(Campainha de bicicleta)
Vou falar para vocês hoje
sobre por que as bicicletas,
por que andar de bicicleta e caminhar
faz bem para você,
para as cidades, para a economia,
por que são boas escolhas para mobilidade.
Mas, em primeiro lugar, alguém mais
veio até aqui de bicicleta?
Por favor, levante-se.
Levante-se!
Está bem, e continue de pé.
(Risos)
O restante, por favor, levante-se
se andou de bicicleta hoje.
nesta semana...
bom!
Neste mês...
isso é muito bom...
Neste ano.
(Risos)
Está ficando muito bom.
Agora, por favor, sente-se, para não
exceder o seu limite de exercício diário.
(Risos)
Trinta minutos! É o limite.
Trinta minutos de exercício por dia seriam
suficientes para nos manter saudáveis,
e, não precisa ser exercício
nojento ou que te faça suar.
só uma caminhada relaxada
ou uma volta de bicicleta por dia.
Mas, na nossa sociedade moderna,
não estamos fazendo nem isso.
Só 10% das pessoas estão se exercitando
o suficiente para ficarem saudáveis,
e 20% das crianças.
Na verdade, estamos passando
90% das nossas vidas dentro de casa.
Isso é assustador.
É triste.
Porque o lado de fora
e a natureza são muito bonitos.
Aliás, isto é a Finlândia.
Noventa e cinco por cento das crianças
passam mais tempo
nos seus dispositivos "inteligentes"
do que é recomendado.
E, adivinha qual é a recomendação diária?
São recomendadas duas horas por dia
e, ainda assim, 95% das crianças
passam mais tempo do que isso.
A inatividade física não só diminui
a sua qualidade de vida,
mas também é inacreditavelmente cara
para a sociedade em termos de saúde.
Na Finlândia, que tem
o mesmo tamanho da Eslováquia,
5,5 milhões de pessoas, estima-se
que os custos da inatividade física
são cerca de 6 bilhões de euros por ano.
Isso é aproximadamente 30%
do nosso orçamento com saúde.
Então, deveríamos nos exercitar.
Mais uma tarefa: por favor, levante
a mão se você assistiu o filme Wall-E.
Porque nós, na realidade, não estamos
tão distantes dessa distopia.
(Risos)
É assustador.
Mais uma palavra: "economia".
Eu não gosto muito dessa palavra.
Porém, ela faz o mundo girar
e as pessoas fazerem coisas.
Então, acho que temos relação com isso.
A Finlândia, como outros países do mundo,
está sofrendo com uma crise econômica.
E os cortes de orçamento que estamos
fazendo são quase iguais ao valor
do aumento nos custos de saúde
causados por inatividade.
Mas isso não é tudo.
O custo de dirigir um carro
é extremamente caro,
não só para a sociedade
mas igualmente para os indivíduos
que os utilizam, todos nós.
Estima-se que usar um carro
custa entre 5 mil a 9 mil euros
por ano na Finlândia,
e não muito menos que isso
na Eslováquia também.
São 2,9 milhões de veículos na Finlândia,
aproximadamente o número da Eslováquia.
Todos os cálculos mostram que estamos
utilizando 20 bilhões de euros por ano
só para mover essas caixas de metal.
E esse número fica ainda mais assustador
quando começamos a pensar
para onde o dinheiro realmente vai.
Não produzimos petróleo,
a Finlândia não produz carros.
A Eslováquia produz muitos carros,
mas o dinheiro ainda vai embora,
porque todas essas companhias
são transnacionais.
Estima-se que somente 16%
desse dinheiro fique na economia local.
Isso significa que todo ano,
estamos jogando fora 70 bilhões
de euros dos nossos próprios bolsos,
dinheiro que poderíamos usar localmente,
que iria apoiar negócios locais, pequenos
restaurantes, bares, crianças e lojas,
seus amigos, seus parentes,
dinheiro que iria manter
sua comunidade viva.
