Ellen: Isso já está
quase pronto, pode levar.
Acho que está nas obras
que brincam com a alegria.
Acho que os artistas sabem que você pode pegar
uma placa de propaganda e fazer dela algo jubiloso
e, é, outro com ela.
E eu acho que, às vezes, é difícil
para as pessoas que não fazem coisas
entenderem o esforço
e a alegria e a atenção
e o fantástico.
Eu não vim, exatamente,
de uma formação em belas artes,
se bem que, sabe, eu visitei sim
os museus quando criança.
Eu venho de uma formação
na carpintaria
e eu trabalhei em Seattle
construindo uma ponte
que ligava Mercer Island e Seattle.
Era uma ponte flutuante que
desde então desabou, mas...
Quando eu fui estudar arte na faculdade,
cerca de um ano depois,
foi aí que eu soube como fazer.
E eu construí uma grade em treliça
e estendi a tela por cima.
Assim, eu podia sentar na tela
enquanto eu começava à colar
folhas de papel de caligrafia.
Papel de caligrafia, para mim,
é mais sobre o gesto.
Não é tanto sobre a gramática como ela
quanto é sobre como você faz as suas cartas.
Então tem esse puxa e empurra
entre as,
entre o azul aguado das linhas
do papel de caligrafria
e então as mascas gestuais feitas
nela, dentro e ao redor delas.
As obras maiores são então feitas
de forma parecida às essas obras de papel de caligrafia iniciais,
no sentido de que são feitas
de materiais encontrados.
Basicamente, eu estou coletando materiais
arquivados dos anos 30 até os 70,
essas revistas Ebony.
Ebony, Sepia e Our World.
Elas foram manifestos,
de certa forma, sabe.
Mas elas foram revistas,
elas ainda eram entretenimento
mas elas tinha uma certa urgência
e uma necessidade, e também um capricho.
Estou colecionando propagandas
e histórias e personagens.
E eu as vejo como conscritos
no sentido de que
elas entraram no meu léxico
sem que eu pedisse a permissão delas.
Há, ainda, uma especificidade
na de cada pessoa,
não sei, a forma em que
posicionam os seus corpos
ou outros sinais sutis que dizem:
"isso é quem eu sou nesse momento".
Para mim, pareceu ser sobre identidade
no sentido mais amplo da palavra.
Não importa quão uniforme ou alterada,
ela simplesmente se recusa a ser removida.
Sabe quando você está lendo
uma revista ou um livro
esse é um tipo particular de leitura.
É algo sequencial,
página por página,
e, sabe, você lembra ou não
o que você leu cinco páginas atrás.
Mas é assim que você
guarda essa informação.
E na leitura de um quadro,
o que eu adora é essa ideia
de abrir as páginas
para que a sua sequência seja
mais espacial do que sequencial.
Nos quadros, tem personagens
que se repetem e reaparecem.
Pegleg é uma delas.
Ás vezes, vai ter
um compasso perto de Pegleg.
Esses tipos de sinais estão
nos quadros para
ativarem Pegleg tanto como
Ahab quanto Pegleg Bates.
Me sinto atraída pela visceralidade
do corpo de Ahab,
aquela perna de madeira.
Também gosto da forma em Moby Dick,
você tem tanta noção
da presença física das pessoas
e o som que, sabe, essa ideia
desses homens ouvindo esse,
tipo de madeira rangendo
conforme Ahab arrastava a perna dele.