - 7:51
    É um calendário extremamente preciso.
  • 7:51 - 7:55
    No nosso, temos de adicionar
    um dia de quatro em quatro anos,
  • 7:55 - 7:58
    nos anos bissextos,
    para manter o ajustamento.
  • 7:58 - 8:02
    Neste, é preciso tirar um dia
    em cada 76 anos.
  • 8:03 - 8:05
    Claro que podemos dizer:
  • 8:05 - 8:09
    "Quem se vai lembrar de tirar
    um dia ao fim de 76 anos?"
  • 8:09 - 8:13
    Para isso, o mecanismo
    contava com o outro relogiozinho
  • 8:13 - 8:16
    que dava exatamente uma volta
    em cada 76 anos,
  • 8:16 - 8:19
    para lembrar ao utilizador
    que tinha de saltar um dia.
  • 8:21 - 8:25
    O calendário tem o nome dos meses
  • 8:25 - 8:28
    e isto foi muito importante
    porque cada cidade grega
  • 8:29 - 8:31
    tinha o seu próprio calendário
    com os seus próprios nomes.
  • 8:31 - 8:36
    Pôde determinar-se assim
    que o calendário do mecanismo
  • 8:36 - 8:40
    coincide com o de Corinto
    ou de algumas das suas colónias.
  • 8:41 - 8:46
    Sabem que cidade foi colónia
    de Corinto durante muito tempo?
  • 8:47 - 8:50
    Siracusa, a cidade de Arquimedes.
  • 8:52 - 8:55
    Então, é mesmo o aparelho de Arquimedes?
  • 8:57 - 9:02
    A realidade é que o aparelho
    de Arquimedes e o de Anticitera
  • 9:02 - 9:06
    exercem o mesmo tipo
    de feitiço em toda a gente
  • 9:06 - 9:09
    que entra em contacto com eles.
  • 9:09 - 9:13
    Sabemos que o general romano
    ficou possuído quando o viu
  • 9:13 - 9:17
    e preferiu-o a todos
    outros tesouros quaisquer.
  • 9:17 - 9:22
    Uma coisa parecida com o que se passou
    com Gollum, de "O Senhor dos Anéis",
  • 9:22 - 9:24
    com o anel de Froddo.
  • 9:26 - 9:29
    Cícero também ficou maravilhado
    quando o viu funcionar
  • 9:29 - 9:31
    e ficou fanático de Arquimedes.
  • 9:31 - 9:34
    O mecanismo de Arquimedes
    exercia esse tipo de encanto.
  • 9:34 - 9:37
    Mas o de Anticitera
    exerce um encanto muito parecido.
  • 9:37 - 9:40
    Solla Price, depois
    de ter visto os fragmentos,
  • 9:40 - 9:42
    trabalhou com eles até morrer.
  • 9:43 - 9:47
    Michael Wright quase foi despedido
    do trabalho, por investigar este aparelho.
  • 9:48 - 9:51
    Tony Freeth hipotecou
    o seu futuro económico
  • 9:51 - 9:53
    para financiar a investigação.
  • 9:56 - 10:00
    Devo confessar que também
    caí sob o seu encanto
  • 10:00 - 10:05
    e há cinco anos que trabalho
    ininterruptamente no mecanismo.
  • 10:07 - 10:13
    Lembro-me que a primeira vez que vi
    os fragmentos no Museu de Atenas,
  • 10:15 - 10:20
    fiquei como hipnotizado,
    não podia deixar de olhar para eles.
  • 10:20 - 10:25
    Devo ter passado ali várias horas
    a olhar para os fragmentos
  • 10:25 - 10:27
    de todos os ângulos possíveis.
  • 10:28 - 10:30
    Até que os seguranças
    do Museu ficaram nervosos,
  • 10:30 - 10:32
    pensando que eu queria roubá-los.
  • 10:32 - 10:35
    Na verdade, vontade não me faltava.
  • 10:36 - 10:39
    Mas não é só o encanto que provoca
  • 10:39 - 10:42
    que nos faz suspeitar
    que é o mesmo aparelho.
  • 10:42 - 10:45
    Há vários indícios que
    apontam para Arquimedes.
  • 10:46 - 10:49
    O calendário podia ser o de Siracusa,
  • 10:50 - 10:54
    a descrição de Cícero coincide muito
    com o que pudemos reconstruir;
  • 10:54 - 10:58
    o previsor de eclipses
    também aponta para Arquimedes.