Isso é assustador.
Se as pessoas dirigissem
só um pouco menos,
teríamos muito
mais dinheiro para utilizar.
Além disso, isso faria
todos nós mais saudáveis.
Pesquisas mostram que pessoas que estão
caminhando e andando de bicicleta
na verdade gastam mais dinheiro
que motoristas de carros.
Elas são mais abertas
a compras espontâneas.
Elas gastam um pouco menos por visita,
mas acabam gastando mais que motoristas.
E, quando você leva em conta
o espaço, fica cada vez melhor.
Na Austrália, pesquisaram
que converter um estacionamento
em um estacionamento de bicicletas
pode, de fato, quadruplicar
as vendas do varejo.
E a Austrália nem é bem
um país de bicicletas.
Em Nova Iorque, ruas para todos
aumentaram as vendas do varejo em 49%,
comparado com 3% na cidade toda.
Então, deveria estar muito claro
que deveríamos ter pessoas
caminhando e andando mais de bicicleta.
Mas como fazemos isso?
Um por cento das pessoas
quer salvar o mundo e realmente
vai fazer algo para isso.
Sempre existirão desculpas,
obstáculos e razões, acho,
em que você diz: "Não posso pedalar.
Não posso andar. Preciso de um carro",
como no inverno.
Você tem inverno aqui também, eu sei.
(Risos)
Venho da cidade de Oulu na Finlândia,
Fica bem longe, ao norte.
O inverno talvez seja o motivo
mais comum das autoridades dizerem
que não há motivo ou sentido em construir
infraestrutura para bicicletas.
Ninguém pedala no inverno.
É impossível! É perigoso!
Claro, pode ser difícil.
Mesmo se as condições são difíceis,
sempre podemos encontrar pessoas
dispostas enfrentar esses obstáculos,
quase como se fossem para a guerra.
Imagine se vestir assim
quando você quer encontrar
um amigo num café local.
(Risos)
Não, não, não.
A questão é fazer com que caminhar
e andar de bicicleta
seja rápido, fácil e confortável.
E as pessoas farão isso.
Você pode aplicar isso a quase tudo.
Então, como na minha cidade Oulu...
Este é o pátio da escola local.
As crianças pedalam
para a escola com -28ºC.
Isso não é incomum.
Nós temos algumas nevascas,
(Risos)
e algumas temperaturas.
(Risos)
Ainda assim, 77% da nossa população usa
a bicicleta pelo menos de vez em quando.
E calculadoras automáticas
de bicicletas mostram
que a temperatura não tem efeito nenhum
sobre a quantidade de pessoas pedalando
até cair para a casa dos -30,
então reduz um pouco.
Não é o frio.
É a qualidade da infraestrutura
e da manutenção.
Porém, vamos voltar um pouco
na história da engenharia de tráfego.
Cem anos atrás, quando os automóveis
foram introduzidos,
as pessoas tinham medo deles.
Em alguns lugares, era preciso
que uma pessoa com uma bandeira vermelha
andasse na frente deles
a fim de avisar as pessoas.
Isso pareceria ridículo agora.
De alguma forma, todo esse cenário
virou de cabeça para baixo.
Em vez de caros, nós parecemos
estar com medo de crianças.
Sério, que tipo de sociedade nós criamos,
em que crianças têm que se vestir
como um semáforo ou uma árvore de natal
só para ir lá fora e atravessar a rua?
(Risos)
O que estamos fazendo
com nossas crianças é assustador.
Pediram a essas crianças que desenhassem
seus trajetos para a escola.
Como isso se parece?
Como elas experienciam isso?
William aqui caminha para a escola.
Tem muita coisa aqui,
lindas cores brilhantes, etc.
Mas Samuel vai à escola de carro.
Isso é de enlouquecer, literalmente.
Mas o que estamos fazendo
com nossas crianças?
Um ano atrás, fui convidado
para vistar o Cazaquistão.
Minha anfitriã lá me disse
que levar suas crianças da creche
para casa demora duas horas de carro,
por uma distância de seis quilômetros.
Você quase poderia engatinhar mais rápido.
(Risos)
E não é que eles não tenham espaço.
As ruas em Astana
são inacreditavelmente largas.
Esta rua tem 25 metros
de largura. Eu medi.
(Risos)
É ainda maior que a rua principal
de Novosibirsk, Sibéria,
onde as autoridades locais me disseram
que não há espaço para construir
infraestrutura para bicicletas.
(Risos)
O ponto é que não importa
quanto espaço você dê para os carros,
ele ficará lotado de carros.
Então, boa sorte com o seu novo
projeto rodoviário de 2 bilhões de euros.
(Risos)
Será um engarrafamento caro.
Em muitas cidades do mundo,
temos planos e estratégias
lindos sobre como pedestres,
ciclistas e transporte público
devem sempre vir primeiro.
Mas a realidade é geralmente algo assim.
São palavras lindas,
mas precisamos de outra coisa.
Felizmente, existe esperança.
Até nos EUA, o reino dos carros privados,
as pessoas estão começando
a usar seus carros cada vez menos.
Por exemplo em Nova Iorque,
veja a transformação da Times Square.
Ou até mesmo a minha cidade!
Esta é a rua principal em 1977.
E como ela está agora.
Na verdade, estamos tendo um problema
com bicicletas estacionadas.
É difícil encontrar um lugar para elas.
Imagine se todas essas pessoas
tivessem chegado de carro.
Elas com certeza não chegariam.
Então, aqui estão algumas sugestões
sobre o que fazer.
Você precisa tornar as cidades
e as ruas habitáveis
como se fosse a sala dos cidadãos
que estão vivendo nas cidades...
Totalmente ao contrário disso.
Você não dirigiria um carro
na sua própria sala.
Eu espero, pelo menos.
Precisamos de infraestrutura
de boa qualidade para bicicletas.
De novo, não desse jeito.
[Ande de bicicleta]
E você nem precisa fazer isso.
[Saia do seu carro e empurre-o.]
(Risos)
(Aplausos)
Em vez disso, dê as pessoas o gostinho
de como é bom ter
infraestrutura para bicicletas.
Escolha um trecho importante de A para B,
como duas universidades ou lugares
onde muitas pessoas vão
e construa uma infraestrutura
de alta qualidade para bicicletas lá.
Aplique toda a sua força lá,
e as pessoas começarão a querer mais.
Helsinque fez isso
e agora aumentou o orçamento
para infraestrutura de bicicletas
para 20 milhões de euros por ano.
Liderança forte e celebridades
certamente ajudam.
Esta é a princesa Maria da Dinamarca
levando os filhos para creche, todo dia.
Você também tem que focar
no estacionamento.
Estacionamento é realmente
demais aqui, bem colocado.
É um grande subsídio da cidade,
espaços públicos só para motoristas.
E ouvi que você pode estacionar
o seu carro legalmente,
na calçada, de graça.
É insano!
Eu tenho alguns bons exemplos:
maravilhosas peças de infraestrutura aqui,
lindas cores brilhantes.
Infraestrutura estilo
Copenhague, muito boa.
Mas os trechos bons geralmente
não estão conectados uns aos outros.
E também temos essa espécie
de montanha-russa de bicicletas...
(Risos)
(Aplausos)
Elas são caras. Têm boa aparência.
Você pode fazer algo com elas,
mas a sua funcionalidade é nula.
Então, é necessário olhar para frente
e começar uma nova era das nossas vidas.
O tempo da supremacia dos carros
e poluição acabou.
As cidades mais avançadas do mundo
já estão percebendo o poder
de caminhar e andar de bicicleta
para a economia, saúde e bem-estar.
Então, vamos ser inteligentes
em nossa mobilidade? Que tal?
Obrigado.
(Aplausos)