  • 10:58 - 11:02
    No entanto, falta uma prova
    muito importante.
  • 11:03 - 11:05
    Sem isso, não temos nada.
  • 11:05 - 11:09
    A data de construção do mecanismo.
  • 11:10 - 11:15
    Para datá-lo, tentou-se estudar
    a forma das letras das inscrições,
  • 11:15 - 11:17
    mas a margem de erro é muito grande,
  • 11:17 - 11:19
    é mais de 100 anos.
  • 11:19 - 11:22
    O carbono 14 não serve, porque
    aplica-se à matéria orgânica
  • 11:22 - 11:24
    e as engrenagens são de bronze.
  • 11:24 - 11:27
    Mas há outra possibilidade.
  • 11:27 - 11:31
    No previsor de eclipses
    temos as horas e os dias
  • 11:31 - 11:33
    em que ocorrerão os eclipses.
  • 11:33 - 11:35
    Se encontrássemos
    a série de eclipses reais
  • 11:35 - 11:37
    que melhor encaixavam nessas datas,
  • 11:37 - 11:40
    saberíamos em que época foi construído.
  • 11:41 - 11:44
    Esta proposta que, em teoria,
    é viável, na prática nunca funcionou
  • 11:44 - 11:47
    porque há uma grande quantidade
    de dados do previsor de eclipses
  • 11:47 - 11:49
    que não conseguimos perceber bem.
  • 11:49 - 11:52
    Um dos dados especialmente prejudicial
  • 11:52 - 11:55
    é que, enquanto prevê
    todos os eclipses lunares,
  • 11:55 - 11:58
    só prevê alguns eclipses solares.
  • 11:59 - 12:01
    Por alguma razão, quem fez o aparelho
  • 12:02 - 12:05
    decidiu omitir alguns eclipses solares.
  • 12:05 - 12:11
    Para cúmulo, esses eclipses esquecidos
    parecem não seguir nenhuma lógica,
  • 12:11 - 12:14
    parecem excluídos ao acaso.
  • 12:16 - 12:19
    São os eclipses que vemos aqui,
    a vermelho.
  • 12:21 - 12:25
    Um dia, depois de trabalhar,
    já tarde, com as tomografias,
  • 12:26 - 12:30
    ocorreu-me mudar os eclipses
  • 12:30 - 12:33
    da espiral de baixo
    para a espiral de cima,
  • 12:33 - 12:35
    para ver como se encaixavam.
  • 12:35 - 12:38
    Não tinha nenhuma razão para fazê-lo
    mas fiz, pura e simplesmente.
  • 12:38 - 12:40
    Reparem no que se passou.
  • 12:44 - 12:45
    Parecia uma coisa mágica.
  • 12:46 - 12:49
    De súbito, todos os eclipses
    se organizaram formando raios,
  • 12:49 - 12:53
    e o que é mais importante,
    os eclipses ignorados,
  • 12:53 - 12:57
    os eclipses esquecidos, estavam
    a formar dois raios muito bem definidos.
  • 12:57 - 13:02
    Eu tinha encontrado a lógica
    da exclusão destes eclipses.
  • 13:03 - 13:06
    Comuniquei-o ao meu colega
    de investigação James Evans
  • 13:06 - 13:10
    e ele percebeu logo
    do que se tratava.
  • 13:10 - 13:16
    Isso dava-nos muitas informações
    extra sobre o previsor de eclipses.
  • 13:16 - 13:21
    Talvez agora pudéssemos
    encontrar a data de construção.
  • 13:22 - 13:25
    Pusemo-nos imediatamente a trabalhar.
  • 13:25 - 13:29
    Foram anos e anos a queimar os miolos.
  • 13:31 - 13:35
    A seguir uma estratégia que depois
    não nos levava a nenhum lado.
  • 13:35 - 13:38
    Entusiasmávamo-nos com um resultado
    e depois dávamo-nos conta
  • 13:38 - 13:41
    de que tínhamos feito
    algum erro estúpido nos cálculos.
  • 13:42 - 13:47
    Até que um dia, um domingo
    de fevereiro do ano passado,
  • 13:48 - 13:52
    eu estava em casa do meu colega, nos EUA
  • 13:53 - 13:56
    e demo-nos conta
    de que não havia forma de avançar.
  • 13:57 - 14:00
    Utilizando todos os dados disponíveis
  • 14:00 - 14:03
    tínhamos demasiadas datas possíveis.
  • 14:04 - 14:08
    Recordo-me que nessa noite
    despedimo-nos com a sensação amarga
  • 14:08 - 14:13
    de que o projeto, que já tinha
    mais de três anos, tinha fracassado.
  • 14:15 - 14:17
    Eu não queria acreditar.
  • 14:17 - 14:20
    Em frente dele, dissimulei,
    mantive a compostura,
  • 14:20 - 14:22
    mas, quando desci as escadas
  • 14:22 - 14:26
    — eu dormia na cave da casa dele,
    que está cheia de livros
  • 14:26 - 14:29
    de história da Astronomia,
    é espetacular —
  • 14:29 - 14:32
    quando descei as escadas
    e me sentei na cama,
  • 14:32 - 14:34
    não queria acreditar.
  • 14:35 - 14:36
    Não podia fazer o luto.
  • 14:37 - 14:40
    Tantos anos de trabalho
    e não tínhamos chegado a nada.
  • 14:44 - 14:47
    Pus-me a rever, pus-me a fazer
    as contas outra vez,
  • 14:48 - 14:50
    pus-me a rever tudo.
  • 14:50 - 14:55
    Até que, de repente,
    ocorreu-me considerar um dado
  • 14:55 - 14:57
    da anomalia lunar que não
    tínhamos tido em conta.
  • 14:57 - 15:01
    Esse dado resultou ser
    extremamente poderoso.
  • 15:01 - 15:05
    Fiz as contas e eliminou
    todos os candidatos exceto um.
  • 15:05 - 15:08
    Naquela noite, encontrámos o resultado.
  • 15:08 - 15:11
    Pensar que estivemos
    a pontos de abandonar!
  • 15:11 - 15:13
    Estávamos ali com a solução.
  • 15:16 - 15:21
    Hoje, depois de mais de um ano
    e meio a rever cuidadosamente
  • 15:21 - 15:25
    todos os cálculos e a verificar
    todos os dados,
  • 15:26 - 15:31
    posso anunciar oficialmente
    que o primeiro eclipse do mecanismo
  • 15:31 - 15:36
    ocorreu a 25 de junho do ano 205 a.C.,
  • 15:36 - 15:39
    às 15:35, hora local de Atenas.
  • 15:40 - 15:44
    (Aplausos)
  • 15:51 - 15:53
    Isso quer dizer
  • 15:56 - 16:00
    que o calendário terá sido começado
  • 16:00 - 16:03
    em setembro ou agosto do ano 216 a.C.,
  • 16:03 - 16:07
    quando Arquimedes,
    o nosso queridíssimo Arquimedes
  • 16:07 - 16:10
    estava bem vivo e de boa saúde.
  • 16:10 - 16:12
    Sim, senhoras e senhores,
    este mecanismo
  • 16:12 - 16:15
    poderá ter sido feito
    pelo próprio Arquimedes.
  • 16:19 - 16:23
    Imagino que, à tarde,
    quando chegarem a casa,
  • 16:24 - 16:27
    vão procurar informações
    na Internet, sobre o mecanismo
  • 16:27 - 16:30
    ou alguém está a fazê-lo agora,
    às escondidas, no telemóvel.
  • 16:31 - 16:33
    Podem fazê-lo, há imensas,
  • 16:35 - 16:37
    mas, de repente, dão-se conta
  • 16:37 - 16:40
    de que estão há 10 horas
    em frente do computador,
  • 16:41 - 16:44
    de que se esqueceram
    de almoçar ou de jantar.
  • 16:44 - 16:46
    ou de que faltaram ao trabalho.
  • 16:46 - 16:48
    Tenham cuidado.
  • 16:48 - 16:50
    Cuidado.
  • 16:51 - 16:55
    Talvez já seja demasiado tarde,
    e tenham caído,
  • 16:55 - 17:00
    como muitos de nós,
    possuídos pelo seu encanto.
  • 17:01 - 17:05
    (Aplausos)
Title:
O iPad de Arquimedes | Christian Carman | TEDxRíodelaPlata
Description:

Podemos desvendar uma incógnita da ciência antiga mediante um objeto? Christian Carman conta-nos as suas investigações sobre a história da ciência e da tecnologia, e partilha a sua paixão através do relato de uma história de detetives cientistas que tentam resolver um enigma de há 2500 anos.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:18

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